“Acautelai-vos, porém,
dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente,
são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se
uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz
bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar
maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons”.
Mateus 7:15-18
Hoje está muito popular se falar de magia, tudo parece ou é
nomeado como “mágico”. Dessa forma, muitas pessoas se aventuram a rotular
coisas como sendo mágicas. Nessa linha surgem então julgamentos afoitos e
rótulos precipitados relacionados à uma suposta “magia negra” ou de pessoas
como sendo “magos negros”, mesmo que não se tenha estudado anteriormente sobre
o que seja magia e suas formas.
Vamos então saber um pouco mais sobre o assunto e não
cometer calúnia e difamação, incorrendo no risco de infringir inclusive a
legislação e estar sujeito a um processo legal?
Primeiro, o que é magia?
O dicionário assim define magia:
“arte, ciência ou prática baseada na crença de ser possível influenciar
o curso dos acontecimentos e produzir efeitos não naturais, valendo-se da
intervenção de seres fantásticos e da manipulação de algum princípio oculto
supostamente presente na natureza, seja por meio de fórmulas rituais ou de
ações simbólicas”.
O site da Wikipedia assim define magia:
“A magia, antigamente chamada de Grande Ciência Sagrada pelos Magos, é
uma forma de ocultismo que estuda os segredos da natureza e a sua relação com o
homem, criando, assim, um conjunto de teorias e práticas que visam ao
desenvolvimento integral das faculdades internas espirituais e ocultas do
Homem, até que este tenha o domínio total sobre si mesmo e sobre a natureza. A
magia tem características ritualísticas e cerimoniais que visam a entrar em
contato com os aspectos ocultos do Universo e da Divindade”.
A primeira definição acima é mais popular e superficial, sem
um estudo profundo, mas conduz o leitor para o ‘mundo dos seres fantásticos’. A
segunda definição já se mostra mais profunda e resultado de uma pesquisa séria
e conduz o leitor a considerar a magia como algo relacionado ao desenvolvimento
espiritual e da divindade.
O termo “magia” se origina da religião dos antigos “parses”,
ou pársis. Eles são um grupo étnico-religioso do subcontinente indiano. Eles
formam a maior das duas populações praticantes do zoroastrismo na região. Já o
Zoroastrismo é definido assim pelo site da Wikipedia:
“O zoroastrismo, masdaísmo, masdeísmo ou parsismo é uma religião
fundada na antiga Pérsia pelo profeta Zaratustra, a quem os gregos chamavam de
Zoroastro. É considerada como a primeira manifestação de um monoteísmo ético.
Para alguns acadêmicos, os pontos chaves das principais doutrinas do
Zoroastrismo sobre a escatologia e demonologia, como a crença no paraíso, na
ressurreição, no juízo final e na vinda de um messias, viriam a influenciar o
judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Tem seus fundamentos fixados no Avesta
e admite a existência de duas divindades (dualismo), as quais representam o Bem
(Aúra-Masda) e o Mal (Arimã). Da luta entre essas divindades, sairia vencedora
a divindade do Bem, Aúra-Masda”.
Os antigos e verdadeiros “magos” eram sacerdotes de Ahura
Mazda, ou Ormuzd. Ou seja, sacerdotes do Bem, da Luz.
Existem diversos tipos de magia conhecidos: magia natural, magia
cerimonial, magia talismânica, magia enoquiana, magia sexual, magia musical, xamanismo,
magia contemporânea (raízes no trabalho de iniciados como Eliphas Levi, Papus e
Teosofia), magia universal, magia gnóstica, magia africana, etc.
Observe-se que o leigo não só desconhece esses tipos de
magia como ainda “criou” na mente popular o termo “magia negra”.
E essa tal de “magia negra” existe? Sim, existe. Trata-se do
uso inadequado da arte sagrada da magia. Como então se identificar um mago negro?
Para o leigo a definição “mago negro” conduz à conclusão fácil, rápida e
equivocada que tudo que seja negro está relacionada à magia negra. Esse é o
maior equívoco que se incorre no julgamento precipitado e injusto.
Vejamos, se só pelo fato de um sacerdote ou magista usar
negro já o defini como mago negro o que se poderia dizer dos antigos padres
católicos que usavam batinas negras em toda a sua vida e em todo tipo de
atividade? Seriam eles então magos negros? As freiras católicas, também usam a cor preta. Seriam elas magas negras? E como
ficaria então o caso das viúvas que passam a usar o negro após o falecimento do
marido? Teriam se tornado então magas negras? E o preto do luto que todos
usamos, seria então um símbolo de magia negra também? E os ternos dos pastores
evangélicos, geralmente pretos, seria um símbolo de que se trata de magos
negros? Certamente que não!
É natural se temer o desconhecido e quando se teme algo se
demonizar esse algo desconhecido é natural. Mas, seria muita intolerância e
preconceito se rotular todos sacerdotes que não sejam da religião que
professamos como sendo magos negros. Não é mesmo? Essa é uma atitude medieval e
fundamentalista nada atual ou ecumênica. Afinal, todas as religiões pregam
essencialmente o amor e que tendo Deus como Pai comum, somos todos irmãos e
irmãs, diferentes sim entre si, mas irmãos, e um não é melhor nem pior que o
outro.
Mas, então, magia negra é aquela que usa vela preta?
Vejamos, uma vela é o símbolo votivo de uma devoção espiritual,
visto que toda vela tem por objetivo ser acesa e quando acesa irradia luz. Se irradia
luz então é um símbolo ou um objeto divino, de LUZ. Se é de luz não é negra ...
Toda a criação tem vibrações que podem ser agrupadas em doze
ou sete características principais. É fácil se compreender isso quando nos
lembramos dos santos católicos em suas atribuições específicas: Santo Antônio é
o santo do casamento, Santo Expedito é o santo das causas perdidas, São Cristóvão
é o santo dos motoristas e viajantes, etc. Da mesma forma, existem os coros angélicos
e cada um deles tem uma regência específica ou assunto particular totalmente
diferente do outro. Em termos espirituais essas características também são
frequências ou vibrações específicas e diferentes entre si. Cada cor tem uma
característica ou regência. Existem sete cores principais relativas aos sete
sacramentos cristãos.
A cor negra nada tem de magia negra. A cor negra é a cor da
extrema unção, relacionada com o sétimo dia, quando, segundo a Bíblia, o Senhor
“descansou” e o homem deve honrá-lo “doando” esse dia ao Pai. Estão relacionados
com essa cor os anjos Oriphiel, Jehudiel e Zaphliel. À essa cor também está
relacionada ao nome de Deus que as pessoas normalmente traduzem do hebraico
como sendo “Jeová”, ou Iod He Vaw He. Mas, esse é um nome que os hebreus
ortodoxos jamais pronunciam, pois se trata o nome do mistério, do segredo, por
isso a relação com a cor negra, do desconhecido. Esse mistério de cor e nome
divino está relacionado com a séfira Binah (a Providência Divina) e com a ordem
dos Tronos (os mesmos que os hebreus denominam Aralim, isto é, anjos poderosos,
grandes, fortes e robustos). Ou seja, além de não ser nada negativa ou
maléfica, a vela preta ou negra nos remete ao primeiro Mistério da chamada
Coroa Sefirótica, mistério esse diretamente relacionado com o Espírito Santo.
"É no escuro da noite que melhor se pode enxergar a luz das estrelas"
Vimos até aqui o que equivocamente se assinala como sendo
indicadores de “magia negra” e percebe-se que essa crença popular não tem
fundamento lógico ou teológico. Caso contrário haver-se-ia necessidade de
reformulação de hábitos e costumes religiosos antigos arraigados em tradições
seculares. Então, o que é “magia negra”? Definindo-se magia negra se define
aquele que a pratica...
O Mal ou a magia negra não tem definição ou um conjunto
específico que os defina. Sua definição sempre está relacionada com a falta do
Bem ou da Magia Branca, estas sim têm definições bem claras e objetivas.
Encontra-se essa definição de magia branca:
“A magia branca se refere normalmente à prática ocultista direcionada
para o bem ou para fins altruístas; a magia na qual reina o “seja feita a vossa
vontade”. Entretanto, no conceito mais atual, a magia branca se refere a toda e
qualquer magia no qual o praticante tem intenções puras e destina seu uso para
o bem e/ou para o próximo. Magia branca tradicionalmente faz referência ao uso
de poderes sobrenaturais ou magia para fins bons e altruístas”.
Alguns poderiam dizer que na Bíblia ou na prática cristã não
cabe a magia, mas as pragas do Egito por ocasião do êxodo dos judeus do Egito
no Antigo Testamento formam produto de magia natural. Assim como foi obra de
uma poderosa magia natural Moisés abrir o mar Vermelho para a passagem dos
hebreus. Além disso, é habito entre pessoas de fé recorrerem a benzedeiras para
curar dores e sofrimentos. O ato de se “benzer” é um ato de magia realizado de
forma espiritual. Seria isso errado?
Vimos no início que a magia tem origem na prática divina do
bem e que a magia branca tem em seu princípio intenções puras e o bem do
próximo. Então, magia negra seria o contrário, o uso de forças ou poderes para
fins maléficos e egoístas. Grave-se essa frase:
Magia negra é o uso
de qualquer tipo de poder para fins maléficos e egoístas.
Ou seja, mesmo a pessoa usando uma vela branca, dentro de um
templo branco, se ela estiver fazendo uma oração com o intuito de fazer mal à
outra pessoa ou com o objetivo de se beneficiar mesmo que prejudicando outra
pessoa, bem essa pessoa está praticando magia negra sim. Não são as
características externas que definem ou diferem magia negra ou branca, mas sim o
objetivo que o mago lhe imprime.
Toda pessoa corre o risco de ser um mago negro,
principalmente se desenvolveu algum tipo de poder paranormal. Se a pessoa usar
de seu poder para prejudicar outras pessoas, se beneficiar acima de seus
direitos naturais, mesmo que esteja vestida de cordeiro, usando palavras
polidas e espiritualizadas, ela será um mago ou maga negra sim. Outro indício
evidente de magia negra é fazer uso de forças para impedir que outra pessoa
possa exercer seu livre-arbítrio.
Ou seja, fazer uma oração e acender uma vela branca na Igreja
para um santo fazer outra pessoa se apaixonar por você é um ato de magia negra,
mesmo que não pareça e que a Igreja não tenha nada a ver com isso.
Enfim, para se identificar um mago negro basta ver suas
atitudes e histórico pessoal: ele faz maldades (xinga, briga, mente, trai, faz
intriga, fala mal das pessoas pelas costas), busca o próprio benefício, manipula
as pessoas conforme a sua vontade, quer controlar as pessoas ou fazer com que
elas façam o que querem? Bem, essa pessoa se não for está muito próxima de ser
uma maga negra.
Como se pode perceber é bem fácil se identificar um mago
negro e desmistificar preconceitos. Então, antes de se rotular alguém como "mago negro" não seria melhor buscar os indicadores? Afinal, pode-se estar difamando e prejudicando a imagem e o conceito da pessoa injustamente, cometendo até mesmo um ato ilegal. Aliás, esse é o tipo de atitude que um verdadeiro mago negro teria ...
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