quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Do Nada à Estrela de Cinco Pontas


Como alguns pensam, a ideia da existência do Nada pode contar a afirmação da existência de um suposto “anti-Deus”, mas na verdade é mais uma afirmação da existência de Deus. Porém, trata-se da afirmação da existência da ideia de um Deus Imanifesto. Ora, este Deus Imanifesto seria o princípio de tudo, do Deus Manifesto. Então, filosoficamente falando, este Nada ou zero é na verdade a Unidade Primordial. Até porque, o Deus Manifesto é dual. Ele manifesta-se em duas unidades, uma masculina e outra feminina. Ou seja, nossa “Unidade Manifesta” na verdade é uma dualidade de luz e sombras, de masculino e feminino.
Mas, como já vimos anteriormente, a dualidade deságua ou conduz naturalmente à Trindade. O mundo imaginário em união com o mundo real resulta na realidade complexa de nossa existência e nossa Matemática (ver artigos anteriores em http://atonclubeesoterico.blogspot.com/). Assim como é impossível desassociar a força elétrica da magnética, o masculino do feminino, a luz das sombras, também é impossível separar da dualidade o vetor resultante na forma de energia térmica, vida, a visualização das formas e das cores.
Visualmente podemos imaginar a Unidade como um ponto, sem dimensão, simplesmente um ponto no espaço. A dualidade seria a vida, existência ou movimento deste ponto (tal como a ponta de lápis ou caneta se deslocando pelo papel, isso iria criar uma reta). A trindade então já é o rolamento do movimento criado sobre si mesmos, ou seja, a resultante de Sua manifestação (imagine alinha criada como sendo um pequeno e finíssimo rolo embebido em tinta e que rola formando um plano). Assim é a Criação do Plano bidimensional (largura e extensão) da Manifestação. Mas, como já sabemos, a dualidade nos conduz naturalmente à Trindade, à terceira Força, a equilibrante. Então, o quaternário é uma ação ou movimento, ou mesmo vida, do Plano bidimensional (é como se a reta rolando sobre si mesma tenha formado um quadrado e agora este quadrado também se movimenta para cima ou para baixo, formando neste movimento um cubo, uma forma tridimensional). Ou seja, o Quaternário é a vida dos Planos da Existência. É por esta razão que em numerologia afirma-se que o número quatro é o número da matéria ou da Criação em si, da estabilidade e da cristalização das coisas.
Porém, apesar de agradável ou cômoda a estabilidade dos números pares é necessário a energia volitiva e dinâmica do número ímpar. É por isso que existe a revolução na Criação, o que leva à transcendência do quaternário, lhe confere dinamismo e vida. Seria como um movimento rotacional de um cubo, assim ele continuaria sendo um cubo, mas apesar disso teria um movimento ou vida. É a ação do número Cinco conduzindo à chamada “quinta essência” ou transcendência da Criação.

Acima, o "Homem de Vitrúvio" disposto como Pentagrama

Esotericamente muito se destaca a importância do número cinco, principalmente na forma do Pentagrama (ou estrela de cinco pontas). Eliphas Levi, o grande ocultista francês, escreveu:
“O pentagrama exprime a dominação do Espírito sobre os elementos, e é por este signo que encadeamos os Silfos do Ar, as Salamandras do Fogo, as Ondinas da Água e os Gnomos da Terra. Armados deste signo e convenientemente disposto, podeis ver o infinito através daquela faculdade que é como que o olho de vossa alma, e vós vos fareis servir por legiões de anjos ... ... Este império da vontade sobre a luz astral, que é a alma física dos quatro elementos, é figurado, em magia, pelo pentagrama... ... É também pelo pentagrama que se medem as proporções exatas do grande e único athanor necessário à confecção da pedra filosofal e à realização da Grande Obra. O alambique mais perfeito que possa elaborar a quintessência é figurada pelo signo do pentagrama ”.[1]
Levi também é chamado de “O Homem do Pentagrama”. Ele foi um renomado ocultista europeu, abade de monastério e uma pessoa muito sábia, respeitado em seu meio até os dias atuais. Suas obras são referência para os estudos e recomendado pelos mais experientes. O leitor encontrará neste autor uma excelente referência e didática.
O homem comum chega até o número quatro, além disso, o caminho é realizado por aqueles destemidos que dominam a si mesmo, aqueles que chegaram aos seus próprios arcanos e munidos do Pentagrama, símbolo do sucesso nas provas dos quatro elementos e chave para a caminhada do Filho da Luz, rumo à maestria.


[1] LEVI, Eliphas. Dogma e Ritual de Alta Magia. São Paulo: Ed. Pensamento, 1997.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Monoteísmo e o Nada


A discussão sobre o Bem e o Mal nos remete à ideia do Todo e do Nada. Ora, o Nada seria antagônico ao Todo. Mas, conforme a ciência da Física o nada que seria representado pelo vácuo absoluto não existe, à semelhança de nossa discussão sobre a não existência do Mal.
“Vácuo significa ausência total de matéria, ou seja, líquidos, sólidos, gases ou plasma. O vácuo, no entanto pode ser entendido de diversas formas, pois o vácuo absoluto, que realmente é a ausência total de matéria é apenas teórico, existindo no entanto a remota possibilidade de existir o vácuo absoluto em alguma galáxia distante. O nosso próprio sistema solar está preenchido na maioria das vezes por hidrogênio e outros gases”. http://www.algosobre.com.br/fisica/vacuo.html
Este conceito apesar de parecer sem grande importância para nossas vidas na verdade pode resultar em repercussões impensadas.
Foi o que aconteceu com o mundo religioso quando se “inventou” o número “zero”, ou seja, o Nada. Afirmar que existia o zero, ou o Nada, era afirmar que existia algo antagônico ao Todo ou Deus Único!
O desenvolvimento do Antigo Egito, por volta de 4.000 a.C. levou aquele povo a criar os símbolos e com eles nasceu a escrita e os números. Mas, este sábio povo que também criou os números fracionários não concebeu o a ideia do zero. Buscando na história da Matemática encontramos que “É possível que o mais antigo símbolo hindu para zero tenha sido o ponto negrito, que aparece no manuscrito Bakhshali, cujo conteúdo talvez remonte do século III ou IV d.C., embora alguns historiadores o localize até no século XII”:
“Como a mais antiga forma do símbolo hindu era comumente usado em inscrições e manuscritos para assinalar um espaço em branco, era chamado sunya, significando “lacuna” ou “vazio”. Essa palavra entrou para o árabe como sifr, que significa “vago”. Ela foi transliterada para o latim como zephirum ou zephyrum  por volta do ano 1200, mantendo-se seu  som mas não seu sentido. Mudanças sucessivas dessas formas, passando inclusive por zeuero, zepiro ecifre,  levaram as nossas palavras “cifra” e “zero”. O significado duplo da palavra “cifra” hoje - tanto pode se referir ao símbolo do zero como a qualquer dígito - não ocorria no original hindu”.
Longe da Índia, os Maias americanos também deduziram uma representação do zero, por volta dos séculos IV e III a.C. “O conceito do vazio era tão significativo entre eles que havia uma divindade específica para o zero: era o deus Zero, o deus da Morte”[1]. Afinal faz sentido, o zero é a ausência de Todo, ou seja, da Vida, seja em que dimensão ou forma for. Já os gregos, de sua parte, à semelhança dos egípcios, jamais conceberam uma ideia de representação do vazio absoluto. Para eles este era um conceito “antiestético”: “Não fazia sentido existir vazio num mundo tão bem organizado e lógico – seria o caos, um fator de desordem”[2].
Consta que na Idade Média os povos ignoravam o zero e este conceito recebeu muita resistência até ser plenamente aceito como hoje. O zero era considerado um número subversivo.
Pitágoras, que viajou e estudo pelo Egito, defendia que todas as coisas tinham sua origem nos números e que estes expressavam a razão absoluta[3].  Para os pitagóricos todo o Universo era regido pelos números e suas relações[4]. Para eles a importância do estudo dos números residia no fato de que eles, os números, eram sinônimo de harmonia universal e demonstram a essência do universo. Consideravam que os números eram o elo que une todos os elementos da Criação[5].
Então, esta discussão que se iniciou com o estudo das ideias de Bem e Mal nos levou aos números. O estudo esotérico dos números é um caminho seguro, lógico, coerente e prático para debatermos as questões de natureza espiritual, sem a influência do subjetivismo da mística.
É por este caminho que pretendemos continuar nossos estudos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Afinal, o Mal não existe?

A ideia de que o Bem e o Mal lutam em iguais condições é equivocada, como já vimos anteriormente. De um ponto de vista monoteísta não é possível a existência de dois deuses, um do Bem e outro do Mal. Existe somente um Deus que está acima do Bem e do Mal.
Deus então seria somente o Bem e o Mal então não existe? E o que vemos diariamente nos jornais, nas ruas e na televisão, não é maldade suficiente?
A dualidade (seja Bem e Mal, masculino e feminino, positivo e negativo, luz e trevas) surge a partir da Criação quando os Elohin separaram a Luz das Trevas do Caos Primordial. No livro de Gênesis da Bíblia, cap I, versículos 3, 4 e 5 está:
“E disse Deus: Que haja Luz, e houve Luz. E viu Deus que era boa a Luz e fez Deus a separação entre Luz e Trevas. E Deus chamou à Luz Dia e às trevas chamou Noite...”
Observemos que Deus criou a Luz e as Trevas são consequência de uma separação. Por outro lado, observemos também que com esta separação surgiu o dia e a noite, tão necessárias para a manutenção da vida, ou seja, a ação e o repouso.
Santo Agostinho[1] (354 – 430 d.C) já afirmava que o ódio (escuridão) não é uma força que se opõe à Luz, mas sim a ausência desta Luz:
A concepção que Agostinho tem do mal, esta baseada na teoria platônica, assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto não poderia ter criado o mal.
No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho tenta explicar-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente da vontade de Deus) e algo mau (a prevalência da vontade das paixões humanas).[12]
... Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem.
O Mal ou as Trevas nada mais é do que a ausência do Bem ou da Luz.
Pensemos no Bem como se fosse algo que une as coisas e as pessoas, como o Amor, ou mesmo como algo semelhante a uma cola ou cimento. A ausência desta força de união ou coesão resulta na dispersão, na fragmentação, na multidão. Em última instância, o extremo Mal é a absoluta ausência de união ou coesão e, portanto, na total e absoluta dispersão de forma a não existir na forma de uma personalidade, individualidade e muito menos de uma divindade. Pense em uma massa de pedreiro sem cimento. O que resulta? Isso poderia edificar uma casa, um muro ou coisa útil? Não! Seriam apensas areia e cal misturada e que seriam levadas pelo vento ou pela chuva assim que estas ocorressem, sem qualquer resistência.
Pensemos no Bem como fonte de calor. Quanto mais nos afastarmos desta fonte menos calor teremos e assim estaríamos cada vez mais próximo do frio absoluto? Não! O frio absoluto ou zero grau kelvin é apenas teórico, ele não existe porque não existe um ideal ou perfeição de frio. No zero grau kelvin, para se ter uma ideia do que poderia ser, nem os elétrons se movimentam em torno do núcleo do átomo.
Tudo da vida ou na Criação é dinâmico, tem movimento e tem vida. Tudo que se afasta da vida teoricamente se aproxima da morte, mas mesmo na morte existe vida (como os vermes, bactérias e semelhantes que agem apodrecendo o cadáver para que a Natureza continue seus ciclos).
Ou seja, o Mal como o pensamos normalmente, não existe. Não existe uma fonte de Maldade, de Trevas, de “não movimento”.
Não é possível invadir a Luz com a escuridão, mas o inverso é possível. A Luz, o Amor e a vida são soberanos, pois existe uma fonte para eles.
Por mais que exista uma maldade, nela existirá vida, verdade e luz, pois se fosse o contrário, se não existissem nela vida, verdade e luz ela simplesmente não existiria. Ou seja, como dizem os religiosos, por mais que a pessoa esteja desviada da Luz, do Amor , da Verdade e da Justiça sempre existirá uma chama interior que poderá ser revivida, estimulada. Sempre haverá esperança para a Luz.

A luta do Bem contra o Mal II

Desde crianças aprendemos a rotular as coisas como “boas” ou “más”. É certo que “didaticamente” fica mais fácil a explicação de certas coisas da vida, mas esta é uma abordagem simplista, reducionista e muito equivocada.
Na vida as coisas são o que são, têm seus valores intrínsecos e extrínsecos originais e não se confundem com outras. Ou seja, dificilmente podem ser rotuladas ou separadas em simples “bom” ou “mal”. Vejamos por exemplo o caso de uma simples faca: ela pode servir para cortar um alimento e também para matar uma pessoa; o caso do fogo: serve para preparar o alimento e também para consumir algo.
Quando se fala em Bem e Mal logo se lembra de questões de natureza espiritual em cujo cenário teoricamente digladiam Deus e o Diabo, Deus personificando o Bem e o Diabo personificando o Mal.
Ora, se pensarmos que o Diabo tem poder para se contrapor a Deus, Este então não é Onipotente porque existe outro ser que não está sob o Seu poder, ou seja, pode tanto quanto Ele. Logo se conclui que então, neste caso, existem dois deuses em igual condição e poder! Ou seja, esta não é uma concepção monoteísta e sim politeísta.
Por outro lado, se considerarmos que Deus criou Tudo que existe, então temos que considerar que Ele criou o homem e a mulher, o macho e a fêmea, a luz e a sombra, o positivo e o negativo, o bem e o mal também. Ele está acima da dicotomina maniqueísta. Ele é a origem e fim, o alfa e o ômega!
A vida e o movimento surge é exatamente da relação entre estes opostos: um homem e uma mulher juntos podem gerar um filho; o polo positivo junto com o negativo pode acender uma lâmpada; o jogo de luz e sombras é que faz uma fotografia ou uma imagem; da opção entre a conduta correta e da incorreta é que surge o valor da virtude.
A Beleza da Vida (um dos atributos de Deus) surge exatamente da interação dos opostos e sua complementariedade, assim como a própria vida manifesta (Deus presente em sua Criação).Se existisse somente a luz nós não conseguiríamos ver nada, o mesmo ocorreria se só existisse as trevas. Um motor ou qualquer equipamento elétrico só funciona na presença conjunta dos polos positivo e negativo.
Então, a expressão “Luta do Bem contra o Mal” é um equívoco imenso que contém uma grave falha de lógica e que prejudica a vida das pessoas, até mesmo em pequenos detalhes cotidianos.
Precisamos compreender que em tudo existe o lado feminino e também o masculino, tal como nos ensina o Zen Budismo com o símbolo do Yin e o Yang.



A dualidade complementar existe em toda a Criação. Uma delas que utilizamos diariamente é a que se apresenta como eletricidade e magnetismo. Uma não existe sem a outra, não é possível dissociá-las e suas ações são complementares. Penso que todos concordamos na utilidade delas, sem a preocupação de separá-las ou utilizá-las isoladamente com preconceitos do tipo “o magnetismo é bom, mas a eletricidade é mal ou ruim”.
Biologicamente todos nós temos tanto os hormônios masculinos quanto os femininos, cada qual na proporção adequada para cada sexo e realizando as funções específicas em nossas vidas. Engana-se o homem que acredita que nada tem de feminino, seja de forma biológica, seja de forma psicológica. O mesmo ocorre com a mulher.
Até mesmo na Matemática podemos encontrar a dualidade expressa nos números complexos nos quais todo número tem seu componente real e também o componente imaginário.
Uma pessoa que não queira utilizar o seu “lado sinistro ou esquerdo” por imaginar que o mesmo possa ser veículo do Mal não jamais um indivíduo, uma pessoa completa e equilibrada. Aliás, falando-se em equilíbrio é importante destacar que para podermos caminhar, por exemplo, precisamos do equilíbrio dinâmico. Ou seja, nos desequilibramos para assim nos deslocarmos com ambas as pernas, de forma equilibrada. Da mesma forma, na vida para nos desenvolvermos, crescermos e evoluirmos precisamos usar e aproveitar todas as nossas características, as ditas “boas” e também as consideradas “ruins”.
Dizem que o casamento é um sacramento justamente pelo fato de, sob a bênção divina, colocar duas pessoas a se lapidarem no atrito diário de suas diferentes personalidades.
Concluindo: não existe conflito ou desavença entre o bem e o mal, se isso existe é porque nós o criamos em prejuízo de nosso próprio equilíbrio e desenvolvimento pessoal.

A luta do Bem contra o Mal

Nascemos e crescemos em uma sociedade marcada pela dicotomia maniqueísta que nos apresenta sempre dois opostos: o bem e o mal. Desde crianças aprendemos a separar pessoas, atitudes, pensamentos, sentimentos, etc. como bons e maus. No imaginário popular Deus, representando o Bem Supremo, digladia com o Diabo, representando o mal supremo.
Esta dicotomia vem desde Zoroastro e sua religião marcada pela luta entre Arimã (o suposto mal) e Ahura Mazda ou Ormuzd (ícone do bem)[1]. Na Wilipédia encontramos um pouco sobre a doutrina de Zoroastro:
Na doutrina zaratustriana, antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do Mal (Angra Mainyu ouArimã). Divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal. Entre as divindades auxiliares, como consta no Avesta a mais importante era Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas. No final do século III d.C, a religião de Mithra fundiu-se com cultos solares de procedência oriental, configurando-se no culto do Sol.
Arimã é representado como uma serpente. Criador de tudo que há de ruim (crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros), ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto entre sombras eternas. Ormuzd, no entanto, é o Criador original, organizador do mundo de modo perfeito.
Ahura Mazda é representado também como o divino Lavrador, o que mostra o enraizamento do culto na civilização agrícola, na qual o cultivo da terra era um dever sagrado. No plano cosmológico, contudo, ele é o criador do universo e da raça humana, com poderes para sustentar e prover todos os seres, na luz e na glória supremas.
Bem e Mal não são apenas valores morais reguladores da vida cotidiana dos humanos, mas são transfigurados em princípios cósmicos, em perpétua discórdia. A luta entre Bem e Mal origina todas as alternativas da vida do universo e da humanidade. A vitória definitiva de Ormuzde sobre Arimã só poderia ocorrer se Zaratustra conseguisse formar uma legião de seguidores e servidores, forte o bastante para vencer o Espírito Hostil, e expurgar o Mal do universo. Nesse sentido, Bem e Mal são princípios criadores e estruturadores do universo, que podem ser observados na natureza e encontram-se presentes na alma humana. A vida humana é uma luta incessante para atingir a bondade e a pureza, para vencer Angra Mainyu e toda a sua legião de demônios cuja vontade é destruir o mundo criado por Ahura Mazda.

O Maniqueísmo surgiu na Babilônia e na Pérsia quando o gnosticismo primitivo começou a perder influência no mundo greco-romano[2]. Vejamos um pouco da definição do Maniqueísmo que encontramos na Wikipédia:
O Maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.
O seu fundador foi o profeta persa Mani (ou Manés) e as suas ideias sincretizavam elementos do Zoroastrismo, do Hinduísmo, do Budismo, do Judaísmo e do Cristianismo. Desse modo, Mani considerava Zoroastro, Buda e Jesus como "pais da Justiça", e pretendia, através de uma revelação divina, purificar e superar as mensagens individuais de cada um deles, anunciando uma verdade completa.
Conforme as suas ideias, a fusão dos dois elementos primordiais, o reino da luz e o reino das trevas, teria originado o mundo material, essencialmente mau. Para redimir os homens de sua existência imperfeita, os "pais da Justiça" haviam vindo à Terra, mas como a mensagem deles havia sido corrompida, Mani viera a fim de completar a missão deles, como o Paráclito prometido por Cristo, e trouxera segredos para a purificação da luz, apenas destinados aos eleitos que praticassem uma rigorosa vida ascética. Os impuros, no máximo podiam vir a ser catecúmenos e ouvintes, obrigados apenas à observância dos dez mandamentos (citados abaixo).
As ideias maniqueístas espalharam-se desde as fronteiras com a China até ao Norte d'África. Mani acabou crucificado no final do século III, e os seus adeptos sofreram perseguições na Babilónia e no Império Romano. Apesar da igreja ter condenado esta doutrina como herética em diversos sínodos desde o século IV, ela permaneceu viva até à Idade Média.

Mas, este é um conceito equivocado e que é inconcebível em uma doutrina que postula um único Deus. O monoteísmo não comporta algum ser ou algo que possa se comparar a Deus. Não existe nada nem ninguém nem mesmo ao nível de Deus, sequer acima dela. Ou seja, não é possível lutar contra Deus que é Onipresente, Onisciente e Onipotente. Ele está em todos os lugares, Ele sabe de tudo (nada Lhe é escondido, não se pode enganar ou trapacear Ele), Ele tem poder sobre toda a Criação, não existe nada que não esteja sobre o seu poder.
Então, dizer que algo está contra Deus é um equívoco de lógica na concepção Monoteísta, tal como são as religiões cristãs, por exemplo.
Ou seja, não existe uma luta do Bem contra o Mal.
Continuaremos com este assunto tão importante. Acompanhe este estudo.

  Qual a diferença entre Tarot e Astrologia?   Com mais de 40 anos de exercício profissional, percebi que é comum as pessoas não saberem...