Vivemos hoje uma cultura do hedonismo pautada pela
verdadeira fuga da dor, do sofrimento e das responsabilidades. Perdeu-se a
noção de que o aprendizado, o desenvolvimento, a evolução e o progresso
caminham juntamente com o esforço, com a dedicação, com o trabalho, com a
responsabilidade. Alunos querem nota sem ter que estudar, funcionário quer
férias e benefícios sem ter que se dedicar, empresários querem trabalho
dedicado sem pagar salário adequado, os namorados exigem de seus pares o ideal
sem se disponibilizarem a fazer por merecer, manifestantes exigem paternalismo
do governo sem utilizar os caminhos democráticos e por aí vai ...
O fato é que vivemos uma cultura que valoriza as ditas
“coisas boas da vida” e seu acúmulo, posse, controle e mesmo exibição.
O Marketing do comércio se aproveita, consciente ou
inconscientemente, desta angústia das pessoas para conquistar suas atenções,
interesses e disponibilidade para gastar dinheiro em busca do que assinale como
segurança, alívio, estabilidade. O mesmo ocorre com algumas religiões que, além
disso, ainda colocam “lenha na fogueira” aumentando o conflito ao exaltar o mal
dos “pecados”. Como se Deus não quisesse que fôssemos felizes, tivéssemos
prazer, alegria. Transformaram a alegria e o prazer em pecado, coisa
supostamente condenada por Deus. E as pessoas ficam “entre a cruz e a espada”,
compram ou não, se permitem ou não, acumulam ou não?
Nada na vida é fixo, eterno, controlado ou dominado
permanentemente por quem quer que seja. Tudo é mutável, instável, inseguro,
variável. A ideia de fixidez é equivocada e não se sustenta. Quem vive para se assegurar de que domina,
controla ou tem posse definitiva de algo “bom” está fadado ao sofrimento, à dor
e à angústia.
A questão central está no apego ao que supostamente é bom,
belo e agradável, seja um dia de sol, seja a juventude, seja um amor, seja um
carro, seja uma deia ou conceito, seja o que for. O problema não é o objeto desejado em si, mas sim o desejo de posse, controle, domínio e perpetuação daquilo.
Aí sim reside o cerne da dor e do sofrimento. É aí que “pecamos”.
Nada na Criação é estável, fixo, definitivo. Lousier já
dizia “No mundo nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O próprio mistério
da Criação é a transformação, a reciclagem, o constante e perpétuo mudar rumo a
um estado melhor. O carro roda na superfície do planeta Terra que gira em torno
do Sol que por sua vez gira ao redor do centro da galáxia que está em movimento
pelo espaço infinito. Todo dia é sucedido por uma noite sempre, até que se
altere. O que era bom passou a ser mau e vice-versa. O partido de oposição passou a ser situação e isso se modificará no
futuro novamente. O que você pensa que é seu, seja carro, casa ou
embarcação, na verdade não é e isso ficará evidente se não pagar seus impostos
corretamente. O seu corpo não é seu, Deus o deu a você para que faça bom uso e
Ele pode tomá-lo quando bem entender!
Se quisermos não
sofrer devemos nos desapegar. Ao passar pelo campo, se vemos uma rosa
bonita e por querer tê-la só para nós a cortamos no caule estamos matando esta
flor que nasceu na natureza para todos. Ela certamente morrerá muito antes do
que se ficasse lá na roseira.
Faça um exercício de imaginação, pense em seus problemas e
visualize as situações sem seu desejo de manter as coisas como estão,
imagine-se deixando a vida fluir, seguir seu rumo sem você querer decidir para
onde ela deve ir. Observe que talvez os “estragos” imaginados não fossem tanto
quanto imagina, talvez as mudanças pudessem até trazer coisas “boas” ou
novidades interessantes à sua vida. Perceberá que a vida não acaba, pelo
contrário poderá continuar de uma forma bem interessante.
O esforço que se faz para sustentar algo insustentável, para
se manter posses e bens, desgasta muito nosso organismo gerando estresse,
envelhecimento precoce, doenças, etc.. O desapego também é sinônimo de vida
longa, prazerosa, alegre, harmonia e paz interior.
Para sermos felizes devemos aprender a deixar a vida fluir e
não lutar contra ela. Afinal, Jesus não disse que Ele é o caminho, a verdade e
a Vida? Lutar contra a vida é lutar contra o Cristo, contra Deus, contra nossa
própria existência. De certa forma, lutar contra a vida é um jeito de suicídio
gradativo, silencioso, sutil e “aceitável”, porém extremamente poderoso e eficiente.
“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que
haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo
que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do
que o vestuário?
Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em
celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do
que elas?
E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado
à sua estatura?
E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios
do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu
como qualquer deles.
Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é
lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos,
ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial
bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas
coisas vos serão acrescentadas.
Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã
cuidará de si mesmo.”
Mateus 6:25-34
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