O Amor como fator de
desenvolvimento
Muito mais do que uma expressão bonita e politicamente correta, o amor
é explicado pela Astrologia como um importante processo para a ressignificação
psíquica da vida do indivíduo e sua realização
Pode parecer anacrônico se
posicionar a favor do amor, em tese um conceito aparentemente falido, que está
com seus dias contados. Principalmente se considerarmos que estamos na alvorada
da Era de Aquários, rumo à liberdade e à integração de nossos costumes com a
prática da “ficância” (me perdoem o neologismo). Nada contra a “ficância”, ou
seja, a prática de se unir temporária ou momentaneamente à outra pessoa para um
namoro mais íntimo, porém sem compromisso ou vínculo maior. Ao contrário, a meu
ver a atual prática adolescente de se “ficar” me parece salutar no sentido da
pessoa se permitir experimentar conhecer o outro e a si mesma de forma mais
profunda e intensa, mas sem a obrigação de vínculo ou permanência. Afinal, o
que é um namoro senão um “teste” de compatibilidade? Por que exigir um juramento
eterno de união entre duas pessoas que não se conhecem e nem sabem se de fato
serão felizes juntos?
Mas, por “amor” aqui não me
refiro ao simulacro, a um simples e vazio jogo de palavras. Amor aqui é a
decisão de se unir a outra pessoa porque se quer e se sente uma profunda
identificação com o outro, não porque é necessário, porque a família quer,
porque é melhor para a sociedade, porque se busca segurança ou realização
financeira ou social. Hoje usa-se a palavra amor com um forte egoísmo
escondido, buscando-se apenas o próprio prazer ou satisfação. O verdadeiro amor
é doação, entrega, é o oposto do que muitos apregoam.
Costumo explicar para as pessoas
que para se encontrar o outro é necessário primeiro que se encontrar. Para saber
quem ou o que nos dará prazer ou nos fará felizes se faz necessário que
descubramos como nós mesmos podemos nos proporcionar prazer e sermos felizes
independentemente de com quem estejamos. Só podemos dar o que temos e uma
relação a dois deve ser pautada pela troca justa, senão isso é simbiose, um
processo patológico sutil de dependência, prisão e estancamento evolutivo para
as duas pessoas envolvidas.
Não se pode esperar “um príncipe
encantado” se não se é “uma princesa encantada”. Não se pode cobrar ou esperar
que o outro adivinhe o que gostamos, o que nos faz feliz, o que nos realiza, o
que nos dá prazer. Por outro lado, também não é justo esperar só receber na
relação a dois, se faz importante também contribuir efetivamente com o prazer,
a alegria, a realização e a felicidade do parceiro.
Na Ciência Estelar conhecida como
“Astrologia” podemos compreender como o amor é importante em termos evolutivos.
Mas, antes de abordarmos o amor em si é importante que abordemos a descoberta
de si mesmo.
É hábito aos afeitos da
Astrologia perguntar aos outros “qual é o seu signo”, afinal saber o signo da
outra pessoa nos traz muito mais informações sobre ela do que seu nome. Mas,
por trás da pergunta “qual é o seu signo” está a pergunta técnica “em seu Mapa
Astral em que signo está o planeta Sol”?
Costumo explicar que o Sol em um
Mapa Astral é como o motor de um carro, seu verdadeiro “coração”, enquanto o
signo Ascendente representaria a lataria do carro, sua aparência externa. Astrologicamente,
o Sol em um Mapa Astral representa a energia da pessoa, uma síntese de sua vida
e características mais importantes. Mais além, o Sol representa também sua
saúde, seu amor, seu brilho pessoal, sua felicidade, sua prosperidade, sua
realização e sua verdade mais essencial e vital. Quando o Sol (realização, amor,
felicidade, prosperidade) não tem espaço em uma vida atropelada pelas
conveniências sociais, dos dogmas, preconceitos, costumes, tradições,
ideologias, etc. então ocorre o processo de morte. Essa morte pode ser em vida,
com a anulação da pessoa por fatores estranhos a si mesma, e isso ao longo do
tempo vai se somatizando na forma de doenças até levar ao óbito.
O Sol principia a brilhar com
mais força na fase da adolescência, regida pelo signo de Leão. Nesse período é
quando descobrimos o que temos de melhor, olhando para nós mesmos, nos
descobrindo enquanto indivíduos originais, autênticos e diferentes dos outros. Então,
é quando percebemos que somos bons em alguma coisa, ficamos eufóricos com isso
e queremos mostrar (brilhar) para os amigos o que de melhor temos, o que
fazemos de melhor, buscando assim nos destacar em nosso grupo. É o processo de
amar a si mesmo. Ao passo e à proporção que descobrimos quem somos, o que temos
de melhor e então o que nos é mais importante na vida, tendemos a procurar a “nossa
turma”, ou seja, pessoas com valores, hábitos, costumes ou habilidades
semelhantes às nossas ou que as valoriza e aprova.
Assim, na adolescência, o amor
por si mesmo, pelo que nos é essencial, nos leva a também valorizar a essência
de outras pessoas semelhantes. Essência é vida e é amor. Se uma pessoa não se
ama, não valoriza a sua essência, como pode esperar que outra pessoa vá amá-la
ou amar a sua essência? Se uma pessoa não conhece sua essência como esperar a
outra vá adivinhar isso? Se uma pessoa não sabe qual a sua essência como irá se
aproximar de um grupo semelhante e nele encontrar alguém com maior afinidade
íntima? Se não encontra afinidade íntima como pode chegar à realização íntima?
Porém, o Sol no Mapa Astral não
representa apenas o indivíduo e sua essência. Ele representa a figura paterna
também, como o indivíduo percebeu o pai e essa imagem ficou gravada em sua
alma. A relação que a pessoa enquanto criança teve com o pai irá representar
também o adulto que ela tende a ser, como ela verá a si mesma, sua vida, o amor
e sua possível realização na vida, seja no âmbito social, profissional ou espiritual.
A relação com a figura paternal (que pode ser representada por outra figura que
não o pai biológico) é determinante para a vida da pessoa. Mais que isso,
condicionará sua futura relação com figuras de poder e autoridade, tais como
chefes, policiais, juízes, políticos, etc.. O psicanalista Freud abordou em seu
trabalho a importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil. Existem
também livros best-sellers abordando a importância da figura do pai no sucesso
dos filhos (como “Pais brilhantes Filhos brilhantes”, de Augusto Cury). Até mesmo
um dos mandamentos mosaicos é “honrar pai e mãe” evidenciando que esse é um
conhecimento ou verdade atemporal. Ora, quando um jovem tem problemas de
relacionamento com o pai, isso é sinal de futuros problemas com autoridades,
com a vida e com sua espiritualidade.
Uma importante e nem sempre lembrada
simbologia do Sol é que esse astro, na Ciência Estelar, representa também nada
menos do que Deus. Por isso, ser pai não é um ato biológico inadvertido. Ser pai
é também ser um pouco Deus, dar vida a um ser, não só gerar uma vida biológica,
mas também uma vida (equilibrada e brilhante) psíquica de uma pessoa e ser sua
referência para a realização existencial. A relação que a pessoa tem com o pai
refletirá na relação que ela terá futuramente com o conceito, imagem e
referência divina.
A esse ponto imagino que o leitor
esteja refletindo sobre como foi ou é sua relação com seu pai. Evidentemente
somos todos imperfeitos e repletos de limitações, falhas e imperfeições. Então a
pessoa pensa: meu pai não foi o pai ideal, minha relação não foi a ideal, então
estou destinado a não me realizar, a não ser feliz no amor, a não merecer o
amor de Deus? Costumo explicar que via de regra todo pai tende a buscar dar o
que tem de melhor para seus filhos. Por mais imperfeito, ruim ou inadequado que
ele seja ou tenha sido, muito provavelmente ele deu a seus filhos mais amor ou
amor de melhor qualidade que ele próprio recebeu. Nesse ponto costumo convidar
a pessoa a conversar com seu pai ou então com outras pessoas, perguntando sobre
o passado dele, a criação que ele teve. Aí então poderá compreender porque ele
é como é e o que lhe oferece.
Agora poderá surgir na mente do
leitor a importantíssima pergunta “existe uma forma de se mudar ou melhorar a
figura paterna ou solar na vida de uma pessoa”? A resposta, felizmente, é SIM,
é possível se mudar ou melhorar a figura paterna ou solar na vida de uma pessoa.
Mudando-se isso muda-se a vida dela como um todo, suas possibilidades de
realização e de felicidade. A pergunta seguinte então é “COMO”?
Igualmente como se faz na
Homeopatia em que “semelhante cura semelhante”, é justamente na representação
do Sol, do pai, de Deus, que encontraremos a “cura” ou melhora dessa
significação. Mais precisamente, é no AMOR, no verdadeiro amor, que podemos encontrar
a cura para o desamor. Vale ressaltar aqui que o que comumente as pessoas
chamam de “MAL” é na verdade desamor, é uma reação inconsciente atávica, que
pode se tornar um hábito ou mesmo parte do caráter de uma pessoa, de um grito
desesperado pela atenção, pelo respeito, pelo amor de alguém. Por isso o
verdadeiro amor é condescendente, ele percebe que a maldade implora por amor,
atenção, carinho, afeto, respeito, apoio.
Por outro lado, o amor é a única
força capaz de mudar de fato as coisas, mudando a essência de uma pessoa. Mais do
que uma palavra bonita e politicamente correta, o verdadeiro amor deve ser
buscado e encontrado em nós mesmos, em nosso próprio Sol. Em todos nós existe
uma pequena fagulha divina, uma pequena chispa de Luz, pelo menos um princípio
de amor. Se isso não fosse verdade não existiria vida, pois amor é vida e vida
é amor, afinal o amor é a força que integra e a falta de amor resulta em
desintegração, fragmentação, esfacelamento, entropia. Mesmo na atitude violenta
de um pai maldoso talvez seja possível encontrar um pouco de amor dele tentando
educar o filho, de forma talvez inadequada, para não fazer algo que ele
considere errado, buscando preservar assim seu filho de futuros dissabores como
possivelmente ele experimentou amargamente em seu passado.
Lembrando que o Sol é amor e
também a vida da pessoa, percebe-se a essa altura que a famosa frase do templo
de Delfos não é tão estranha assim: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá aos
deuses e ao universo”. Ao nos colocarmos como foco de estudo, buscando nos
conhecer melhor, podemos conhecer nossa porção divina e então conhecer não
todos os “deuses”, mas pelo menos alguns deles, podemos assim dizer. Na proporção
que temos consciência de nós mesmos, de nossa realidade profunda e essencial,
descortina-se para nós a essência da vida semelhante à nossa, existente no
universo. É assim que um bom terapeuta, astrólogo, iniciado ou pessoa feliz
nasce, com o conhecimento de si mesmo. Quanto a isso, é mais do que enfatizado
o fato de que a interpretação do Mapa Astral é a principal ferramenta para o
autoconhecimento e esse é essencial para a realização e a evolução da pessoa,
principalmente em termos espirituais. Descobrindo o que temos de melhor, nossa
pequena porção de divindade, podemos refazer os passos de nossa adolescência,
transcendendo os estímulos recebidos pela figura paterna, até porque por melhor
que seja pode ter sido equivocada quanto a nós mesmos, era como nosso pai nos
via (e apoiava e incentivada ou não) e não necessariamente como somos de fato.
A “saída” para o “beco da vida”
se encontra dentro de nós mesmos, em nossa essência, na busca do “QUEM OU O QUÊ
SOU EU”. Nessa busca devemos identificar até que ponto reproduzimos estigmas e
rótulos que pais, parentes, amigos e sociedade nos impingiram, a despeito do
que de fato somos. Quando chegarmos a esse ponto nos cabe não dar tanta atenção
a comportamentos, pensamentos ou rótulos que trazemos do passado em nosso
interior. Então, precisamos como um novo adolescente nos permitir sermos
diferentes, agir de forma diferente, viver de forma diferente, valorizar o que
temos de melhor e mais original em nosso interior, nos amarmos mais e melhor. Porém,
isso não significa ser egoísta ou egocêntrico, pelo contrário, o verdadeiro
amor busca irradiar suas qualidades para quem assim o buscar ou desejar, sem o
impor. O verdadeiro amor respeita as essências alheias, principalmente se lhe
são diferentes. O verdadeiro amor quer ajudar, contribuir, colaborar para
melhorar a vida alheia e com isso se realiza, sente-se cada vez mais feliz. O verdadeiro
amor é pura doação, como o Sol que nos banha constantemente com sua luz, calor
e vida, independentemente se olhamos para ele, se reconhecemos isso ou mesmo se
acreditamos nisso. É como os pais para o filho adolescente. Mas, ninguém dá o
que não tem e nem se dá mais ou melhor do que se tem. Quando identificamos
nosso brilho pessoal, nossa essência, nossa verdade e a valorizamos estamos
alimentando essa luz que paulatinamente, pela constância e perseverança, vai aumentando
seu brilho e sua força, ocupando espaço, espantando sombras, medos, inseguranças,
traumas, bloqueios, etc. É assim que começamos a mudar para melhor o que
recebemos dos pais: valorizando o que somos de fato e aquilo que mais nos torna
felizes e realizados.
Mas, o grande salto evolutivo
mesmo se dá quando decidimos pela etapa mais decisiva do amor que é a opção
pela vida a dois, seja ela formal ou não, com bênção religiosa ou não. O encontro
entre duas luzes, dois sóis, duas divindades, é algo mágico e poderosíssimo.
Diz-se que antigamente o Zodíaco
tinha dez signos e não doze, como hoje. Mas, com a imaturidade (falta de
conhecimento de si mesmo, de suas divindades) da Criatura (homem e mulher
simbolizando toda a nossa humanidade) Deus então separou os casais e de um
único signo regente e significando da Criatura então se fez dois, Virgem e
Escorpião. O signo de Virgem regido pelo Feminino Universal, a Grande Deusa
sempre imaculada, pura e jovem, representante da Criação; e o signo de Escorpião
regido pelo Masculino Universal, o Grande Deus, poderoso, representante do Criador
e forte. Virgem é regido por Lilith e Escorpião é regido por Plutão. Esses
deuses representam o que existe de mais interior e profundo, do qual nós
estamos distanciados, mas que se acessados nos conferem poder inimaginável,
transformador e criador. Porém, a distância significa obscuridade e obscuridade
dá medo pelo desconhecimento e isso nos afasta da verdadeira e divina Origem. Então,
para ensinar harmonia e convivência colaborativa ao novo Casal Divino, de
Gêmeos Espirituais, Deus criou o signo de Libra, o signo do casamento, da
empatia, da concordância, da tolerância e do encontro harmônico dos princípios complementares.
Enquanto não se tem uma união
estável, duradoura, verdadeira e profunda, é possível nos sintamos perfeitos,
com “pequenos defeitos” apenas. Mas, quando por amor nos soltamos, nos abrimos
e abraçamos uma relação séria, profunda, verdadeira, baseada no amor e na
verdade, então começamos a descobrir nossas falhas, defeitos, imperfeições mais
profundas. Mais que isso, descobrimos nossas limitações. E isso nos incomoda
demais, principalmente porque queremos ser perfeitos para tornar a vida da
pessoa amada perfeita, harmônica, pacífica, prazerosa, saudável. O incômodo com
nossa imperfeição, com nossa limitação e dificuldades para poder melhorar a
vida da pessoa amada motivada pelo verdadeiro amor realimenta esse amor que
temos por nós mesmos e encontramos forças, soluções, ousadia e caminhos para mudarmos
essencialmente, mudando assim a nós mesmos, nossas vidas e nossas
possibilidades de realização. Por isso o casamento é considerado um sacramento,
porque de fato ele é sagrado, não como instituição religiosa ou formal, mas sim
por proporcionar o processo de fomento do fogo divino que há em nós a partir do
amor que move os amantes.
Através da relação profunda,
baseada no verdadeiro amor, entre duas pessoas, então pelo amor e com o amor se
consegue RESSIGNIFICAR A FIGURA PATERNA, mudar esse arquétipo interior
expandindo-o até os limites de nossa vontade. Então, ao invés de repetir o pai
(de forma idêntica ou frontalmente oposta) nos percebemos como uma evolução
dele, uma versão mais ampla, melhorada e até mesmo a realização de sua missão
espiritual na Terra. E, aqui, é importante lembrar que conforme a Ciência
Estelar o planeta Sol, bem como o signo de Leão e a Casa V, também representam
os FILHOS. Será que queremos ser pais como nossos pais o foram ou queremos ser
algo melhor? Será que queremos ter filhos assim como nós ou queremos filhos
melhores, que sofram menos, que saibam mais, que avancem mais, que sejam mais
felizes e prósperos? Novamente o amor motivando a evolução que partiu de si
mesmo, passou pelo apoio evolutivo mútuo, chegou à família, célula mãe da
sociedade e acaba desaguando nessa mesma sociedade para a qual geramos e
educamos nossos filhos.
É assim que contribuímos para a
formação de uma sociedade melhor, para um futuro melhor, começando por nós
mesmos e trabalhando coletivamente. É com atitudes, firme decisão,
autoconhecimento e principalmente muito amor é que podemos de fato mudar vidas,
tanto as nossas como a de outras pessoas; é assim que podemos de fato mudar
nosso futuro e nossa sociedade.
Juarez de Fausto Prestupa
Academia Ciência Estelar
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