Quando se fala em “deuses” logo vem à ideia o politeísmo[1].
Este termo, politeísmo, geralmente é usado pejorativamente como se fosse um
anátema, uma esconjuração. Em oposição, é senso comum que “o que está na moda” (em
termos de Estatística, Moda[2]
é aquilo que tem mais e não necessariamente o que está correto) é o Monoteísmo[3].
Na verdade qual religião pode se dizer monoteísta hoje?
Afirmar que existe Pai, Filho e Espírito Santo, ou seja, as Três Pessoas, é o
mesmo que afirmar que esta crença é politeísta. E se considerarmos então a
questão dos Anjos[4],
Arcanjos, etc. aí então fica caracterizado de vez o politeísmo.
Moisés[5],
o governante hebreu de pulso mais firme, conforme a Bíblia, instituiu a fé em
Javé[6],
um deus do deserto muito cruel, vingativo e inflexível (um conceito muito
diferente do que hoje se prega com a imagem de paciência, compreensão, amor,
etc.). Teoricamente esta é a origem do suposto monoteísmo católico. Mas, a
ideia mais original de um deus único é justamente do berço onde Moisés cresceu
e se alimentou: a religião egípcia[7]
e seu deus Aton[8], o
não criado propalado por Akhenaton[9].
Porém, é muito mais comum vermos a religião egípcia como politeísta e
encabeçada por Amon[10].
Mas, nos distanciando da polêmica entre monoteísmo e
politeísmo, Moisés parece não ter trazido somente o conceito de unidade divina
do Egito, mas também o conceito dos famosos “Mandamentos”. Ele certamente se
espelhou nas “Confissões Negativas[11]”
no julgamento do coração do morto, no Amenti, pela deusa Maat [12](a
deusa da Verdade, da Justiça e da Ordem Divina) e pelo deus Anubis. Os essênios[13]
(grupo judeu no qual muitos afirmam ter Jesus convivido entre seus 13 e 30 anos
de idade) certamente adotavam as práticas de vida dos antigos Hassidins[14].
Estas práticas e preceitos de “retidão” estão em sintonia com as propostas de
Maat.
Tanto no Antigo Egito quanto outras antigas civilizações
trazem orientações, ensinamentos e prescrições que, para aqueles povos, foram
repassados por “deuses”.
Praticamente todas as religiões arcaicas tinham sua ciência
centrada e baseada no estudo das estrelas. Nos sítios arqueológicos sempre se
encontram locais de observação e estudo dos céus. As próprias pirâmides egípcias
são observatórios estelares, bem como Stonehenge e outros sítios.
Ora, é interessante se refletirmos que muitas destas
culturas não se conheciam, e até estavam em continentes diferentes umas das
outras. Mas, mesmo assim, tinham princípios, valores, práticas e preceitos
muito parecidos umas das outras. Isso só pode nos indicar uma fonte única de
onde partiu todos estes ensinamentos, informações e práticas. É interessante se
observar, por exemplo, o quão é semelhante, quase igual, os nomes das letras e
as formas de se cumprimentar entre judeus e árabes. Porém, os mais radicais
teimam em não ver as semelhanças, mas somente as diferenças e perpetuar uma equivocada
luta interminável entre as religiões. O homem sempre distorceu as orientações
oriundas dos guias estelares.
É uma pena que nossa atual “ciência” e seus cientistas
relutam em relegar os conhecimentos antigos à vala comum da fantasia. O famoso
filósofo e historiador Mircea Eliade[15],
em sua obra “O Mito do Eterno Retorno[16]”
nos afirma que:
“A mais importante diferença entre o homem das sociedades
arcaicas e tradicionais, e o homem das sociedades modernas, com sua forte marca
de judeu-cristianismo, encontra-se no fato de o primeiro sentir-se
indissoluvelmente vinculado com o Cosmo e os ritmos cósmicos, enquanto que o
segundo insiste em vincular-se apenas com a História”.
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