sábado, 25 de abril de 2015

As Dimensões do Sexo e do Amor

Já sabemos que existem “Quatro Tipos de Amor”, conforme os gregos e o ocultismo. Estes quatro tipos de amor estão diretamente relacionados com nosso nível de consciência: instintivo, emocional, social e cósmico. Muitas pessoas associam diretamente o sexo ao amor e alguns até usam uma palavra referindo-se à outra. Se existem quatro formas distintas de se amar, então também temos quatro formas distintas de se “fazer amor” ou de se fazer sexo.



Podemos dizer que 99% das escolas esotéricas e religiões afirmam que o amor é a força central e sentido principal da Criação, da Existência e essência mesmo de Deus. Então, trata-se de algo sumamente importante e que está negligenciado e até banalizado nos dias de hoje. Atualmente nossa sociedade dá pouco valor à verdadeira espiritualidade e ao verdadeiro amor.



Esotericamente sabe-se que o amor é a força que a tudo integra harmonicamente e que seu oposto é o medo que desintegra, pulveriza e despersonaliza. O amor é sinônimo de saúde, vida, felicidade e segurança. Tudo o que está faltando para nossa sociedade moderna. Esta “falta” é o resultado de nosso afastamento da Fonte de Amor e suas formas.

Os gregos nos ensinaram que existem quatro tipos de amor:
  1. O amor tipo “Porneia”, que é o amor semelhante ao da criança pela mãe, que exige a posse da fonte de amor. Daí vem a expressão “possuir”;
  2. O amor tipo “Eros”, que é o amor pelo grande, pelo belo, pelo que nos falta;
  3. O amor tipo “Phileo”, que é o amor de troca ou interação;
  4. E, o amor tipo “Ágape”, que é o amor gratuito, espontâneo e natural, assim como o do Sol que irradia vida, calor e luz sem nada esperar em troca.



O amor tipo Porneia é o amor de paixão, é egocêntrico, não troca e nem tem compromisso; é imediatista e instintivo. Está diretamente relacionada com o físico. O amor tipo Eros aproxima de forma igual a dois seres, complementando-os um ao outro. Este tipo de amor está diretamente relacionado com a alma dos amantes. O amor tipo Phileo é um amor que pressupõe liberdade, amplitude e espaço entre os amantes. É o amor pelo sucesso, pela realização ei pela felicidade do outro, independente dele estar ou não ao lado do amante. Este tipo de amor reflete o amor que o amante tem por si mesmo, por sua vida, por sua liberdade, sua autonomia e suas características próprias. O amor do tipo Ágape é o amor divino, ele é totalmente incondicional e coletivo. É o amor à toda forma de vida, à divindade que existe no interior de todo ser e criatura.

O caminho para conquistarmos estes níveis de amor nos foi ensinado na mitologia grega, nas tarefas de Psiquê, explicitadas no Livro “O arquétipo do Amor e da Alma”, de Letícia de Castro.



Na primeira tarefa (relativa ao tipo Porneia) cabia a Psiquê: Separar “sementes” de milho, cevada, papoula, ervilha e feijão até a noite – contando com a ajuda das formigas – o que evidencia a necessidade do discernimento de valores (o certo do errado, o melhor, o mais apropriado, etc.).

Em sua segunda tarefa (relativa ao tipo Eros) Psiquê deveria colher lã dourada de terríveis carneiros do sol - sua ajuda veio do junco que aconselha esperar a noite e o sono – que nos ensina a necessidade da prudência e sensatez (devemos reduzir a impulsividade e refletir, considerando o outro e o que ocorre ao redor).

Psiquê em sua terceira tarefa (relativa ao tipo Phileo de amor) deve captar água proibida (cascata gelada em rochedo alto guardado por dragões) – então Psiquê é transformada por Zeus em águia – o ensinamento aqui é da necessidade de uma visão fria e objetiva da realidade, sem sentimentalismo ou idealismo, existe a necessidade de um certo afastamento e de uma visão global ou sistêmica para se encontrar a solução dos problemas (verdade e harmonia).

Na sua quarta tarefa (relativa ao tipo Ágape) Psiquê deve conseguir o creme da deusa do Inferno/Morte – uma “torre” a aconselha a não ajudar nem ser ajudada – o ensinamento aqui é que ela deve ter foco absoluto no objetivo, em sua verdade que deve ser absoluta e ser realizada totalmente (que obviamente é a de ser uma deusa, uma referência e uma potência).

O amor do tipo Porneia é o amor do tipo animal. Devemos nos lembrar que antes de sermos humanos somos na verdade “animais intelectuais”. O amor do tipo Eros é o amor conjugal que busca a complementação  respeitando o outro em iguais condições que a si próprio. O amor do tipo Phileo é o amor fraternal que abraça um ideal, se dedica a uma causa em prol de um segmento da sociedade. O amor do tipo Ágape é o amor de natureza divina para o qual todos somos irmãos e que a dor de apenas um só ser vivo é sentida por todos indistintamente.

Astrologicamente, o amor Porneia é o amor do par Marte e Vênus. O amor do tipo Eros é o amor do par Sol e Lua. O amor do tipo Phileo é o amor do par Saturno e Netuno. E, finalmente, o amor do tipo Ágape é o amor do par Plutão e Lilith. Para conseguirmos evoluir do amor tipo Porneia para o tipo Eros é necessário o concurso de Mercúrio, o autoconhecimento e a busca de se conhecer o outro. A evolução do amor tipo Eros para o tipo Phileo se obtém com o concurso de Júpiter, buscando a compreensão sábia de que deve haver um equilíbrio dinâmico na relação. E, para se evoluir do tipo Phileo para o Ágape é necessário o concurso de Uranos, o conhecimento ou ciência da razão da Criação e da Existência (tanto como um todo quanto individual).

O amor do tipo Porneia é o amor por si mesmo, sua própria vida e a satisfação de suas necessidades. Considera a posse, a conquista, o domínio e o controle. É o amor de apenas uma pessoa. Para evoluir exige discernimento e a não condução apenas pelos instintos e animalidades. O amor tipo Eros é o amor conjugal, que exige compromisso e dedicação, órbita de um para com o outro. É o amor entre duas pessoas e que exige sensatez para evoluir, compreensão de que cada pessoa é um verdadeiro universo distinto do outro, com suas peculiares e particularidades próprias. O amor do tipo Phileo é o tão propalado amor das almas gêmeas, o amor fraternal e coletivo, exige desapego e objetividade e visa a felicidade alheia. O amor do tipo Ágape é o amor que abarca toda a Criação, todas as criaturas, filhos de Deus. Este é o amor da entrega absoluta e total em prol da vida, da paz e da harmonia. O objetivo deste tipo de amor é a transcendência de tudo e de todos, o retorno à condição divina.



Então, o sexo ao nível Porneia é o sexo egoísta, que possui o parceiro como objeto para satisfação de suas necessidades sexuais, desconsiderando o que o outro gosta ou mesmo quer. É o sexo físico, mais animalesco, que mais parece uma maratona de exercícios físicos e que se gaba de conquistas e marcas alcançadas em temos de quantidade. Neste tipo de amor existe movimentos rápidos e vigorosos. Exalta os atributos físicos e externos de si e do parceiro. Uma característica deste tipo de sexo é que a pessoa o pratica de olhos fechados, concentrada em seu próprio prazer e satisfação. Aqui o objetivo final é a descarga energética obtida no orgasmo.



O sexo do tipo de amor Eros já comporta a troca, há olho no olho. O sexo é feito com emoção, com verdadeiro sentimento e desejo de que o outro tenha prazer, seja satisfeito e que o sexo seja prazeroso para ambos. Neste tipo de sexo, além da conexão física das genitálias, também existe o encontro das almas que se adoram mutuamente. Existe um verdadeiro idílio, a vivência de momentos de sonho romântico. Este amor é na verdade um galanteio mútuo sem preocupação com o tempo, um momento de diversão íntima de grande conivência e cumplicidade. O objetivo é a devoção mútua, sem compromisso com marcas, tempo ou quantidade alguma. É o namorar de forma íntima, profunda, na qual as almas se entregam sem pudores, reservas, medos ou inseguranças. Elas se mostram ao outro total e absolutamente, como são em essência, plenamente, olho no olho, uma dedicando seu amor à outra, em um momento de adoração mútua. Os movimentos são suaves, lentos, agradáveis e carinhosos.



O sexo do amor tipo Philea é uma entrega e projeção coletiva de uma energia magnética de integração e polarização grupal. É o amor fraternal, de participação de um grupo de pessoas que se comprometem com um ideal, um propósito ou uma ação social e coletiva. É a projeção do amor no sentido de que todos próximos se realizem, se satisfaçam, sejam felizes, prósperos e saudáveis. Aqui a pessoa não se sente bem se algum membro de seu grupo não está bem e precisa de atenção e cuidados. Há um verdadeiro compromisso com a fraternidade, o altruísmo e a solidariedade. Neste ponto o “amante” sofre as dores, dificuldades e limitações de seus amigos íntimos e também é feliz com suas conquistas, realizações e alegrias. Existe uma verdadeira doação de parte de sua energia e vida para o concurso do sucesso dos demais.



O sexo a nível de amor do tipo Ágape é o sexo divino, que cria e mantém a vida. Ele é mágico, poderoso e absolutamente impessoal, transcendente e coletivo. É o sexo presente na criação visando o equilíbrio das energias. Sua manifestação ocorre como força mágica direcionamento o inconsciente coletivo rumo à evolução, à liberdade, à individuação e à transformação social como um todo. Este tipo de atuação age sobre toda uma geração de pessoas, mudando referências, ídolos, conceitos, paradigmas, arquétipos. É a força por trás dos grandes avatares e líderes mundiais que mudaram o curso da história da humanidade. É o poder por trás do poderoso magnetismo que possibilita a condução de uma grande massa de pessoas.



O processo de evolução nos níveis de amor ou sexo é explicitado nos conhecimentos da antiga Alquimia ou, ainda, na arte do Tantra Yoga. Mas, nossa sociedade no afã de conquistar imediatamente graus, níveis e poderes atropela o processo e busca atingir o ápice do caminho de forma rápida, fácil e simples, como que se industrialmente houvesse um produto, forma ou mesmo pessoa que pudesse proporcionar isso à ela. Então, ela se engana e se perde no verdadeiro caminho.



Muitos querem praticar o Tantra e conquistar os conhecimentos da verdadeira Alquimia com a consciência, a prática e os objetivos apenas do nível Porneia. Isso nunca lhe será possível. Para se chegar a pelo menos compreender a verdadeira natureza do Tantra ou da Alquimia há que se chegar ao amor e ao sexo do tipo Eros. Sem isso qualquer tentativa de evolução ou prática mecânica de Tantra ou Alquimia é pura enganação ou equívoco. Não é possível se praticar o Tantra sem se adorar o outro, sem o olhar nos olhos com o âmago da alma e se entregar plenamente ao outro em uma comunhão de sentimentos, segredos, defeitos, objetivos e verdadeira adoração. Para os casais do Tantra e da Alquimia o outro deve representar uma verdadeira divindade, um ser Real e digno de veneração, respeito e profundo amor.



Mas, o começo do processo é sempre a partir do nível Porneia, do individual que evolui apenas com o autoconhecimento. Não se pode e muito menos se deve cobrar do outro a evolução. Devemos caminhar somente pelo amor, pela compreensão e pela paciência. Se você conseguir evoluir e a outra pessoa não, respeite o tempo, a vontade, o ritmo e a realidade desta outra pessoa. O Tantra ou a Alquimia não pode ser um processo de cobrança, de dor ou mesmo competição. Se não houver encontro entre ambos é sinal de que cada um deve seguir seu próprio caminho, seu próprio ritmo e realidade. Caso isso não ocorra um pode prejudicar a evolução do outro. É claro que haverá incompreensão por parte daquele que vibre e tenha a consciência ainda no nível Porneia que é naturalmente de posse egoísta. Mas, aquele que atingiu pelo menos parte do nível Eros não pode permitir que o outro o impeça de evoluir e continuar sua expansão de consciência. Com muito amor, compreensão e paciência deve seguir seu caminho, liberando a outra pessoa para seguir também o seu caminho.



Em esoterismo é comum o ensinamento que diz que “quando o discípulo está pronto o mestre aparece”. O mesmo acontece conosco, quando estamos prontos, quando nos encontramos como pessoas e estamos prontos para encontrar outra pessoa e olhar em seus olhos, em sua alma e amá-la plenamente, esta pessoa surgirá em nossa vida. Se assim não for é porque ainda não atingimos esta condição e mérito.



Desejamos a todos que encontrem suas divindades complementares, seus reis e rainhas particulares, aquele ou aquela com o qual poderão viver o Paraíso em uma adoração mútua e divina, um amor sem egoísmo ou medos. Ou seja, desejamos a todos que atinjam a verdadeira paz de alma e realização pessoal, na plenitude do amor e da espiritualidade.


Juarez e Letícia

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