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quarta-feira, 15 de maio de 2013
A Grande Mãe
Neste artigo quero abordar a Grande Mãe, a mãe de toda a humanidade, aquela que simboliza o conceito universal de maternidade, de manutenção da vida e de geração.
Algumas pessoas podem identificar o conceito de Mãe do Mundo ou da Humanidade com Maria, mãe de Jesus. Mas, o culto à Maria como virgem e divina foi instituído muito recentemente na história humana, na Idade Média (período medieval). Este culto não tem embasamento bíblico. Pelo contrário, é reconhecidamente uma estratégia de dominação adotada para se apoderar da fé e também dos fiéis de antigas tradições que cultuaram a Grande Mãe desde épocas imemoriais.
O culto da concepção, geração e da manutenção da vida é muito remoto. Há 7 mil anos, para os antigos egípcios a Grande Mãe era Ísis, mãe de Hórus e esposa de Osíris.
Como mãe celeste, a Grande Mãe é simbolizada pela Lua, como mãe da terra ela é Gaia, nas antigas tradições.
Na maioria das civilizações ancestrais a Grande Mãe é a criadora do universo, gera a vida, a cultura, a agricultura. Seu culto foi identificado inclusive na pré-história humana (período Paleolítico e Neolítico). Neste período ela era cultuada como Vênus. Achados arqueológicos indicam que o culto à Deusa Mãe remonta há 300.000 anos a.C. e que alguns de seus nomes guardam relação com o ciclo menstrual, também conhecido como o ciclo da vida. Joseph Campbell diz que a cor vermelha da argila com a qual Adão foi feito está relacionada com a cor do sangue menstrual e mais:
“Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo Dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal”.
Nas diversas mitologias encontramos a presença da Grande Mãe: Tiamat, na Suméria; Ishtar (Inanna) na Caldéia; Asherat, em Canaã; Astarte, na Síria e Afrodite, na Grécia. Na Grécia temos ainda Hera e Deméter com similitude com o conceito de Grande Mãe e também Juno e Minerva. Nas religiões afro temos Iemanjá, Oxum e Iansã como mães. Para o hinduísmo existem como Mães: Viraj, Aditi e Durga, sendo que a encarnação de Durga é Kali.
Os ritos da Grande Deusa ressaltam sempre a divindade do feminino que está presente em todas as mulheres e na natureza em geral. Comumente o Feminino se expressa em três ou quatro formas distintas, assim como as fases da Lua e as estações do ano.
As culturas mais patriarcais e masculinamente narcísicas mitômanas denegriram a imagem da Grande Mãe e a distorceram. Recebemos os efeitos desta ação deletéria na associação do feminino com as sombras, os demônios e o mal. Isso correu, por exemplo, com a imagem de Lilith e também na perseguição às chamadas “bruxas” pela “Santa” Inquisição.
Todo aquele que não reconhece a divindade presente na mulher e na natureza, interna e externa, em si e nos demais, está perpetuando a afronta à Grande Mãe Espiritual da Criação.
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