quarta-feira, 26 de março de 2014

A dor da perda – Visão iniciática

A dor da perda – Visão iniciática

Mensagem de Equinócio de Outono 2014 – Academia Ciência Estelar

Se Deus nos criou para sermos felizes, porque há infelicidade? Existe uma divindade responsável pela nossa dor? Para evoluir precisamos necessariamente sofrer? Se Deus é amor e o amor é a força maior que a tudo une não parece legítimo ou natural o desencontro, o afastamento, o rompimento. Ou será o amor a fonte da dor? Existem pessoas e seres que acreditam que o sentimento e a emoção são verdadeiras fraquezas humanas e que se deve afastar delas para que se mantenha o equilíbrio, a razão e o poder.



As passagens dolorosas da vida são as que ficam guardadas com maior nitidez e tempo em nossa memória. Geralmente elas estão associadas a perdas. Existem diversos tipos de perdas, como as de algum bem material, emprego ou estabilidade, ou, ainda, de pensamentos, ideias, conceitos e preconceitos. Porém, as dores por perdas mais legítimas, esotericamente falando, estão relacionadas a pessoas queridas. Os laços de relacionamentos é a essência da vida humana neste planeta Terra. Estes laços se estabelecem por simpatia, identificação e principalmente pelo amor.



Deus em essência é Imanifesto, está em tudo e em nada ao mesmo tempo. Só podemos percebê-Lo em sua forma manifesta ou emanada que é a Natureza e como Natureza Deus é reconhecido como “a Grande Deusa”. Tudo que foi criado guarda em seu âmago ou interior uma fagulha divina que lhe dá vida e existência, esta coerência ou organização divina que está presente até mesmo no mais simples átomo é a manifestação física e tangível da transcendental força do amor. Assim como Deus, obviamente, o amor se manifesta desde as mais elevadas esferas até as mais inferiores e interiores. O afastamento deste amor promove a desintegração, a desorganização e a pulverização das coisas.

Pelo Zen Budismo aprendemos a olhar a Natureza como exemplo e ensinamento divino, afinal Ela reflete em si a realidade divina de forma evidente e tangível. Esta magnífica Deusa (ou Deus Manifesto) nos mostra claramente a natureza divina da qual fazemos parte e podemos aprender com Ela como nos conduzir na vida de forma harmônica e evolutiva.
Temos na natureza ciclos que se mostram evidentes por ocasião das estações. O Outono é tempo da colheita, do resultado daquilo que fizemos, realizamos e plantamos nas estações anteriores. A colheita é o objetivo da semeadura e também necessária para que os campos férteis estejam disponíveis para a nova semeadura e assim perpetuar a vida. Para que a vida se mantenha é necessária à sucessão das estações de semeadura, de maturação, de colheita e de preparo da terra. Por mais que gostemos de uma estação, seja ela a primavera ou o verão, a vida não existirá se a natureza não se renovar.



A colheita em si é um processo de morte, visto que quando se colhe o produto da terra se está decretando sua morte, pois se o deixássemos no campo certamente sua vida seria muito mais longa. Mas, necessitamos da colheita para nosso sustento. Aqui está evidente a nítida associação entre a vida e a morte, o mesmo processo tanto representa a vida quanto à morte, são faces diferentes de um mesmo mistério. Ninguém sofre pela colheita, mas porque sofremos pela perda? O mistério vida/morte é uma porta ou portal que separa etapas distintas. Este é o mistério do “Ano Novo” esotérico (no hemisfério sul), do Equinócio de Outono.

De fato, aprendemos que o ciclo da Natureza preserva a vida e que a morte não existe na Criação Divina. O que existe é sempre um reciclar, uma renovação, uma transformação, uma sucessão de estados, realidades, consciências e vivências que visam o aprimoramento contínuo da Criatura. Por trás deste mistério, aprendemos que Deus ou Tudo que foi Criado (a Grande Deusa) está em constante transformação ou processo alquímico de melhoria e elevação. O conceito de estabilidade ou fixidez não é coerente com a Criação e sim com o Incriado (Deus). Mas, nós não entendemos isso e é aí que reside nosso equívoco e fonte de sofrimento e dor. A ilusão ou desejo de perpetuação de algo ou alguém é contrária à realidade da Vida que é mantida pelos ciclos e transformações constantes.

Se olharmos nosso sistema solar podemos perceber que os planetas não estão todos grudados um ao outro e estáticos. Pelo contrário, existe certa distância entre eles e todos guardam suas próprias peculiaridades orbitais bem distintas uns dos outros. Os planetas estão livres para seguirem suas rotas, cada qual de sua forma específica, bem diferente dos demais. A “estabilidade” do sistema solar é dinâmica em sua natureza, caso contrário toda a vida estaria prejudicada ou mesmo inviável.

Um mestre ensinou que é agradável admirar a beleza e a fragrância de uma bela flor em um jardim ou no campo, mas que muitos por desejar possuir somente para si aquela flor a cortam para levar para suas casas e assim decretam sua morte antecipadamente. Ele refletiu que se a flor fosse deixada lá onde nasceu viveria muito mais, seria fonte de alegria, prazer e admiração para muitas outras pessoas e assim cumpriria melhor sua missão de existência.



Quando a vida, de alguma forma, nos afastar de alguém devemos pensar: E se eu forçar para manter esta pessoa ao meu lado e isso significar seu sofrimento? Não será melhor eu ver esta pessoa longe, mas feliz e viva do que ao meu lado triste e caminhando para a morte? Será que o que me prende a esta pessoa é amor verdadeiro ou apenas sentimento de posse? Estarei eu querendo dar um passo além em minha evolução ou continuar do modo como estou?

A vida é um mistério evolutivo e devemos nos abrir constantemente às mudanças, nos desapegar e deixar que a vida exista, caso contrário a estaremos abreviando. Este “abrevio” por razões egoístas tanto prejudica a outra vida lesada quanto também a nós mesmos que desejamos sua perpetuação exclusiva. Se deixarmos a flor no canteiro todo dia poderemos admirar a flor e seu perfume, mas se a levarmos para casa isso não durará mais do que um dia.

Precisamos aprender que nada e tudo é nosso ao mesmo tempo, porém não exclusivamente. A Criação é de todos e para todos, indistintamente. Devemos deixar de ver a Vida a Criação de forma egoísta e compreender que tudo e todos fazem parte de um grande sistema evolutivo e que existe uma Razão ou Sentido Original (que não está ao nosso alcance) que a tudo anima e impulsiona.

Nossa missão é compreender que devemos seguir esta Razão ou Sentido Original, mesmo que não o compreendamos, e que isso é o melhor que podemos fazer em nossas vidas e, ainda, que é por este caminho que evoluiremos e contribuiremos com a evolução à nossa volta, que viveremos e seremos promotores da vida. Afinal, somente quando aprendermos dar valor à vida é que teremos direito de gerar mais vida, tanto em nós mesmo quanto à nossa volta. Talvez se respeitarmos o mistério da flor que nasceu no campo ou no jardim tenhamos o mérito para ganhar sementes e plantá-las na janela de nossos próprios quartos.
Em nossa “viagem” por esta vida, em algum momento encontramos pessoas que caminham juntos conosco por algum tempo, mas assim como os planetas, cada qual tem seu próprio mistério e caminho a seguir e é natural que os deixemos partir. Devemos respeitar tanto o mistério de cada um como também e principalmente o mistério da Razão ou Sentido Original da Vida nomeado normalmente como Deus. Não querer ou permitir o desenlace da caminhada em comum desvia a ambos de seus caminhos. No final, o “custo” pela manutenção egoísta e inconsciente da companhia sai muito caro para ambas às partes, podendo ser o diferencial entre a vida e a morte física (processo material de novo ciclo de vida) para alguma ou ambas as partes.

Certamente existem pessoas e seres mais “resistentes” a “fragilidade” do apego. Estes seres e pessoas por não se permitirem ter emoções e sentimentos também se tornam “imunes” à dor e ao sofrimento. Mas, ao mesmo tempo decretam também sua imunidade à alegria e à felicidade. Mais que isso, ignoram que ignoram (não percebem que desconhecem) que se distanciaram da Razão da Existência que é a compreensão do divino mistério do Amor e dos relacionamentos que ocorre no palco da Criação (no seio da Grande Deusa). Este tipo de pessoa ou ser jamais adquirirá a sabedoria ou o mistério de ser um ser humano, com emoções e sentimentos, que adquiriu mérito por compreender o amor além da miséria do egoísmo. Por isso mesmo os humanos que vivem e desvendam o mistério do amor serão espiritualmente muito mais do que aqueles que não sentem ou fogem de sentir algo.

O “poder” que estes seres e pessoas tanto almejam carece de razão ou sentido, acaba sem graça. É como querer ter todas as bolas do mundo de forma que mais ninguém possa jogar futebol e assim se decreta o isolamento e a solidão. É o que acontece com o capitalismo e o culto do acúmulo de riquezas. Chegará um momento em que pelo fato do dinheiro estar nas mãos de uma pequena minoria da sociedade deixará de ser essencial para este sociedade que será obrigada a renovar seus valores considerando o coletivo, o interesse da grande maioria. De que adianta a colheita ser volumosa e ficar em grandes silos, sendo que o povo está passando fome? É natural então que este povo tome iniciativa de realizar seu próprio cultivo para manter sua vida e existência.

A colheita só tem sentido se for do interesse coletivo, para suprir as necessidades do povo. A riqueza só tem sentido se for para gerar distribuição de renda, emprego, e mais riquezas. Ela não é para ser guardada no cofre de apenas uma pessoa ou família.
O ser humano não consegue produzir riqueza alguma sem o uso de matérias primas que têm suas fontes na Grande Deusa Natureza. O princípio da Natureza é coletivo e não exclusivista. O gênio humano nada é sem o concurso e respeito à Grande Deusa.

Estamos vivendo momentos de evidente falência do capitalismo, falência da concentração de renda e do problema que é o egoísmo e apego humanos. Somos testemunhas de uma grande mudança de paradigmas sociais quanto ao respeito à Natureza. De alguma forma todos sentimos que devemos mudar nosso relacionamento com o Feminino Universal do qual como criatura material que somos fazemos parte essencial e somos compostos.
Cabe-nos olhar a vida com outros olhos, olhar para nós mesmos com outros olhos e abrir mão dos apegos, deixar a vida seguir seu rumo, fazer nossas colheitas e preparar o campo para novas semeaduras. Por mais que isso possa parecer doloroso, será muito melhor e leve do que se nos mantivermos apegados às situações atuais. Devemos valorizar a vida como ela é: livre. Somente assim ela, a vida, poderá nos sorrir com novas sementes e renovação contínua.

“O Espírito renova incessantemente a vida manifesta”



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