A Roda do ano representa o ciclo da natureza, do começo até o fim para então recomeçar tudo novamente. É o ciclo natural de todas as coisas no planeta: natureza (fauna e flora) e homens.
A Roda do Ano é um calendário místico espiritual que tem origem nos
antigos povos pagãos (o termo “pagão” diz respeito à religiosidade do homem do
campo). É utilizada para comemorações sociais até hoje, independente da
religião professada, na maioria das vezes de forma equivocada. A grande maioria
das pessoas nem sabe a real origem da Páscoa ou do Natal, por exemplo. Antes de
qualquer religião existir no planeta Terra, a natureza já existia em seu ciclo
perfeito. Pensar que A Roda do Ano vem de alguma religião, é um equívoco, pois ela
representa apenas uma lei natural.
Todos os povos antigos, celtas, egípcios, gregos, africanos e
indígenas de qualquer lugar do planeta, entre tantos outros, sempre comemoravam
a Roda do Ano. Atualmente muitos povos e pessoas ainda comemoram da forma
certa. Entre certo ou errado, você que vive no meio social, quer queira ou não,
goste ou não, está inserido na natureza e seus ciclos, bem como participa das
comemorações sociais à eles relacionados. O problema é que a verdade se
fragmenta de acordo com a moda ou o marketing, perdendo assim o seu valor e a
tradição. Agora vamos para as explicações sobre a Roda do ano.
Onde é o hemisfério do planeta no qual você se encontra? Se
estamos abaixo da linha do Equador (divisão imaginária do planeta, é a parte de
baixo) você vive a roda dos ciclos da natureza relativa ao Sul (outono,
inverno, primavera, verão). Se está acima da linha do Equador, você vive
conforme os ciclos do norte (quanto é verão no hemisfério Norte, é inverno no
hemisfério Sul). Devemos seguir a natureza, pois esses festivais são ritos da
natureza, ou seja, da Terra.
Podemos viver no sul e “rodar” pelo norte nas comemorações
(comemorar como se estivéssemos no norte)? Sim podemos, se desejarmos apenas a
energia social que fica mais forte, a egrégora, como exemplo é o caso do Natal.
O Natal é uma comemoração típica de Solstício de Inverno. O nosso natal é
comemorado no início do verão. Então por que nosso Papai Noel não vem de sunga,
debaixo do sol tropical?
No Brasil seria ideal então um Papai Noel sem renas, trenó e
bonecos de neve. Já parou para pensar que não tem nexo a árvore de natal de
pinheiro com neve no verão? Pois é, comemoram errado, a comemoração religiosa
correta do Natal deve ocorrer na entrada do inverno. Devemos seguir o curso
correspondente da natureza que nos cerca. Observemos, por exemplo, quando o
milho cresce, quando a colheita chega, quando as flores desabrocham, quando o
sol esquenta ou quando chega o frio e as folhas caem secas.
Por que então as comemorações do Hemisfério Sul seguem a Roda
da Natureza do Norte? Percebendo e sabendo da evidência de que a Roda do Norte
é oposta à Roda do Sul, porque muitos estando no Hemisfério Sul insistem em
seguir a Roda da Natureza relativa ao Hemisfério Norte?
Possivelmente temos duas grandes e simples explicações para
esta questão: primeiro porque as pessoas não se perguntam acerca da origem de
muitos fatos e, segundo, por o marketing norte americano e europeu (EUA e
Europa estão no Hemisfério Norte) é fortíssimo. O resultado é que as antigas
tradições são esfaceladas em benefício do comércio e a Festa da Colheita acaba
sendo comemorada na época do plantio.
Quem está certo? Olhemos a natureza, observemos os pássaros e
os animais e saberemos o que é certo em termos de Ciclos da Natureza. É uma
questão de opção do que se prefere seguir, o que existe é a energia das pessoas
(social) ou a energia da natureza (fauna e flora). Você escolhe a energia que
quer sintonizar. O ideal é que sigamos o Ciclo da Natureza conforme o local
onde estamos, em benefício do que se objetiva. Sempre digo às pessoas que me
perguntam: O que eu faço então? Respondo: “Observe o milho, observe as estações!”.
Na tradição antiga o Ciclo da Natureza também é chamado como
“Roda do Ano”, que por sua vez é composta pelo que chamamos de os oito Sabás (festivais)
do ano. Temos que levar em conta a posição
da Terra com relação ao Sol. O Sol é o nosso Astro-Rei, o amante, pai e filho,
a figura central de toda essa roda que nos alimenta, nos sustenta e nos traz a
vida na Terra através das estações perfeitas dos Equinócios e Solstícios.
O termo “Sabá” significa simplesmente “dia de descanso” ou,
principalmente, “dia de adoração” (espiritual). Vem do hebraico e foi usado
primeiramente no Gênese, mais especificamente no sétimo “dia”. “Guardar” ou
respeitar o Sabá é um dos Dez Mandamentos católicos. Nos rituais da Roda do Ano são homenageadas duas divindades
principais: a Grande Deusa que simboliza a própria terra, e o Deus Cornífero,
protetor dos animais, dos rebanhos e da vida. Esotericamente, há milênios, a humanidade comemora os
equinócios e solstícios, o início das estações da natureza. É uma oportunidade
de sintonia com as verdades cósmicas dos ciclos de vida em nosso planeta.
Solstício: Significa o início do Verão ou do Inverno. É a época
do ano em que o Sol incide com maior intensidade em um dos dois hemisférios.
Isso ocasiona a diferença tanto de temperatura quanto de duração do dia e da
noite.
Equinócio: Momento em que o Sol, em seu
movimento anual aparente, corta o equador celeste, fazendo com que o dia e a
noite tenham igual duração (Primavera ou Verão).
A Roda do Ano e as
Festas Católicas
O catolicismo por séculos esteve intimamente ligado com as
conquistas militares, reinados e política expansionista. Ele adotou o nome de
doutrinação ou catequização para justificar sua estratégia de conquista e
domínio.
Uma das formas de doutrinação era justamente se apoderar de
templos e celebrações dos povos e culturas conquistadas. Isso porque ir contra
tradições seculares, arraigadas nas culturas, era algo impossível de obter
sucesso. Simplesmente mantinham muito das tradições originais mudando apenas nomes
e divindades. Assim, o povo continuava com suas tradicionais comemorações,
porém cultuando o que o catolicismo indicava.
O exemplo mais flagrante e evidente é o caso do Natal. No
paganismo o Natal (Solstício de Inverno) no Hemisfério Norte é época de se
comemorar o Nascimento do Menino Deus. A Igreja Católica então, que não sabe
até hoje quando de fato Jesus nasceu, resolveu divulgar que o Cristo havia
nascido na mesma época. Pronto, trocou-se então o culto pagão do nascimento do
Deus Menino, filho da Deusa Natureza e do Deus Fecundador, pelo nascimento de
Jesus. Assim procederam com as outras datas religiosas antigas.
Samhain: 31 de Outubro
(Hemisfério Norte) e 1° de Maio (Hemisfério Sul).
Este Festival marca o Ano Novo ou o início de uma nova Roda
do Ano. Samhain é o festival dos mortos, hoje rotulado como Halloween ou Dia
das Bruxas. Também é Dia dos Mortos cristão que na verdade é uma celebração de
origem indígena (pagã), atualmente o catolicismo tem esse festival como o “finados”.
De uma forma ou de outra os antigos comemoravam, visitavam os túmulos, alguns
deixavam comidas e outros levavam flores. É uma época de meditação e reflexão
sobre os ciclos da natureza, da vida e da morte. Época de conexão com os
ancestrais que semearam a Terra no passado, como nós fazemos agora.
Todos os povos, seja no oriente ou no ocidente, no Hemisfério
Norte ou Sul, no passado ou no presente possuem um dia para comemorar os
mortos. Seja com festas, rituais, fantasias, flores e comidas nos túmulos,
leituras de oráculos, missas ou mesmo um domingo de reclusão. O Dia dos Mortos
é sagrado para todos os povos, comemorado ou não todos acabam entrando nessa
egrégora. É momento de respeito por aqueles que semearam o passado e
construíram o que está presente em nossa Terra.
Muito diferente de se celebrar os mortos como verdadeiros
zumbis que apavoram, este é o momento de se celebrar as origens, a sabedoria
antiga, nossas raízes. Também é momento para se refletir sobre o Ciclo da Vida
de nascimento, crescimento, apogeu, fenecimento e morte. Aqui a morte é uma
etapa intermediária entre uma vida e outra, assim como uma fruta apodrece e
morre para servir de adubo para que sua semente brote e cresça viçosa.
Para as bruxas o Sanhaim é o dia em que o véu que separa o
mundo dos vivos e o mundo dos mortos fica mais tênue.
Yule: 21 de Dezembro
(Hemisfério Norte) e 21 de Junho (Hemisfério Sul).
Yule é a época do Solstício de Inverno que marca a noite mais
longa do ano. O festival de Yule celebra o renascimento do deus Sol. Yule é
denominado o Natal pagão, já que se comemora o renascimento de Deus Solar e a
chegada do inverno. Em Yule celebra-se o amor, a união da família e as
realizações do ano que passou. É tempo de reencontrarmos nossas esperanças,
obter o coração rejuvenescido, se libertar das coisas antigas e desgastadas,
renascer com a criança interior trazendo a pureza e a alegria.
O Natal cristão tem suas origens nessa antiga celebração pagã
de Yule, o qual sempre é comemorado no início do inverno. Os costumes como a
decoração da árvore de Natal, pendurar uma guirlanda na porta e mesmo o Papai
Noel são adaptações de símbolos pagãos do inverno. O Pinheiro, o azevinho e
outras árvores utilizadas no Natal são árvores de folhas duradouras e sempre
verdes simbolizando a continuação da vida. Os sinos são símbolos femininos de
fertilidade e anunciam os espíritos que possam estar presentes.
É desta antiga celebração pagã (Yule) que se originou o Natal
Católico. A maioria das pessoas do hemisfério sul comemora o natal em dezembro,
mas em nossa Roda do Ano o inverno começa em junho e não em dezembro. É incoerente
ir contra as estações da natureza e comemorar o Natal com neve e pinheiro em
pleno verão. As pessoas vão se adaptando as festividades sem saber a sua
origem.
O tender (carne de porco) que é costume se comer na ceia de Natal,
é uma oferenda antiga onde sacrificava um javali para obter a prosperidade para
a família no novo ano em nome da Deusa e do Deus.
Se pararmos para pensar nosso Papai Noel invernal deveria vir
em junho, na entrada do inverno, juntamente com os pinheiros e o frio, as
lareiras e as comidas típicas de tempo frio, quando aqui se comemora o “Dia de
São João”.
Interessante se lembrar que na Maçonaria se celebram dois
rituais de Banquete Ritualístico, justamente nos dois solstícios, os dias dos
São Joães ou deus romano Jano (Janus). O deus Jano tinha duas faces, uma
olhando para trás e outra para frente, uma voltada para o passado e outra para
o futuro. Os maçons afirmam que as duas colunas conhecidas como “J” e “B” estão
relacionadas com os signos zodiacais de Câncer e Capricórnio, justamente o
passado e o futuro e daí a relação com os solstícios que ocorrem no início
destes signos. No Banquete Ritualístico maçônico se fazem sete libações em
homenagem aos sete planetas esotéricos. Tudo isso muito semelhante às tradições
mais antigas e que os atuais maçons não se apercebem.
Imbolc: 1º de Fevereiro
(Hemisfério Norte) e 31º de julho (Hemisfério Sul).
Imbolc, também chamado Oilmec e Candlemas ("Candelária
ou festival das Luzes"). Celebra o despertar da terra e o crescente poder
do Sol. A Deusa é venerada em seu aspecto de Virgem da Luz.
Imbolc é o festival das luzes do fogo. Um Sabá de purificação
e de boas-vindas às primeiras manifestações da primavera. Época na qual
celebramos as bênçãos da Deusa, a família e o retorno do Sol que volta a
crescer, mas que ainda não ganhou força suficiente para banir de vez o frio do
inverno.
A Deusa é representada por três mulheres, a poetisa (arte), a
médica (cura), e a ferreira (magia), sendo conhecida como a deusa da Tríplice
Chama ou Deusa Luminosa. É benfeitora da cura interna e da energia vital.
O festival de Imbolc tornou-se Candlemas (Candelária) nos
tempos modernos com o Dia de Santa Brígida (Nossa Senhora da Luz ou Nossa
Senhora da Candelária) e a Festa da Purificação de Maria, sendo celebrados
durante este período. A deidade dos Celtas chama-se Brigith (deusa do fogo e da
sabedoria) e a deidade dos católicos é a Santa Brígida. A versão cristianizada
da procissão de círios (candeias) honra purificação da Virgem Maria e no México
ela corresponde ao Ano Novo Asteca.
O Imbolc irlandês deriva do antigo irlandês imbolg "na
barriga". Isso se refere à amamentação de ovelhas, pois nesse período as
ovelhas, vacas e cabras entravam em seu período de lactação e começavam a
produzir leite. Isso era um indício claro da proximidade da Primavera
(adolescência ou de reprodução), é a celebração da Grande Mãe que dá seu leite
sagrado, alimenta a nova vida. Em Imbolc podemos ver claramente a participação
dos animais e sua época de lactação na natureza.
Ostara: 21 de Março
(Hemisfério Norte) e 21 de Setembro (Hemisfério Sul).
Em Ostara o Sol aumenta e a terra começa a florescer, é
comemorado o Equinócio de Primavera. Na Antiga celta/druida de Ostara também
recebia o nome de Festival Luz da Terra. Ostara é ainda conhecida como Eostre
ou Oster (Deusa da Aurora) ou Easter (Pascoa, em inglês). A deusa da primavera,
da fertilidade, da ressurreição e renascimento tem como símbolo o coelho (um
dos animais mais férteis da natureza e o primeiro a sair da toca após o longo
inverno). Foi desse antigo festival que teve origem a Páscoa. A palavra
"páscoa" significa "passagem". Uma das principais tradições
desse festival é a decoração de ovos. O ovo representa a fecundidade e
renovação da Deusa e do Deus, bom como a vida em essência e origem.
A Primavera ocorre cerca de 21 de Setembro no hemisfério Sul
(com a entrada do Sol no signo de Libra) e 21 de Março no hemisfério Norte. O início
da primavera marca a volta do Sol, época do ano em que dia e noite têm a mesma
duração depois do inverno. A primavera é o despertar da Terra com sentimentos
de equilíbrio e renovação. As flores e borboletas se desabrocham e toda a magia
da natureza se mostra ao homem. O Festival da Primavera é um período para
atrair prosperidade e encher a vida de energia renovadora, marcando o início do
plantio, tanto físico como espiritual.
Na agricultura, sinaliza o tempo em que as sementes são
plantadas e começam o seu processo de crescimento. Repare nos pássaros, é a
hora deles semearem, cumprirem com sua função para com a natureza. Ostara é
tido como um momento de aproximação e amor entre a Deusa (Lua) e o Deus (Sol),
pois é um período de igualdade e equilíbrio entre as forças da natureza.
Momento ideal para fortalecer a energia de complementaridade entre homem e
mulher.
O ovo simboliza a fertilidade, é o símbolo de toda criação. O
coelho também é um símbolo importante com a Deusa Eostre, na qual um coelho
pedia favores à Deusa e em troca botava ovos, decorava-os e presenteava a Deusa
com eles. Segundo uma lenda a Deusa ficou tão contente que desejou que toda a
humanidade pudesse compartilhar de tamanha beleza e alegria. A história do
chocolate teve seu início com as civilizações dos Maias e Astecas, que
consideravam o chocolate como algo sagrado, tal qual o ouro. Os astecas
usavam-no como moeda.
A Páscoa católica celebra a ressurreição de Jesus, seu
“nascimento” para uma nova vida (espiritual).
Beltane: 1 de Maio
(Hemisfério Norte) e 31 de Outubro (Hemisfério Sul).
Beltane ocorre no pico da Primavera, onde os poderes da luz e
da nova vida se move através de toda a criação, simbolizando o Sagrado
Casamento entre Deusa e Deus.
A veneração de fogo associado com Beltane é origina-se dos
ritos de adoração Celtas ao Deus solar Belenus. A palavra Beltane vem do nome
do Deus céltico “Bel”, que era o senhor da vida, da morte e do mundo dos
espíritos. “Tinne” é uma palavra céltica que significa “fogo”. Assim, Beltane
quer dizer “Fogo de Bel”. É o simbolismo da união entre os princípios masculino
e feminino da criação, a união dos meios de todos os poderes que trazem vida a
todas as coisas. Em Beltane comemoramos a fertilidade, o amor que dá forças a
tudo e o “retorno do Sol” com toda a sua magnitude. Nesse momento as flores
estão no auge para semear, os animais se acasalam e toda a natureza (que está na
primavera) se casa para imortalizar sua espécie. Isso garantirá a manutenção da
Roda da Vida da Natureza, a vida infinita.
Na Religião Antiga, a palavra "fertilidade"
significa o desejo de produzir mais nas fazendas e nos campos. Em Beltane tudo
está florido marcando a união sagrada da Deusa e o Deus, sendo nossos corpos os
espelhos do plano divino.
Esse Sabá consiste de banquetes, antigos jogos pagãos,
leitura de poesias e canções sagradas. São realizadas várias oferendas aos
espíritos elementais, e os participantes dançam alegremente em torno do Mastro Chamado
de Maypole (símbolo fálico da fertilidade), possivelmente origem da palavra e
prática do sensual “pole dance”. Trata-se de um mastro enfeitado com fitas
coloridas. Durante o Ritual cada membro escolhe uma fita de sua cor preferida
ou ligada a um desejo. Todos devem girar trançando as fitas, como se estivessem
tecendo seu próprio destino. Esta “trança” de fitas muito nos lembra a
ilustração do DNA que também guarda uma íntima relação com o aspecto sexual e
de garantia da progênie.
Já no catolicismo comemora-se o Mastro de São João (ninguém
comenta sobre o símbolo fálico que seria de um Santo, assim poucos sabem a realidade
do significado, pois seria um pecado ou heresia, segundo a Igreja). Interessante
se lembrar que o “casamento na roça” é uma tradição muito forte das festas
juninas que perdura até os dias atuais, à semelhança do casamento entre Deusa e
Deus pagãos.
Em Lisboa, é tradicional uma cerimônia de casamento múltiplo
do dia de Santo Antônio, em que chegam a casar-se de 200 a 300 casais ao mesmo
tempo. Os santos juninos são Santo Antônio e São João, nessa época é comum
fazer fogueiras, simpatias (magia) e adivinhações (oráculos). São os santos do
casamento e da união.
Inicia-se Beltane acendendo, segundo a tradição, as fogueiras
de Beltane ao nascer da lua para iluminar o caminho para o Verão. Em Beltane é
costume pular a fogueira para se livrar de todas as doenças e energias
negativas. Nos tempos antigos, costumava-se passar o gado e os animais
domésticos entre as fogueiras com a mesma finalidade. Daí veio o costume de
"pular a fogueira" nas festas juninas.
As mulheres usam coroas de flores e todos dançam ao redor das
fogueiras. Os celtas celebravam Beltane em maio por causa do ciclo anual do
hemisfério norte, era em maio que a “Rainha se casava”, tendo o nome de Rainha
de Maio, tornou-se costume casar-se em Maio. Hoje a moda e as igrejas acham
“chic” casar em Maio. Em Beltane se comemora o amor que deu origem a todas as
coisas do Universo. Na roda do sul poderíamos casar em outubro, já que é a
época do casamento da natureza; das flores e dos animais.
Na mitologia romana, Maia Maiestas (que empresta seu nome ao
mês) é a deusa da fecundidade e da projeção da energia vital, e da primavera. Maiestas
personifica o despertar da natureza na primavera e o renascimento; veio
tornar-se a mentora de seu filho Mercúrio. Identificada como Fauna e “Bona Dea”,
a boa deusa.
Litha: 21 de Junho
(Hemisfério Norte) e 21 de Dezembro (Hemisfério Sul).
O Solstício de verão ou Litha é o dia mais longo do ano, é o início
do verão. Por causa das propagandas e costumes muitos no Hemisfério Sul acham
que é Natal, pois de fato no Hemisfério Norte é Natal (inverno). O que confunde
aqueles que não compreendem ou não têm o conhecimento da origem dos festivais. Este
festival é conhecido como a Luz do Verão (tradução do gaélico), é o êxtase
máximo da união sagrada dos deuses na natureza, onde o poder da criação está
mais ativo e o Sol finalmente alcançou o seu ápice.
O nome Litha é relativamente moderno e provavelmente é
derivado da palavra saxã que significa "o oposto de Yule” (natal ou
solstício de inverno). Litha marca o primeiro dia do verão sendo um dos oito
sabás do paganismo. O termo pode ser usado especialmente no calendário das
religiões Wicca e Asatrú.
Litha é um a celebração do fogo, momento em que o poder do
Sol chega ao seu ápice e as flores, as folhagens e os gramados se encontram em
abundância na Natureza. É o dia mais longo do ano, no qual o poder da luz se
encontra acima da escuridão, garantindo poder e proteção. Nesse período
celebramos a abundância, a luz, a alegria, o calor e o brilho da vida
proporcionada pelo Sol. Nesse instante o Sol transforma as forças da destruição
com a luz do amor e da verdade. Para os celtas, Litha é um período mágico onde
o véu que separa o nosso mundo do mundo das fadas está mais fino.
O Litha é um Sabá do apogeu do poder do sol, o solstício de
verão. É quando o Deus solar está em seu poder máximo, esse período é quando as
plantas tem maior carga de poder, pois estão bem energizadas pelo astro rei, é
um festival também propício para casamentos. Antigamente, os casamentos eram
celebrados em junho para garantir-se a fertilidade, sendo esta uma data muito
propícia, “embora diferente de Beltane”, que era reservada aos ritos de
fertilidade e ao Casamento Sagrado das divindades.
O Solstício de Verão é o período de materialização de todas
as nossas esperanças, onde projetos, sonhos e desejos lançados na época do
plantio, começam a dar seus frutos, conforme o despertar da consciência,
tornando-se realidade. O Deus em seu aspecto de luz está no auge de seu poder e
é coroado como o Senhor da Luz. É uma época de fartura e celebração. O
Solstício de Verão é o período de materialização de todas as nossas esperanças,
onde projetos, sonhos e desejos lançados na época do plantio, começam a dar
seus frutos, conforme o despertar da consciência, tornando-se realidade.
Quando falamos plantio queremos dizer daquilo que você
“planta” seja o trabalho, no campo ou em um escritório. Todos nós plantamos e
colhemos. Quando falamos de colheita pode-se dizer, não apenas, a colheita
direto do solo como o agricultor que planta o milho, mas a colheita é aquilo
que conseguimos no seu ciclo anual, o dinheiro arrecadado, a comida na mesa e
todas as coisas que podemos desfrutar do nosso trabalho, o nosso ciclo anual, a
Roda do Ano.
Lammas: 1º de Agosto
(Hemisfério Norte) e 2 de Fevereiro (Hemisfério Sul).
Lammas, também chamado Lughnasadh (pronuncia-se Lunasá que
representa Lugh o Deus do Sol para os celtas). É o Festival da Primeira
Colheita, é o tempo da colheita do trigo, quando colhemos o que plantamos,
quando celebramos os frutos do mistério da Natureza.
É a festa da primeira colheita que ocorre entre o Solstício
de Verão (Litha) e o Equinócio de Outono (Mabon), uma época de agradecimento
aos Deuses por tudo o que colhemos. Sendo gratos pela generosidade da Deusa em
seu aspecto de Rainha da Terra.
O nome Lughnasadh veio de uma festa agrícola típica dos
Celtas. Uma festa da colheita em honra ao deus do Sol, Lugh (o maior guerreiro
dentre os celtas, pois derrotou os gigantes que exigiam sacrifícios humanos).
O nome Lammas significa "Missão do Pão (loaf
Mass)", que representa o alimento (geralmente pão ou bolo e qualquer outra
massa) feito com os grãos, farinha ou milho, que representam a colheita. Este nome vem do costume medieval de levar os
primeiros pães e bolos para uma celebração. A colheita farta levava os
camponeses a fazerem seus pães e bolos, assim eles trocavam seus alimentos e
todos podiam comemorar felizes pelo alimento que a Mãe Terra fecundou através
de seus esforços na época do plantio. A colheita que celebramos é a colheita
das vivências, sejam elas boas ou ruins, celebramos a fartura, não só a da
mesa, mas também a fartura em nossas vidas em vários aspectos. É a celebração
do “Pão Nosso” de cada dia.
Mabon: 21 de Setembro
(Hemisfério Norte) e 21 de Março (Hemisfério Sul).
Em Mabon o equinócio de outono dia e noite tornam-se iguais. O
Equinócio de Outono é o Festival da Segunda Colheita. O nome Mabon vem de um
deus Celta (também conhecido como Angus), o Deus do Amor.
A Cornucópia é um símbolo representativo de fertilidade,
riqueza e abundância nesse festival. Na mitologia greco-romana era representada
por um vaso em forma de chifre, com uma abundância de legumes, moedas, frutas e
flores se espalhando dele. Hoje, simboliza a agricultura e o comércio, além de compor
o símbolo das ciências econômicas.
A cornucópia é o símbolo mais utilizado para representar o
equinócio de outono, onde é cheio de frutas, grãos, moedas, folhas, castanhas e
diversos outros símbolos de forma que eles sejam derramados sobre o altar. É
tradição reunir os amigos para um jantar, a fim de celebrar a fartura e
comemorar as conquistas do ano.
O significado da cornucópia provém da cabra Amalteia que na
mitologia greco-romana amamentou Zeus enquanto criança. Significa a natureza
nos dando a abundância na colheita, a eterna fartura da Terra. Do latim “cornu
copiae” ou "corno da abundância", de “cornu” ou "chifre" e “copiae”
ou "abundância, muitos recursos, posses". O próprio chifre é um
símbolo fálico, representante do sagrado masculino. E, como a cornucópia remete
a um chifre, é uma das representações mais utilizadas do Deus Cornífero nas
religiões pagãs e neopagãs. O seu interior simboliza o útero da Deusa, quando
cheio de alimentos simboliza a generosidade da terra fértil, representando o sagrado
feminino.
Na noite de Mabon devemos pedir harmonia no amor e proteção
para as pessoas que amamos. Deve-se agradecer o que se conseguiu conquistar na
vida até o momento e também a manutenção da saúde e da própria existência que é
uma dádiva divina. É a ocasião ideal para pedirmos por todos que estão doentes
ou velhos.
As noites já começaram a ficar mais longas, desde o Solstício
de Verão, é a época do renascimento para manter o eterno ciclo do
nascer-morrer-renascer. Repare na Terra, é de fato o momento da segunda
colheita.
Após o Mabon fecha-se o
Ciclo, a Roda do Ano girou e voltamos a Samhain, o ano novo.
Todos os povos antigos e os povos atuais comemoram essa Roda
do Ano, seja no Sul ou no Norte, tendo esse conhecimento ou não. Posso morar no
Sul e seguir a Roda do Norte? Pode sim, mas saiba que você poderá ir através da
egrégora e não da natureza ou das quatros estações, estará seguindo o contrário
da realidade que te cerca. Mas, isso vai de cada um, a preferência de seguir a
energia humana (social, egrégora) e seus pensamentos ou a natureza e seu ciclo.
Todos os povos comemoram o casamento, as colheitas, o Natal,
a Páscoa, o dia dos mortos e as estações. Essa é a Roda do Ano, uma Lei de
nossa Terra, uma lei não apenas humana. Ela é algo indispensável a todos os
seres viventes que nascem da Terra e voltam para ela no fim de suas vidas
(sejam humanos, animais, vegetais ou mesmo minerais). Somos parte da Natureza e
seguir seu curso nos faz sermos dignos do merecimento de viver em uma Terra maravilhosa.
Celebrar a Roda do Ano nos dá a honra de estarmos vivos para construir e
evoluir dentro daquilo que nossos antepassados deixaram; nos faz humanos em
sintonia com a grande Deusa, a Terra. E, sintonia significa harmonia, paz e
saúde.
Por Letícia de Castro
Fundadora da Academia Ciência Estelar
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