O amor é pregado por todas as religiões de todos os tempos,
mas a humanidade insensata o tornou fonte do mal. Sabe-se que o bem e o mal não
existem, assim como não existe um “deus” bonzinho e um “diabo” malzinho, os
dois são lados de uma mesma moeda criada pelo homem e não uma verdade cósmica.
Quando se fala em amor só se pensa em atos e feitos
agradáveis e benéficos. Mas, já vimos nos noticiários manchetes afirmando que
ex-marido matou por amor, matou por ciúmes, ou então que tal religião matou
pagão por amor a seu deus, ou, ainda, que tal torcedor matou ou maltratou outro
por amor ao seu time preferido.
Nossa sociedade confundiu o amor com a posse e até mesmo com
a noção de absolutismo, de que aquilo que “amamos” é a única verdade justa e
todos devem forçosamente aceitá-la. Assim surgiram guerras, perseguições,
anátemas, tribunais de exceção, execuções, etc.
É Vênus que rege a beleza, a alegria, as festas, o prazer, a
mulher, o dinheiro, a satisfação e o conforto. A estrela Vênus era venerada na
Antiga Mesopotâmia como Astarte, Lilith ou Ísis. Era a deusa maior inclusive para os egípcios que lhe construíram
pirâmides como culto e reverência.
O desejo de posse humano não assumido transferiu
para a figura da mulher, do prazer e do dinheiro a “culpa” por assassinatos, maltratos,
perseguições, etc. Desta forma a mulher passou a ser a “culpada” pelo chamado
“pecado original”, foi tida e morta como bruxa. Afinal, a mulher concentra em
si o que há de mais significativo em termos de Vênus: beleza, alegria, prazer e
festividade.
A humanidade patriarcal machista vergonhosamente transformou
a venusiana Lilith (ou Astarte, Ísis, Inanna, Ishtar, Madalena), deusa da
alegria, das manifestações e representações do amor, em um terrível demônio. Por
absoluta falta de hombridade, sinceridade consigo mesma, a humanidade
convenientemente transferiu a responsabilidade de seu desejo de posse para os
símbolos deste desejo. Foi uma atitude imatura, pensou-se que negando e
perseguindo o desejado se extinguia o real problema que é o desejo de posse em
si.
O desejo de posse esconde o equívoco de eternização, de buscar
manter eternamente o prazer e as chamadas “coisas boas” da vida. O grande erro
e fonte de muitos sofrimentos é a falta de compreensão e de maturidade quanto à
realidade de constante movimento da vida e dos fatos. Por mais que gostemos do
dia a noite é necessária para o devido descanso e revitalização, por mais que
gostemos das férias o trabalho é essencial para nosso convívio social, por mais
que gostemos do doce o salgado é essencial para nossa saúde, por mais que gostemos
do verão é necessário que ocorram as demais estações para a manutenção da vida
no planeta, por mais machões que os homens sejam eles precisam ter também um
pouco do hormônio feminino em seu metabolismo.
Tudo está em constante movimento, tudo está vivo e é
mutável. Não existe algo que seja fixo, morto, imutável, seguro, definitivo. A
Criação está em constante desenvolvimento e evolução. Resistir às mudanças é
sofrer e fazer outras pessoas sofrerem.
É importante não transferirmos para outros o medo que temos
de nossas fraquezas e corrigir de vez o grande erro que foi perpetuado contra
as mulheres, contra o prazer, contra o amor, contra Vênus, contra Lilith.
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