O Julgamento Final
O assunto que mais incomoda o ser humano, talvez desde o
homem das pedras, é a morte. Penso que o segundo assunto que mais possa
preocupar o ser humano que considera a espiritualidade seja o tão difundido
"Julgamento Final".
Nas diversas religiões existem descrições de como seria este
julgamento que se entende ocorrer após a morte. Muitos acreditam ainda que este
julgamento espiritual possa resultar em uma condenação eterna.
Apesar de que não é justo e nem espiritualmente coerente uma
condenação eterna, o presente artigo versa sobre outro assunto. Deixemos a
"condenação eterna" para outro artigo futuro.
A religião mitológica do Antigo Egito já representa o
julgamento da alma por Anúbis. Outras religiões, inclusive as cristãs, também
têm este julgamento que por vezes é utilizado por religiosos como argumento de coação
para que os fiéis sigam suas orientações e doutrinas.
O fato é que quando realizamos algo que crie uma forte
emoção em outra pessoa também somos envolvidos por isso. Desta forma, assim
como a emoção fica gravada na alma da outra pessoa que recebeu (passiva) a ação
também fica gravada na alma do agente a mesma emoção (ativa). A diferença é que
para uma pessoa foi um fato ativo (agente) e para outra foi um fato passivo
(quem recebeu).
A alma é que guarda e leva as experiências para a eternidade
e este é o fato que explica a conhecida Lei do Carma. Porém, com a alternância
das vidas os papéis se invertem, quem foi agente se torna recebedor e
vice-versa. Isso mantém a recorrência da situação vida após vida, as pessoas se
reencontram e repetem o fato, invertendo sempre os papéis até que pelo menos
uma das partes tome consciência e rompa aquele vínculo em especial.
O chamado "Julgamento Final" tem como elemento
central a alma, simbolizada em muitas religiões pelo coração.
Na verdade, neste julgamento será "colocado na
mesa" o que a alma tem em seu interior. De certa forma então é a própria
pessoa, ou sua alma, quem se julga, "quem" se denuncia. Ou seja, em
última instância é a própria pessoa que se julga e não um juiz, seja lá qual
for. O que se pode concluir é que não se deve temer nenhum juiz em especial,
mas saber exatamente o que se faz. Pois, assim como os grandes mestres ensinam:
“faze o que quiseres, mas lembre-se de que tudo tem um preço a ser pago”.
O leitor pode me perguntar: "Mas, e o caso de pessoas
como os psicóticos, que nada sentem? Como fica?”
Bem, realmente neste caso não se aplicará a chamada "justiça
divina", pois se trata de um doente que não responde por si. Neste caso a
justiça divina reside no fato de que somente com as emoções e sentimentos que
nos diferenciamos de outros seres no sentido de que podemos aprender e evoluir,
adquirir luz e consciência.
Ao experimentar emoções e sentimentos nas experiências da
vida podemos evoluir, despertar a consciência e chegar à iluminação. Isso
jamais vai acontecer com aquele que não tem sentimentos ou emoções. O
interessante é que este tipo de pessoa não se preocupa em evoluir, pois já se
credita evoluída e acima dos demais humanos, considerando as emoções e
sentimentos verdadeiras fraquezas humanas.
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