Paradigmas de toda uma vida vem á tona. O Passado e o futuro se
encontram, a roda gira mais rápido, o destino se cumpre, um novo pôr do sol
para seguir. A transformação latente. O que acontece? A explicação foge ao
controle, a complexidade de variações entre pensamentos e friezas com o eu. A
vida... As extremidades... O porvir. O mestre que fraqueja calado, pois perde
forças em um mar de espera e mutações, transmutações e alquimias do cosmo
infindável. Existem todas as possibilidades do brilho, a estrela brilha, mas
existe um véu obscuro. O véu do caos para obter o renascimento. O caos do corpo
físico, o caos da mente, o espírito evolui sem que percebamos a fonte que
sempre esteve ali. Ela está lá, forte, talvez isso seja uma espécie de casulo,
um sarcófago que está sendo aberto para ser descoberto um segredo.
O que há
realmente? Não sei; vejo, sinto e prevejo, porém não sei. Minha sabedoria me
faz ficar dura, quieta e inquieta ao mesmo tempo, diz para esperar ainda um
pouco mais. As extremidades se confrontam e o sabor do próximo passo é tão
claro na mente, tão claro e intuitivo. O cosmo tem seu tempo, a lei do ritmo, e
sinceramente não sei se esse ritmo está de acordo com o meu ou o eu de acordo
com ele, ao menos nesse momento de paralisia dos sentidos. Apesar de que tudo
se encaixa perfeitamente no universo, posso ver isso sem nenhum obstáculo. Algo
necessita desabrochar, acordar, florescer, sair internamente para o mundo. A
imagem, algo ligado com a imagem, aquilo que eu menos suporto, os defeitos
ultrapassados. Hora de desmascarar a si mesmo, hora de dar início àquilo que é
para ser feito. Uma missão. Não achei que fosse estranho desse jeito, não
difícil, nada é difícil para uma mente consciente, apesar de humana. Estranho,
diferente. Sentir tudo se encaixando, tudo transmutando através da alquimia da
vida. A rebeldia que resiste às mudanças, graças á cruel e indispensável frieza
adquirida com o existir do passado. A necessidade do aprendizado consigo mesmo
e com o universo. A renovação. Existe um céu estrelado chegando e uma das
estrelas mais brilhantes faz parte de mim, só que agora, nesse exato instante
existe uma neblina. Gostaria de sentir alguma coisa, mas nada sinto apenas as
previsões que já estão falhando por conta da catatonia. Catatônica, eis o estado.
Eu que escrevi muitas vezes sobre a catatonia mental, o paralisante das coisas
que estão prestes a mudar, eu que já passei por isso e sinto como se dessa vez
eu fizesse parte de algo maior. Algo destinado, a missão. Lutei tanto pra chegar
até aqui e agora encontro-me sem reação, isso é que faz a rebeldia. Algo intrínseco
que só eu mesma posso resolver ou esperar que o ciclo se complete. Sinto-me
como um ser sem dons, paralisado, contudo, se tivesse que descrever um
sentimento que está guardado é a felicidade, a alegria de tudo que foi
conquistado com muita força e persistência, conquistei aquilo que necessitava
para o fechamento de um círculo. Hoje, o presente é o futuro daquilo que se
fechou. A cauda encosta na boca que daqui á pouco tempo será completa quando se
engatarem formando o perfeito circula da vida. A neutralidade é tudo que incomoda.
Essa espera diante de meu arquétipo impulsivo e perfeccionista. Coré
transformando-se em Perséfone mais uma vez. O jogador perde sua rainha negra,
mas sabe que a mesma será resgatada muito mais forte e em breve, só com o
resgate da rainha negra que o xeque-mate poderá ser real. Apenas um estágio,
uma fase onde a paralisia nos leva para longe do próprio ego. Não há dor nem
emoções, apenas a certeza do que virá, a certeza do sol do sucesso de tudo que
se almeja, a certeza do acontecido que nada mais é que a morte dentro da
própria alma pronta para o renascimento de uma nova era psicológica, um mundo
novo e brilhante. Assim se faz necessário, é assim que o simbolismo da morte se
manifesta, nada mais que isso. O silêncio é apenas uma forma de força já que se
tem consciência que nada nem ninguém entenderia, aliás, apenas eu tenho que
entender, a jornada é minha, a vida que eu tenho que recomeçar, as palavras que
fazem parte de uma missão. Quando paralisados a revolta com si mesmo é a única
coisa que manifesta forte. A força permanece quieta bem ali dentro, não é
fraqueza, jamais seria em uma mente poderosa, feliz e tranquila, tudo isso é
apenas a manifestação alquímica da própria psicologia deixando para trás
antigos padrões existentes e por mais que eu me sinta pouco à vontade em me
expressar, vejo que criei dogmas ao longo da jornada antiga, logo eu antidrogas,
os criei e só hoje vejo isso. Assim se manifesta a consciência para um ser
melhor. A alquimia da vida, a transmutação do eu, a verdade diante dos olhos, a
vida como ela é. A carta da morte seguida da carta do mundo. O hermafrodito se
conhecendo através dos círculos traçados por aquilo que podemos chamar de
destino. Tudo já foi previsto em forma de imagens, mas só agora eu sinto com
tanta intensidade a morte do meu eu, a morte dos antigos padrões criados como
arma, a morte e o renascimento. O novo! Bastam alguns dias para que tudo morra
e tudo renasça, bastam alguns dias para que a roda se transforme e a estrela
saia das brumas para voltar a brilhar.
A evolução da psicologia, a minha
evolução e só eu mesma posso me ajudar porque só o próprio controle pode fazer
nascer aquela bela borboleta que está quase sendo jogada para o mundo e
abandonando seu casulo, ela nunca mais voltará a ser a mesma, pois seu
nascimento também é a sua morte. Uma mente transformada e evoluída nunca mais
volta a sua forma inicial. Isso que estou esperando, por mais que me revolte
sem motivo aparente, é exatamente isso que devo deixar para trás, deixar
morrer. Enquanto houver a rebeldia nada mudará por inteiro. Eu desejo e
necessito essa mudança, mas que as coisas têm que mudar e como minha mente já
havia previsto antes, isso tudo é normal, apenas necessito ficar só, sei que
não devo me ausentar tanto, não deixar a misantropia invadir a alma, mas esse é
o método da reação física. Contudo, esse é meu momento de morte e nenhum ser
que não tenha o dom que tenho saberia o quanto isso é necessário para a complementação
e o quanto isso é necessário para a evolução nesse mundo. Cada um conhece a si
mesmo (ou deveria conhecer), cada qual possui seu ritmo, esse é o meu, breve a
renovação será implícita e alguém, mais bela e brilhante chegará com todas as
forças e todo o poder mental. Assim é necessário, essa é a lei do meu ritmo.
Esse é o toque indispensável para obter aquilo que se quer e aquilo para que
veio ao mundo.
Letícia de Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário