segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Circumponto como resultado do Casamento Alquímico


Recebi um conhecimento e passo agora a partilhá-lo.

Talvez para aqueles que não estejam praticando o processo alquímico este texto possa parecer confuso, complexo demais e até mesmo contraditório. Mas, para aqueles que estão vivenciando a Obra este texto pode contribuir de alguma forma.



Habitualmente o circumponto é encontrado na Astrologia e na Alquimia como o símbolo do Sol. Por sua vez, o Sol é símbolo da realização, da Luz, da Justiça, da Verdade e do Amor.

É também comum encontramos a simbologia da Lua como contraparte do Sol e seu complemento. Mas, existe uma diferença hierárquica grande entre eles. Enquanto o Sol é o centro de nosso sistema planetário a luz é um satélite do pequeno planeta Terra, onde vivemos. Como pode um satélite ser a consorte de uma estrela se nem um planeta o é?

Os movimentos astronômicos em nosso sistema é realizado na forma de uma elipse (algo próximo ao oval) e não circular como se pensa. O movimento circular tem um centro, já o movimento oval tem dois centros ou focos.

Em Astrologia, o movimento circular da Lua em torno da Terra tem o nosso planeta como um dos focos e no foco vazio considera-se o ponto conhecido por Lilith, a chamada “Lua Negra”.

Mitologicamente (veja a tradição judaica de onde surgiu o cristianismo conhecido e antes dela a tradição mesopotâmica de onde veio o judaísmo) existem duas “mulheres” na criação do Paraíso: primeiro Lilith (feita do barro, assim como Adão) e Eva (feita da costela de Adão).

Toda a Criação pode ser considerada “feminina” se levarmos em conta que é a Natureza Naturada. Afinal, Ela é fecunda e recebe de bom grado as sementes para germinar e procriar. Até mesmo o pensamento mais elevado ainda pertence à Criação e portanto à Natureza.

Então, os focos vazios podem ser considerados partícipes do Imanifesto, da espiritualidade que existia antes da Criação, do “Fiat Lux”, na grande Noite Cósmica, antes de Deus criar os céus e a terra. Se a Criação é em essência dual (separou-se céus e terra, terra e água, luz e trevas) sua origem imanifesta é então a Unidade Primordial.

O movimento da Terra em torno do Sol, tem esta estrela como um de seus focos. No foco “vazio” então podemos conceber que seja o local do Sol Negro, dos antigos magos e alquimistas.

No processo alquímico conhecido por Casamento Alquímico, que ocorre entre o Rei e a Rainha (magos que atingiram o domínio ou regência de si mesmos) simbolicamente representa o encontro entre o Sol e a Lua, que por sua vez indicam as naturezas espiritual e material.

Então, se o casal de magos que realiza o Casamento Alquímico promove a fusão no processo final da Pedra Filosofal chamado “Coniunctio” realiza este processo nos planos material e espiritual, ou seja, promove a fusão entre Lilith e Eva, os sóis Negro e Iluminado, das Duas Colunas sobre as quais se apóia todo o edifício do Templo de Deus (referência dos templos erguidos pelos sacerdotes de todos os tempos).

Se estes alquimistas desconhecerem ou não considerarem o trabalho com os aspectos imanifestos jamais atingirão o ápice do processo.

Até porque, quando os dois focos, tanto lunares quanto solares, se aproximam o suficiente para que seus horizontes de evento se toquem formando o símbolo do infinito (ou da eternidade) é quando ocorre o chamado processo de despertar da consciência. É quanto o passado e o futuro se unem no eterno presente, momento este simbolizado pelo mitológico Janus Bifronte ou pela Águia Bicéfala. Neste momento os mundos manifesto e imanifesto perdem seus limites e inicia-se o processo de divinização da Criação.

Alquimicamente cria-se então o hermafrodita divino, Adan Cadmon, o “filho do homem” porque foi este que o criou com seu esforço, conhecimento, disciplina e método.

Adan Cadmon é o Homem Cósmico, Aquele que representa a Árvore da Vida, o Cristo.

Então, este processo culminará na fusão dos dois focos em um só ser, da fusão dos aspectos manifesto e imanifesto em um só ser, do concebível e do inconcebível em um só ser, do divino e do humano em um só ser.

Simbolicamente então haverá somente um só centro, um só foco, uma só origem da qual emana toda a Criação, toda a vida, seja ela manifesta ou imanifesta, material ou espiritual.

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