terça-feira, 3 de outubro de 2017

A Arte da Dança: Da Raiz ao Contemporâneo


Segundo o Hinduísmo, todas as coisas são parte de um grande processo rítmico de criação e destruição, de morte e renascimento, e a dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida e morte que se desdobra em ciclos intermináveis. Na plenitude do tempo, Ele destrói todas as formas pelo fogo e lhes concede novo repouso.


A Dança Cósmica de Shiva (o Rei dos Dançarinos, um antigo Deus indiano), representa a alternância e a complementação entre luz e escuridão, é a dança cíclica do movimento perfeitamente harmônico. Ela representa a criação do mundo. A Dança cósmica é o movimento perfeito que faz a vida sair do coração e conectar a luz do espírito, e depois integrar-se ao universo.

Para ser melhor entendido, vamos materializar o pensamento. No princípio da raça humana, criada através da energia cósmica, a lei natural do gênero, artes foram dadas a Guardiões: Yin, o feminino e Yang, o masculino. Ambos ganharam a arte do corpo. Yin ficou com a dança, ritmo e música e Yang com a força, a honra e a coragem. A arte para Yin é a dança e para o Yang são as artes marciais. A ambos podemos chamar de “dança”. A palavra dança é o mesmo que 'Mahol' em hebraico, sendo esta derivada do verbo 'hul' que significa "fazer movimentos circulares", "voltear". Segundo o Dicionário Aurélio significa “mover o corpo de modo cadenciado; saltar, mover-se, girar; não estar firme; ser volúvel”. A palavra dança tem origem do Francês antigo “dancier”, atual “danser”.


 As Guardiãs do Templo e o Sincretismo

Aqueles que tem a Arte queimando em seu coração são os Guardiões do Templo e as antigas sacerdotisas. No princípio de nossa história nesse planeta existiam (ainda existem) Guardiões dos Templos de Deuses e Deusas. Os índios dançavam para os Deuses, as mulheres do campo aprendiam a Arte da Dança, assim como nos países Asiáticos toda mulher deve saber dançar. Por todo o mundo sempre existiu uma dança local e primitiva e foram se adequando a novas técnicas aperfeiçoadas por outras culturas que foram se comunicando. Formou-se um sincretismo entre as danças dos povos. Daí nasceram as danças mais atuais. Um exemplo disso é o encontro entre a Dança Cigana com Dança do Leste (a Dança do Ventre que conhecemos, trazida pelos Franceses). A Dança do Ventre Ocidentalizada com danças de outras culturas trouxe para nós o ATS (American Tribal Style) que nos trouxe o Tribal Fusion, surgida na década de 90 na Califórnia. Com a Dança Tribal Fusion pode-se dançar todas as culturas e tribos. O Tribal Fusion trouxe a liberdade de criação na Arte da Dança.

Dançarinas do Stúdio de Danças May Zahara - Tribal Fusion - São Thomé das Letras MG

Professora dançarina May Zahara
Tribal Fusion - São Thomé das Letras MG
A Dança do Ventre (já sincretizada com jazz e balé ocidental) como base principal se mistura com o Flamenco e a Dança Clássica Indiana dando Origem a Origem do Tribal (ATS). Hoje se pode dançar de Hip Hop a Celta no Tribal, de Chorinho a Cabaré Burlesco, de Contemporâneo a Tango, de Trance ao estilo Egípcio. O Tribal Fusion trouxe para o mundo a Arte de Recriar, trazer algo da raiz de nossos antepassados até a atualidade. Ela é apresentada como sendo o sincretismo perfeito.  Isso não quer dizer que a raiz pura não exista mais. Existem escolas e famílias que mantem a dança raiz, dançarinos que procuram se apurar no princípio de uma cultura e praticar a dança mais ancestral possível.



Então podemos reparar o sincretismo na dança, bem como nos cultos, religiões, línguas, hábitos, gastronomia e até na cor da pele. Nosso futuro nos parece a volta às raízes com uma nova cara. Hoje muitas pessoas são adeptas a dança, uns para melhorar a saúde, outros para se sentirem belos, outros porque precisam o ritmo. Mas o principal de mais alto nível é o Guardião do Templo contemporâneo que dança com a alma e traduz o movimento da dança cósmica no físico através da música.  A dança traz muitos benefícios ao dançarino como percepção, concentração, ritmo, leveza, suavidade, criatividade, saúde, memorização, auto estima, conhecimento de raízes e tradições e muitos outros inúmeros benefícios.


Arte Marcial ou Arte da Dança? 

Xondaro - Arte Marcial dos índios Guaranis
Capoeira - Arte Marcial com Dança
Talvez possamos ver a Arte Marcial e a Dança ocorrendo juntos, como a Capoeira que é uma coisa só. Tal como a Capoeira é o Maculelê, ambos em sua origem eram uma arte marcial armada, mas atualmente é uma forma de dança que simula uma luta tribal, possui a arte da dança e a arte marcial trazendo traços da miscigenação cultural de um país. O Tai Chi Chuan é um estilo de arte marcial reconhecido também como uma forma de meditação em movimento, ou seja, uma dança. No Japão a Arte da Dança e as Artes Marciais são consideradas uma só. Os povos indígenas e as suas danças de guerra, por exemplo, o Xondaro (arte marcial dos índios Guaranis) pode exercer a função de luta ou de dança conforme as circunstâncias.



Elen Hanna e Steve Santiago professores em Varginha - MG
Atualmente existem escolas que trazem aulas de dança e também de artes marciais em um mesmo espaço. O Yin (água) e o Yang (fogo) juntos. Um exemplo disso, em Varginha MG, é o Espaço de Danças “Elen Hanna” com a Dança Árabe e a Escola Tradicional Shaolin com o Kung Fu. “Eu ensino para ele a ternura e delicadeza da Dança e ele me ensina a força e retidão do Kung Fu. Assim vamos equilibrando nossos corpos e mentes! Nosso Yin e Yang”, diz Elen.


Dança com Candelabro
Segundo Elen Hanna, o elemento fogo (Yang) esteve presente na Dança Oriental através da “Dança com Candelabro”. Seu nome egípcio é “Raks El Shamadan” e sua provável origem é grega ou judaica. É uma dança na qual a bailarina usa um candelabro de 7 a 14 velas sobre a cabeça. É uma dança antiga que fazia e ainda faz parte das celebrações árabes e egípcias de casamento, nascimento e aniversários. A bailarina, juntamente com músicos e outras bailarinas, faz um cortejo à frente dos noivos.  A intenção é iluminar o caminho, trazendo felicidade e celebrando a vida. Tradicionalmente a “Zeffa” (El zaffa, zaffe, zaffet ou zaffah significa algo como “procissão” e também é o nome de um ritmo) acontece à noite. Antigamente, esse cortejo saía da casa da noiva até a casa do noivo, sua nova casa. Hoje, o cortejo é feito no local onde acontece a festa! Músicos, bailarinos e bailarinas dançam e cantam a alegria de uma nova união, vida ou aniversário!

Bruce Lee ensaiando Chá Chá Chá
Foi Bruce Lee quem trouxe a Arte Marcial do Kung Fu para o ocidente na década de 60, ele também era dançarino. O Kung Fu na verdade se chamava “Wushu” e foi criado há pelo menos 4 mil anos, na Mongólia, depois se espalhou pela China. Bruce Lee além das Artes Marciais e o boxe era um ótimo dançarino de Chá-chá-chá, chegou a ganhar o prêmio de vencedor do campeonato de Chá-chá-chá a de Hong Kong de 1958. O Chá-chá-chá é um estilo de música originário de Cuba considerada uma derivação do Mambo. Bruce Lee ficou conhecido como ator e Mestre do Kung Fu no ocidente.
Tanto a dança quanto a arte marcial remetem ao espiritual, o espírito e a matéria juntos em plena harmonia.

Koichi Tohei, 10º graude Aikido e exímio praticante de danças tradicionais japonesas ensina que:
"Tradicionalmente no Japão, dança e artes marciais são consideradas como uma só arte. Os caracteres com que se escrevem as duas palavras são diferentes, mas a pronuncia é a mesma: “budô” (em japonês: 武道 - a versão moderna do antigo bujutsu, em japonês: 武術 , as artes marciais tradicionais). Um mestre de dança ou um ator enche o palco com a presença do seu “Ki” (O Qi, também grafado como ch'i na romanização Wade-Giles ou ki na romanização do japonês - é uma força cósmica que, segundo a cultura tradicional chinesa, criou e permeia todo o universo). Ele não olha para a audiência, pois está completamente ocupado em tornar-se um com a personagem. Totalmente envolvido no seu papel ele esquece o seu eu ordinário e a audiência é cativada. Só se pode fazer isto quando se unifica a mente e o corpo. Quando se estende o Ki é-se fotogênico de qualquer ângulo. É o equivalente visual a não ter abertura para o ataque.
 


Da Era das Cavernas para a Era Tecnológica

A dança é registrada nas paredes de cavernas em forma de desenhos na arte rupestre. No antigo Egito já se realizava as chamadas danças astro-teológicas em homenagem a Osíris. Na Grécia, a dança era frequentemente vinculada aos jogos, em especial aos olímpicos. Dançava-se em ritos como casamentos e funerais. A dança é a expressão artística mais antiga, lá trás na pré-história dançava-se pela vida, a dança sagrada continha gestos místicos e acompanhavam os rituais. Na Idade Média o governo religioso católico condenou a dança (assim como condenou a expressão feminina) e qualquer arte feminina (Yin) se tornou profana, proibida e pecaminosa. Porém a dança ressurgiu na época do Renascimento junto com o teatro (Itália, século XV). A Dança é uma das três principais artes cênicas da Antiguidade, ao lado do Teatro e da Música. A dança está associada às práticas mágicas), mas na maioria das danças hoje, o rito separou-se da dança.


Magia: antigamente chamada de Grande Ciência Sagrada pelos Magos, é uma forma de ocultismo que estuda os segredos da natureza e a sua relação com o homem - arte, ciência ou prática baseada na crença de ser possível influenciar o curso dos acontecimentos e produzir efeitos não naturais, valendo-se da intervenção de seres fantásticos e da manipulação de algum princípio oculto supostamente presente na natureza, seja por meio de fórmulas rituais ou de ações simbólicas.

O século XVII é considerado o grande século do Balé, que dos salões passou a ser apresentado em palcos, dando surgimento aos espetáculos de dança. O Balé é atualmente muito usado em passos da Dança do Ventre ocidental. O Balé Clássico trouxe a Dança Moderna e hoje vemos esse Balé também na Dança Contemporânea (surgindo na década de 60). A Dança Contemporânea traz maiores emoções é uma dança onde as expressões da alma são criadas no palco e materializadas para a plateia. Hoje a dança possui figurinos, expressões e cenários diversos com ajuda tecnológica.


Os Quatro Elementos

Desde épocas imemoriais os sábios da humanidade ensinam que nesse planeta para haver vida é necessário a existência dos Quatro Elementos. A Numerologia ensina que a Unidade é o princípio Criador de tudo. Dessa Unidade partiram as duas emanações divinas complementares, conhecidas como masculino e feminino, Yin e Yang. A dança é Yin e a arte marcial é Yang, sendo assim possui os elementos da vida. Então os complementares se buscam e essa busca ou atração resulta na terceira realidade, pois tudo que está em movimento nesse mundo está vivo. 


Do encontro da dualidade surgem então os quatro elementos vitais: Fogo, Água, Terra e Ar que compõem toda a Criação. A Água cria a vida no útero da Terra com o poder do fogo e a flexibilidade do ar. Através dos quatro elementos podemos entender a arte da dança que contém em si o ar que representa a mensagem, a água que representa a emoção, a terra que representa os sentidos e o fogo que representa o espírito da vida.

As danças no estilo Ar são leves, soltas e harmônicas. As danças no estilo Água são emotivas, expressivas e contagiantes. As danças no estilo Terra são firmes, graciosas e acentuadas. As danças no estilo Fogo remetem à transformação, ao poder e ao fascínio.

A arte de dançar tem sido desenvolvida e sincretizada nos últimos tempos e os milagres que a dança pode trazer para o praticante nos planos físico, metal e espiritual é grandiosíssima. Dança é cura, é beleza, é a conexão com o Divino Primordial, a comunhão com a Totalidade, uma oportunidade para teofania (Teofania é um conceito de cunho teológico que significa a manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa). Para o Hinduísmo nada no universo morre realmente, só há mudança de plano e padrão vibracional. A energia não nasce e nem morre, só é transformada. Assim é uma Dança, a Dança Primordial.



Letícia de Castro - Academia Ciência Estelar






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