Quando somos dominados se as coisas não derem certo temos a
quem culpar. Também não precisamos nos esforçar para entender, formar opinião e
assumir a responsabilidade de decisões tomadas. É muito cômoda a posição de ser
dominado. Assim temos como viver a vida sem preocupações sobre decisões
importantes e responsabilidades a cumprir, principalmente acerca de assuntos
muito delicados e complexos.
Um exemplo claro é a análise de notícias que envolvam a
economia e a política. Tendemos a preferir noticiários que dão a notícia
acompanhada de um comentário. Certamente os comentários oferecidos são feitos
por pessoas experientes no assunto. Mas, nos esquecemos de que toda pessoa tem
lá suas próprias crenças, valores, tendências, preferências e formação. O que é
bom para o outro pode não ser adequado para nós. Então, quando aceitamos a
análise, o julgamento e a decisão de outra pessoa nós estamos optando por algo
que desconhecemos.
Mais do que confiança, muitas pessoas percebendo que têm um
problema muito grave procuram um verdadeiro “salvador da pátria”, uma pessoa
que lhe prometa um verdadeiro milagre: resolver seus problemas com o mínimo de
custo ou sofrimento de sua parte. Esta situação é mais séria ainda. Afinal,
sabemos que não existem “milagres” e que tudo na vida tem um custo. Quanto
maior o “milagre” prometido maior o custo a ser pago. No final, o tal “milagre”
não acontece, já teremos pago caro e ainda estaremos nas mãos do dito “salvador
da pátria”.
Mas, esta dependência de terceiros ocorre por um fenômeno
comum: nosso desejo de conforto, segurança, pouco esforço e excesso de
confiança. Juntam-se a inocência com a preguiça e está pronta uma pessoa
altamente manipulável.
É comum a preguiça de pensar por si mesmo. Isso exige muito
esforço, dedicação, estudo e reflexão. Apesar de termos inteligência e
capacidade de raciocínio a tendência é de comodismo, de não compromisso com o
aprendizado. Isso é fácil observar nas escolas. As crianças repetem seus pais e
a grande maioria está na escola ou faculdade apenas para “ter o canudo” exigido
pela sociedade. Muitos só querem as notas, detestam o compromisso de ter que ir
assistir às aulas, fazer provas, aguentar um professor que dá exercícios e
trabalhos. Alguns professores e empresários do ensino percebendo isso se
adaptam e “vão na onda” daqueles que só querem pagar para ter uma graduação. Os
professores mais comprometidos com sua sagrada profissão são considerados chatos,
“caxias” e ultrapassados.
Mas, isso não é por mal. A grande maioria das pessoas não
teve exemplo e nem orientação de que precisa crescer, evoluir, se desenvolver.
Mais ainda, não aprenderam que crescer e evoluir são coisas individuais e que
ninguém pode fazer isso por nós. Nada substitui o esforço próprio. Não é
possível comprar consciência, espiritualidade, evolução, amor, sabedoria, paz.
A grande massa tende a se comportar como uma criança de
colo, totalmente aberta e dependente de seus pais que a protegem, lhe dão
conforto e cuidam de seu futuro. Esta grande massa é formada por pessoas
sinceras, frágeis, ingênuas, de conteúdo delicado e na maioria das vezes repletas
de boas intensões e sentimentos. Por isso abusar delas é um verdadeiro crime,
por isso manipulá-las é algo extremamente errado e prejudicial.
Esta característica ocorre em diversos campos na vida de
todos nós. Existem aqueles que são verdadeiras raposas para ganhar dinheiro,
mas são cordeiros quando o assunto é espiritual. Outras são espertas no plano
afetivo, mas totalmente frágeis no que se refere a dinheiro.
Mas, conscientes disso devemos nos posicionar, devemos tomar
uma atitude. Para crescer, evoluir, despertar a consciência e sairmos da
condição de massa dominável é preciso que rompamos com a preguiça de pensar,
com o medo de assumir posicionamentos e decidirmos por nós mesmos e também com
o medo de assumirmos a responsabilidade sobre o nosso futuro. Precisamos sair
da zona de conforto, da condição de dependência e ousar viver plenamente por
nós mesmos e não mais culpar outros por nossos problemas, decepções,
sofrimentos e erros. E, principalmente, devemos saber que quem irá “salvar a
nossa pátria” somos nós mesmos.
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