Nossa cultura realiza uma verdadeira exaltação e reverência
ao poder, seja este poder econômico, de controle social, físico, sexual, pseudo espiritual ou
outro qualquer. Sem dúvida o poder é uma conquista obtida após muito esforço e
dedicação, alguns mais facilmente e outros com muito mais suor e lágrimas. Mas,
de fato, o poder, seja ele qual for, é uma enorme conquista para a vida física
e espiritualmente praticamente nada significa ou pode até mesmo prejudicar o desenvolvimento
espiritual.
Em uma conversa um discípulo estava olhando maravilhado a
exibição de poder por parte de um faquir e perguntou ao seu mestre: “Mestre,
este tipo de poder eu também conquistarei?” Seu mestre então respondeu que
aquilo era facilmente conquistado utilizando-se técnicas específicas e uma
vontade concentrada, que o discípulo poderia sim chegar a conquistar aquele e
outros poderes se quisesse. Mas, advertiu o mestre, que isso significaria o desvio da senda
iniciática por parte de seu discípulo.
O discípulo não entendeu o que seu mestre ensinava. Para
ele, o poder era sinônimo de conquistas espirituais, de domínio sobre o corpo
ou mesmo a matéria, ou ainda o domínio de coisas sutis. Voltou então a
questionar o seu mestre sobre a questão.
O mestre então lhe explicou que focar a conquista de algum
poder, seja ele qual for, desvia a pessoa do caminho evolutivo por ocupar-lhe
totalmente a alma, mente, espírito e corpo. Mais que isso, que as pessoas ficam
fascinadas pelo poder, acreditando piamente de que aquilo significa algo de
natureza espiritual. Mas, na verdade, a evolução espiritual está na ampliação
da consciência, na aproximação com a Fonte de Luz, Amor, Verdade e Harmonia. A
evolução leva o ser cada vez mais a se integrar com o cosmos e conseqüentemente
com as pessoas, em um profundo sentimento de amor e fraternidade. Disse ao
discípulo que aquele que o poderoso está no caminho inverso, pois obtendo
qualquer poder que seja destaca-se da multidão, isola-se dos demais e
efetivamente não compartilha em absoluto de nada de seu poder com os demais,
além da própria exibição de seu feito ou conquista. Para ele mesmo, o poder não
significa mais nada além do próprio poder, não significa qualquer coisa em
termos de espiritualidade. Porque, em essência, espiritualidade é contribuir
amorosamente com a melhoria de vida das outras pessoas.
Explicou ainda que via de regra o poder alimenta a soberba,
o orgulho e a vaidade da personalidade que é filha do tempo e do espaço e com a
morte física da pessoa deixa de existir. Ao passo que as verdadeiras conquistas
espirituais são eternas, pertencem à alma e elevam o indivíduo, conduzindo-o à
comunhão ou integração com tudo e todos. Afinal, concluiu ele, a Divindade está
presente em tudo e em todos, Ela não ostenta sua natureza, ao contrário, pode
passar despercebida por aqueles que cultuam e se fascinam com o poder.
Com este ensinamento podemos então compreender as mensagens
orientais que exaltam a simplicidade, a harmonia da natureza, a integração com
a Criação. Também se compreende o porque de um verdadeiro mestre não se
apresentar como tal, não desejar seguidores, ter consigo o compromisso de
selecionar pessoas e fazer delas novos mestres. Um verdadeiro mestre é um
multiplicador da maestria, da fraternidade, da sabedoria e da compreensão do
sentido da vida.
Uma vez um outro discípulo afirmou ao seu mestre que queria
ter poder para mudar muita coisa que estava errada em si e no mundo. Então, o mestre
lhe perguntou “Quem você pensa que é? Tudo que aí está feito, foi feito por
Deus, tudo tem uma razão e um sentido. Você se considera melhor do que Deus?”
Então, com este choque o discípulo aquietou a mente e seu
mestre concluiu: “Você deve fazer o que lhe cabe e é aí que reside seu grande
mistério, descobrir quem realmente você é e o que lhe cabe fazer, qual o seu
papel nesta Grande Obra Divina que é a Vida! Lhe cabe apenas descobrir a porção
divina que habita em seu interior e realizar o que é de sua responsabilidade, o resto é distração.”
Estude e pratique esoterismo
conosco!
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