Recebi um conhecimento e passo agora a partilhá-lo.
Talvez para aqueles
que não estejam praticando o processo alquímico este texto possa parecer
confuso, complexo demais e até mesmo contraditório. Mas, para aqueles que estão
vivenciando a Obra este texto pode contribuir de alguma forma.
Habitualmente o circumponto é encontrado na Astrologia e na
Alquimia como o símbolo do Sol. Por sua vez, o Sol é símbolo da realização, da
Luz, da Justiça, da Verdade e do Amor.
É também comum encontramos a simbologia da Lua como
contraparte do Sol e seu complemento. Mas, existe uma diferença hierárquica
grande entre eles. Enquanto o Sol é o centro de nosso sistema planetário a luz
é um satélite do pequeno planeta Terra, onde vivemos. Como pode um satélite ser
a consorte de uma estrela se nem um planeta o é?
Os movimentos astronômicos em nosso sistema é realizado na
forma de uma elipse (algo próximo ao oval) e não circular como se pensa. O
movimento circular tem um centro, já o movimento oval tem dois centros ou
focos.
Em Astrologia, o movimento circular da Lua em torno da Terra
tem o nosso planeta como um dos focos e no foco vazio considera-se o ponto
conhecido por Lilith, a chamada “Lua Negra”.
Mitologicamente (veja a tradição judaica de onde surgiu o
cristianismo conhecido e antes dela a tradição mesopotâmica de onde veio o
judaísmo) existem duas “mulheres” na criação do Paraíso: primeiro Lilith (feita
do barro, assim como Adão) e Eva (feita da costela de Adão).
Toda a Criação pode ser considerada “feminina” se levarmos
em conta que é a Natureza Naturada. Afinal, Ela é fecunda e recebe de bom grado
as sementes para germinar e procriar. Até mesmo o pensamento mais elevado ainda
pertence à Criação e portanto à Natureza.
Então, os focos vazios podem ser considerados partícipes do
Imanifesto, da espiritualidade que existia antes da Criação, do “Fiat Lux”, na
grande Noite Cósmica, antes de Deus criar os céus e a terra. Se a Criação é em
essência dual (separou-se céus e terra, terra e água, luz e trevas) sua origem
imanifesta é então a Unidade Primordial.
O movimento da Terra em torno do Sol, tem esta estrela como
um de seus focos. No foco “vazio” então podemos conceber que seja o local do
Sol Negro, dos antigos magos e alquimistas.
No processo alquímico conhecido por Casamento Alquímico, que
ocorre entre o Rei e a Rainha (magos que atingiram o domínio ou regência de si
mesmos) simbolicamente representa o encontro entre o Sol e a Lua, que por sua
vez indicam as naturezas espiritual e material.
Então, se o casal de magos que realiza o Casamento Alquímico
promove a fusão no processo final da Pedra Filosofal chamado “Coniunctio”
realiza este processo nos planos material e espiritual, ou seja, promove a
fusão entre Lilith e Eva, os sóis Negro e Iluminado, das Duas Colunas sobre as
quais se apóia todo o edifício do Templo de Deus (referência dos templos
erguidos pelos sacerdotes de todos os tempos).
Se estes alquimistas desconhecerem ou não considerarem o
trabalho com os aspectos imanifestos jamais atingirão o ápice do processo.
Até porque, quando os dois focos, tanto lunares quanto
solares, se aproximam o suficiente para que seus horizontes de evento se toquem
formando o símbolo do infinito (ou da eternidade) é quando ocorre o chamado
processo de despertar da consciência. É quanto o passado e o futuro se unem no
eterno presente, momento este simbolizado pelo mitológico Janus Bifronte ou
pela Águia Bicéfala. Neste momento os mundos manifesto e imanifesto perdem seus
limites e inicia-se o processo de divinização da Criação.
Alquimicamente cria-se então o hermafrodita divino, Adan
Cadmon, o “filho do homem” porque foi este que o criou com seu esforço,
conhecimento, disciplina e método.
Adan Cadmon é o Homem Cósmico, Aquele que representa a
Árvore da Vida, o Cristo.
Então, este processo culminará na fusão dos dois focos em um
só ser, da fusão dos aspectos manifesto e imanifesto em um só ser, do
concebível e do inconcebível em um só ser, do divino e do humano em um só ser.
Simbolicamente então haverá somente um só centro, um só
foco, uma só origem da qual emana toda a Criação, toda a vida, seja ela
manifesta ou imanifesta, material ou espiritual.
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