segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Guerra nas Estrelas" da revista Veja

Em reportagem de capa a revista VEJA publicou matéria intitulada “Guerra nas Estrelas” informando mais um embate que a astronomia faz com a Astrologia. A capa é o resultado do impacto que causou o astrônomo americano Parke Kunkle ao afirmar que está errada a regência astrológica milenar. Diz isso com a autoridade de um astrônomo querendo intervir na Astrologia, embasando-se no movimento de precessão dos equinócios, coisa que ele só descobriu agora, mas que Hiparco já no ano 100 a.C. estudava e calculava. O sr. Kunkle, e outros que pensam da mesma forma, quer inverter a ordem natural das coisas. A astronomia é filha pródiga da Astrologia e nunca o inverso. O fato incontestável é que a astronomia só passou a existir com o advento do modernismo, ou seja, há apenas 400 anos, enquanto a Astrologia já orientava o ser humano há milênios.

Muitos autoproclamados cientistas, das chamadas “ciências duras” que acreditam que somente elas são ciências (descartando inclusive os ramos humanos e biológicos do rótulo ciência), trazem o ranço da rejeição irrefletida e preconceituosa herdada da revolução dos modernos. O que de fato aconteceu na chamada revolução científica? Bem, além daquilo que todos sabem e desfrutam, o que aconteceu foi uma guerra entre duas culturas ou gerações e uma consequente e persistente perseguição por parte de quem ganhou a batalha e quis vingar o que havia sofrido anteriormente. Antes, os sacerdotes basicamente eram quem detinha o poder de acesso e posse do conhecimento, decidiam tudo sobre o conhecimento e julgavam tudo conforme este seu conhecimento. Abusaram demais disso, cometeram injustiças terríveis, guerras, carnificinas, etc. Os antes “ignorantes” se revoltaram, fizeram a revolução e “mataram Deus”. Na queima e negação cega de tudo que era tido como verdade e poder de antes, rotularam os conhecimentos antigos e primitivos de crendices, charlatania, engodos, falsas ciências, etc. E, neste verdadeiro “balaio” também foi colocada a milenar Astrologia. Então, milênios de conhecimentos e experiências da Astrologia foram jogados fora e ela foi substituída pela insipiente Astronomia e a também milenar Alquimia foi substituída pela “moderna” Química, por exemplo. Assim está desde então, os nossos “cientistas” atuais repetem os preconceituosos, revoltados e despeitados “cientistas” medievais e nem se apercebem disso. Recomendo a leitura de dois livros, para aqueles que desejam saber um pouco mais sobre este assunto (não necessariamente conforme a minha abordagem): “A Estrutura das Revoluções Científicas”, de Thomas Kuhn; e, “A Ciência e a Filosofia dos Modernos”, de Paolo Rossi, Ed. Unesp, 1992.

Muitos dos cientistas modernos eram astrólogos: Copérnico, Tycho-Brahe, Galileu, Kepler e Isaac Newton, por exemplo. Na história da Astrologia, todos aqueles que estudaram a Astrologia para provar que ela não é uma ciência, tornaram-se astrólogos.

Da mesma forma, aqueles que acreditam que a Astrologia não condiz com a religião, não sabem que grandes e importantes astrólogos ao longo dos anos foram religiosos. O Santo Alberto Magno (Alberto de Colônia), por exemplo, considerou a Astrologia como uma ciência legítima; São Tomás de Aquino viu na Astrologia ensinamentos complementares à visão cristã.
Tamsyn Barton em seu livro “Ancient Astrology” (1994) afirma que o filósofo natural Plínio, o velho, em seu grande compêndio sobre os recursos naturais menciona Berossus, o escritor babilônico, que considerava que a Astrologia foi trazida à Grécia da Babilônia. Segundo Berossus, observações astrológicas foram realizadas na Caldéia por 490 mil anos! Barton em seu livro cita também o historiador grego Diodorus Siculus que ficou impressionado com a antiguidade da ciência estelar preditiva dos caldeus colonizadores do Egito e que este conhecimento datava de 473.000 anos! Em seu livro ele diz ainda que outros mais conservadores creditam o registro de 373 eclipses solares e 832 lunares em pelo menos 48.863 anos entre o período pré-dinástico egípcio (paleolítico inferior, de 700 mil a 270 mil a.C.) até Alexandre (Dinastia Macedônica, em 332 a.C.). Neste livro encontramos que a Astrologia Mesopotâmica está registrada no livro “Nos dias de Anu e Enlil”, originalmente Enuma Anu Enlil que tem entre 6.500 a 7.000 estudos astrológicos, celestiais, atmosféricos e fenomenológicos. Conforme Barton, o primeiro horóscopo pessoal babilônico é datado de 13 de janeiro de 410 a.C. Mas, poucos dias após aparece outro horóscopo, este com as posições dos planetas, em 29 de abril de 410 a.C:
... filho de Shumausur, filho de Shuma iddina, descendente de Déké, nasceu. Nessa data a Lua estava abaixo do chifre do Escorpião; Júpiter, em Peixes; Vênus em Touro; Saturno em Câncer; Marte em Gêmeos. Mercúrio, que havia estabelecido [para a última hora], foi [ainda] in [visível]. Mês Nisan...

Este astrônomo da reportagem, o Kunkle, quer reduzir a milenar (no mínimo 2.500 anos!) regência do signo de Escorpião que sempre foi de 30 dias para apenas sete! E, ainda, introduzir Ophiucus (Serpentário) no Zodíaco. Na semana que vem ele irá descobrir então que falhou em suas “brilhantes” análises e que do outro lado do Zodíaco deveria também incluir a constelação da Baleia. O senhor Kunkle ignora que ignora a Astrologia, ele a confunde com a sua astronomia. Apesar de quase que homônimas, são muito distintas entre si e não podem ser “medidas” ou analisadas com os mesmos valores, conceitos e instrumentos. Enquanto a dele se ocupa do corpo das estrelas e planetas, a Astrologia se ocupa da alma e da consciência de tudo que é vivo. O objeto de estudo da astronomia é a matéria cósmica concreta e tangível e o objeto de estudo da Astrologia é a consciência, as leis e as verdades cósmicas, tanto no macro universo como no micro universo, tanto no inconsciente coletivo como no inconsciente individual. Ou seja, muito além e acima do horizonte da astronomia; muito mais profundo e amplo; que não consegue sequer divisar estes horizontes, pois os seus olhos se dirigem apenas para o chão, enquanto que a Astrologia olha para frente, para os lados e também para cima. Enquanto a astronomia é uma ciência humana (criada pelos homens), a Astrologia é uma Ciência Estelar.

O homem concebe, compreende e utiliza os conhecimentos astrológicos de acordo com o seu próprio nível de consciência. Se ele utiliza 3% ou 10% de seu potencial de consciência, como muitos afirmam, é também neste nível que ele compreenderá e verá utilidade para a Astrologia em sua vida. A Astrologia é uma ciência para ser vista com os olhos interiores, com os olhos que vêem a verdade além das aparências.

Quem afirma que os astros influenciam a vida das pessoas ignora a real origem e fundamento da Astrologia. Deveria pesquisar mais e melhor para não se confundir e nem confundir terceiros. Um dos fortes argumentos dos astrônomos é que não existe influência FÍSICA dos planetas sobre os seres vivos. Sim, isso é uma realidade incontestável, sendo a Lua a única que pode realmente exercer certa influência em razão de sua proximidade, bem como o Sol. Mas, os leigos desconhecem que o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung já descortinou há muito a questão astrológica quando em seus estudos arquetípicos e simbólicos redigiu suas obras, mais especificamente uma sobre a Sincronicidade. Acreditar que os planetas influenciam as pessoas seria o mesmo que acreditar que se um relógio parar o tempo também irá parar. Ora, a Astrologia não é o estudo das influências dos astros como muitos afirmam erroneamente.

Equivoca-se também quem, como o psiquiatra Paulo Gaudêncio da reportagem, afirma ser a Astrologia motivo de crença ou fé. Mas, este tipo de análise é esperado por parte de quem não conhece a ciência astrológica, até porque um psiquiatra é muito mais um médico do corpo do que um psicólogo da alma (sua própria formação acadêmica atesta isso). Em meu livro “Tudo o que você queria saber sobre Astrologia e não teve a quem perguntar” abordo esta questão e a explico em poucas palavras.

Cientistas já tentaram “colar” o rótulo de pseudociência à Astrologia, mas este argumento apesar de repetidamente ser jogado contra a ciência astrológica, nunca foi aceita e nem o será. Isso ocorre porque se forem aplicados os conceitos científicos de Karl Popper, Thomas Kuhn e Paul Feyerabend (Círculo de Viena) quanto à sua cientificidade a Astrologia seria considera ciência! Isso nos prova exaustivamente a profa. Dra. Cristina de Amorim Machado em suas pesquisas epistemológicas (A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento) tanto de graduação em Filosofia quanto na sua dissertação de Mestrado. Ela conclui sua dissertação afirmando que: “O resultado dessa análise explicitou a insuficiência dos critérios propostos para excluir a astrologia do conjunto das ciências. Mais do que isso, esse resultado deixou claro que a astrologia ou é ciência, ou, se não é, esses critérios são inócuos”.

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