quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A ilusão do poder

Nossa cultura realiza uma verdadeira exaltação e reverência ao poder, seja este poder econômico, de controle social, físico, sexual, pseudo espiritual ou outro qualquer. Sem dúvida o poder é uma conquista obtida após muito esforço e dedicação, alguns mais facilmente e outros com muito mais suor e lágrimas. Mas, de fato, o poder, seja ele qual for, é uma enorme conquista para a vida física e espiritualmente praticamente nada significa ou pode até mesmo prejudicar o desenvolvimento espiritual.



Em uma conversa um discípulo estava olhando maravilhado a exibição de poder por parte de um faquir e perguntou ao seu mestre: “Mestre, este tipo de poder eu também conquistarei?” Seu mestre então respondeu que aquilo era facilmente conquistado utilizando-se técnicas específicas e uma vontade concentrada, que o discípulo poderia sim chegar a conquistar aquele e outros poderes se quisesse. Mas, advertiu o mestre, que isso significaria o desvio da senda iniciática por parte de seu discípulo.

O discípulo não entendeu o que seu mestre ensinava. Para ele, o poder era sinônimo de conquistas espirituais, de domínio sobre o corpo ou mesmo a matéria, ou ainda o domínio de coisas sutis. Voltou então a questionar o seu mestre sobre a questão.

O mestre então lhe explicou que focar a conquista de algum poder, seja ele qual for, desvia a pessoa do caminho evolutivo por ocupar-lhe totalmente a alma, mente, espírito e corpo. Mais que isso, que as pessoas ficam fascinadas pelo poder, acreditando piamente de que aquilo significa algo de natureza espiritual. Mas, na verdade, a evolução espiritual está na ampliação da consciência, na aproximação com a Fonte de Luz, Amor, Verdade e Harmonia. A evolução leva o ser cada vez mais a se integrar com o cosmos e conseqüentemente com as pessoas, em um profundo sentimento de amor e fraternidade. Disse ao discípulo que aquele que o poderoso está no caminho inverso, pois obtendo qualquer poder que seja destaca-se da multidão, isola-se dos demais e efetivamente não compartilha em absoluto de nada de seu poder com os demais, além da própria exibição de seu feito ou conquista. Para ele mesmo, o poder não significa mais nada além do próprio poder, não significa qualquer coisa em termos de espiritualidade. Porque, em essência, espiritualidade é contribuir amorosamente com a melhoria de vida das outras pessoas.



Explicou ainda que via de regra o poder alimenta a soberba, o orgulho e a vaidade da personalidade que é filha do tempo e do espaço e com a morte física da pessoa deixa de existir. Ao passo que as verdadeiras conquistas espirituais são eternas, pertencem à alma e elevam o indivíduo, conduzindo-o à comunhão ou integração com tudo e todos. Afinal, concluiu ele, a Divindade está presente em tudo e em todos, Ela não ostenta sua natureza, ao contrário, pode passar despercebida por aqueles que cultuam e se fascinam com o poder.

Com este ensinamento podemos então compreender as mensagens orientais que exaltam a simplicidade, a harmonia da natureza, a integração com a Criação. Também se compreende o porque de um verdadeiro mestre não se apresentar como tal, não desejar seguidores, ter consigo o compromisso de selecionar pessoas e fazer delas novos mestres. Um verdadeiro mestre é um multiplicador da maestria, da fraternidade, da sabedoria e da compreensão do sentido da vida.

Uma vez um outro discípulo afirmou ao seu mestre que queria ter poder para mudar muita coisa que estava errada em si e no mundo. Então, o mestre lhe perguntou “Quem você pensa que é? Tudo que aí está feito, foi feito por Deus, tudo tem uma razão e um sentido. Você se considera melhor do que Deus?”

Então, com este choque o discípulo aquietou a mente e seu mestre concluiu: “Você deve fazer o que lhe cabe e é aí que reside seu grande mistério, descobrir quem realmente você é e o que lhe cabe fazer, qual o seu papel nesta Grande Obra Divina que é a Vida! Lhe cabe apenas descobrir a porção divina que habita em seu interior e realizar o que é de sua responsabilidade, o resto é distração.”

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