terça-feira, 31 de março de 2015

Carnaval – Uma festa pagã


A maioria das pessoas entra na folia do carnaval desconhecendo sua origem e significado. Deveríamos todos saber sobre a origem das coisas, das festas, das religiões e de nós mesmos. De onde vem essa grande festa? Já parou para pensar de onde vem o carnaval?



 Aparentemente o carnaval é um festival que se originou na Grécia em meados dos anos 600 a 520 a.C. Os gregos realizavam seus cultos através dessa festa, um agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo. Mais tarde os gregos e também os romanos passaram a consumir bebidas, danças e práticas sexuais na festa. Com isso a festa se tornou “pecaminosa” aos olhos da Igreja católica, sendo condenada até 590 d.C., quando a Igreja mudou este rótulo.

 Com o passar do tempo, a Igreja Católica adotou o carnaval do paganismo (assim como todas as outras festas; páscoa, natal, festa junina etc). Passando a fazer parte dos cultos oficiais da igreja, o carnaval era comemorado abolindo os “pecados”, fugindo da real origem que era a alegria e o culto à fertilidade do solo e suas conquistas através da colheita na Terra. Em 1545, durante o Concílio de Trento (também chamado de Concílio da Contrarreforma), o carnaval voltou a ser uma festa popular.
O carnaval surgiu no Brasil por volta de 1723 durante a colonização europeia. No período colonial, uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o “Entrudo”, uma festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos. As pessoas desfilavam e dançavam fantasiadas e mascaradas. Foi no século XIX que os blocos carnavalescos surgiram com carros decorados e pessoas fantasiadas de forma semelhante à de hoje. O carnaval foi adotado pela população brasileira se tornando uma das maiores comemorações culturais do país. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos, afoxés, frevos, maracatus, as marchinhas e as escolas de samba.

 O Festival do Carnaval é constituído pelos três dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas, em que se inicia a abstinência quaresmal daí o nome de Carnaval, «adeus, carne». Carnaval vem de "Carna Vale" que significa Carne à Vontade. Para a igreja católica, que adotou o carnaval do paganismo, a palavra carnaval é originária do latim “carnis levale”, cujo significado é retirar a carne. Para ela o significado está relacionado com o jejum que deveria ser realizado durante a quaresma e também com o controle dos prazeres tidos como “mundanos”. É a despedida da "carne" para a purificação na quaresma. O Carnaval é definido contando-se 40 dias "para trás" do dia da Páscoa. Quarenta dias equivale à um ciclo e meio da Lua. Como ela é o símbolo da Natureza significa que é o tempo para uma reciclagem, o suficiente para uma depuração; e ainda, que o meio ciclo restante coloca-a em uma posição sempre exatamente oposta e complementar à que estava no início do ciclo.

 Na tradição esotérica é outra festa importantíssima e necessária. No entanto, houve muitas degenerações em sua celebração. Sua realização tem o objetivo de saciar as necessidades da "carne", ou seja, dos instintos físicos e tridimensionais, e isto é muito diferente da liberação do desejo, que por sua vez é insaciável. No Carnaval é dado ao homem o direito do desfrute total daquilo que a Natureza pode oferecer para logo a seguir preparar-se para a vinda do Pai, para saciar, então o nosso espírito. É necessário este equilíbrio, pois não estamos no Céu e sim na Terra, somos filhos da Terra. Mas também somos filhos do Pai, senhor do domínio celeste. Esta saciedade das reais necessidades de nossa natureza física/emocional deve ser feita de forma a mais consciente possível, muito distante da paixão, da ilusão, do vício e de tudo que nos turve a visão do que está ocorrendo e suas consequências.

 Também existem indícios que o carnaval era praticado na Mesopotâmia e na Babilônia. Possivelmente a festa Babilônica pode ter originado o que conhecemos como carnaval. As “Saceias” eram uma festa em que um prisioneiro assumia durante alguns dias a figura do rei, vestindo-se como ele, alimentando-se da mesma forma e dormindo com suas esposas. Ao final, o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado. Já a troca de papeis sociais no carnaval, como os homens vestirem-se de mulheres e vice-versa, pode encontrar suas origens na tradição mesopotâmica.
As associações entre o carnaval e as orgias podem ser de origem greco-romana, como os bacanais (festas dionisíacas, para os gregos). São festas dedicadas ao deus do vinho, Baco (ou Dionísio, para os gregos), marcadas pela embriaguez e pela entrega aos prazeres da carne.


Em Roma existiam as festas Saturnálias e as Lupercálias. As primeiras ocorriam no solstício de inverno, em dezembro (no hemisfério norte é o contrário do hemisfério sul) e as segundas, em fevereiro, que seria o mês das divindades infernais, mas também das purificações. Tais festas duravam dias com comidas, bebidas e danças. Os papeis sociais também eram invertidos temporariamente, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores e estes se colocando no papel de escravos. Durante os carnavais medievais por volta do século XI, no período fértil para a agricultura, homens jovens que se fantasiavam de mulheres saíam nas ruas e campos durante algumas noites.

Os povos antigos causavam a inversão do mundo em diferentes manifestações populares. Deus virava Diabo, homem virava mulher, escravo virava rei e assim eram as fantasias do carnaval. Em Roma e Veneza, os participantes usavam a bauta, uma capa com capuz negro que encobria ombros e cabeça, além de chapéus de três pontas e uma máscara branca. Os assírios também realizavam uma celebração parecida com o nosso carnaval de rua atual. No mês de março, a civilização assíria organizava uma festa em tributo à deusa Ísis, divindade de origem egípcia responsável pela proteção dos navegantes. Os seus participantes costumavam utilizar máscaras durante uma procissão em que um carro transportava uma embarcação a ser oferecida para a deusa. No Egito, os rituais eram oferecidos ao deus Osíris, por ocasião do recuo das águas do rio Nilo.

 A quaresma na verdade é o tempo equivalente em que as pessoas com doenças contagiosas ficavam em isolamento. Durante esse período, fazia-se a limpeza e a purificação do lugar onde o doente morava a queimava-se a sua roupa. De início, o isolamento era de trinta dias a chamava-se trintena, mas ele foi depois aumentado para quarenta dias a passou a chamar se quarentena ou quaresma, palavra que usamos até os dias de hoje. Segundo a Igreja católica, o tempo de Quaresma define o período que Moisés esteve no monte aguardando as tábuas da lei e os dias que Jesus passou no deserto, orando e jejuando. Por este motivo, exorta-se os fiéis a obedecer a certos rituais, fazer penitências, dar esmolas, orar e jejuar, tudo em preparação para a Páscoa, o dia em que se celebra a ressurreição de Cristo.

A prática do jejum não se originou com os cristãos, também é uma prática pagã. Os povos primitivos jejuavam antes da colheita e durante certos períodos na primavera e no outono. Jejuavam antes das caçadas, das cerimônias de iniciação e de alguns ritos mágicos (religiosos).

 Segundo o Guinness Book, o carnaval do Rio de Janeiro está atualmente caracterizado como sendo o maior Carnaval do mundo, com um número estimado de 2 milhões de pessoas por dia. Em 1995, o Guinness Book declarou o Galo da Madrugada, da cidade do Recife, como o maior bloco de carnaval do mundo.

 Resumindo: A identidade do carnaval se perde no tempo. Os povos antigos tinham suas festas bem semelhantes ao carnaval que conhecemos hoje. Acreditamos que as práticas semelhantes foram se misturando ao longo do tempo, tornando-se uma coisa só. Até que a igreja católica pegou essa junção e denominou como “carnaval”. Nosso feriado de carnaval é anualmente calculado pela igreja, mas os cálculos são sempre feitos da forma pagã. De fato o carnaval é uma festa alegre onde o pobre pode virar rico, o rei vira escravo, homem vira mulher ou animal, um tempo onde tudo é possível, tudo aquilo que não vemos o ano inteiro e nosso eu profundo tem vontade de fazer e não pode, devido ao status social seja ele qual for. No carnaval máscaras são permitidas e os prazeres da carne são práticas comuns. A origem do carnaval é tão antiga que se perdeu na história das civilizações. Podemos compreender uma coisa; que o carnaval sempre existiu seja ele cristão ou pagão, de uma forma ou de outra, talvez seja uma das festas mais antigas do planeta.


 Por Letícia de Castro

 Academia Ciência Estelar

terça-feira, 17 de março de 2015

Astrologia Iniciática

Astrologia Iniciática


As pessoas estão acostumadas a terem a Astrologia como uma crendice placebo e que serve para se prever o futuro. Há aqueles que afirmam que a Astrologia estuda a influência dos astros sobre as pessoas. Não poderiam estar mais enganados.



O conhecimento hoje conhecido parcialmente pelo nome de Astrologia é uma verdadeira ciência. Ela sempre foi estudada e praticada na antiguidade pelos mais destacados, sérios e experientes cientistas de todas as épocas. Em sua história a Astrologia, ou a Ciência Estelar, era consultada para orientar grande líderes, reis, imperadores e faraós na tomada de decisões importantes tanto quanto à gestão dos negócios de interesse dos povos quanto nas estratégias relativas ao futuro dos mesmos.

Somente com o advento da “moderna” ciência acadêmica, quando colocaram “no mesmo saco” a Astrologia junto com os excessos dos religiosos decadentes da época” é que a Astrologia deixou de ser considerada como ciência. Mas, este “processo” de descrença e verdadeira perseguição da Astrologia pela ciência acadêmica não ocorreu de uma hora para outra, foi se construindo gradualmente até a situação de hoje.

É comum nos depararmos com estudos sérios relativos à história da humanidade, tanto dentro de escolas iniciáticas como a Maçonaria quanto no meio científico, em que se identifica como astronomia conhecimentos anteriores à Idade Média, quando “nasceu” a ciência acadêmica. Ora, como isso poderia ser? A astronomia é uma ciência acadêmica e jamais poderia ter existido antes de sua “criação” humana ou terrena. Então, utilizando-se de um termo acadêmico, creditar à astronomia conhecimentos antes de sua própria produção é plágio, do mais evidente e grosso, deslavado e descarado. Isso não é ciência (acadêmica)!

O fato é que a Astrologia não é motivo de fé ou descrença, mas sim uma ciência. Não se precisa acreditar nela para que seja funcional. O ferramental astrológico nos permite, utilizando-se o conhecimento dos arquétipos do inconsciente coletivo, realizar, assim como um médico ou psicólogo pode fazê-lo, emitir prognósticos sobre a evolução de um determinado quadro ou cenário. Estes termos, “arquétipos do inconsciente coletivo” foram criados e pertencem à psicologia junguiana, que também não é considerada ciência pela “academia científica”, mas que é bem conceituada e respeitada no meio acadêmico “oficial”.

Um bom conhecedor das Leis Cósmicas Universais e Eternas sabe que não existe influência alguma de planetas sobre nossas vidas. Quem diz o contrário ignora que ignora os fundamentos desta ciência cósmica. Muitos astrólogos que renegam as origens espirituais da Astrologia ao se desvincularem das raízes desta ciência também perdem o verdadeiro fundamento e explicação acerca do funcionamento deste magnífico conhecimento.



Podemos afirmar, sem receio de cometer equívoco algum, que o conhecimento das Leis Cósmicas Universais e Eternas, hoje conhecidas simplesmente como Astrologia, é diretamente proporcional ao nível de consciência do astrólogo e das pessoas em geral. Se considerarmos afirmações que a melhor camada de nossa sociedade quando muito atinge utilizar 10% de sua capacidade cerebral ou de consciência, podemos então compreender que temos ainda outros 90% de conhecimentos astrológicos que sequer imaginamos que existam.

Outro equívoco que se comete por se descartar a verdadeira origem da Ciência Estelar, hoje conhecida como Astrologia, é que ela "surgiu” com a observação dos astros na busca de explicação do que se acontecia na vida de povos primitivos. O fato é que o conhecimento da Ciência Estelar acerca das Leis Cósmicas Universais e Eternas, hoje simplesmente conhecida como Astrologia, foi “ensinado” aos humanos do planeta Terra por seres conscientes e mais evoluídos oriundos de outras paragens siderais. Alguns veem estes seres como sendo anjos, outros os veem como extraterrestres.



Porém, tampouco foram anjos ou seres extraterrestres que “criaram” este conhecimento da Ciência Estelar acerca das Leis Cósmicas Universais e Eternas. A Ciência Estelar é a ciência das estrelas, uma verdadeira “Ciência da Luz”, pois estrelas são sóis e como sóis são representantes ou manifestações da Divindade Maior. Ou seja, a Ciência Estelar é uma verdadeira ciência divina, perfeita, completa e não tem nada de humano nela em termos de sua criação. Sua concepção sim é que foi ocorrendo paulatinamente e de forma imperfeita pelo homem terrestre ao longo de nossa história.

Sabe-se que o conhecimento, vulgarmente conhecido ou rotulado simplesmente como Astrologia, refere-se às verdades relativas ao Plano Causal, também conhecido como Manas Superior ou Mental Abstrato (aquele que os gênios conseguem acessar esporadicamente para conceber inovações extraordinárias). Existem acima deste plano outros dois planos que não são vislumbrados pela Astrologia: o plano da Consciência Cósmica ou Búdico e o plano divino propriamente dito ou Átmico.

Ou seja, para que se possa ser um bom astrólogo não basta que a pessoa decore informações relativas à esta ciência através de seu Mental Concreto, mas deve acessar o Mental Abstrato, a causa ou origem das coisas na Criação. 

Astrologicamente falando, o Plano Causal tem a regência do planeta Marte. Por sua vez, este planeta é o responsável pela verdadeira iniciação e esta é uma verdade divina imutável e eterna. É por isso que deve existir uma imagem de Marte/Hércules (simbolizando a Força) nos templos maçônicos (nem todos os ritos) e que na Umbanda quem abre e encerra os trabalhos de gira é sempre o Exu.



Marte, o acesso ao Plano Causal ou o conhecimento da Astrologia nos proporcionam a devida liberdade, autonomia e a possibilidade de conquista de nossa realização. Afinal, Marte representa a “Espada Flamígera” que corretamente usada nos concede o sucesso naquilo que nos dedicarmos a fazer. É por isso que o chamado “Mapa Astral” nada mais é do que um verdadeiro mapa para se conquistar a realização, o sucesso e a evolução. Até porque, ao nos descobrirmos seres espirituais percebemos que nossa evolução ocorrerá sempre conforme nosso trabalho em prol da evolução de todos. Marte é o grande agente das determinações celestes das Leis Cósmicas Universais. Este planeta jamais se indispõe com as Leis, pelo contrário, as defende a as faz serem cumpridas.

Nos harmonizarmos, nos alinharmos com as Leis Cósmicas Universais, utilizando o conhecimento da Ciência Estelar ou Ciência da Luz nos facilita o caminhar, evita maiores sofrimentos e perda de tempo e energia, otimiza o uso de nossas energias e consciência e nos proporciona uma evolução mais rápida, natural e suave.

É por isso que a Ciência Estelar, como Astrologia, está presente, não necessariamente com este ou qualquer outro nome, em todas as antigas tradições, religiões e escolas de mistérios. Até mesmo no seio de religiões que condenam a Astrologia se pode encontrar seu conhecimento da estrutura espiritual da Criação.



Mas, as religiões e até mesmo escolas iniciáticas nada falam sobre Astrologia. Um exemplo gritante é a Maçonaria que em seu Rito Escocês Antigo e Aceito decora seus templos com 90% de simbologia astrológica. Existem 12 enormes colunas chamadas zodiacais que ladeiam os templos que têm seu teto estrelas e planetas e no oriente os símbolos da Lua e do Sol. Apesar disso é raríssimo se encontrar algum maçom que conheça Astrologia e é quase impossível de se encontrar um maçom que a estude.



Para que se possa ser de fato ser um iniciado Marte exige a mais elevada consciência e atitude marciana da parte do candidato à iniciação. Há que se ter determinação, convicção, coração nobre e elevado, colocar suas ações acima dos interesses pessoais, ser um verdadeiro agente divino movido pelo amor e tendo como objetivo a construção de um mundo e uma sociedade cada vez melhores. Somente assim o caminho ao iniciando será franqueado e ele então poderá, no futuro, portar uma espada como mestre de mistérios.


Academia Ciência Estelar

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Sabedoria advinda das eleições 2014

No meio esotérico é comum mensagens e a esperança de uma mudança radical na consciência coletiva a ponto de podermos acessar conscientemente e coletivamente outros planos da Criação e até mesmo fazer contato direto com seres sutis e mais elevados. Mas, será que isso é possível ou mesmo está próximo? O que podemos aprender sobre a realidade humana das últimas eleições aqui no Brasil?



É sabido que nossa humanidade evolui há milênios e que ainda tem muito a evoluir pela frente. Também se sabe que a natureza em sua evolução não dá saltos.

Anteriormente realizamos uma análise chamada “Sinastria” que consistiu em cruzar as características dos Mapas Astrais dos três principais candidatos à eleição (então, Aécio Neves, Dilma Roussef e Marina Silva) com o Mapa Astral do Brasil. Uma das conclusões a que chegamos foi de que dentre os três não havia um candidato que se destacasse como sendo o melhor deles. Cada um tem um melhor aproveitamento para um segmento da sociedade do que o outro, mas existe certo nivelamento de forma a não existir um “melhor” para o país. O mesmo tende a ocorrer nos relacionamentos íntimos e afetivos em nossa vida particular.  Ou seja, concluímos que não haveria, dentre eles, um “salvador da pátria”.

Apesar de apaixonadamente alguns militantes virem virtudes apenas em seu candidato, o fato é que não existem pessoas muito melhores do que as outras e muito menos perfeitas, dentre nós.

A humanidade evolui lentamente. A busca pela melhoria da qualidade de vida é algo constante e que força os governos, sejam eles quais forem, a ir “ajeitando” a realidade do país e gradualmente ir sanando problemas, deficiências e carências. O homem de hoje não é o mesmo do passado, ele está muito mais ativo, participativo e menos alienado. As conquistas sociais do passado não são perdidas. A CLT, por exemplo, foi uma conquista muito antiga e os governos posteriores não a removeram. O mesmo acontecerá com as mais recentes conquistas que beneficiam os menos favorecidos.

Antigamente, muito antigamente, os povos eram governados por pessoas consideradas “descendentes de Deus”, pessoas especiais e tidas como muito melhores, divinas e perfeitas. A história nos mostrou que estas pessoas eram pessoas comuns, semelhantes aos seus pares, com as mesmas características de limitação de toda ordem. Este poder outorgado por sua suposta condição “divina” ensejou governos tirânicos e despóticos, muitas vezes legitimados pela religião vigente.

Hoje temos no Brasil um sistema de eleição no qual a maioria das pessoas escolhe seu governante. Neste sistema, todos são absolutamente iguais, não importa idade, sexo, cor, credo, condição social, intelectual ou econômica. Este sistema reduz toda a realidade de uma pessoa a um simples número, a uma simples unidade numérica, deixando de lado tudo o mais. Uma pessoa é um voto e pronto, nada mais. É um sistema simples, frio e objetivo. Se ele não contempla uma análise do conhecimento e da experiência do eleitor, considera muito menos o seu nível de consciência, valores, conduta ou trabalho realizado em prol da sociedade.

A pirâmide social, baseada principalmente na vida econômica, nos mostra que os segmentos mais numerosos e, portanto, que de fato são a maioria em termos numéricos, por força da própria economia (distribuição de renda e de oportunidades) se encontra em sua base, como não poderia deixar de ser (a base piramidal é sempre muito maior do que seu topo).

Bem, a humanidade deixou de ser governada por “seres divinos” para serem representadas por aqueles escolhidos pelo povo mais simples, menos favorecido e mais carente, mas também que teve menos oportunidade de estudo, de vida e de amplidão de consciência.

A base da pirâmide, conforme Maslow ensinou, é motivada principalmente pela satisfação de suas necessidades básicas (alimento, moradia, vestimentas) e pela segurança (não ter a manutenção de sua vida sob risco). Ou seja, a maioria da população eleitora não só sente necessidade visceral de ter seu alimento e moradia como quer garantir que isso não se perca de forma alguma. É simplesmente instinto de conservação da vida. Somente depois de isso satisfeito é que se parte para outros níveis de interação social. Mas, para se garantir esta base o ser humano ativa a região de seu cérebro conhecida como “Reptiliana”, que traz memórias ancestrais, primitivas. Afinal, antes de sermos seres humanos intelectuais somos animais que precisam se alimentar e sobreviver. É por isso que as ações motivadas por estas necessidades não contemplam a reflexão, a prudência e muitas vezes nem mesmo a ética ou a empatia.

Nossa atual humanidade terrestre é movida, então, primeiramente pelos instintos animais de preservação da vida que busca a conquista e a manutenção da satisfação de nossas necessidades básicas. Para isso não se pensa, se age e se reage instintivamente.

Outra característica da natureza instintiva, seja ela humana ou animal, é a emoção geralmente associada à satisfação ou à frustração de seus objetivos de sobrevivência. Com a emoção vem a moralidade e também a solidariedade. Os “mais fracos” tendem a se identificar com a dor e com o sofrimento de outros em igual situação.

As pesquisas informaram que 60% dos eleitores assistiram o último debate entre os candidatos à presidência. Segundo a Datafolha, dentre aqueles que assistiram o debate, 36% afirmaram que Aécio se saiu melhor, 24% achou que quem foi melhor foi a Dilma, 6% se disseram equilibrados e outros 4% afirmou que não houve destaque algum.

É provável que dentre aqueles que acharam que Aécio “ganhou” o debate existam pessoas que se identificaram emocionalmente com a situação de vítima de Dilma (de perdedora no debate) e que se solidarizaram com ela, decidindo assim pelo voto na candidata. Ou seja, o que para alguns pode ter parecido benéfico para o candidato, na verdade acabou sendo para a candidata. Isso pode ter ocorrido caso os eleitores que consideraram que Aécio “venceu” o debate tivessem assistido e analisado a transmissão e realizado seus julgamentos emocionalmente. É compreensível este fato, principalmente se considerarmos que as pessoas menos favorecidas, que não tiveram oportunidade de estudar, podem se ver rotineiramente em situações nas quais não têm argumentos, conhecimentos ou articulação intelectual suficiente para sustentar um debate com outra pessoa que teve mais oportunidade de estudos e conhecimentos.

Se não temos condições de afirmar que existam seres divinos entre nós, capazes de dirigir nossas vidas rumo a um futuro melhor, será que pessoas iguais a nós têm consciência para nos dirigir rumo à evolução? Esta pergunta não tem resposta. Nos parece que o Divino nos orienta exclusivamente no plano divino. Somente aqueles dentre nós que conquistam acesso aos planos superiores conseguem uma orientação proporcional aos seus méritos, às suas conquistas pessoais. Mas, estas pessoas geralmente não têm o foco nas necessidades da base da pirâmide social, pelo contrário, têm o foco no topo da pirâmide, em sua realização pessoal. Desta forma, tendem a não se identificarem e nem conseguirem que aqueles que vivem na base da pirâmide social se identifiquem com elas.

Este grupo de pessoas que não se identificam plenamente nem com a base e nem com o topo da pirâmide social (em termos de desejar o poder) vivem e desejam uma sociedade alternativa, com valores e objetivos diferentes. Estas pessoas reconhecem tanto suas necessidades instintivas quanto espirituais e apesar de pertencerem à nossa sociedade não se identificam com ela.

O topo da pirâmide social deveria ser coroada, de fato, com uma pessoa muito acima da média, uma pessoa total e absolutamente abnegada de seus interesses pessoais, que fosse como um verdadeiro sol, que vivesse para a manutenção da vida, da saúde, da prosperidade e da evolução daqueles dos quais se responsabiliza, direciona e representa. Porém, nossa sociedade está muito distante desta realidade. Os governantes, sejam eles quem forem, por enquanto são pessoas comuns que se realizaram socialmente, mas não espiritualmente. E, por realização social, entenda-se a realização dos valores de nossa sociedade formada pela base da pirâmide. Ou seja, o atual topo da pirâmide social são aquelas pessoas que conseguiram conquistar a certeza de que não lhe faltará o pão de cada dia e o abrigo de uma residência e que ainda têm o poder de ajudar outros a chegarem à mesma condição.

É como se tivesse uma pirâmide social dentro de cada faixa da grande pirâmide social.
Por enquanto nos parece que a realidade de nossa sociedade se concentra nos dois níveis básicos da chamada Pirâmide de Maslow. Teremos ainda que evoluir para a terceira camada que tem por motivação a vida social. Quando nossa sociedade atingir esta camada, ela tornará realidade uma vida de cidadania, na qual a pessoa é altruísta, não pensa somente em si mesma, na satisfação de suas próprias necessidades. É provável que quando isso ocorrer a economia mudará radicalmente, o acúmulo de bens e poder já não será o objetivo, haverá colaboração entre camadas sociais, entre governos e países. Não haverá mais esta “corrida selvagem” do mercado econômico ou mesmo profissional e nem social. Será um tempo em que a pauta será a qualidade de vida para todos e que isso não ocorra em desacordo com a harmonia geral. Neste momento de nossa evolução, levar vantagem não será visto como esperteza e mérito, como ocorre agora, pelo contrário, será considerado um crime para com as outras pessoas, para com a sociedade.

Evoluindo ainda mais nossa humanidade chegará ao patamar em que Maslow considerou que a motivação principal será a estima. Neste caso, evolutivamente falando não se trada da autoestima, mas sim a estima e consideração dos outros, da vida em geral, da realidade. Ou seja, um nível de consciência no qual a pessoa não só contribui com a sociedade, mas coloca os interesses e necessidades da sociedade acima de seus próprios. 

É claro que na história temos exemplos deste naipe, como Madre Tereza de Calcutá e São Francisco de Assis, mas até chegarmos à uma sociedade na qual a grande maioria das pessoas pensem, ajam e sintam assim teremos muito a caminhar. Quando chegarmos à este patamar, aí sim será provável que nos encontremos coletivamente com seres mais sutis e elevados, que ocorram aparições para grande número de pessoas. Então, estaremos prontos para no passo seguinte evoluirmos para uma outra realidade na qual de fato sejamos iluminados, seres muito melhores, responsáveis pela vida, saúde e desenvolvimento de outros seres, a partir de planos sutis e elevados da Criação.

A evolução é evidentemente coletiva, ela não ocorre na forma piramidal. Não se evolui sozinho, precisamos pertencer a uma corrente, a uma rede evolutiva. Precisamos nos unir a outros com os mesmos objetivos, valores, conduta e princípios. Desta forma um apoia e estimula o outro, assim como nosso código genético é formado por uma espiral de DNA. Desta forma, a evolução se torna mais fácil, acessível e possível. Talvez este grupo que não se identifica nem com o topo e nem com a base da pirâmide possa influenciar esta pirâmide revolucionando conceitos e práticas, ampliando esta sociedade alternativa e modificando a realidade de nossa atual sociedade.

Mas, para que isso ocorra precisa-se agir em todos os sentidos. Individualmente devemos alimentar pensamentos, atitudes e sentimentos, valores e princípios elevados, nobres, abnegados e altruístas, a cada instante, nos mais simples atos e fatos da vida cotidiana. Coletivamente devemos nos unir de forma franca, aberta e afetuosa com outras pessoas, somando forças, apoios, compromissos e ações rumo a um objetivo maior que esteja acima e além das questões pessoais e individuais.


Vamos então, juntos, trabalhar pela mudança de nossas realidades individuais e contribuir para uma possível mudança social! Conte conosco neste sentido, pois estaremos irmanados nos mais elevados princípios e práticas de natureza tanto social quanto espiritual.


Academia Ciência Estelar

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Você sabe a diferença entre Anjos, Arcanjos e serafins?

Você sabe a diferença entre Anjos, Arcanjos e serafins?


Caros Irmãos e Irmãs,

Muito se fala sobre anjos e arcanjos, mas pouco se estuda sobre a real natureza, características e atribuições destes seres espirituais.

Desde jovem fui questionador e muito curioso. Por isso, quando soube da existência destes seres e suas hierarquias quis conhecer mais, saber como eles trabalham e quais os assuntos a eles relativos.

Somente assim, imaginei, eu saberia como recorrer ao ser espiritual correto acerca dos mais diversos assuntos.

Bem, levei alguns anos para conseguir ter acesso a literaturas confiáveis e respeitadas.

Também procurei estudar em diversas fontes, não apenas em uma só, porque o conhecimentos assim tanto se complementa como também se afasta das interpretações parciais e tendenciosas, ou ainda equivocadas. Um fonte confirmando outra nos traz mais segurança e confiança sobre o assunto.

O assunto é por demais extenso e não é possível de ser colocado em um artigo.

Então, para compartilhar com outras pessoas que assim como eu podem querer saber mais sobre os anjos, resolvei fazer um bom resumo dos conhecimentos que tive acesso e disponibilizá-lo na forma de um curso rápido.

Este Curso de Anjos está estruturado em três módulos. O primeiro aborda sobre "Os Mundos dos Anjos", as hierarquias e sefirotes a eles naturais, conforme tradições cabalísticas e católicas. O segundo módulo aborda a relação dos Anjos com Deus, os Atributos de Deus nas 10 séfiras e os nomes de Deus que "governam" cada um dos 10 sefirote e suas hierarquias angélicas. O terceiro módulo abordará os 7 Anjos Planetários, suas correlações e invocações. 

Este conhecimento é importantíssimo para quem quer conseguir um acesso mais objetivo, real e correto com os anjos e também para quem quer fazer, por exemplo, talismãs planetários. Mas, os módulos são complementares, de forma que um é pré-requisito para que se possa compreender e melhor aproveitar o outro.

Como o curso se dará em nossa Sala de Aula Virtual, o interessado poderá participar do curso na comodidade de sua casa ou escritório, pela Internet. 

O curso é ao vivo e haverá possibilidade de perguntas via chat.

No final do curso disponibilizaremos uma apostila com as principais informações sobre os Anjos.

O curso será neste domingo de eleição, das 08 às 11h e das 14 às 17h. 

Em um dia geralmente em que o país para podemos aproveitar para estudar um pouco mais sobre estes seres que tanto necessitamos e recorremos.

O valor do curso é bem acessível: R$ 50,00.

Aos interessados pedimos que escrevam para o e-mail contato@cienciaestelar.org.br que retornaremos informando o link da sala de aula virtual, senha de acesso à mesma e boleto para pagamento do curso.

Esperamos com isso estar contribuindo com o estudo, a prática e a evolução espiritual de algumas pessoas.

Fraternalmente,


Juarez de Fausto Prestupa


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Programa semanal CIÊNCIA ESTELAR

A partir do próximo dia dois de outubro a Academia Ciência Estelar terá semanalmente um programa on-line. No programa “Ciência Estelar” abordaremos assuntos relativos aos nossos estudos espirituais, apresentando-os em três blocos.

O slogam do programa é “Porque sempre as verdades espirituais vieram do céu”, uma realidade histórica tanto considerada de forma religiosa quanto esotérica.

O primeiro bloco será dedicado às referências religiosas do assunto. O segundo bloco conterá as abordagens e apresentações do tema do programa por parte de escolas iniciáticas e o terceiro bloco conterá referências de mestres da espiritualidade sobre o assunto.

Um programa inédito estará on-line, toda semana, na quinta-feira, às 21h10, no site www.tvjbrazil.com. Haverá reprises nos domingos, às 14h10 e nas segundas, às 24h. Mas, mesmo que você perca as reprises, ainda assim poderá assistir aos programas, pois eles ficarão disponíveis para acesso no site do YouTube.

O tema do programa de estreia é “Astrologia, a ciência estelar dos deuses”. Os temas seguintes são: “Xamanismo, a primeira religião da Terra”, “A manifestação de Deus como natureza” e “O destino da humanidade é a evolução”.

Nos acompanhe e envie comentários e sugestões! Divulgue aos seus amigos e conhecidos.


Aguardamos todos lá!


Em seu nascimento a Ciência estava impregnada de magia e esoterismo!

Aventuras na História

Kepler, Copérnico, Newton...Os pais da matéria

Flávia Dieguez | 01/04/2004 00h00
Kepler, um dos criadores da astronomia, fazia horóscopos nas horas vagas. Newton, fundador da física moderna, escreveu tratados de alquimia. Ao nascer, a ciência estava impregnada de misticismo e magia e, no entanto, revolucionou o modo de entendermos o mundo
Hoje é comum pensar que a ciência nasceu pronta, na tranqüilidade de uma universidade, em algum momento do século 16. Mas a verdade é bem diferente: a ciência não apenas surgiu fora das escolas como esteve quase sempre em confronto com elas. Não foi o resultado de uma sacada genial, mas uma obra coletiva, confusa, incerta e demorada. No longo período de gestação do método científico, entre 1500 e 1700, magos e cientistas andaram juntos em sentido contrário da Igreja e das universidades, cujas idéias dominavam as sociedades daquela época.
Parece chocante saber que os fundadores da ciência eram também alquimistas, animistas ou herméticos, entre outras variantes do pensamento místico que ressurgiram na Europa, em pleno século 15. Mas é claro que, na época, eles não sabiam que estavam criando nova forma de conhecimento e não tinham certeza de seu valor ou de sua utilidade.
Um exemplo da ambigüidade em que viviam esses homens é a história de um dos fundadores da astronomia contemporânea, o alemão Johannes Kepler. Por volta de 1600, ele introduziu os preceitos que os astrônomos ainda seguem hoje em dia ao observar, durante meses a órbita de Marte. A partir daí, tirou uma conclusão – a de que a órbita dos planetas não era um círculo, como se pensava desde a Antiguidade, mas uma elipse. A marca da ciência, como hoje se sabe, era o rigor dos dados coletados por Kepler e a clareza com que os apresentou, permitindo que qualquer um refizesse as observações para checá-las.
Isso é bem diferente do conhecimento mágico ou hermético, que é obrigatoriamente misterioso: não pode ser obtido com base em observações ou de experiências práticas, porque advém de uma realidade transcendental, ou seja, que não pode ser percebida pelos sentidos, nem explicada pela razão. Um estudioso da questão, o inglês Thomas Vaughn, escreveu em 1888, no livro Magia Adâmica, que o conhecimento místico é feito de visões e de revelações, e que o homem só pode chegar a uma compreensão total do universo mediante uma “iluminação”.
Ou seja, mais do que aprender ou descobrir os fatos, o que se buscava, nesse caso, era “entrar” nessa realidade oculta por meio de orações, rituais ou invocações secretas. As fórmulas mágicas e místicas não precisam fazer sentido para as pessoas comuns: ao contrário, vêm sempre em linguagem metafórica, que só os iniciados podem compreender. .
Hoje, é fácil fazer essas distinções porque estamos acostumados com a ciência e, desde criança, aprendemos o valor das definições precisas, das experiências e das observações. Mas os fundadores da ciência tiveram de aprender à medida que avançavam e, a cada momento, tinham dúvidas, oscilando entre as diversas formas de conhecer o mundo. O próprio Kepler, nas horas vagas, fazia previsões astrológicas para aumentar seu salário de matemático, e várias das suas teses tinham muito a ver com as idéias herméticas do filósofo grego Pitágoras, para quem a realidade que vemos não era o mundo verdadeiro. A realidade autêntica, segundo Pitágoras, eram os números puros e as relações entre eles – assim, quem pensa que está ouvindo uma melodia, está apenas reconhecendo, mentalmente, as relações numéricas, abstratas entre as notas – que, no fundo, seriam inaudíveis, só uma “ilusão” dos ouvidos (uma espécie de Matrix matemática).
Kepler gastou um bom tempo tentando desvelar a harmonia oculta no movimento dos planetas, que os pitagóricos supunham formar um círculo perfeito. Mas acabou convencido de que estaria mais próximo da verdade se aceitasse a realidade que suas medidas lhe indicavam, mesmo que fosse a realidade “imperfeita” de uma elipse.
A mesma ambigüidade marcou a vida do alquimista alemão Philipp von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso. Ele era um defensor radical da magia como “a sabedoria secreta”, dizendo que a razão não passava de “uma loucura pública”. Achava que as coisas inanimadas tinham espírito e estava convencido de que os astros exerciam influência direta sobre a saúde das pessoas.
Nada disso é compatível com o método científico. Mas Paracelso também fez observações cuidadosas do corpo humano e corrigiu diversos erros cometidos por Galeno, um dos grandes médicos da Antiguidade. Além disso, foi um pioneiro no estudo da química médica e desenvolveu o conhecimento sobre diversas substâncias importantes, como o enxofre e o mercúrio.
Paracelso nunca defendeu o método científico e não é reconhecido como um pai da ciência. Mas hoje já se admite que seu trabalho contribuiu para o avanço da pesquisa médica. Segundo o historiador italiano Paolo Rossi, um dos maiores especialistas no estudo da origem da ciência, Paracelso “destruiu a medicina de Galeno e transformou a prática médica e o ensino universitário”. Tudo isso no bom sentido, eliminando concepções ultrapassadas e abrindo novas possibilidades de pesquisa.
Do ponto de vista científico, não teve papel inferior ao do alquimista belga Jean-Baptiste van Helmont, que também seguia idéias similares às de Paracelso e foi perseguido pela Igreja. Diversas vezes foi preso e teve de abjurar suas descobertas. Em 1642, publicou o livro Ortus Medicinae, que teve repercussão extraordinária sobre o estudo dos gases. Van Helmont foi um dos primeiros a ressaltar a importância do gás carbônico no corpo humano, especialmente na respiração. Também demonstrou que a digestão não é só uma trituração mecânica da comida, mas uma decomposição química por meio de ácidos.
Como se vê, mesmo hoje não é fácil distinguir a ciência de outras formas de conhecimento. Mas o que agitava as mentes dos sábios e pensadores, a partir do século 15, era algo novo em todo os sentidos. Pela primeira vez admitiu-se que o aprendizado na prática também tinha valor, em alguns casos, era mais valioso que o conhecimento contido nos livros.
Místico e religioso
Essa nova forma de pensar não renegava os grandes ensinamentos da filosofia ou da religião, da lógica ou da intuição, mas determinava que todas as descobertas, além de serem coerentes com a razão, tinham de ser descritas em linguagem direta e demonstradas de maneira igualmente clara, de modo que outro estudioso pudesse repetir a demonstração e comprovar-lhe o resultado. Esses requisitos eram incompatíveis com o pensamento religioso e teológico, que, apesar de aceitar o racionalismo lógico, também se baseava na existência de uma realidade transcendental relacionada à existência de Deus e à fé.
Nos dois casos, místicos e religiosos aceitavam a verdade obtida por meio de uma revelação que não podia ser demonstrada na prática. Imbatíveis durante a maior parte da história da humanidade, durante a Idade Média eles passaram a ser colocados em dúvida. Nesse período, a civilização havia crescido muito (e rapidamente) e, no século 11, a Europa movimentava uma riqueza dez vezes maior que a do Império Romano em seu ápice, no século 3, com uma população também dez vezes superior. Tantas mudanças colocaram em xeque os conhecimentos que a Igreja havia sistematizado desde o século 5, e transformado no saber oficial da Europa. Nessa época, só os místicos faziam oposição à autoridade da Igreja. Era natural, portanto, que do meio deles nascesse o pensamento científico. Rossi conta que os místicos cresceram sob a influência de dois livros: o Secreta Secretorum, atribuído ao filósofo grego Aristóteles, no século 3 a.C., e o Corpus Hermeticum, supostamente de autoria do sábio Hermes Trimegisto, figura lendária do século 2. Esses dois textos foram editados por volta de 1460 e difundiram-se largamente pelo continente, influenciando muitos dos protagonistas da revolução científica.
O astrônomo polonês Nicolau Copérnico, em 1554, invocou a autoridade de Hermes Trimegisto para apoiar sua tese de que era o Sol, e não a Terra, o centro do universo. Na mesma época, o físico inglês William Gilbert, um dos pioneiros no estudo do magnetismo, achava que a força dos ímãs era reflexo do mundo transcendental, nos moldes do vitalismo. O filósofo alemão William Leibniz e o francês Renê Descartes, estrelas do pensamento racional no século 17, eram adeptos do lulismo mágico, uma forma obscura de misticismo. A lógica de Leibniz, segundo Rossi, tem pitadas da cabala. O físico inglês Isaac Newton teria dedicado mais de 1 milhão de palavras de sua obra para descrever processos alquímicos.
Com as navegações, a Europa passou a concentrar as conquistas tecnológicas de outros povos. Formaram-se centros de estudos nos quais se buscavam utilizações mais amplas e universais para o conhecimento de até então. Foram aprimorados o papel, a bússola, a pólvora e os foguetes chineses, e absorvidos dos árabes conceitos como o zero e a própria idéia de universidade, um local voltado exclusivamente para o saber.
A isso somaram-se as contribuições da Europa medieval: a produção em larga escala de metais, vidros e tecidos. Foram as primeiras fábricas da história, tocadas pela força da água. A produção de vidro foi importante para a construção de novos instrumentos, como o telescópio e o microscópio. Além deles, surgiram o termômetro, o barômetro e o relógio.
Sociedade avançada
A transformação foi enorme, mas não repentina. O mundo mudou nos séculos 16 e 18 e a ciência nasceu da adaptação do conhecimento a essas mudanças. Para se ter uma idéia, em 1680, enquanto Newton estudava o movimento dos corpos, ainda não havia eletricidade e ninguém sabia dizer as horas com precisão superior a 10 minutos. Não chega a surpreender que o gênio que coroou a revolução científica acreditasse que a luz era “o espírito da matéria viva” e Deus, “o espírito da luz”. Para ele, a Terra estava viva, como um “vegetal inanimado”.
No campo da biologia, desde 1555 o francês Pierre Belon havia notado semelhanças entre os esqueletos dos animais, abrindo caminho para a idéia da evolução das espécies. Em 1628, o médico inglês William Harvey descobriu a circulação sanguínea. Em 1661, o holandês Franciscus Sylvius estabeleceu que a digestão exige tanto a trituração quanto a decomposição química dos alimentos. Em 1665, o físico inglês Robert Hooke fez os primeiros desenhos de células vistas ao microscópio, mil vezes menores que 1 milímetro. Em 1676, o holandês Anton van Leeuwenhoek sugeriu que poderiam ser coisas vivas. Eram o que hoje chamamos de protozoários.
Em 1597, o alemão Andreas Libau revisou todos os tratados de alquimia e separou o que se podia comprovar do que era obscuro, abrindo caminho para que, em 1661, o irlandês Robert Boyle, descobrisse as regras básicas de combinação dos elementos, tornando-se o fundador da química moderna. No geral, as experiências envolviam elementos conhecidos desde a Antiguidade, como carbono, ouro, prata, cobre, enxofre, estanho, chumbo, mercúrio e ferro. Em 1669, o alemão Hennig Brand batizou o fósforo, o primeiro elemento químico a ter um descobridor oficial. Entre 1750 e 1800, surgiram platina, oxigênio, cloro, hidrogênio, potássio, cálcio e sódio.
Aos poucos, as personagens predominantes na sociedade européia também começaram a mudar: até 1500, diz Rossi, as figuras centrais eram “o santo, o monge, o médico, o professor universitário, o militar, o artesão e o mágico”. Nos séculos seguintes, surgem “o mecânico, o filósofo naturalista e os livres empreendedores”. Nessa última classe, inclui-se o alemão George Agrícola, que se tornou um ídolo da nova sociedade pela compilação que fez dos conhecimentos químicos práticos, extremamente úteis para a metalurgia.
O belga Simon Stevin fez algo parecido no campo da mecânica, por volta de 1585, ensinando, muito antes de Newton, regras claras para calcular as forças que atuam nas máquinas. Ele projetou e construiu uma carruagem a vela, com capacidade para 28 passageiros. Causou sensação e aumentou muito a confiança na nova maneira de entender o conhecimento.
Esses criadores livres, às vezes amigos, às vezes adversários dos místicos, foram aos poucos agrupando-se em associações abertas a qualquer cidadão e a todo o tipo de pesquisa – desde que seguissem as normas da ciência. Elas foram criadas, aprimoradas e disseminadas pelos pesquisadores de maneira coletiva, independentemente do que cada um pensava em particular. Como salienta o sociólogo israelense Joseph Ben-Davi no livro O Papel do Cientista na Sociedade, eles tiveram de organizar suas regras de conduta e seus critérios de verdade na prática, como um meio de se fortalecer ante os modelos antigos de conhecimento. A luta da ciência, diz Ben-Davi “foi, em grande parte, uma luta pelo método exato, paulatino e operacional do cientista”.
O resultado, segundo Rossi, é que as regras da ciência estão descritas nos estatutos de todas as instituições erigidas pelos novos pensadores, como as academias, os liceus e as sociedades científicas. Assim, um texto da Sociedade Real de Ciência, inglesa, pedia que os membros da sociedade dessem “preferência à linguagem dos artesãos e dos comerciantes em lugar da linguagem dos filósofos”, e exigia “postura crítica em relação às afirmações de quem quer que seja”. Uma frase desse estatuto pode ser usada como definição histórica da ciência: “a verdade não está ligada à autoridade de quem a enuncia, somente à evidência dos experimentos e à força das demonstrações”.
Saiba mais
Livros
O Nascimento da Ciência Moderna na Europa, Paolo Rossi, Blackwell, 2001, O autor derruba mitos e mostra que não havia grandes diferenças práticas entre os místicos e os primeiros cientistas
Isaac Newton, James Gleick, Pantheon, 2003, A melhor biografia popular de Newton. Gleick situa o físico inglês no tempo, quando a ciência apenas engatinhava. Imperdível
A History of the Warfare of Science with Theology, Andrew White, Prometheus, 1993, Traz histórias sobre a ingerência do pensamento religioso na ciência. Uma delas conta que até o século 19 a Igreja sugeria que esqueletos fósseis seriam restos mortais de anjos

A primeira vez a gente nunca esquece

1519
Fernão de Magalhães leva três anos para dar a volta na Terra
1542
O belga Andreas Vesálio desenha toda a estrutura do corpo humano e inaugura a anatomia moderna
1543
O polonês Nicolau Copérnico estabelece que a Terra gira em torno do Sol. Nasce a astronomia
1590
François Viète passa a usar letras para representar os números nas equações e inaugura a álgebra
1599
Quando ainda se achava que o rinoceronte era um roedor, o italiano Ulisses Androvandi descreve uma vasta lista de animais e dá início à zoologia
1609
Kepler descobre que a órbita dos planetas é uma elipse
1628
Descrita a circulação sanguínea. Obra do médico inglês William Harvey
1632
Galileu descreve as leis do movimento, sugerindo que um corpo continua avançando se não for obrigado a parar
1658
Jan Swammerdan observa e classifica milhares de invertebrados
1687
Newton publica a síntese da física, ainda em vigor: é preciso aplicar força para mudar o movimento de um corpo; quanto maior a massa, menor é a mudança; toda força cria outra igual, em sentido oposto. Também descobre a gravidade: todos os corpos se atraem

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