Segundo o Hinduísmo, todas as coisas
são parte de um grande processo rítmico de criação e destruição, de morte e
renascimento, e a dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida e morte
que se desdobra em ciclos intermináveis. Na plenitude do tempo, Ele destrói
todas as formas pelo fogo e lhes concede novo repouso.
A Dança
Cósmica de Shiva (o Rei dos Dançarinos, um antigo Deus indiano), representa a
alternância e a complementação entre luz e escuridão, é a dança cíclica do
movimento perfeitamente harmônico. Ela representa a criação do mundo. A Dança
cósmica é o movimento perfeito que faz a vida sair do coração e conectar a luz
do espírito, e depois integrar-se ao universo.
Para ser
melhor entendido, vamos materializar o pensamento. No princípio da raça humana,
criada através da energia cósmica, a lei natural do gênero, artes foram dadas a
Guardiões: Yin, o feminino e Yang, o masculino. Ambos ganharam a arte do corpo.
Yin ficou com a dança, ritmo e música e Yang com a força, a honra e a coragem.
A arte para Yin é a dança e para o Yang são as artes marciais. A ambos podemos
chamar de “dança”. A palavra dança é o mesmo que 'Mahol' em hebraico, sendo
esta derivada do verbo 'hul' que significa "fazer movimentos
circulares", "voltear". Segundo o Dicionário Aurélio significa “mover
o corpo de modo cadenciado; saltar, mover-se, girar; não estar firme; ser
volúvel”. A palavra dança tem origem do Francês antigo “dancier”, atual
“danser”.
As Guardiãs do Templo e o Sincretismo
Aqueles que
tem a Arte queimando em seu coração são os Guardiões do Templo e as antigas
sacerdotisas. No princípio de nossa história nesse planeta existiam (ainda
existem) Guardiões dos Templos de Deuses e Deusas. Os índios dançavam para os
Deuses, as mulheres do campo aprendiam a Arte da Dança, assim como nos países
Asiáticos toda mulher deve saber dançar. Por todo o mundo sempre existiu uma
dança local e primitiva e foram se adequando a novas técnicas aperfeiçoadas por
outras culturas que foram se comunicando. Formou-se um sincretismo entre as
danças dos povos. Daí nasceram as danças mais atuais. Um exemplo disso é o
encontro entre a Dança Cigana com Dança do Leste (a Dança do Ventre que
conhecemos, trazida pelos Franceses). A Dança do Ventre Ocidentalizada com
danças de outras culturas trouxe para nós o ATS (American Tribal Style) que nos
trouxe o Tribal Fusion, surgida na década de 90 na Califórnia. Com a Dança
Tribal Fusion pode-se dançar todas as culturas e tribos. O Tribal Fusion trouxe
a liberdade de criação na Arte da Dança.
Dançarinas do Stúdio de Danças May Zahara - Tribal Fusion - São Thomé das Letras MG |
Professora dançarina May Zahara Tribal Fusion - São Thomé das Letras MG |
A Dança do
Ventre (já sincretizada com jazz e balé ocidental) como base principal se
mistura com o Flamenco e a Dança Clássica Indiana dando Origem a Origem do
Tribal (ATS). Hoje se pode dançar de Hip Hop a Celta no Tribal, de Chorinho a
Cabaré Burlesco, de Contemporâneo a Tango, de Trance ao estilo Egípcio. O
Tribal Fusion trouxe para o mundo a Arte de Recriar, trazer algo da raiz de
nossos antepassados até a atualidade. Ela é apresentada como sendo o
sincretismo perfeito. Isso não quer
dizer que a raiz pura não exista mais. Existem escolas e famílias que mantem a
dança raiz, dançarinos que procuram se apurar no princípio de uma cultura e praticar
a dança mais ancestral possível.
Então
podemos reparar o sincretismo na dança, bem como nos cultos, religiões,
línguas, hábitos, gastronomia e até na cor da pele. Nosso futuro nos parece a
volta às raízes com uma nova cara. Hoje muitas pessoas são adeptas a dança, uns
para melhorar a saúde, outros para se sentirem belos, outros porque precisam o
ritmo. Mas o principal de mais alto nível é o Guardião do Templo contemporâneo que
dança com a alma e traduz o movimento da dança cósmica no físico através da música.
A dança traz muitos benefícios ao
dançarino como percepção, concentração, ritmo, leveza, suavidade, criatividade,
saúde, memorização, auto estima, conhecimento de raízes e tradições e muitos
outros inúmeros benefícios.
Arte Marcial ou Arte da Dança?
Xondaro - Arte Marcial dos índios Guaranis |
Capoeira - Arte Marcial com Dança |
Elen Hanna e Steve Santiago professores em Varginha - MG |
Atualmente
existem escolas que trazem aulas de dança e também de artes marciais em um
mesmo espaço. O Yin (água) e o Yang (fogo) juntos. Um exemplo disso, em Varginha
MG, é o Espaço de Danças “Elen Hanna” com a Dança Árabe e a Escola Tradicional
Shaolin com o Kung Fu. “Eu ensino para ele a ternura e delicadeza da Dança e
ele me ensina a força e retidão do Kung Fu. Assim vamos equilibrando nossos
corpos e mentes! Nosso Yin e Yang”, diz Elen.
Dança com Candelabro |
Segundo Elen
Hanna, o elemento fogo (Yang) esteve presente na Dança Oriental através da
“Dança com Candelabro”. Seu nome egípcio é “Raks El Shamadan” e sua provável
origem é grega ou judaica. É uma dança na qual a bailarina usa um candelabro de
7 a 14 velas sobre a cabeça. É uma dança antiga que fazia e ainda faz parte das
celebrações árabes e egípcias de casamento, nascimento e aniversários. A
bailarina, juntamente com músicos e outras bailarinas, faz um cortejo à frente
dos noivos. A intenção é iluminar o
caminho, trazendo felicidade e celebrando a vida. Tradicionalmente a “Zeffa” (El
zaffa, zaffe, zaffet ou zaffah significa algo como “procissão” e também é o
nome de um ritmo) acontece à noite. Antigamente, esse cortejo saía da casa da
noiva até a casa do noivo, sua nova casa. Hoje, o cortejo é feito no local onde
acontece a festa! Músicos, bailarinos e bailarinas dançam e cantam a alegria de
uma nova união, vida ou aniversário!
Bruce Lee ensaiando Chá Chá Chá |
Foi Bruce Lee quem trouxe a Arte
Marcial do Kung Fu para o ocidente na década de 60, ele também era dançarino. O
Kung Fu na verdade se chamava “Wushu” e foi criado há pelo menos 4 mil anos, na
Mongólia, depois se espalhou pela China. Bruce Lee além das Artes Marciais e o boxe
era um ótimo dançarino de Chá-chá-chá, chegou a ganhar o prêmio de vencedor do
campeonato de Chá-chá-chá a de Hong Kong de 1958. O Chá-chá-chá é um estilo de
música originário de Cuba considerada uma derivação do Mambo. Bruce Lee ficou
conhecido como ator e Mestre do Kung Fu no ocidente.
Tanto a dança quanto a arte marcial
remetem ao espiritual, o espírito e a matéria juntos em plena harmonia.
Koichi Tohei, 10º graude Aikido e exímio praticante de danças
tradicionais japonesas ensina que:
"Tradicionalmente no Japão,
dança e artes marciais são consideradas como uma só arte. Os caracteres com que
se escrevem as duas palavras são diferentes, mas a pronuncia é a mesma: “budô”
(em japonês: 武道 - a versão moderna do antigo bujutsu,
em japonês: 武術 , as artes marciais tradicionais). Um mestre de dança ou um ator enche o palco com a presença do seu “Ki” (O
Qi, também grafado como ch'i na romanização Wade-Giles ou ki na romanização do japonês
- é uma força cósmica que, segundo a cultura tradicional chinesa, criou e
permeia todo o universo). Ele não olha para a audiência, pois está
completamente ocupado em tornar-se um com a personagem. Totalmente envolvido no
seu papel ele esquece o seu eu ordinário e a audiência é cativada. Só se pode
fazer isto quando se unifica a mente e o corpo. Quando se estende o Ki é-se
fotogênico de qualquer ângulo. É o equivalente visual a não ter abertura para o
ataque.
Da Era das Cavernas para a Era Tecnológica
A dança é registrada nas paredes de
cavernas em forma de desenhos na arte rupestre. No antigo Egito já se realizava
as chamadas danças astro-teológicas em homenagem a Osíris. Na Grécia, a dança
era frequentemente vinculada aos jogos, em especial aos olímpicos. Dançava-se
em ritos como casamentos e funerais. A dança é a expressão artística mais
antiga, lá trás na pré-história dançava-se pela vida, a dança sagrada continha
gestos místicos e acompanhavam os rituais. Na Idade Média o governo religioso
católico condenou a dança (assim como condenou a expressão feminina) e qualquer
arte feminina (Yin) se tornou profana, proibida e pecaminosa. Porém a dança
ressurgiu na época do Renascimento junto com o teatro (Itália, século XV). A Dança
é uma das três principais artes cênicas da Antiguidade, ao lado do Teatro e da Música.
A dança está associada às práticas mágicas), mas na maioria das danças hoje, o
rito separou-se da dança.
Magia: antigamente chamada de Grande
Ciência Sagrada pelos Magos, é uma forma de ocultismo que estuda os segredos da
natureza e a sua relação com o homem - arte, ciência ou prática baseada na
crença de ser possível influenciar o curso dos acontecimentos e produzir
efeitos não naturais, valendo-se da intervenção de seres fantásticos e da
manipulação de algum princípio oculto supostamente presente na natureza, seja
por meio de fórmulas rituais ou de ações simbólicas.
O século XVII é considerado o grande
século do Balé, que dos salões passou a ser apresentado em palcos, dando
surgimento aos espetáculos de dança. O Balé é atualmente muito usado em passos
da Dança do Ventre ocidental. O Balé Clássico trouxe a Dança Moderna e hoje
vemos esse Balé também na Dança Contemporânea (surgindo na década de 60). A
Dança Contemporânea traz maiores emoções é uma dança onde as expressões da alma
são criadas no palco e materializadas para a plateia. Hoje a dança possui
figurinos, expressões e cenários diversos com ajuda tecnológica.
Os Quatro Elementos
Desde épocas imemoriais os sábios da
humanidade ensinam que nesse planeta para haver vida é necessário a existência
dos Quatro Elementos. A Numerologia ensina que a Unidade é o princípio Criador
de tudo. Dessa Unidade partiram as duas emanações divinas complementares,
conhecidas como masculino e feminino, Yin e Yang. A dança é Yin e a arte
marcial é Yang, sendo assim possui os elementos da vida. Então os
complementares se buscam e essa busca ou atração resulta na terceira realidade,
pois tudo que está em movimento nesse mundo está vivo.
Do encontro da dualidade
surgem então os quatro elementos vitais: Fogo, Água, Terra e Ar que compõem
toda a Criação. A Água cria a vida no útero da Terra com o poder do fogo e a flexibilidade
do ar. Através dos quatro elementos podemos entender a arte da dança que contém
em si o ar que representa a mensagem, a água que representa a emoção, a terra
que representa os sentidos e o fogo que representa o espírito da vida.
As danças no estilo Ar são leves,
soltas e harmônicas. As danças no estilo Água são emotivas, expressivas e
contagiantes. As danças no estilo Terra são firmes, graciosas e acentuadas. As
danças no estilo Fogo remetem à transformação, ao poder e ao fascínio.
A arte de dançar tem sido
desenvolvida e sincretizada nos últimos tempos e os milagres que a dança pode
trazer para o praticante nos planos físico, metal e espiritual é grandiosíssima.
Dança é cura, é beleza, é a conexão com o Divino Primordial, a comunhão com a Totalidade,
uma oportunidade para teofania (Teofania é um conceito de cunho teológico que
significa a manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa). Para o
Hinduísmo nada no universo morre realmente, só há mudança de plano e padrão
vibracional. A energia não nasce e nem morre, só é transformada. Assim é uma
Dança, a Dança Primordial.
Letícia de Castro - Academia Ciência Estelar