quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Do Nada à Estrela de Cinco Pontas


Como alguns pensam, a ideia da existência do Nada pode contar a afirmação da existência de um suposto “anti-Deus”, mas na verdade é mais uma afirmação da existência de Deus. Porém, trata-se da afirmação da existência da ideia de um Deus Imanifesto. Ora, este Deus Imanifesto seria o princípio de tudo, do Deus Manifesto. Então, filosoficamente falando, este Nada ou zero é na verdade a Unidade Primordial. Até porque, o Deus Manifesto é dual. Ele manifesta-se em duas unidades, uma masculina e outra feminina. Ou seja, nossa “Unidade Manifesta” na verdade é uma dualidade de luz e sombras, de masculino e feminino.
Mas, como já vimos anteriormente, a dualidade deságua ou conduz naturalmente à Trindade. O mundo imaginário em união com o mundo real resulta na realidade complexa de nossa existência e nossa Matemática (ver artigos anteriores em http://atonclubeesoterico.blogspot.com/). Assim como é impossível desassociar a força elétrica da magnética, o masculino do feminino, a luz das sombras, também é impossível separar da dualidade o vetor resultante na forma de energia térmica, vida, a visualização das formas e das cores.
Visualmente podemos imaginar a Unidade como um ponto, sem dimensão, simplesmente um ponto no espaço. A dualidade seria a vida, existência ou movimento deste ponto (tal como a ponta de lápis ou caneta se deslocando pelo papel, isso iria criar uma reta). A trindade então já é o rolamento do movimento criado sobre si mesmos, ou seja, a resultante de Sua manifestação (imagine alinha criada como sendo um pequeno e finíssimo rolo embebido em tinta e que rola formando um plano). Assim é a Criação do Plano bidimensional (largura e extensão) da Manifestação. Mas, como já sabemos, a dualidade nos conduz naturalmente à Trindade, à terceira Força, a equilibrante. Então, o quaternário é uma ação ou movimento, ou mesmo vida, do Plano bidimensional (é como se a reta rolando sobre si mesma tenha formado um quadrado e agora este quadrado também se movimenta para cima ou para baixo, formando neste movimento um cubo, uma forma tridimensional). Ou seja, o Quaternário é a vida dos Planos da Existência. É por esta razão que em numerologia afirma-se que o número quatro é o número da matéria ou da Criação em si, da estabilidade e da cristalização das coisas.
Porém, apesar de agradável ou cômoda a estabilidade dos números pares é necessário a energia volitiva e dinâmica do número ímpar. É por isso que existe a revolução na Criação, o que leva à transcendência do quaternário, lhe confere dinamismo e vida. Seria como um movimento rotacional de um cubo, assim ele continuaria sendo um cubo, mas apesar disso teria um movimento ou vida. É a ação do número Cinco conduzindo à chamada “quinta essência” ou transcendência da Criação.

Acima, o "Homem de Vitrúvio" disposto como Pentagrama

Esotericamente muito se destaca a importância do número cinco, principalmente na forma do Pentagrama (ou estrela de cinco pontas). Eliphas Levi, o grande ocultista francês, escreveu:
“O pentagrama exprime a dominação do Espírito sobre os elementos, e é por este signo que encadeamos os Silfos do Ar, as Salamandras do Fogo, as Ondinas da Água e os Gnomos da Terra. Armados deste signo e convenientemente disposto, podeis ver o infinito através daquela faculdade que é como que o olho de vossa alma, e vós vos fareis servir por legiões de anjos ... ... Este império da vontade sobre a luz astral, que é a alma física dos quatro elementos, é figurado, em magia, pelo pentagrama... ... É também pelo pentagrama que se medem as proporções exatas do grande e único athanor necessário à confecção da pedra filosofal e à realização da Grande Obra. O alambique mais perfeito que possa elaborar a quintessência é figurada pelo signo do pentagrama ”.[1]
Levi também é chamado de “O Homem do Pentagrama”. Ele foi um renomado ocultista europeu, abade de monastério e uma pessoa muito sábia, respeitado em seu meio até os dias atuais. Suas obras são referência para os estudos e recomendado pelos mais experientes. O leitor encontrará neste autor uma excelente referência e didática.
O homem comum chega até o número quatro, além disso, o caminho é realizado por aqueles destemidos que dominam a si mesmo, aqueles que chegaram aos seus próprios arcanos e munidos do Pentagrama, símbolo do sucesso nas provas dos quatro elementos e chave para a caminhada do Filho da Luz, rumo à maestria.


[1] LEVI, Eliphas. Dogma e Ritual de Alta Magia. São Paulo: Ed. Pensamento, 1997.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Monoteísmo e o Nada


A discussão sobre o Bem e o Mal nos remete à ideia do Todo e do Nada. Ora, o Nada seria antagônico ao Todo. Mas, conforme a ciência da Física o nada que seria representado pelo vácuo absoluto não existe, à semelhança de nossa discussão sobre a não existência do Mal.
“Vácuo significa ausência total de matéria, ou seja, líquidos, sólidos, gases ou plasma. O vácuo, no entanto pode ser entendido de diversas formas, pois o vácuo absoluto, que realmente é a ausência total de matéria é apenas teórico, existindo no entanto a remota possibilidade de existir o vácuo absoluto em alguma galáxia distante. O nosso próprio sistema solar está preenchido na maioria das vezes por hidrogênio e outros gases”. http://www.algosobre.com.br/fisica/vacuo.html
Este conceito apesar de parecer sem grande importância para nossas vidas na verdade pode resultar em repercussões impensadas.
Foi o que aconteceu com o mundo religioso quando se “inventou” o número “zero”, ou seja, o Nada. Afirmar que existia o zero, ou o Nada, era afirmar que existia algo antagônico ao Todo ou Deus Único!
O desenvolvimento do Antigo Egito, por volta de 4.000 a.C. levou aquele povo a criar os símbolos e com eles nasceu a escrita e os números. Mas, este sábio povo que também criou os números fracionários não concebeu o a ideia do zero. Buscando na história da Matemática encontramos que “É possível que o mais antigo símbolo hindu para zero tenha sido o ponto negrito, que aparece no manuscrito Bakhshali, cujo conteúdo talvez remonte do século III ou IV d.C., embora alguns historiadores o localize até no século XII”:
“Como a mais antiga forma do símbolo hindu era comumente usado em inscrições e manuscritos para assinalar um espaço em branco, era chamado sunya, significando “lacuna” ou “vazio”. Essa palavra entrou para o árabe como sifr, que significa “vago”. Ela foi transliterada para o latim como zephirum ou zephyrum  por volta do ano 1200, mantendo-se seu  som mas não seu sentido. Mudanças sucessivas dessas formas, passando inclusive por zeuero, zepiro ecifre,  levaram as nossas palavras “cifra” e “zero”. O significado duplo da palavra “cifra” hoje - tanto pode se referir ao símbolo do zero como a qualquer dígito - não ocorria no original hindu”.
Longe da Índia, os Maias americanos também deduziram uma representação do zero, por volta dos séculos IV e III a.C. “O conceito do vazio era tão significativo entre eles que havia uma divindade específica para o zero: era o deus Zero, o deus da Morte”[1]. Afinal faz sentido, o zero é a ausência de Todo, ou seja, da Vida, seja em que dimensão ou forma for. Já os gregos, de sua parte, à semelhança dos egípcios, jamais conceberam uma ideia de representação do vazio absoluto. Para eles este era um conceito “antiestético”: “Não fazia sentido existir vazio num mundo tão bem organizado e lógico – seria o caos, um fator de desordem”[2].
Consta que na Idade Média os povos ignoravam o zero e este conceito recebeu muita resistência até ser plenamente aceito como hoje. O zero era considerado um número subversivo.
Pitágoras, que viajou e estudo pelo Egito, defendia que todas as coisas tinham sua origem nos números e que estes expressavam a razão absoluta[3].  Para os pitagóricos todo o Universo era regido pelos números e suas relações[4]. Para eles a importância do estudo dos números residia no fato de que eles, os números, eram sinônimo de harmonia universal e demonstram a essência do universo. Consideravam que os números eram o elo que une todos os elementos da Criação[5].
Então, esta discussão que se iniciou com o estudo das ideias de Bem e Mal nos levou aos números. O estudo esotérico dos números é um caminho seguro, lógico, coerente e prático para debatermos as questões de natureza espiritual, sem a influência do subjetivismo da mística.
É por este caminho que pretendemos continuar nossos estudos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Afinal, o Mal não existe?

A ideia de que o Bem e o Mal lutam em iguais condições é equivocada, como já vimos anteriormente. De um ponto de vista monoteísta não é possível a existência de dois deuses, um do Bem e outro do Mal. Existe somente um Deus que está acima do Bem e do Mal.
Deus então seria somente o Bem e o Mal então não existe? E o que vemos diariamente nos jornais, nas ruas e na televisão, não é maldade suficiente?
A dualidade (seja Bem e Mal, masculino e feminino, positivo e negativo, luz e trevas) surge a partir da Criação quando os Elohin separaram a Luz das Trevas do Caos Primordial. No livro de Gênesis da Bíblia, cap I, versículos 3, 4 e 5 está:
“E disse Deus: Que haja Luz, e houve Luz. E viu Deus que era boa a Luz e fez Deus a separação entre Luz e Trevas. E Deus chamou à Luz Dia e às trevas chamou Noite...”
Observemos que Deus criou a Luz e as Trevas são consequência de uma separação. Por outro lado, observemos também que com esta separação surgiu o dia e a noite, tão necessárias para a manutenção da vida, ou seja, a ação e o repouso.
Santo Agostinho[1] (354 – 430 d.C) já afirmava que o ódio (escuridão) não é uma força que se opõe à Luz, mas sim a ausência desta Luz:
A concepção que Agostinho tem do mal, esta baseada na teoria platônica, assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto não poderia ter criado o mal.
No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho tenta explicar-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente da vontade de Deus) e algo mau (a prevalência da vontade das paixões humanas).[12]
... Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem.
O Mal ou as Trevas nada mais é do que a ausência do Bem ou da Luz.
Pensemos no Bem como se fosse algo que une as coisas e as pessoas, como o Amor, ou mesmo como algo semelhante a uma cola ou cimento. A ausência desta força de união ou coesão resulta na dispersão, na fragmentação, na multidão. Em última instância, o extremo Mal é a absoluta ausência de união ou coesão e, portanto, na total e absoluta dispersão de forma a não existir na forma de uma personalidade, individualidade e muito menos de uma divindade. Pense em uma massa de pedreiro sem cimento. O que resulta? Isso poderia edificar uma casa, um muro ou coisa útil? Não! Seriam apensas areia e cal misturada e que seriam levadas pelo vento ou pela chuva assim que estas ocorressem, sem qualquer resistência.
Pensemos no Bem como fonte de calor. Quanto mais nos afastarmos desta fonte menos calor teremos e assim estaríamos cada vez mais próximo do frio absoluto? Não! O frio absoluto ou zero grau kelvin é apenas teórico, ele não existe porque não existe um ideal ou perfeição de frio. No zero grau kelvin, para se ter uma ideia do que poderia ser, nem os elétrons se movimentam em torno do núcleo do átomo.
Tudo da vida ou na Criação é dinâmico, tem movimento e tem vida. Tudo que se afasta da vida teoricamente se aproxima da morte, mas mesmo na morte existe vida (como os vermes, bactérias e semelhantes que agem apodrecendo o cadáver para que a Natureza continue seus ciclos).
Ou seja, o Mal como o pensamos normalmente, não existe. Não existe uma fonte de Maldade, de Trevas, de “não movimento”.
Não é possível invadir a Luz com a escuridão, mas o inverso é possível. A Luz, o Amor e a vida são soberanos, pois existe uma fonte para eles.
Por mais que exista uma maldade, nela existirá vida, verdade e luz, pois se fosse o contrário, se não existissem nela vida, verdade e luz ela simplesmente não existiria. Ou seja, como dizem os religiosos, por mais que a pessoa esteja desviada da Luz, do Amor , da Verdade e da Justiça sempre existirá uma chama interior que poderá ser revivida, estimulada. Sempre haverá esperança para a Luz.

A luta do Bem contra o Mal II

Desde crianças aprendemos a rotular as coisas como “boas” ou “más”. É certo que “didaticamente” fica mais fácil a explicação de certas coisas da vida, mas esta é uma abordagem simplista, reducionista e muito equivocada.
Na vida as coisas são o que são, têm seus valores intrínsecos e extrínsecos originais e não se confundem com outras. Ou seja, dificilmente podem ser rotuladas ou separadas em simples “bom” ou “mal”. Vejamos por exemplo o caso de uma simples faca: ela pode servir para cortar um alimento e também para matar uma pessoa; o caso do fogo: serve para preparar o alimento e também para consumir algo.
Quando se fala em Bem e Mal logo se lembra de questões de natureza espiritual em cujo cenário teoricamente digladiam Deus e o Diabo, Deus personificando o Bem e o Diabo personificando o Mal.
Ora, se pensarmos que o Diabo tem poder para se contrapor a Deus, Este então não é Onipotente porque existe outro ser que não está sob o Seu poder, ou seja, pode tanto quanto Ele. Logo se conclui que então, neste caso, existem dois deuses em igual condição e poder! Ou seja, esta não é uma concepção monoteísta e sim politeísta.
Por outro lado, se considerarmos que Deus criou Tudo que existe, então temos que considerar que Ele criou o homem e a mulher, o macho e a fêmea, a luz e a sombra, o positivo e o negativo, o bem e o mal também. Ele está acima da dicotomina maniqueísta. Ele é a origem e fim, o alfa e o ômega!
A vida e o movimento surge é exatamente da relação entre estes opostos: um homem e uma mulher juntos podem gerar um filho; o polo positivo junto com o negativo pode acender uma lâmpada; o jogo de luz e sombras é que faz uma fotografia ou uma imagem; da opção entre a conduta correta e da incorreta é que surge o valor da virtude.
A Beleza da Vida (um dos atributos de Deus) surge exatamente da interação dos opostos e sua complementariedade, assim como a própria vida manifesta (Deus presente em sua Criação).Se existisse somente a luz nós não conseguiríamos ver nada, o mesmo ocorreria se só existisse as trevas. Um motor ou qualquer equipamento elétrico só funciona na presença conjunta dos polos positivo e negativo.
Então, a expressão “Luta do Bem contra o Mal” é um equívoco imenso que contém uma grave falha de lógica e que prejudica a vida das pessoas, até mesmo em pequenos detalhes cotidianos.
Precisamos compreender que em tudo existe o lado feminino e também o masculino, tal como nos ensina o Zen Budismo com o símbolo do Yin e o Yang.



A dualidade complementar existe em toda a Criação. Uma delas que utilizamos diariamente é a que se apresenta como eletricidade e magnetismo. Uma não existe sem a outra, não é possível dissociá-las e suas ações são complementares. Penso que todos concordamos na utilidade delas, sem a preocupação de separá-las ou utilizá-las isoladamente com preconceitos do tipo “o magnetismo é bom, mas a eletricidade é mal ou ruim”.
Biologicamente todos nós temos tanto os hormônios masculinos quanto os femininos, cada qual na proporção adequada para cada sexo e realizando as funções específicas em nossas vidas. Engana-se o homem que acredita que nada tem de feminino, seja de forma biológica, seja de forma psicológica. O mesmo ocorre com a mulher.
Até mesmo na Matemática podemos encontrar a dualidade expressa nos números complexos nos quais todo número tem seu componente real e também o componente imaginário.
Uma pessoa que não queira utilizar o seu “lado sinistro ou esquerdo” por imaginar que o mesmo possa ser veículo do Mal não jamais um indivíduo, uma pessoa completa e equilibrada. Aliás, falando-se em equilíbrio é importante destacar que para podermos caminhar, por exemplo, precisamos do equilíbrio dinâmico. Ou seja, nos desequilibramos para assim nos deslocarmos com ambas as pernas, de forma equilibrada. Da mesma forma, na vida para nos desenvolvermos, crescermos e evoluirmos precisamos usar e aproveitar todas as nossas características, as ditas “boas” e também as consideradas “ruins”.
Dizem que o casamento é um sacramento justamente pelo fato de, sob a bênção divina, colocar duas pessoas a se lapidarem no atrito diário de suas diferentes personalidades.
Concluindo: não existe conflito ou desavença entre o bem e o mal, se isso existe é porque nós o criamos em prejuízo de nosso próprio equilíbrio e desenvolvimento pessoal.

A luta do Bem contra o Mal

Nascemos e crescemos em uma sociedade marcada pela dicotomia maniqueísta que nos apresenta sempre dois opostos: o bem e o mal. Desde crianças aprendemos a separar pessoas, atitudes, pensamentos, sentimentos, etc. como bons e maus. No imaginário popular Deus, representando o Bem Supremo, digladia com o Diabo, representando o mal supremo.
Esta dicotomia vem desde Zoroastro e sua religião marcada pela luta entre Arimã (o suposto mal) e Ahura Mazda ou Ormuzd (ícone do bem)[1]. Na Wilipédia encontramos um pouco sobre a doutrina de Zoroastro:
Na doutrina zaratustriana, antes de o mundo existir, reinavam dois espíritos ou princípios antagônicos: os espíritos do Bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do Mal (Angra Mainyu ouArimã). Divindades menores, gênios e espíritos ajudavam Ormuz a governar o mundo e a combater Arimã e a legião do mal. Entre as divindades auxiliares, como consta no Avesta a mais importante era Mithra, um deus benéfico que exercia funções de juiz das almas. No final do século III d.C, a religião de Mithra fundiu-se com cultos solares de procedência oriental, configurando-se no culto do Sol.
Arimã é representado como uma serpente. Criador de tudo que há de ruim (crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros), ele é o espírito hostil, destruidor, que vive no deserto entre sombras eternas. Ormuzd, no entanto, é o Criador original, organizador do mundo de modo perfeito.
Ahura Mazda é representado também como o divino Lavrador, o que mostra o enraizamento do culto na civilização agrícola, na qual o cultivo da terra era um dever sagrado. No plano cosmológico, contudo, ele é o criador do universo e da raça humana, com poderes para sustentar e prover todos os seres, na luz e na glória supremas.
Bem e Mal não são apenas valores morais reguladores da vida cotidiana dos humanos, mas são transfigurados em princípios cósmicos, em perpétua discórdia. A luta entre Bem e Mal origina todas as alternativas da vida do universo e da humanidade. A vitória definitiva de Ormuzde sobre Arimã só poderia ocorrer se Zaratustra conseguisse formar uma legião de seguidores e servidores, forte o bastante para vencer o Espírito Hostil, e expurgar o Mal do universo. Nesse sentido, Bem e Mal são princípios criadores e estruturadores do universo, que podem ser observados na natureza e encontram-se presentes na alma humana. A vida humana é uma luta incessante para atingir a bondade e a pureza, para vencer Angra Mainyu e toda a sua legião de demônios cuja vontade é destruir o mundo criado por Ahura Mazda.

O Maniqueísmo surgiu na Babilônia e na Pérsia quando o gnosticismo primitivo começou a perder influência no mundo greco-romano[2]. Vejamos um pouco da definição do Maniqueísmo que encontramos na Wikipédia:
O Maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. A matéria é intrinsecamente má, e o espírito, intrinsecamente bom. Com a popularização do termo, maniqueísta passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.
O seu fundador foi o profeta persa Mani (ou Manés) e as suas ideias sincretizavam elementos do Zoroastrismo, do Hinduísmo, do Budismo, do Judaísmo e do Cristianismo. Desse modo, Mani considerava Zoroastro, Buda e Jesus como "pais da Justiça", e pretendia, através de uma revelação divina, purificar e superar as mensagens individuais de cada um deles, anunciando uma verdade completa.
Conforme as suas ideias, a fusão dos dois elementos primordiais, o reino da luz e o reino das trevas, teria originado o mundo material, essencialmente mau. Para redimir os homens de sua existência imperfeita, os "pais da Justiça" haviam vindo à Terra, mas como a mensagem deles havia sido corrompida, Mani viera a fim de completar a missão deles, como o Paráclito prometido por Cristo, e trouxera segredos para a purificação da luz, apenas destinados aos eleitos que praticassem uma rigorosa vida ascética. Os impuros, no máximo podiam vir a ser catecúmenos e ouvintes, obrigados apenas à observância dos dez mandamentos (citados abaixo).
As ideias maniqueístas espalharam-se desde as fronteiras com a China até ao Norte d'África. Mani acabou crucificado no final do século III, e os seus adeptos sofreram perseguições na Babilónia e no Império Romano. Apesar da igreja ter condenado esta doutrina como herética em diversos sínodos desde o século IV, ela permaneceu viva até à Idade Média.

Mas, este é um conceito equivocado e que é inconcebível em uma doutrina que postula um único Deus. O monoteísmo não comporta algum ser ou algo que possa se comparar a Deus. Não existe nada nem ninguém nem mesmo ao nível de Deus, sequer acima dela. Ou seja, não é possível lutar contra Deus que é Onipresente, Onisciente e Onipotente. Ele está em todos os lugares, Ele sabe de tudo (nada Lhe é escondido, não se pode enganar ou trapacear Ele), Ele tem poder sobre toda a Criação, não existe nada que não esteja sobre o seu poder.
Então, dizer que algo está contra Deus é um equívoco de lógica na concepção Monoteísta, tal como são as religiões cristãs, por exemplo.
Ou seja, não existe uma luta do Bem contra o Mal.
Continuaremos com este assunto tão importante. Acompanhe este estudo.

domingo, 17 de julho de 2011

A necessidade das coisas externas da ritualística

Vamos abordar aqui a razão da necessidade que temos de utilizar determinados utensílios, peças, roupas, orações, etc. na realização de rituais.
Algumas tradições esotéricas nos informam claramente que o poder criativo que temos está localizado no plano mental, que tudo que existe no universo é regido e pertence à mente e ao mundo das ideias.
A questão é que existem dois planos relativos à mente: o mental inferior e o mental superior. O mental inferior está ligado com o mundo das emoções e suas ilusões. É a mente concreta na qual um mais um é dois e pronto. Ela não permite inovação. Seu funcionamento ideal e perfeito, se não influenciado pelas emoções (o que geralmente é) funcionaria tal qual um potente computador que não falha, mas também não cria nada de novo, nada além do já conhecido. Esta mente não abre espaço para o imponderável, para uma visão diferente da que aprendeu até então. Ela se mostra “cega” para tudo que não possa entender em seu raciocínio analítico, maniqueísta, simples e objetivo. Ela não suporta “insigths” e novos conhecimentos.
Já a mente superior ou abstrata está relacionada com o plano búdico ou da consciência divina. O plano desta mente é o plano causal, onde residem as causas de tudo que ocorre nos planos abaixo de si. É nesta mente que ocorrem as criações, as inovações, as concepções que quebram paradigmas, a iluminação das ideias e a concepção inovadora das coisas. Com esta mente a pessoa vai além do entendimento das coisas, ela chega ao seu cerne e a compreende por completo. Compreender é participar daquilo que é observado, é se unir ao objeto e tornar-se parte dele, tendo a completa concepção e experiência do observado. Ou seja, compreender é ter uma visão clara pelo lado de dentro das coisas e pessoas. Enquanto o mental concreto se limita a definições que encaixotam o conhecimento, o mental abstrato expande sua visão transcendendo os limites das coisas e percebendo não só seu valor extrínseco como também seu valor intrínseco e seus relacionamentos com outras coisas gerando a verdadeira sabedoria. Este mental abstrato abre espaço para o imponderável, para o inovador, para o coletivo, para o abstrato, para aspecto imaginário do número complexo.
Existe um filme interessante que pode nos ajudar a compreender a necessidade que temos das coisas externas em um ritual. Trata-se do filme intitulado “Esfera”, estrelado por Dustin Hoffman, Samuel Ljackson e Sharon Stone. Em resumo, neste filme cientistas encontram no fundo do mar uma esfera que literalmente pode tornar real o que as pessoas estão pensando. Teoricamente isso seria uma maravilha e extremamente útil para toda a humanidade. Mas, a realidade retratada no filme evidencia o que acontece em nossa vida diária: tendemos a pensar somente em coisas ruins, catastróficas, negativas, etc. Psicologicamente falando, nossos medos, traumas, ilusões, etc. é que direcionam nosso pensamento. Ou seja, são as emoções invadindo o mundo da mente concreta. Após muito sofrimento, medo e esforço a tripulação de cientistas chegou à conclusão de que aquela esfera “mágica” deveria ser destruída ou ocultada em definitivo da humanidade porque esta não estava pronta para aquele verdadeiro “presente”, tenha vindo de Deus ou de extraterrestres.
De fato é assim, perceba leitor no que você mais pensa durante o dia todo, todos os dias. O medo geralmente toma nossa mente com pensamentos ruins do tipo: posso não ter dinheiro para pagar as contas, meus filhos podem ficar doentes ou acontecer algum acidente com eles, meu chefe pode me despedir, o governo pode me pegar na “malha fina” do Imposto de Renda, posso ser assaltado a qualquer momento, meu carro pode ser roubado, se chover vou ser pego de surpresa porque estou sem guarda-chuva, sou um pecador e posso ser vítima da cólera de Deus, será que quando eu morrer vou para o Inferno?, etc.. Já pensou se tudo isso se realiza?
Bem, por isso precisamos de coisas externas para “fixar” nossa mente, não deixá-la a mercê de influências psíquicas que possam influenciar negativamente os objetivos e a própria natureza de um ritual ou busca de “sintonia” com a Perfeição ou divindade, tenha ela o nome que tiver.
Aí reside o valor extrínseco das coisas. Por isso é importante o uso de velas, vestimentas, orações, utensílios tais como castiçal, hóstia, espada, cajado, talismãs, tudo que envolve os rituais de todo tipo de profissão de fé.
Quando se faz uma determinada oração, para uma determinada divindade buscando um determinado objetivo utilizam-se coisas materiais, externas à pessoa, que guardem sintonia ou relação com tudo com o qual a pessoa internamente, ou intrinsecamente, está buscando harmonia. O resultado é que a pessoa “vê” e pode tocar materialmente sua vontade e fé materializados. Ou seja, se um pensamento negativo atingir a pessoa ela olha para o altar, por exemplo, e verá lá seu desejo expresso e materializado, sem qualquer alteração ou mudança e assim tem a certeza e segurança de que seus esforços não foram em vão e que seu desejo segue conforme foi originalmente concebido. Enquanto a vela estiver acesa, por exemplo, a pessoa sente como se ela mesma estivesse lá fazendo as orações, em sintonia com a divindade. É uma forma de aumentar o tempo de “concentração mental e postural” da pessoa em relação a um desejo pessoal para com algo de natureza espiritual.
Uma pessoa que não permite que suas emoções afetem sua mente não necessita destes recursos externos para cristalizar e concentrar sua vontade. Mas, quem consegue isso?

A razão e importância dos Rituais e dos Ritos

Falando em termos espirituais, todas as práticas devocionais, sejam religiões ou não, adotam os rituais. Isso ocorre deste tempos remotos, muito antes da chamada “civilização” existir.
Antropologicamente o ser humano concebeu os rituais como forma de memorizar e reviver uma situação de natureza espiritual superior e desejável com o objetivo de regularmente realinhar sua vida com a divindade. O resultado esperado é claramente a evolução espiritual, a paz, a harmonia, a saúde, a vida plena e a iluminação pessoal.
Apesar de ter sido concebido, implementado e praticado por ditos “primitivos” os rituais são na verdade um eficiente recurso tanto de memorização quanto de comunicação em massa de conceitos mitológicos ou doutrinários para pessoas simples e sem conhecimento profundo das bases de suas fés postuladas. Geralmente o ritual retrata passagens importantes da exegese ou cosmogonia relativas à crença professada pela pessoa.
O intuito desta a lembrança, divulgação e uma certa teatralização espiritual é o realinhamento místico com a fonte da vida visto que a vida comum e seus cobranças e pressões tendem a nos desviar dos valores, conceitos e práticas mais elevadas e harmônicas.
Como teatralização o ritual se aproxima muito do conceito moderno do Psicodrama criado por Moreno, uma importante técnica de terapia psicológica de grupo em que os dramas pessoais são descritos pelo paciente e teatralizados pelos outros pacientes com o objetivo de se reviver situações críticas e elaborar psicologicamente melhores formas de se lidar com elas. Os rituais seriam então um Psicodrama mitológico em que aqueles que o assistem revivem regularmente o drama ou situação de relevância para o culto.
O rito é a forma como esta teatralização, este ritual, é executado. Seu conceito então é mais prático, limitado e objetivo. Visa normatizar o ritual, padroniza-lo evitando desvios, alterações, equívocos e até mesmo esquecimento ou variações de natureza pessoal por parte do oficiante. Isso contribui para a perpetuação do rito em benefício tanto da ideia espiritual que expressa quanto das pessoas que dele se beneficiam.
Existem rituais presentes em todas as demonstrações de fé tais como a Umbanda/Candomblé, religiões orientais (Índia, Japão, etc.) e também Católica. Pelo exemplo mais fácil de se presenciar a religião Católica é repleta de rituais sendo que se pode citar com alguns importantes como sendo a Missa, o suplício e morte de Jesus Cristo. Até mesmo as festas do Natal, da Páscoa, as festas Juninas, Corpus Cristi e do Carnaval podem ser consideradas como rituais católicos. Todas estas festas fazem parte do calendário eclesiástico e são calculadas e determinadas pela Igreja Católica, até mesmo o Carnaval.
Mas, estas festas teoricamente católicas foram adotadas pelo catolicismo de antigas e primitivas tradições de cultos que celebravam os ciclos da natureza. A Páscoa, por exemplo, era celebrada como Pessach pelos judeus (êxodo israelense do Egito) e Eostre ou Ostera (“Deusa da Aurora” = planeta Vênus). Também era uma prática habitual a um antigo ritual da deusa Ishtar ou Astarte (da fertilidade).
Os ditos “primitivos” ou “pagãos” de todas as eras realizavam os rituais à natureza e seus ciclos, celebrados principalmente nos equinócios e solstícios[1]. Assim podemos encontrar concordância de rituais entre diversas religiões, com nomes diferentes, mas de conteúdo ou mensagem semelhantes, nestas datas que são geralmente nos dias 22 de março, 22 de junho, 23 de setembro e 21 de dezembro.
O Natal[2], por exemplo, não é reconhecido como a data real e verdadeira de nascimento de Jesus, o Cristo. Conforme o Almanaque Romana o Natal era celebrado pela cristandade primitiva em 336 d.C., mas o dia era 7 de janeiro, hoje Dia dos Reis Magos, que era o dia de seu batismo e epifania. No século IV as igrejas ocidentais passaram a adotar o dia 25 de dezembro para o Natal buscando cristianizar festividades tidas como pagãs. Este dia foi escolhido para coincidir com a festividade romana dedicada ao “nascimento do Sol Invencível” conhecida como Saturnália [3]e que era comemorada entre 17 a 22 de dezembro. Esta data ou período abrigava a troca de presentes e muita alegria, pois se festejava o nascimento do Sol da Virtude, o deus persa Mitra.
Já na antiga religião Wicca (praticada, por exemplo, pelo Mago Merlin do mito do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda) existe a chamada “Roda do Ano[4]” que contempla as Festas Rituais  de Yule em 21 de dezembro, a Festa do Fogo (Noite de Brigit, Candlemas, Imbolc, Oimelc) em 2 de fevereiro, Ostara em 21 de Março, Beltane (Rudemasd, Walpurgisnacht) em 1º de maio, Litha em 21 de junho, Lamas (Lughnasad ou Festa da Colheita) em 1º de agosto, Mabon em 21 de setembro, Samhain ou Halloween em 31 de outubro.

A razão dos Lugares Místicos e Sagrados

Em toda a história da humanidade e até os dias presentes sabe-se da existência de lugares tidos como sagrados que atraem para si infinitas caravanas de fiéis de todo o mundo. Hoje podemos citar, por exemplo: o Muro das Lamentações e a Basílica em Israel, o rio Ganges, o Caminho de São Tiago de Compostela na Espanha, Machu Picchu no Peru, as pirâmides tanto no México quanto no Egito, Roma, a basílica da cidade brasileira de Aparecida do Norte, São Thomé das Letras e muitos outros lugares mais.
Mas, um simples templo também é um lugar sagrado, seja ele da religião que for e é muito importante para seus fiéis.
Todas as coisas têm seu valor intrínseco e também extrínseco. Mircea Eliade, o filósofo e historiador de religiões nos fala sobre a Teofania e a Hierofania em suas obras. Ora, uma coisa, lugar ou pessoa pode sim ser veículo da manifestação divina, o que se denomina Teofania. Por isso as relíquias religiosas são consideradas sagradas, algumas pessoas e mesmo lugares específicos.
No mundo antigo havia festivais religiosos em datas também consideradas sagradas. Estes festivais aconteciam em locais sagrados, muitas vezes construídos especialmente para aquele fim. Este costume remonta de desde antes do Antigo Egito, milhares de anos antes de Jesus, o Cristo.
Conforme Eliade a visitação a um local sagrado simboliza para as pessoas que nele acreditam um forte impacto psíquico de aproximação com o centro, a origem e consequentemente com a Unidade Primordial, Deus. O resultado deste encontro ou reencontro com o Princípio é também o retorno à condição original de pureza, liberdade, limpeza, saúde, felicidade, paz, harmonia, amor incondicional e espiritualidade plena.
Na faina comum de nossa vida tida como “profana” muitas vezes os embates, preocupações, cobranças e pressões nos fazem “sair da linha”, perder o foco, desviar o rumo de uma conduta e objetivos elevados e transcendentes. Então, é preciso uma ação regular de corrigir o rumo, assim como a necessidade de se acertar o relógio, de vez em quando. Assim o objetivo da ida regular aos lugares sagrados é fazer os ajustes necessários em nossa conduta para continuar em nossa determinação de sermos pessoas elevadas, buscando a luz, a evolução e a melhor condição de ser humano pleno de cidadania, distanciando da conduta condenável do egoísmo, da violência, dos vícios, do orgulho, etc..
Então, para quem não crê ou não pertence às religiões, os templos ou lugares sagrados podem nada significar e ao mesmo tempo gerar um grande impacto psíquico em seus crentes. É certo que muitos lugares têm sim uma energia especial e querendo ou não, acreditando ou não a pessoa que lá permanecer por algum tempo acaba vivenciando experiências psíquicas que podem ser interpretadas como coisa estranha, confusa e até mesmo negativa para quem não está preparado.
Ao contrário, se uma pessoa acredita que o lugar é sagrado, se ele realmente apresenta condições especiais de vibração e natureza quântica propícia para estados alterados de consciência (pela interação bioquímica entre o eletromagnetismo local com a bioenergia da pessoa, principalmente a cerebral), isso aliado a um ritual específico que relembre a Origem ou Princípio (que faça a mente se focar em ideias, símbolos, emoções, informações relativas à divindade e nossa condição original no “Paraíso”) em uma data sagrada por sua fé, então certamente a pessoa experimentará seu êxtase pessoal e pode até veicular uma hierofania, a manifestação de Deus no indivíduo.
Existem pesquisas científicas de neurociências que afirmam que uma coisa não precisa acontecer de fato com uma pessoa para que seu cérebro e corpo respondam como se fosse uma realidade imediata e tangível. Nosso corpo reage praticamente de forma igual ante a uma experiência real e a outra relatada por uma pessoa amiga, exibida em um filme ou novela ou ainda lida em um livro. Por exemplo, mesmo sabendo que novela é um drama e que as pessoas reais apenas interpretam papéis fictícios, os telespectadores se emocionam, choram, riem, ficam com raiva estimuladas pela exibição. O mesmo ocorre com filmes de ação, violência, terror, etc.. Da mesma forma acontece quando se ouve uma música religiosa, assiste-se um culto, se faz uma oração.
O que pode ser sonho, fantasia, até delírio para alguns pode ser uma grande, contundente e determinante realidade para outros. Nosso cérebro não distingue o que é fato concreto do que é fato psíquico, para ele tudo é igual. Isso ocorre também com nossas crianças, suas fantasias, medos e ansiedades – não são coisa para se desdenhar ou desmerecer, mas para os adultos respeitarem e administrar como realidade delas.
Por isso é importante que saibamos muito bem o que estamos assistindo, pois isso determina nossa “sintonia” vibracional e a sintonia nos aproxima daquilo com o qual estamos sintonizados. Práticas, pensamentos e emoções equilibrantes nos levam a uma vida mais equilibrada, tranquila, saudável e conforme as Leis Divinas, conforme a Vontade do Pai.

Corpus Cristi e o Esoterismo

As questões de natureza esotérica estão presentes no exotérico, ou seja, o intrínseco está contido no extrínseco, mesmo que não evidente ou explícito, até porque esta é a sua natureza. Da mesma forma as tradições culturais, principalmente as festividades, sejam elas as Festas Juninas, o Natal, a Páscoa, o Carnaval e o Corpus Cristi, mesmo em suas manifestações mais populares guardam princípios de natureza esotérica. Se nos detivermos com atenção e cuidado sobre o estudo das origens destas datas marcantes, encontraremos suas fundamentações em antigas e primitivas tradições iniciáticas.
A celebração de Corpus Cristi (ou Corpo de Cristo) é a festividade que celebra a “presença” real e substancial de Cristo (o “ungido” em grego e “messias” em hebraico) na Eucaristia (do grego “reconhecimento” ou “ação de graças” – celebração em memória da morte e ressurreição de Jesus Cristo).
Todos os feriados eclesiásticos (relativos à igreja), exceto o Natal, são calculados com base na Páscoa, que por sua vez é calculada de acordo com antigas tradições rotuladas como pagãs: o domingo de Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira Lua Cheia após o Equinócio de Outono (Primavera no Hemisfério Norte); a Sexta-feira da Paixão é a sexta-feira que antecede o Domingo de Páscoa; a Terça-feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. O Corpus Cristi é celebrado 60 dias após a Páscoa, podendo cair entre 21 e 24 de junho. Vale observar que por volta de 24 de junho (São João) é quando ocorre o Solstício de Inverno (no Hemisfério Sul), grande data marcante de antigos e primitivos festivais rotulados como pagãos.
Esotericamente, os Solstícios e os Equinócios são datas em que o plano espiritual está mais próximo do plano material. É quando estamos mais próximos dos “deuses” ou “anjos”, como queira, ou quando nossas preces são mais fáceis de atingir seus objetivos. Desde tempos imemoriais a humanidade festeja os Solstícios e Equinócios em honra à divindade.
No caso católico, existe um termo teológico para definir esta “manifestação de Cristo” nas duas hóstias que são consagradas (uma é consumida pelos fiéis e a outra permanece na comunidade como símbolo da presença de Deus). Este termo (grego) é a “Teofania” que se traduz por “manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa”. Uma das mais destacadas teofanias relatadas na Bíblia foi quando Deus se manifestou a Moisés exortando-o a liderar a fuga do povo hebreu do Egito, conforme se encontra relatado em Êxodo 3.
O filósofo e historiador de religiões romeno Mircea Eliade cunhou uma palavra para distinguir a ação inspirada pelo divino em contraste com as ações comuns ou “profanas”. Trata-se da Hierofania (do grego “hieros”= sagrado + “faneia”=manifesto). Eliade afirma que o homem moderno tende a viver um mundo dessacralizado, mas que o homem primitivo vivia no mundo sagrado, na privacidade dos objetos sagrados que manifestavam o divino.
Mas, então, qual seria a “vantagem” em se viver ou festejar o divino, mesmo que apenas em algumas datas? Por mais que desejemos o Sagrado, vivemos em um mundo profano, carente deste Sagrado. O “Sagrado” representa o princípio de tudo, a origem, o começo. Então, o Sagrado é a Unidade Primordial, a Fonte da Existência e da Criação. Como Unidade e Princípio o Sagrado traz consigo a harmonia com as Leis Cósmicas, o verdadeiro Amor, a verdadeira Paz, a Luz mais profunda e límpida, imaculada. Ou seja, festejar o Sagrado é buscar de aproximar da Fonte de Saúde, Amor, Paz, Vida, Felicidade e Iluminação. É voltar ao seio do Pai, no colo da Mãe, retornar à condição de pureza virginal e não maculada.
Fernand Schwarz[1] comentando Mircela Eliade afirma sobre a hierofania que: “homem apreende a irrupção do sagrado no mundo e descobre assim a existência "de uma realidade absoluta, o sagrado que transcende este mundo, mas que nele se manifesta e, desse fato, o torna real".”
Conclui-se então, que o objetivo das festas religiosas como a de Corpus Cristi, por mais populares e aparentemente sem vínculos místicos ou maiores repercussões de natureza espiritual, é exatamente, de alguma forma, manifestar para a humanidade o Sagrado no mundo comum e assim trazê-lo à consciência da sociedade e da pessoa com o intuito final de tornar esta realidade espiritual também real no mundo objetivo e inundar a humanidade com seus princípios de paz, harmonia, amor, saúde, consciência, cidadania.

Qual a diferença entre Tarot e Astrologia?

  Qual a diferença entre Tarot e Astrologia?   Com mais de 40 anos de exercício profissional, percebi que é comum as pessoas não saberem...