No meio esotérico é comum mensagens e a esperança de uma mudança radical na consciência coletiva a ponto de podermos acessar conscientemente e coletivamente outros planos da Criação e até mesmo fazer contato direto com seres sutis e mais elevados. Mas, será que isso é possível ou mesmo está próximo? O que podemos aprender sobre a realidade humana das últimas eleições aqui no Brasil?
É sabido que nossa humanidade evolui há milênios e que ainda
tem muito a evoluir pela frente. Também se sabe que a natureza em sua evolução
não dá saltos.
Anteriormente realizamos uma análise chamada “Sinastria” que
consistiu em cruzar as características dos Mapas Astrais dos três principais
candidatos à eleição (então, Aécio Neves, Dilma Roussef e Marina Silva) com o
Mapa Astral do Brasil. Uma das conclusões a que chegamos foi de que dentre os
três não havia um candidato que se destacasse como sendo o melhor deles. Cada um
tem um melhor aproveitamento para um segmento da sociedade do que o outro, mas
existe certo nivelamento de forma a não existir um “melhor” para o país. O
mesmo tende a ocorrer nos relacionamentos íntimos e afetivos em nossa vida
particular. Ou seja, concluímos que não
haveria, dentre eles, um “salvador da pátria”.
Apesar de apaixonadamente alguns militantes virem virtudes
apenas em seu candidato, o fato é que não existem pessoas muito melhores do que
as outras e muito menos perfeitas, dentre nós.
A humanidade evolui lentamente. A busca pela melhoria da
qualidade de vida é algo constante e que força os governos, sejam eles quais
forem, a ir “ajeitando” a realidade do país e gradualmente ir sanando
problemas, deficiências e carências. O homem de hoje não é o mesmo do passado,
ele está muito mais ativo, participativo e menos alienado. As conquistas
sociais do passado não são perdidas. A CLT, por exemplo, foi uma conquista
muito antiga e os governos posteriores não a removeram. O mesmo acontecerá com
as mais recentes conquistas que beneficiam os menos favorecidos.
Antigamente, muito antigamente, os povos eram governados por
pessoas consideradas “descendentes de Deus”, pessoas especiais e tidas como
muito melhores, divinas e perfeitas. A história nos mostrou que estas pessoas
eram pessoas comuns, semelhantes aos seus pares, com as mesmas características
de limitação de toda ordem. Este poder outorgado por sua suposta condição “divina”
ensejou governos tirânicos e despóticos, muitas vezes legitimados pela religião
vigente.
Hoje temos no Brasil um sistema de eleição no qual a maioria
das pessoas escolhe seu governante. Neste sistema, todos são absolutamente
iguais, não importa idade, sexo, cor, credo, condição social, intelectual ou
econômica. Este sistema reduz toda a realidade de uma pessoa a um simples
número, a uma simples unidade numérica, deixando de lado tudo o mais. Uma pessoa
é um voto e pronto, nada mais. É um sistema simples, frio e objetivo. Se ele
não contempla uma análise do conhecimento e da experiência do eleitor,
considera muito menos o seu nível de consciência, valores, conduta ou trabalho
realizado em prol da sociedade.
A pirâmide social, baseada principalmente na vida econômica,
nos mostra que os segmentos mais numerosos e, portanto, que de fato são a
maioria em termos numéricos, por força da própria economia (distribuição de
renda e de oportunidades) se encontra em sua base, como não poderia deixar de
ser (a base piramidal é sempre muito maior do que seu topo).
Bem, a humanidade deixou de ser governada por “seres divinos”
para serem representadas por aqueles escolhidos pelo povo mais simples, menos
favorecido e mais carente, mas também que teve menos oportunidade de estudo, de
vida e de amplidão de consciência.
A base da pirâmide, conforme Maslow ensinou, é motivada
principalmente pela satisfação de suas necessidades básicas (alimento, moradia,
vestimentas) e pela segurança (não ter a manutenção de sua vida sob risco). Ou seja,
a maioria da população eleitora não só sente necessidade visceral de ter seu
alimento e moradia como quer garantir que isso não se perca de forma alguma. É simplesmente
instinto de conservação da vida. Somente depois de isso satisfeito é que se
parte para outros níveis de interação social. Mas, para se garantir esta base o
ser humano ativa a região de seu cérebro conhecida como “Reptiliana”, que traz
memórias ancestrais, primitivas. Afinal, antes de sermos seres humanos intelectuais
somos animais que precisam se alimentar e sobreviver. É por isso que as ações
motivadas por estas necessidades não contemplam a reflexão, a prudência e
muitas vezes nem mesmo a ética ou a empatia.
Nossa atual humanidade terrestre é movida, então, primeiramente
pelos instintos animais de preservação da vida que busca a conquista e a
manutenção da satisfação de nossas necessidades básicas. Para isso não se
pensa, se age e se reage instintivamente.
Outra característica da natureza instintiva, seja ela humana
ou animal, é a emoção geralmente associada à satisfação ou à frustração de seus
objetivos de sobrevivência. Com a emoção vem a moralidade e também a
solidariedade. Os “mais fracos” tendem a se identificar com a dor e com o
sofrimento de outros em igual situação.
As pesquisas informaram que 60% dos eleitores assistiram o
último debate entre os candidatos à presidência. Segundo a Datafolha, dentre
aqueles que assistiram o debate, 36% afirmaram que Aécio se saiu melhor, 24%
achou que quem foi melhor foi a Dilma, 6% se disseram equilibrados e outros 4%
afirmou que não houve destaque algum.
É provável que dentre aqueles que acharam que Aécio “ganhou”
o debate existam pessoas que se identificaram emocionalmente com a situação de
vítima de Dilma (de perdedora no debate) e que se solidarizaram com ela,
decidindo assim pelo voto na candidata. Ou seja, o que para alguns pode ter
parecido benéfico para o candidato, na verdade acabou sendo para a candidata. Isso
pode ter ocorrido caso os eleitores que consideraram que Aécio “venceu” o
debate tivessem assistido e analisado a transmissão e realizado seus julgamentos
emocionalmente. É compreensível este fato, principalmente se considerarmos que
as pessoas menos favorecidas, que não tiveram oportunidade de estudar, podem se
ver rotineiramente em situações nas quais não têm argumentos, conhecimentos ou
articulação intelectual suficiente para sustentar um debate com outra pessoa
que teve mais oportunidade de estudos e conhecimentos.
Se não temos condições de afirmar que existam seres divinos
entre nós, capazes de dirigir nossas vidas rumo a um futuro melhor, será que
pessoas iguais a nós têm consciência para nos dirigir rumo à evolução? Esta pergunta
não tem resposta. Nos parece que o Divino nos orienta exclusivamente no plano
divino. Somente aqueles dentre nós que conquistam acesso aos planos superiores
conseguem uma orientação proporcional aos seus méritos, às suas conquistas
pessoais. Mas, estas pessoas geralmente não têm o foco nas necessidades da base
da pirâmide social, pelo contrário, têm o foco no topo da pirâmide, em sua
realização pessoal. Desta forma, tendem a não se identificarem e nem
conseguirem que aqueles que vivem na base da pirâmide social se identifiquem
com elas.
Este grupo de pessoas que não se identificam plenamente nem com
a base e nem com o topo da pirâmide social (em termos de desejar o poder) vivem
e desejam uma sociedade alternativa, com valores e objetivos diferentes. Estas pessoas
reconhecem tanto suas necessidades instintivas quanto espirituais e apesar de pertencerem
à nossa sociedade não se identificam com ela.
O topo da pirâmide social deveria ser coroada, de fato, com
uma pessoa muito acima da média, uma pessoa total e absolutamente abnegada de
seus interesses pessoais, que fosse como um verdadeiro sol, que vivesse para a
manutenção da vida, da saúde, da prosperidade e da evolução daqueles dos quais
se responsabiliza, direciona e representa. Porém, nossa sociedade está muito
distante desta realidade. Os governantes, sejam eles quem forem, por enquanto
são pessoas comuns que se realizaram socialmente, mas não espiritualmente. E,
por realização social, entenda-se a realização dos valores de nossa sociedade
formada pela base da pirâmide. Ou seja, o atual topo da pirâmide social são
aquelas pessoas que conseguiram conquistar a certeza de que não lhe faltará o
pão de cada dia e o abrigo de uma residência e que ainda têm o poder de ajudar
outros a chegarem à mesma condição.
É como se tivesse uma pirâmide social dentro de cada faixa
da grande pirâmide social.
Por enquanto nos parece que a realidade de nossa sociedade
se concentra nos dois níveis básicos da chamada Pirâmide de Maslow. Teremos ainda
que evoluir para a terceira camada que tem por motivação a vida social. Quando nossa
sociedade atingir esta camada, ela tornará realidade uma vida de cidadania, na
qual a pessoa é altruísta, não pensa somente em si mesma, na satisfação de suas
próprias necessidades. É provável que quando isso ocorrer a economia mudará
radicalmente, o acúmulo de bens e poder já não será o objetivo, haverá
colaboração entre camadas sociais, entre governos e países. Não haverá mais
esta “corrida selvagem” do mercado econômico ou mesmo profissional e nem
social. Será um tempo em que a pauta será a qualidade de vida para todos e que
isso não ocorra em desacordo com a harmonia geral. Neste momento de nossa
evolução, levar vantagem não será visto como esperteza e mérito, como ocorre
agora, pelo contrário, será considerado um crime para com as outras pessoas,
para com a sociedade.
Evoluindo ainda mais nossa humanidade chegará ao patamar em
que Maslow considerou que a motivação principal será a estima. Neste caso, evolutivamente
falando não se trada da autoestima, mas sim a estima e consideração dos outros,
da vida em geral, da realidade. Ou seja, um nível de consciência no qual a
pessoa não só contribui com a sociedade, mas coloca os interesses e
necessidades da sociedade acima de seus próprios.
É claro que na história temos
exemplos deste naipe, como Madre Tereza de Calcutá e São Francisco de Assis,
mas até chegarmos à uma sociedade na qual a grande maioria das pessoas pensem,
ajam e sintam assim teremos muito a caminhar. Quando chegarmos à este patamar,
aí sim será provável que nos encontremos coletivamente com seres mais sutis e
elevados, que ocorram aparições para grande número de pessoas. Então, estaremos
prontos para no passo seguinte evoluirmos para uma outra realidade na qual de
fato sejamos iluminados, seres muito melhores, responsáveis pela vida, saúde e
desenvolvimento de outros seres, a partir de planos sutis e elevados da Criação.
A evolução é evidentemente coletiva, ela não ocorre na forma
piramidal. Não se evolui sozinho, precisamos pertencer a uma corrente, a uma
rede evolutiva. Precisamos nos unir a outros com os mesmos objetivos, valores,
conduta e princípios. Desta forma um apoia e estimula o outro, assim como nosso
código genético é formado por uma espiral de DNA. Desta forma, a evolução se
torna mais fácil, acessível e possível. Talvez este grupo que não se identifica
nem com o topo e nem com a base da pirâmide possa influenciar esta pirâmide
revolucionando conceitos e práticas, ampliando esta sociedade alternativa e
modificando a realidade de nossa atual sociedade.
Mas, para que isso ocorra precisa-se agir em todos os
sentidos. Individualmente devemos alimentar pensamentos, atitudes e sentimentos,
valores e princípios elevados, nobres, abnegados e altruístas, a cada instante,
nos mais simples atos e fatos da vida cotidiana. Coletivamente devemos nos unir
de forma franca, aberta e afetuosa com outras pessoas, somando forças, apoios,
compromissos e ações rumo a um objetivo maior que esteja acima e além das questões
pessoais e individuais.
Vamos então, juntos, trabalhar pela mudança de nossas
realidades individuais e contribuir para uma possível mudança social! Conte conosco
neste sentido, pois estaremos irmanados nos mais elevados princípios e práticas
de natureza tanto social quanto espiritual.
Academia Ciência Estelar