À medida que a pessoa aumenta seu nível ou grau de poder
também aumenta sua responsabilidade com a espiritualidade. O poder, seja ele de
que natureza for, traz consigo um compromisso obrigatório e tácito para com a
sociedade, compromisso este que lhe será cobrado de alguma forma, algum dia, em
alguma circunstância.
Um empresário seja ele pequeno, médio ou grande, e até mesmo
os executivos, tem uma missão espiritual muito importante. Esta missão hoje
recebe uma leitura moderna com o nome de responsabilidade social.
Assim como um político governante, o empresário tem sob seu
compromisso social a vida de diversas pessoas. Mais do que simples mão-de-obra,
ou recursos humanos, ele tem pessoas sob sua direção. Não são robôs, mas sim
seres dotados de sonhos, expectativas, necessidades, sentimentos, como ele
próprio.
Porém, mais do que seus funcionários, os empresários têm sob
sua responsabilidade outras pessoas, ele tem famílias que dependem de sua
empresa para o sustento. Muito mais do que o sustento, um emprego é sinônimo de
dignidade para o trabalhador, uma forma desta pessoa exercitar seu lado útil à
sociedade. Com um emprego a pessoa sai da marginalidade, deixa de ser um peso
morto, um simples parasita. O sentimento de se ter um emprego injeta na alma
esperança quanto ao futuro, entusiasmo pela vida e confiança em si mesmo.
O empresário além de pagar os salários aos funcionários
também cumpre a sagrada missão de oferecer para a sociedade produtos e serviços
que ela necessita. Cada vez mais estamos acostumados a utilizar produtos
industrializados e que seriam impossíveis de obter de forma artesanal. Aliás,
se fôssemos fazer artesanalmente tudo o que consumimos não teríamos tempo para
a tarefa e muito menos para trabalhar contribuindo com as outras pessoas.
O emprego oferecido pelo empresário incute esperança e
confiança em seus funcionários, que levam para seus lares estes sentimentos,
sustentando a qualidade de vida de todos, até mesmo dos animais domésticos que
lá habitam. Além disso, os salários pagos injetam recursos no mercado,
beneficiando a economia ao fazer o dinheiro circular. A concentração de renda é
péssima para a economia e para a qualidade de vida da sociedade. O investimento
de grandes somas de dinheiro no mercado financeiro ou com a aquisição de imóveis
retira dinheiro de circulação, prejudicando demais a sociedade.
Se o dinheiro está circulando, o operário compra uma pipoca,
o pipoqueiro compra uma roupa, o comerciante paga seu fornecedor que paga seu
representante, este representante paga o hotel, o dono do hotel paga o açougue
e o açougueiro compra um jornal. O dono da banca de jornal compra um caderno
para o filho estudar e a loja paga o distribuidor que paga a indústria que paga
o operário. Assim, o mesmo dinheiro circulando volta para as mãos do operário e
todos se beneficiam. Quando alguém pega este dinheiro e guarda de alguma forma,
rompe com esta cadeia.
Por trás da oferta de emprego está a grande missão do
empresário: oferecer dignidade para profissionais, contribuir para a qualidade
de vida de famílias, injetar esperança e entusiasmo nas pessoas, produzir bens
e produtos que a sociedade necessita e ajudar para a saúde da economia de sua
região.
Desta forma, o empresário se assemelha a um pai que tem sob
sua guarda as almas de seus funcionários de suas família. Uma decisão
empresarial não deve ser tomada apenas considerando o aspecto financeiro da
questão, mas também no aspecto econômico, social e espiritual. A má gestão
organizacional ou a exploração da chamada mão-de-obra será cobrada do empresário,
algum dia, em algum momento.
A espiritualidade não se exerce dentro de templos. Nestes
locais nos reunimos regularmente para nos lembrarmos de nossos laços e
compromissos. Porém, a espiritualidade é algo que devemos vivenciar plenamente
na rotina de nosso dia-a-dia, no exercício de nossas atividades profissionais,
sociais, afetivas e familiares.
Afinal, o espírito não se limita a um local, mas vibra
intensamente no âmago do ser humano e partindo do coração, é canalizado pelas
mãos que abençoam tudo que tocam, inclusive produtos e o dinheiro.
É assim que o trabalhador abençoa o “pão nosso de cada dia”.
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