terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A comodidade de ser dominado

Já sabemos que exercer o domínio através de mentiras, manipulação de emoções, crenças ou moralismo é algo que prejudica a evolução de ambas as partes. Por isso esta prática quando identificada é prontamente execrada pela opinião pública. Mas, e o outro lado? Porque grande número de pessoas aceita este tipo de dominação?
Quando somos dominados se as coisas não derem certo temos a quem culpar. Também não precisamos nos esforçar para entender, formar opinião e assumir a responsabilidade de decisões tomadas. É muito cômoda a posição de ser dominado. Assim temos como viver a vida sem preocupações sobre decisões importantes e responsabilidades a cumprir, principalmente acerca de assuntos muito delicados e complexos.
Um exemplo claro é a análise de notícias que envolvam a economia e a política. Tendemos a preferir noticiários que dão a notícia acompanhada de um comentário. Certamente os comentários oferecidos são feitos por pessoas experientes no assunto. Mas, nos esquecemos de que toda pessoa tem lá suas próprias crenças, valores, tendências, preferências e formação. O que é bom para o outro pode não ser adequado para nós. Então, quando aceitamos a análise, o julgamento e a decisão de outra pessoa nós estamos optando por algo que desconhecemos.
Mais do que confiança, muitas pessoas percebendo que têm um problema muito grave procuram um verdadeiro “salvador da pátria”, uma pessoa que lhe prometa um verdadeiro milagre: resolver seus problemas com o mínimo de custo ou sofrimento de sua parte. Esta situação é mais séria ainda. Afinal, sabemos que não existem “milagres” e que tudo na vida tem um custo. Quanto maior o “milagre” prometido maior o custo a ser pago. No final, o tal “milagre” não acontece, já teremos pago caro e ainda estaremos nas mãos do dito “salvador da pátria”.



Mas, esta dependência de terceiros ocorre por um fenômeno comum: nosso desejo de conforto, segurança, pouco esforço e excesso de confiança. Juntam-se a inocência com a preguiça e está pronta uma pessoa altamente manipulável.
É comum a preguiça de pensar por si mesmo. Isso exige muito esforço, dedicação, estudo e reflexão. Apesar de termos inteligência e capacidade de raciocínio a tendência é de comodismo, de não compromisso com o aprendizado. Isso é fácil observar nas escolas. As crianças repetem seus pais e a grande maioria está na escola ou faculdade apenas para “ter o canudo” exigido pela sociedade. Muitos só querem as notas, detestam o compromisso de ter que ir assistir às aulas, fazer provas, aguentar um professor que dá exercícios e trabalhos. Alguns professores e empresários do ensino percebendo isso se adaptam e “vão na onda” daqueles que só querem pagar para ter uma graduação. Os professores mais comprometidos com sua sagrada profissão são considerados chatos, “caxias” e ultrapassados.
Mas, isso não é por mal. A grande maioria das pessoas não teve exemplo e nem orientação de que precisa crescer, evoluir, se desenvolver. Mais ainda, não aprenderam que crescer e evoluir são coisas individuais e que ninguém pode fazer isso por nós. Nada substitui o esforço próprio. Não é possível comprar consciência, espiritualidade, evolução, amor, sabedoria, paz.
A grande massa tende a se comportar como uma criança de colo, totalmente aberta e dependente de seus pais que a protegem, lhe dão conforto e cuidam de seu futuro. Esta grande massa é formada por pessoas sinceras, frágeis, ingênuas, de conteúdo delicado e na maioria das vezes repletas de boas intensões e sentimentos. Por isso abusar delas é um verdadeiro crime, por isso manipulá-las é algo extremamente errado e prejudicial.
Esta característica ocorre em diversos campos na vida de todos nós. Existem aqueles que são verdadeiras raposas para ganhar dinheiro, mas são cordeiros quando o assunto é espiritual. Outras são espertas no plano afetivo, mas totalmente frágeis no que se refere a dinheiro.
Mas, conscientes disso devemos nos posicionar, devemos tomar uma atitude. Para crescer, evoluir, despertar a consciência e sairmos da condição de massa dominável é preciso que rompamos com a preguiça de pensar, com o medo de assumir posicionamentos e decidirmos por nós mesmos e também com o medo de assumirmos a responsabilidade sobre o nosso futuro. Precisamos sair da zona de conforto, da condição de dependência e ousar viver plenamente por nós mesmos e não mais culpar outros por nossos problemas, decepções, sofrimentos e erros. E, principalmente, devemos saber que quem irá “salvar a nossa pátria” somos nós mesmos.


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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

As armas para a manipulação da humanidade

As armas para a manipulação da humanidade


Sabemos que todos nós temos o poder de criar coisas. Mais ainda, que apesar da genialidade ou criatividade estar no plano espiritual ela segue a orientação de nossas almas. Sabemos que quando alguém une pensamento e sentimento em uma só ideia ela então está usando seu poder criativo. Mas, muitas vezes pessoas espertas manipulam nosso poder criativo.

Um exemplo flagrante de manipulação da produção da massa religiosa humana é a figura do Diabo. Se você parar para pensar, mas pensar mesmo, analisando os argumentos com lógica, sem paixão ou dogma, perceberá que o conceito de Diabo vai contra a lógica espiritual pregada por diversas religiões, inclusive a católica e outras evangélicas. O dogma é uma ferramenta de dominação:

Dogma é uma crença ou doutrina estabelecida de uma religião, ideologia ou qualquer tipo de organização, considerada um ponto fundamental e indiscutível de uma crença. O termo deriva do grego δόγμα, que significa "aquilo que aparenta; opinião ou crença", por sua vez derivada do verbo δοκέω (dokeo) que significa "pensar, supor, imaginar".

Um dogma é um assunto proibido de ser questionado. Uma crença é algo muito pessoal e que baseia em suposições não fundamentadas, caso contrário seria uma certeza e não crença. Uma doutrina é uma interpretação pessoal ou crença que foi transformada em objeto de ensino a outras pessoas, um convencimento geralmente sem fundamentação ou argumento lógico. Por ideologia se entende visões de uma pessoa ou grupo, ou seja, também é uma ideia subjetiva e passiva de forte influência dos paradigmas e interesses pessoais. Crenças, doutrinas, dogmas, ideologias e religiões muitas vezes são magistralmente manipuladas com o objetivo de dominação e alienação da consciência humana, estes tipos de “ferramentas” podem ser habilmente utilizadas para levar pessoas que humildemente aceitam a opinião alheia sem questionar ou ousar ter a sua própria e assim são facilmente conduzidas ao fanatismo. O mais habitual é que quando é de seu interesse os manipuladores se utilizem de conceitos morais estimulando o emocional das pessoas e sua boa vontade para afastá-las da razão e do senso crítico que a libertaria.

Verificar informações por si mesmo, construir sua própria opinião sobre um determinado assunto é algo que realmente demanda esforço, vontade, determinação e em alguns casos até mesmo exige coragem para mexer em um assunto no qual acreditamos por toda a nossa vida e sobre o qual existem muitos outros conceitos apoiados. Ou seja, se mexer com ele irá mexer em muito mais coisa. Por outro lado, pensar por si mesmo pode ser perigoso no sentido que irá contra o esforço de domínio exercido por aqueles que detêm o poder utilizando o convencimento de massa.



Em nenhuma escritura sagrada primitiva tradicional existe a figura de um ser com poder para ir contra Deus. Acreditar no contrário é o mesmo que admitir que Deus não seja Onipotente. A lógica é bem simples, qualquer raciocínio diferente disso é subterfúgio ou sofisma:

... Então a realização da humanidade perfeita, segundo o ideal dos sofistas, não está na ação ética e ascética, no domínio de si mesmo, na justiça para com os outros, mas no engrandecimento ilimitado da própria personalidade, no prazer e no domínio violento dos homens. Esse domínio violento é necessário para possuir e gozar os bens terrenos, visto estes bens serem limitados e ambicionados por outros homens. É esta, aliás, a única forma de vida social possível num mundo em que estão em jogo unicamente forças brutas, materiais. Seria, portanto, um prejuízo à igualdade moral entre os fortes e os fracos, pois a verdadeira justiça conforme a natureza material exige que o forte, o poderoso, oprima o fraco em seu proveito...

Sofisma é uma mentira, propositalmente maquiada por argumentos verdadeiros, para que possa parecer real; é uma argumentação falsa, com a aparência de verdadeira. Tapeação; burla; falácia; logro; ardil. Sofisma (do grego antigo "fazer raciocínios capciosos") em filosofia é um raciocínio aparentemente válido, mas inconclusivo, pois é contrário às próprias leis. Também são considerados sofismas os raciocínios que partem de premissas verdadeiras ou verossímeis, mas que são concluídos de uma forma inadmissível ou absurda. Por definição, o sofisma tem o objetivo de infundir uma ilusão de verdade a algo, apresentando-a sob esquemas que aparentam seguir as regras da lógica.

Exemplos de sofismas:

Quando bebemos álcool em excesso ficamos bêbados.
...quando estamos bêbados dormimos..
...enquanto dormimos não cometemos pecados.
...se não cometemos pecados vamos para o céu.
Conclusão: para ir para o céu devemos estar bêbados.

Imagine uma fatia de queijo suíço todo cheio de buracos.
...quanto mais queijo mais buracos.
Cada buraco ocupa o lugar no qual deveria ter queijo
...portanto quanto mais buracos menos queijo.
...Quanto mais queijo, mais buracos e quanto mais buracos menos queijo.
Conclusão: quanto mais queijo menos queijo.


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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O poder criativo humano


 “Eu declarei: Vós sois deuses, todos vós sois filhos do Altíssimo” (Salmos, 82:6).


Normalmente não nos temos em alto conceito. Até por educação religiosa crescemos com o conceito de que somos pecadores, imperfeitos, falhos, etc.
É claro que comparados à Perfeição todos carecemos de melhorias, aperfeiçoamento, desenvolvimento, maturação e crescimento. Mas, a despeito disso nascemos com um poder que raríssimas pessoas se apercebem e dão valor. Nascemos todos nós, indistintamente, com o poder de criar coisas.

Esta criação ocorre nos planos psíquicos, mentais (geralmente associados à criatividade dos artistas e gênios inventores, por exemplo). Uma inovação científica, uma nova forma de resolver um problema matemático, uma nova receita de comida ou uma incrível obra de arte sempre surgem no interior das pessoas, em suas mentes ou universo psíquico. Mesmo este texto existiu antes na mente de seu autor para depois ser “traduzido” na forma de letras, palavras e frases formando um enunciado de ideias. A natureza deste universo psíquico é sutil, intangível, imensurável, subjetivo. Ou seja, a genialidade ou criatividade não pertence ao mundo tangível, mensurável, constatável, reprodutível. A genialidade ou criatividade pertence ao plano sutil ou espiritual.



Mas, apesar da genialidade ou criatividade estar no plano espiritual ela segue a orientação de nossas almas. Nas almas residem não somente as experiências, conhecimentos e compreensões já vividas e conquistadas, mas também e principalmente nosso direcionamento ou abordagem perante a vida. Muitas vezes esta realidade interna está mascarada por uma conduta externa que engana até mesmo a própria pessoa. Por exemplo: a pessoa pode frequentar regularmente uma igreja, se dizer e repetir frases prontas “do bem”, mas se ela está sintonizada, se ele se identifica e constantemente pensa, fala e assiste coisas relativas ao lado tido como “do mal”, internamente esta pessoa se direciona para este “lado”.

Quando alguém une pensamento e sentimento em uma só ideia, conceito, vontade ou ação ela então está usando seu poder criativo. Se esta pessoa sente e pensa mal de alguém e ainda fala ou faz algo neste sentido ela está criando e projetando uma energia semelhante para aquela pessoa em particular. Depois não adianta se dizer arrependida ou que “foi sem querer”. Ela já projetou sua energia negativa e está feito, não tem mais volta. O que esta pessoa pode fazer é rever sua posição, direcionamento e conceitos. De nada adianta ir à igreja e em casa ficar assistindo ou ouvindo programas sobre desgraças, brigas familiares e ainda fazer fofoca, calúnia ou julgamentos sobre a vida alheia.

Precisamos ter consciência e responsabilidade sobre tudo que pensamos e sentimos. Precisamos direcionar conscientemente nossa energia criativa para que não colaboremos para criar monstros, demônios ou “acidentes” que sem nossa participação não existiriam ou seriam menos poderosos. Com nossa criatividade podemos construir ou destruir uma imagem de uma pessoa, seja ela um parente ou um desconhecido. E, esta construção ou destruição podem muito bem não estar de acordo com a realidade, com a verdade e, principalmente, com a justiça que todos nós temos direito. Com este poder é possível criar um mito de algo que na verdade é uma mentira e podemos também destruir um ser nobre e elevado disseminando mentiras sobre ele.

Isso é algo muito sério! Mais sério ainda se pensarmos que no futuro seremos julgados por tudo aquilo que fizemos, por como utilizamos os dons recebidos pela vida e por Deus. Nosso poder criativo é um dom divino que todos temos. O que exatamente estamos fazendo dele? Aquele que afirma não saber é porque está “ao sabor da vida” e pode estar sendo usado por outros mais espertos que usam as pessoas inconscientes para que construam para eles algo de seus interesses pessoais e mesquinhos.

Quando um pai ou uma mãe fala com seu filho, com uma grande carga de sentimento e pensamento, este progenitor está construindo um futuro, uma realidade para seu filho. O mesmo acontece entre o casal, ou ainda entre um empresário e seus funcionários. Ou, ainda, quando nos olhamos no espelho, bem fundo de nossos próprios olhos e dizemos coisas para nós mesmos. O que estamos realmente criando? Uma vida melhor? Ou mais dor, sofrimento e tristeza? Como estamos usando o nosso poder divino de criação? No que você está investindo sua energia criativa?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A Re Volta dos Anjos


A Re Volta dos Anjos


O conhecimento cristão nos ensina diversas coisas de natureza espiritual, muitos ensinamentos encontram-se na Bíblia. Mas, nem todos eles têm como fonte este livro sagrado e incontestável por dogma católico definido por papas na Idade Média (dogma este que as demais religiões cristãs aceitam e também adotaram). Uma questão que nos chega e que não está na Bíblia é sobre a Revolta ou Revolução dos Anjos.
Consta que anjos, liderados pelo “Diabo” se revoltaram contra Deus, Suas ordens e Vontade. Que esta “revolta” os trouxe para nosso planeta e aqui eles fizeram toda sorte de “coisa errada”; que foram julgados por outros seres espirituais mais elevados e condenados.
Esta estória pode ser encontrada nos registros e livros tidos como relativos à Enoque. Este personagem bíblico foi o avô de Noé. Ao que consta Enoque não morreu, foi levado por Deus para os céus. Os supostos “anjos caídos”, ou rebeldes, pediram a Enoque, que era limpo e puro, para que intercedesse por eles junto aos anjos superiores clamando perdão e assim Enoque saiu de sua condição de simples humano para se encontrar com seres espirituais muito mais evoluídos e poderosos do que os que viviam na Terra.
Esta interpretação de anjos que se revoltam contra a Vontade de Deus é um absurdo. Se Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente nada, absolutamente nada, acontece sem que Ele saiba, sem que Ele queira, sem que Ele participe. Então, o mínimo que se pode pensar é que ou estes “anjos” não eram entidades espirituais e assim como nós tinham lá sua porção de livre-arbítrio, ou então que tudo ocorreu conforme o Plano Divino, sob total conhecimento e aquiescência de Deus.
Discussões sobre as razões ou verdade à parte, o fato é que esotericamente sabe-se que este fato conhecido como “Revolta dos Anjos” aconteceu na Era de Leão (uma Era equivale a 2 milênios e um pouco mais de um século). Após a Era de Leão vieram as Eras de Câncer, Gêmeos, Touro, Áries e a Era de Peixes iniciada por Jesus. Agora estamos para ingressar na Era de Aquário, Era astrologicamente diametralmente oposta à Era de Leão. Os fatos se “repetem” de certa forma. Mas, não existe erro eterno, não existe condenação eterna, não existem coisas imperdoáveis. Caso contrário o “Erro Eterno” seria um segundo Deus, tão eterno e perfeito quando Deus. Este é o grande equívoco humano: cultuar uma ideia que possa se contrapor a Deus. Isso não existe!



Agora, na Era de Aquário, aquilo que foi feito de errado será redimido e redimido de uma forma justa e perfeita. “Aqueles” que de alguma forma prejudicaram a nossa humanidade, que de alguma forma interferiram alterando nossa evolução natural e espontânea, agora serão os responsáveis para nos ajudar a sair da condição em que nos encontramos. A primeira coisa que farão é exatamente colaborar para que entendamos que nada vai contra a Vontade de Deus, que não existe nenhuma entidade espiritual que seja contrária a Deus, Suas Ordens, Vontade e Sua Obra evolutiva cósmica. Ou seja, se eles “erraram” isso é patente de seres ou entidades de alguma forma imperfeitas, ainda em estado evolutivo e que não são Deus em absoluto! O passo seguinte e concomitante é ajudar a nossa humanidade a “limpar” seus conceitos, costumes, paradigmas e tradições de desdobramentos mínimos desta ideia dicotômica e uma possível luta divina entre um suposto mal e o bem. Podemos não perceber, mas estes conceitos duais estão presentes em simples raciocínios de nosso dia-a-dia e prejudicam nossa evolução, decisões e caminhar.
É chagado o momento da nova revolução ou revolta dos supostos “anjos” e são eles mesmos que lideram este movimento evolutivo para que nossa humanidade retome seu caminhar, agora em uma condição especial que nos foi outorgada exatamente por esta miscigenação com estes seres superiores. Se outrora estes “anjos” fizeram coisas contrárias à Vontade de Deus, agora eles trabalham a favor desta Vontade, de forma potente e acelerada porque mais do que para nós, estes “anjos” também precisam e querem a sua redenção e evolução. Pelo que nos fizeram no passado, estes seres têm agora sua evolução dependendo da nossa e estão plenamente conscientes disso. Se antes éramos apenas humanoides, agora por causa destes “anjos” temos também o “sangue das estrelas”. Com a ajuda deles a humanidade terrena tem por destino ocupar um lugar de igual direito na assembleia formada pelos mundos e civilizações do universo afora. A Re-Volta já começou, quem ficar preso a ideias, conceitos, costumes, hábitos e paradigmas antigos estará atrasando sua evolução e atrapalhando a evolução daqueles que estão ao seu lado. Vamos todos juntos voltar ao Céu!

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Plenitude da Mulher (e da Humanidade)



Um dos principais ensinamentos implícitos nas mensagens e experiências dos últimos tempos nos fala sobre a necessidade da plenitude da mulher.
Plenitude é uma palavra que tem significado muito próximo à “perfeição”.
A história recente e lembrada da humanidade é contada e dominada pelos homens. Foi a era do patriarcado no qual o homem é quem dominou e mandou. Mas, não foi sempre assim. Na história que não é contada, antes do patriarcado, houve o matriarcado quando as mulheres dominavam e até mesmo a imagem de Deus era feminina e não masculina como é hoje.
Mas, o tempo passou e o domínio feminino foi substituído pelo domínio masculino. As duas fases nas quais um sexo esteve acima do outro marcaram importantes experiências destes sexos, tanto como dominador, quando como dominado. É importante termos ambas as vivências para conhecermos “os dois lados da moeda” e assim poderemos atingir a verdade e a sabedoria que está além e acima da polaridade.
No recente período do patriarcado a mulher foi considerada até mesmo sem alma, inicialmente não teve direito a participar das decisões, foi símbolo do mal, chamada de bruxa, queimada na fogueira e sempre estava “atrás de um grande homem”. Ela era considerada apenas uma parideira, não tinha direito até mesmo ao prazer, a ser feliz ou mesmo a ter sua vida e carreira própria. O homem medieval concebeu a mulher dividida: uma era o símbolo da mãe imaculada e a outra era a prostituta do mal, uma era Eva e a outra Lilith. Uma era parte de si mesmo (uma “costela” sua) e a outra foi criada em iguais condições e seu amor secreto. Relacionar-se com uma parte de si mesmo é o mesmo que praticar o sexo solitário que apesar de dar prazer não é tão satisfatório quanto feito com a energia complementar.
Como você pode perceber, as coisas estão mudando já faz um tempo. Hoje as mulheres já votam, podem ter sua própria carreira, chegam até mesmo a ser presidente(a) de países importantes (Israel, Inglaterra, Brasil e Argentina são exemplos recentes).
O próximo passo da evolução sexual não é mais de supremacia de um sexo sobre o outro. Agora o feminino que adquiria a sabedoria por viver os dois lados da moeda do poder caminhará lado a lado, em iguais condições ao masculino que também já adquiriu sua compreensão por viver as situações de dominado e de dominador.



Mas, para concluir sua plenitude a mulher precisa cumprir uma etapa que só ela mesma pode se proporcionar. A plenitude traz consigo a ideia de inteireza. Ou seja, enquanto ela não se permitir ser e viver tudo o que tem dentro de si não será inteira. É claro que para que este processo possa ocorrer é importante que o masculino compreenda esta necessidade e permita que aconteça. Desta forma ambos serão beneficiados. Afinal, o masculino deseja e necessita do feminino pleno para que ambos, juntos se completem perfeitamente em busca da Perfeição Divina e da harmonia cósmica a ser implantada em nosso plano e planeta.
As mulheres precisam observar seu interior psíquico e se permitirem ir além de receios, inseguranças, limitações. Devem saber que tudo o que existe em seu interior se está “aparecendo” na forma de desejos, necessidades, imaginação, sentimentos ou impulsos é porque está vivo e como algo vivo é algo divino e deve ser vivido plenamente. De forma sábia, madura e consciente, a mulher precisa se permitir e assumir, colocar para fora e viver esta vida que está em seu interior e que esteve reprimida por tantas gerações. Somente assim ela poderá se sentir plena, feliz, realizada, satisfeita e perfeita. Somente assim ela poderá completar perfeitamente o homem e juntos viverem a plenitude da humanidade, quando não mais existirá dominador e dominado, luta entre o espírito e a matéria, entre o bem e o mal, quando a humanidade viverá compreendendo que a noite e o dia necessariamente se alternam sem que um seja melhor do que o outro, assim como o inverno e o verão, como a dor e o prazer, a morte e a vida.
Nós homens não somente precisamos abrir espaço para esta mulher plena em seus direitos de vida como devemos sim estimular que isso possa acontecer. É uma questão de justiça e mais do que isso, é uma necessidade para que também nós possamos ser felizes com uma mulher que nos complete plenamente, em todos os sentidos e formas, sem restrições ou limitações.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O início da volta para o Pai

Ano Novo, vida nova! Tudo na vida é feito de ciclos. Nada é estável, fixo, tudo é cíclico, tudo na Criação e na Natureza segue um Projeto Maior definido por Deus. Já sabemos que não existe uma fonte de trevas, uma fonte de maldade ou uma entidade igual e contrária a Deus. Assim, tudo emanou Dele e tudo para Ele retorna[1]. Se a Era de Leão foi o marco de início deste nosso universo, da conhecida Rebelião dos Anjos, então agora na Era de Aquário é a Era do Retorno, da Rerrevolução dos Anjos.
Sabe-se que o amor é a única e maior força que existe na Criação e também que não existe condenação eterna. Sabe-se também que Deus é Justo, Amoroso, Misericordioso. Tudo que existe foi emanado Dele e a Ele tudo retornará. Então, o que é conhecido como “Mal” também é motivo de criação por parte de Deus, também é motivo de Seu amor e misericórdia. Se toda a Criação faz parte da Magnus Opus Dei, o Grande Projeto de Obra de Deus, o “mal” também está inserido em seu contexto como importante exercício do livre arbítrio. É importante destacar que se não houvesse livre arbítrio não haveria mérito algum. Por outro lado, o suposto “mal” serviu como um “corretivo” para os afastamentos das leis divinas, uma verdadeira “polícia” que denunciava os desvios e afastamentos para com Deus e Suas Leis.
Mas, a Era de Aquário é marcada pelo alinhamento das forças e princípios da Criação. A partir desta grande era iremos construindo uma vida sem as antigas contradições entre bem e mal, certo e errado, luz e trevas, masculino e feminino, forte e fraco, vencedor e perdedor, positivo e negativo. Ao invés de se digladiar ente si estas forças se unirão para atingir um objetivo maior. Pela força do Amor e da Harmonia o positivo se unirá com o negativo para que a luz seja acesa, o masculino se unirá com o feminino para gerar uma nova vida, o certo e o errado se união em sabedoria e compreensão e a humanidade compreenderá que é o silêncio (entre as notas) que dá graça e sentido a uma sinfonia, assim como compreenderá que é a sombra que nos permite ver as imagens, pois sem a sombra tudo seria luz e nada poderia ser distinguido, tudo seria uma luz só misturada e complexa.



Sabemos que se Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente nada pode acontecer sem que Ele saiba, que Ele aprove e que Ele participe. Então, o conceito de uma entidade contrária a Deus é um equívoco de raciocínio, lógica e de interpretação. Pelo contrário, esta força que foi condenada por séculos é a verdadeira responsável pelas provações e consequentemente pela evolução da humanidade. Nas escolas os exercícios e as provas são necessários para o aprendizado, o mesmo ocorre nos esportes. Por mais que não gostemos dos exercícios, desafios e provas, precisamos compreender definitivamente que são justamente eles que fortalecem o nosso espírito e testam nossa determinação, coragem, valor e princípios. Observe leitor que a dor é importantíssima para nos informar de que a harmonia foi perdida por alguma razão e que precisamos tomar alguma atitude para que tudo volte “aos trilhos”.
Talvez possamos dizer que a Era de Aquário será marcada definitivamente pela harmonia e pela união entre ciência e religião, entre emoção e pensamento. É em Aquário que verdadeiramente haverá o encontro amoroso entre os princípios masculino e feminino, em encontro definitivo entre os co-regentes da Criação, entre o Rei e a Rainha alquímicos.
Está iniciado o processo de retorno, de volta, dos anjos, tanto dos chamados “bons” quanto dos chamados “maus”. Afinal, andar com as duas pernas ou trabalhar utilizando os dois braços (o direito e o esquerdo) é muito mais fácil e natural de que utilizando apenas um deles. Se abdicarmos da parte esquerda ou da direita de nosso cérebro deixaremos de ser uma pessoa saída, equilibrada e perderemos nossa condição evolucional.
Reflita então, caro leitor, sobre estas questões e decida caminhar de forma aquariana e se unir àqueles que já iniciaram seu processo de retorno a Deus e à plenitude da vida e da existência.



[1] Conhecido como a Respiração de Brahma, a Criação segue um ciclo que se inicia com algo semelhante ao científico Big Bang (ou buraco branco, ou , ainda, um quasar), de onde tudo é “expelido” e a partir daí tudo vai se conformando e se organizando de forma coerente, seguindo leis cósmicas determinadas. Isso ocorre até que o universo atinja seu “horizonte de evento”, ou ponto máximo de expansão, a partir daí ele começa um movimento contrário de contração sobre si mesmo, pela força da atração, até tudo se fundir em um grande buraco negro. Este processo astrologicamente se inicia em Leão, passa então para Câncer, depois para Gêmeos, Touro, Áries, chega a Peixes e então ao signo oposto de Leão que é Aquários. Estas são as Grandes Eras ensinadas por Platão.

Além do Bem e do Mal




Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a gênese das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários em consequência do movimento eterno. Para Anaximandro o princípio das coisas - o arché - não era algo visível; era uma substância etérea, infinita. Chamou a essa substância de apeíron (indeterminado, infinito). O apeíron seria uma “massa geradora” dos seres, contendo em si todos os elementos contrários. Anaximandro tinha um argumento: o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e essas coisas são antagônicas entre si, portanto o elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, mas está invisível.
... uma unidade primordial, da qual nascem todas as coisas e à qual retornam todas as coisas.

Anaximandro de Mileto[1] (611-547 a.C.) 



Da Unidade Primordial surge a multiplicidade e a Ela retorna.
Assim como de Deus surgiu toda a Criação também Nele será seu final.
A convivência com os contrários serve para a experiência da vida e principalmente para o exercício do livre-arbítrio. São nas escolhas que se diferem as pessoas, que percebemos seu caráter e mérito.
A chamada “Guerra entre o Bem e o Mal” nada mais é do que o resultado de uma interpretação equivocada, uma consciência limitada da vida e seus ensinamentos para nós.
Há pessoas que abominam a chamada “mão esquerda”. Então, porque estas pessoas não amputam seus braços e mãos esquerdos? Houve tempo em que a mulher era sinônima do mal. Será que estaríamos aqui hoje se muitas mulheres não tivessem sobrevivido a esta ideia equivocada? Aqueles que ainda pensam assim (que a mulher é um agente do mal) estão dispostos a remover total e absolutamente a mulher de suas vidas, como pregam? Estarão eles dispostos a se afastar de sua mãe, irmã, esposa, filha? Talvez para estas pessoas seja conveniente se mudar de país porque o Brasil no momento é presidido por uma mulher!
Na Física atômica sabemos que a união ou fusão entre o próton (carga positiva) e o elétron (carga negativa) resulta em um nêutron (carga neutra). Da mesma forma, o uso da eletricidade só ocorre se promovermos de alguma forma o encontro entre os polos positivo e negativo: acendendo uma lâmpada, fazendo girar um motor, etc.



Organicamente falando temos dois hemisférios cerebrais e o coração é dividido em duas partes por um septo. Exigem órgãos que são duplos: ouvidos, pulmões, rins. Será que aqueles que renegam o “lado esquerdo” estão dispostos a abrir mão do lado esquerdo destes órgãos? Afinal, não foi Deus que assim os fez? Será que estes que condenam o lado esquerdo se julgam melhores, mais inteligentes, mais espertos e mais perfeitos do que Deus?
Como seria possível se ver as estrelas se não houvesse a escuridão? Como seria possível ouvir a beleza de uma música se não houvesse o silêncio entre suas notas musicais? Como seria possível distinguir as formas, enxergar algo, se não houvesse as sombras? Como seria possível nos locomovermos se não existir o que nos parece imóvel?
Em termos de Física é impossível separarmos a eletricidade do magnetismo. São forças ortogonais sim, mas inseparáveis. Da mesma forma não se separa homem de mulher, luz de sombra, etc. Na verdade são as duas faces de uma só verdade, de uma mesma moeda.
Quem condena os efeitos do suposto “mal” não percebeu que é exatamente da alternância entre os opostos que a vida se mantém. Observe nosso andar. Se estivermos sempre em equilíbrio não existe caminhar, ficaremos fixos, parados eternamente. Mas, se nos desequilibrarmos um pouco e formos alternando nossas pernas esquerda e direita, bem aí sim haverá um caminhar.
É interessante observar que a humanidade deu grandes saltos em momentos que supostamente imperava o “mal”: as guerras.
Na saúde a malvada dor nada mais é do que um alerta nos avisando de que algo está errado, em desarmonia, no organismo e que devemos tomar alguma atitude.
Muitos gostariam de viver sem dor, sem o mal, sem as trevas, etc. Se assim Deus lhes permitisse seriam pessoas imperfeitas, sem possibilidade de evolução ou crescimento. Estas pessoas viveriam em um dia eterno, sem noite; caso se machucasse não o saberiam e poderiam morrer em consequência de coisas simples, viveriam isoladas de tudo e de todos na falsidade de uma ilusão de perfeição; estas pessoas não veriam nada porque tudo seria uma luz cegante; não se locomoveriam, não ouviriam nada ....
Eu prefiro poder ver as estrelas, ouvir uma boa música, ter a noite para dormir na companhia da mulher amada e saber que ainda posso evoluir muito, crescer e aprender.

'Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.'
(Nietzsche)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Circumponto como resultado do Casamento Alquímico


Recebi um conhecimento e passo agora a partilhá-lo.

Talvez para aqueles que não estejam praticando o processo alquímico este texto possa parecer confuso, complexo demais e até mesmo contraditório. Mas, para aqueles que estão vivenciando a Obra este texto pode contribuir de alguma forma.



Habitualmente o circumponto é encontrado na Astrologia e na Alquimia como o símbolo do Sol. Por sua vez, o Sol é símbolo da realização, da Luz, da Justiça, da Verdade e do Amor.

É também comum encontramos a simbologia da Lua como contraparte do Sol e seu complemento. Mas, existe uma diferença hierárquica grande entre eles. Enquanto o Sol é o centro de nosso sistema planetário a luz é um satélite do pequeno planeta Terra, onde vivemos. Como pode um satélite ser a consorte de uma estrela se nem um planeta o é?

Os movimentos astronômicos em nosso sistema é realizado na forma de uma elipse (algo próximo ao oval) e não circular como se pensa. O movimento circular tem um centro, já o movimento oval tem dois centros ou focos.

Em Astrologia, o movimento circular da Lua em torno da Terra tem o nosso planeta como um dos focos e no foco vazio considera-se o ponto conhecido por Lilith, a chamada “Lua Negra”.

Mitologicamente (veja a tradição judaica de onde surgiu o cristianismo conhecido e antes dela a tradição mesopotâmica de onde veio o judaísmo) existem duas “mulheres” na criação do Paraíso: primeiro Lilith (feita do barro, assim como Adão) e Eva (feita da costela de Adão).

Toda a Criação pode ser considerada “feminina” se levarmos em conta que é a Natureza Naturada. Afinal, Ela é fecunda e recebe de bom grado as sementes para germinar e procriar. Até mesmo o pensamento mais elevado ainda pertence à Criação e portanto à Natureza.

Então, os focos vazios podem ser considerados partícipes do Imanifesto, da espiritualidade que existia antes da Criação, do “Fiat Lux”, na grande Noite Cósmica, antes de Deus criar os céus e a terra. Se a Criação é em essência dual (separou-se céus e terra, terra e água, luz e trevas) sua origem imanifesta é então a Unidade Primordial.

O movimento da Terra em torno do Sol, tem esta estrela como um de seus focos. No foco “vazio” então podemos conceber que seja o local do Sol Negro, dos antigos magos e alquimistas.

No processo alquímico conhecido por Casamento Alquímico, que ocorre entre o Rei e a Rainha (magos que atingiram o domínio ou regência de si mesmos) simbolicamente representa o encontro entre o Sol e a Lua, que por sua vez indicam as naturezas espiritual e material.

Então, se o casal de magos que realiza o Casamento Alquímico promove a fusão no processo final da Pedra Filosofal chamado “Coniunctio” realiza este processo nos planos material e espiritual, ou seja, promove a fusão entre Lilith e Eva, os sóis Negro e Iluminado, das Duas Colunas sobre as quais se apóia todo o edifício do Templo de Deus (referência dos templos erguidos pelos sacerdotes de todos os tempos).

Se estes alquimistas desconhecerem ou não considerarem o trabalho com os aspectos imanifestos jamais atingirão o ápice do processo.

Até porque, quando os dois focos, tanto lunares quanto solares, se aproximam o suficiente para que seus horizontes de evento se toquem formando o símbolo do infinito (ou da eternidade) é quando ocorre o chamado processo de despertar da consciência. É quanto o passado e o futuro se unem no eterno presente, momento este simbolizado pelo mitológico Janus Bifronte ou pela Águia Bicéfala. Neste momento os mundos manifesto e imanifesto perdem seus limites e inicia-se o processo de divinização da Criação.

Alquimicamente cria-se então o hermafrodita divino, Adan Cadmon, o “filho do homem” porque foi este que o criou com seu esforço, conhecimento, disciplina e método.

Adan Cadmon é o Homem Cósmico, Aquele que representa a Árvore da Vida, o Cristo.

Então, este processo culminará na fusão dos dois focos em um só ser, da fusão dos aspectos manifesto e imanifesto em um só ser, do concebível e do inconcebível em um só ser, do divino e do humano em um só ser.

Simbolicamente então haverá somente um só centro, um só foco, uma só origem da qual emana toda a Criação, toda a vida, seja ela manifesta ou imanifesta, material ou espiritual.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Transformação


Paradigmas de toda uma vida vem á tona. O Passado e o futuro se encontram, a roda gira mais rápido, o destino se cumpre, um novo pôr do sol para seguir. A transformação latente. O que acontece? A explicação foge ao controle, a complexidade de variações entre pensamentos e friezas com o eu. A vida... As extremidades... O porvir. O mestre que fraqueja calado, pois perde forças em um mar de espera e mutações, transmutações e alquimias do cosmo infindável. Existem todas as possibilidades do brilho, a estrela brilha, mas existe um véu obscuro. O véu do caos para obter o renascimento. O caos do corpo físico, o caos da mente, o espírito evolui sem que percebamos a fonte que sempre esteve ali. Ela está lá, forte, talvez isso seja uma espécie de casulo, um sarcófago que está sendo aberto para ser descoberto um segredo. 



O que há realmente? Não sei; vejo, sinto e prevejo, porém não sei. Minha sabedoria me faz ficar dura, quieta e inquieta ao mesmo tempo, diz para esperar ainda um pouco mais. As extremidades se confrontam e o sabor do próximo passo é tão claro na mente, tão claro e intuitivo. O cosmo tem seu tempo, a lei do ritmo, e sinceramente não sei se esse ritmo está de acordo com o meu ou o eu de acordo com ele, ao menos nesse momento de paralisia dos sentidos. Apesar de que tudo se encaixa perfeitamente no universo, posso ver isso sem nenhum obstáculo. Algo necessita desabrochar, acordar, florescer, sair internamente para o mundo. A imagem, algo ligado com a imagem, aquilo que eu menos suporto, os defeitos ultrapassados. Hora de desmascarar a si mesmo, hora de dar início àquilo que é para ser feito. Uma missão. Não achei que fosse estranho desse jeito, não difícil, nada é difícil para uma mente consciente, apesar de humana. Estranho, diferente. Sentir tudo se encaixando, tudo transmutando através da alquimia da vida. A rebeldia que resiste às mudanças, graças á cruel e indispensável frieza adquirida com o existir do passado. A necessidade do aprendizado consigo mesmo e com o universo. A renovação. Existe um céu estrelado chegando e uma das estrelas mais brilhantes faz parte de mim, só que agora, nesse exato instante existe uma neblina. Gostaria de sentir alguma coisa, mas nada sinto apenas as previsões que já estão falhando por conta da catatonia. Catatônica, eis o estado. Eu que escrevi muitas vezes sobre a catatonia mental, o paralisante das coisas que estão prestes a mudar, eu que já passei por isso e sinto como se dessa vez eu fizesse parte de algo maior. Algo destinado, a missão. Lutei tanto pra chegar até aqui e agora encontro-me sem reação, isso é que faz a rebeldia. Algo intrínseco que só eu mesma posso resolver ou esperar que o ciclo se complete. Sinto-me como um ser sem dons, paralisado, contudo, se tivesse que descrever um sentimento que está guardado é a felicidade, a alegria de tudo que foi conquistado com muita força e persistência, conquistei aquilo que necessitava para o fechamento de um círculo. Hoje, o presente é o futuro daquilo que se fechou. A cauda encosta na boca que daqui á pouco tempo será completa quando se engatarem formando o perfeito circula da vida. A neutralidade é tudo que incomoda. Essa espera diante de meu arquétipo impulsivo e perfeccionista. Coré transformando-se em Perséfone mais uma vez. O jogador perde sua rainha negra, mas sabe que a mesma será resgatada muito mais forte e em breve, só com o resgate da rainha negra que o xeque-mate poderá ser real. Apenas um estágio, uma fase onde a paralisia nos leva para longe do próprio ego. Não há dor nem emoções, apenas a certeza do que virá, a certeza do sol do sucesso de tudo que se almeja, a certeza do acontecido que nada mais é que a morte dentro da própria alma pronta para o renascimento de uma nova era psicológica, um mundo novo e brilhante. Assim se faz necessário, é assim que o simbolismo da morte se manifesta, nada mais que isso. O silêncio é apenas uma forma de força já que se tem consciência que nada nem ninguém entenderia, aliás, apenas eu tenho que entender, a jornada é minha, a vida que eu tenho que recomeçar, as palavras que fazem parte de uma missão. Quando paralisados a revolta com si mesmo é a única coisa que manifesta forte. A força permanece quieta bem ali dentro, não é fraqueza, jamais seria em uma mente poderosa, feliz e tranquila, tudo isso é apenas a manifestação alquímica da própria psicologia deixando para trás antigos padrões existentes e por mais que eu me sinta pouco à vontade em me expressar, vejo que criei dogmas ao longo da jornada antiga, logo eu antidrogas, os criei e só hoje vejo isso. Assim se manifesta a consciência para um ser melhor. A alquimia da vida, a transmutação do eu, a verdade diante dos olhos, a vida como ela é. A carta da morte seguida da carta do mundo. O hermafrodito se conhecendo através dos círculos traçados por aquilo que podemos chamar de destino. Tudo já foi previsto em forma de imagens, mas só agora eu sinto com tanta intensidade a morte do meu eu, a morte dos antigos padrões criados como arma, a morte e o renascimento. O novo! Bastam alguns dias para que tudo morra e tudo renasça, bastam alguns dias para que a roda se transforme e a estrela saia das brumas para voltar a brilhar. 



A evolução da psicologia, a minha evolução e só eu mesma posso me ajudar porque só o próprio controle pode fazer nascer aquela bela borboleta que está quase sendo jogada para o mundo e abandonando seu casulo, ela nunca mais voltará a ser a mesma, pois seu nascimento também é a sua morte. Uma mente transformada e evoluída nunca mais volta a sua forma inicial. Isso que estou esperando, por mais que me revolte sem motivo aparente, é exatamente isso que devo deixar para trás, deixar morrer. Enquanto houver a rebeldia nada mudará por inteiro. Eu desejo e necessito essa mudança, mas que as coisas têm que mudar e como minha mente já havia previsto antes, isso tudo é normal, apenas necessito ficar só, sei que não devo me ausentar tanto, não deixar a misantropia invadir a alma, mas esse é o método da reação física. Contudo, esse é meu momento de morte e nenhum ser que não tenha o dom que tenho saberia o quanto isso é necessário para a complementação e o quanto isso é necessário para a evolução nesse mundo. Cada um conhece a si mesmo (ou deveria conhecer), cada qual possui seu ritmo, esse é o meu, breve a renovação será implícita e alguém, mais bela e brilhante chegará com todas as forças e todo o poder mental. Assim é necessário, essa é a lei do meu ritmo. Esse é o toque indispensável para obter aquilo que se quer e aquilo para que veio ao mundo.

Letícia de Castro

A Máscara Social


Contribuímos ou achamos que contribuímos para a máscara social?
Primeiramente o mundo é feito de energia, desde a tomada de sua televisão ao cansaço físico que nos mostra o gasto energético do corpo, ou do estresse como uma carência de energia psíquica, até mesmo a energia dos astros que influenciam desde a maré (Lua) ou humor pessoal (planetas). Então não tenhamos dúvidas que seja qual for o tipo de energia, o mundo é composto por energia e influenciado por ela, isso é provado pela ciência e pelos sentidos humanos quer acredite ou não. Falando em energia todos os dias as pessoas gastam grande parte de sua energia para criar a chamada máscara social, um sistema errôneo em que fomos criados para sermos aceitos. Aceitos a quê? A escravidão é claro, somos escravos de nossa própria projeção, que é a máscara na qual me refiro. Ao invés de projetar realidades, construir sonhos, construímos e projetamos a falsidade e ainda desejamos que o mundo seja sincero conosco. Se formos falsos teremos falsidades, se formos amáveis teremos amor é a lei do retorno ou a lei da troca equivalente. Damos para receber. Se queres um mundo de justiça, de amor e de transparência humana, antes de tudo tem que tirar, quebrar suas máscaras, doar com justiça para obter um mundo justo. Parece fácil, mas quando se trata do ego, de antigos padrões existentes de eras remotas com dogmas errôneos com objetivo de alienação... É mais fácil para a natureza humana a acomodação, o não querer ouvir a verdade, o fingimento e a mentira para consigo mesmo, é mais fácil continuar sem mudanças e esperar a morte, o mesmo que declarar não à evolução. Se for contra a evolução de si mesmo então qual é o motivo de seu nascimento? Ficar rico? Ou habitar um mundo sustentável com outras riquezas além do dinheiro que parece ser a única resposta para os humanos acomodados (até para ganhar dinheiro não se deve ser acomodado) e não pensantes porque não se desligam da máscara cristalizada como eu sou isso e o eu verdadeiro inexiste. Se cada um arrumar sua própria mente, arrumará o mundo aos poucos, pois nossa arrumação possui influências automáticas que influenciarão outros e assim até se formar uma massa de energia pacífica. Nossos pensamentos geram parte de uma egrégora porque são energias e se esse pensamento tem poder ele se junta ao tipo energético compatível e cria uma massa aérea de energia construtora ou destruidora. Antes de tudo temos que destruir a nós mesmos. Todos os grandes sábios morreram em vida, como um iniciado que morre para o mundo mesmo que tenha que continuar habitando certos sistemas, ele tira a máscara e o mundo para ele nunca mais será o mesmo. Aquele que conhece a si mesmo muda e trás consigo a nova concepção dos valores ultrapassados, pois após enxergar a existência por um véu invisível aos humanos que não sentem, não veem, nem desejam aprender. A estrutura cerebral de um escravo (humanos fabricados para não pensar) tem em sua estrutura só o físico, o que com o tempo a interferência da base mental fraca os fez seres sem força física, sem a força psíquica ou espiritual. Em resumo, são seres alienados sem nenhum atributo tridimensional (o mínimo para um ser vivente nesse planeta). 




No fundo vestimos máscaras para fingir que somos escravos sociais, mas com o tempo nos acostumamos com ela e não discernimos mais quem somos, assim achamos que a máscara é o que nós somos de real, por isso padecemos na ignorância social, tornando-nos escravos de nós mesmos. Palhaços mascarados em um teatro deprimente e absurdo. O mundo se dividirá em alguma hora e as máscaras cairão, o choque é grande, melhor que forcemos com nossa própria vontade, pois aqueles que se acomodam a uma psique miserável irão sofrer sendo varridos fisicamente, pois a única dor que conhecem e o único mundo que conhecem é o da dor física, da violência, do medo e da fragilidade de pensamento. Nosso mundo mudou, essa é a entrada de uma nova era. Não porque a mídia investe no 2012, não porque a economia mudou, não porque temos mais ricos e mais pobres, mas porque aquele que pode sentir que sinta e aquele que pode ver que veja, muitas coisas estão mudando, mas é preferível mentir para si mesmo. Porque temos uma máscara, e nossa família, amigos, sociedade se acostumou, fazemos pelo outro que não está nem aí para nós. Deixa de evoluir por uma ilusão, pelo pior dos pecados: a ignorância, que é o motivo gerador do preconceito, e se tratando de preconceito assimilados está a sociedade que só aceita o igual e teme o inovador e os questionadores. Olhe só a grande massa ignorante, até que ponto você se assimila a eles? Evidente que dirá; eu não sou escravo, os que dizem isso são os primeiros a ultrajarem suas máscaras por temerem a si mesmos, por temerem ao eu desconhecido. A ilusão é a prisão desse mundo. Todos vestem máscaras para esconder o eu de si mesmo. Até que ponto sou feliz? Até que ponto minha máscara ancora 100% de todas as pessoas a meu redor? 




Seja sincero. Ao tirar a máscara terá menos amigos, mas estes são os confiáveis e verdadeiros, os eternos. Melhor um amigo verdadeiro que duzentos colegas falsos, mascarados que fingem gostar de sua máscara. Não levamos nenhuma máscara desse mundo, levamos a nossa evolução, nossa consciência, nosso aprendizado sincero de paz e amor. Até que ponto os seres humanos tem a coragem para implementar o arquétipo do herói, visto que cada um deles possui seus defeitos, mas todos são verdadeiros, os falsos heróis são sempre os vilões que no fim tropeçam na própria loucura, a ilusão projetada. Gosta disso ou faz apenas para agradar? Veste aquilo porque gosta ou porque está na moda e temos que agradar a sociedade? Ou será que é ao capitalismo que está agradando? Quantas vezes pensamos com coerência ou com a nossa própria consciência durante o dia? O que te leva a escutar e a não questionar? Faça perguntas a seu eu superior, silencie-se e verá que o véu escuro desse mundo possui um som assustador, é o som dos medos, das fobias humanas, é o som da violência devido à vulnerabilidade, tudo isso é devido à máscara. Até que ponto somos nós mesmos? Deixe que sua voz interior o guie de acordo com o fluxo universal, existe um criador e você tem parte desse gene de luz. O homem pode criar e realizar, mas tudo que é feito na base da mentira e sobre as ilusões da máscara nada será duradouro ou talvez nem sequer vingue, depois não culpe o universo ou as outras pessoas pelo seu fracasso. Por que as coisas dão errado? Será que sua visão é embaçada? Mas aquela voz que você nem se dá conta, ou que diz em sonhos, vozes tidas como intuição, suspeitas, deduções... quem nunca teve nada disso? Isso está dentro de cada ser humano que só usa até 6% (modestamente) da sua cabeça animal. Onde está os 94%? Por trás da máscara. Quem vive de máscaras não precisa do restante das capacidades da mente, pois este não seria um ser de justiça tendo uma máscara e nada que não seja pela paz, justiça e amor não é digno pelo universo de portar capacidades ou dons superiores. Uns ficarão no mundo baixo, a maioria. Outros atirarão suas máscaras ao chão, enxergarão a terra como um corpo vivo, sentirão novas percepções, não irão se acomodar porque terá uma vontade súbita de evolução. O que a sociedade atual nos ensina? Para ser bem sucedido em todos os níveis há a necessidade de construir uma máscara, assim aprendemos e para nós só as crianças habitam a sinceridade, depois se tornam adultos mascarados. E assim temos um ser humano mascarado em um palco social sem escrúpulos com promessas mesquinhas onde o próximo que se dane. É assim que pretende ensinar a seus filhos o convívio e o amor? Se soubessem o que seu mundo representa em outros mundos. Se soubessem que a ajuda ao próximo é algo que temos por tantos séculos e até milhares de anos por seres que não vemos. Se soubessem que tantos seres tiraram suas máscaras e que invisivelmente tentam nos ajudar e nós continuamos a proliferar esse verme mental que se alastra. De qual lado você ficará? Dos criadores ou dos escravos? Não deixe para depois, sinta o universo, ele precisa da sua resposta, colocação e sinceridade, a hora é agora, nada é por mero acaso nem mesmo a sua leitura nesta coluna. O eu, a natureza, o planeta e o universo precisam da sua resposta íntima que emanará uma vibração. Seja positivo, é hora de aprendermos sobre a verdade, e só os fortes aguentarão e só os justos permanecerão, os quais após dar e receber amor terão um mundo novo de acordo com sua evolução, não só da mente quanto aquilo que chamamos de coração. Um mascarado não tem um coração puro, digo que os falsos não tem coração porque não conhecem a si mesmos e a capacidade própria de amar. Você quer ser amado pelo mundo, aceito por ele? Aceite você mesmo e ame-se. Tire a máscara para você mesmo, sem mostrar a alguém, se olhe no espelho sem máscara e se sentirá vulnerável a principio. Pense a respeito e depois saiba que é da fraqueza que flui a força. Ninguém pode ser forte sem conseguir entender a fraqueza. A fraqueza desse mundo é a ilusão, a sombra que a máscara faz deixando esse mundo preso, deixando uma sociedade aprisionada as margens da não aceitação daquilo que somos de fato. O que somos? Quem somos nós? O que sou eu além do ego mesquinho? Esse é o caminho para a verdade e a vida, esse é o caminho para a nova terra, nova esperança onde todos nós seremos criadores. Porque temos aquilo que merecemos, não tema essa é a grande verdade que se esconde por trás das projeções mascaradas que nada são além de ilusões criadas por você mesmo, por medo, por ser fraco e acreditar ignorantemente em uma não aceitação. Então não acredite que o mundo da paz o aceitará, porque as máscaras são sempre traiçoeiras e seu poder é iludir o palhaço escravo que há por trás delas. Reflita até que ponto sua máscara social lhe deu o poder de ser uma marionete, aprisionado por cordas do não conhecimento e aceitação desse fato. Quem não aceita você, é você mesmo, então crie com base na verdade e não tema a verdadeira face de ser um ser humano consciente que recebemos do mundo aquilo que damos a ele. A nossa troca equivalente, que nenhum sistema criado por homens poderia interferir, pois é algo maior que mil máscaras criadas é simplesmente a verdade que nos criou. Pense no eu e converta a sua máscara para um belo rosto de um ser humano digno de ser o construtor da própria vida e da própria realidade. Onde está a sua máscara agora? Até que ponto vive em uma ilusão? Até que ponto se tornou uma marionete da loucura social? Até que ponto está alienado? Mentindo para si mesmo ou tentando um meio para pensar em uma forma de eliminá-la para o encontro da verdade do eu, da vida e da existência humana em forma pura e iluminada. Não minta para si mesmo, o ser mais importante do seu mundo verdadeiro. Não deixe seu eu morrer para dar espaço a uma máscara de futilidades. Eu sou, eu posso criar a verdade e receber o amor como aceitação de tudo que é maravilhoso dentro de meu eu verdadeiro. Conheça-te a ti mesmo! Vale a pena e nunca mais será uma mera marionete infeliz nesse mundo de máscaras sociais impostas por algo que nem sabemos, por que nunca nos questionamos, apenas aceitamos como única condição o que nos foi imposto rigidamente por sermos acomodados.

Letícia de Castro

O Pântano da Morte


Passeando entre as tamareiras, observava o crepúsculo imponente de sua terra, enquanto o sol se punha ao oeste, apresentava no céu a primeira estrela da noite. O céu manchado de azul com alaranjado forte que só a natureza era capaz de produzir. Lugar de beleza esplendorosa para um cenário tão árido e triste. Na relíquia do deserto: O oásis. Lá caminhava um jovem chamado Ammu. Meio homem e meio menino, Ammu continha feições morenas, cabelos e olhos castanhos escuro, cujo brilho tanto do sol como da lua era refletido nitidamente em seu olhar, aonde quer que fosse. Usava botas e calças negras, túnica branca encardida pelo vento misturada ao suor de seus movimentos corporais. Ammu andava contemplando o deserto, pensando no frio que faria em algumas horas e no calor que consumia durante o dia. Pensava em como seria viver em outro país; ele almejava abandonar sua terra, sua nação. Ammu não desejava a tradição da família, não queria andar nas terras secas a vida toda como o pai; um homem do deserto consumido pela idade, sol e cansaço. Perdido entre pensamentos e reflexões de uma mente jovem, implorava para que algum deus lhe tirasse daquele solo fervente.
Uma lágrima escorre, o jovem limpa com as costas da mão, repara novamente no caminho e percebe algo muito estranho. Ammu leva um susto, encontra um largo portão, feito inteiramente de ouro trabalhado que dividia o oásis. Achando lindo e curioso, pois conhecia bem a região, jamais havia reparado naquele lugar, muito menos em um portão brilhante de tamanha proporção. Ammu adentrou os domínios que pareciam coisas de grandes reinados de contos de livros e lendas. Era um gigantesco portal dourado com duas maçanetas escarlates na forma de chacal. Ammu não sabia bem o que era um chacal. Conhecia apenas através dos contos de seu povo. Ao tocar na estranha figura animalesca, o portão se abriu. Havia um longínquo caminho com tamareiras todas iguais, enfileiradas como se fossem duas colunas, formando uma estrada infinita. Para Ammu estava claro que ao entrar deveria seguir o curso daquele único caminho, que se perdia no horizonte. Havia um vento estranho, agradável, sem direção que induzia calmamente á vontade. Ammu desejou muito não voltar para seu povo e seguir o caminho das tamareiras, não importando que terra iria achar. Em um determinado momento ele percebeu que a estrada tinha um fim; porém a infinitude era uma ilusão. Viu um altar gigantesco, onde havia um trono dourado e uma capa solferina que encobria parte do assento. A poltrona sacerdotal continha hieroglifos antigos desenhados nas partes em que seriam para descançar os braços. Poderia ser o trono de algum sacerdote ou quem sabe um sonho interessante de sua imaginação. Percebendo que não havia ninguém ao redor, o jovem aproximou-se curiosamente. Olhou em volta, teve a certeza que o fim do caminho era o trono que ficava acima de três degraus igualmente dourados. Subiu os degraus vagarosamente, olhou para dentro do assento, quase encostando a face... Ammu desejou o poder. Foi quando olhou para “algo sem lembrança”, através do íntimo de seus olhos que reluziam no ouro do trono. No mesmo instante, Ammu foi transportado para outro local, era uma espécie de bosque. Havia entrado em uma realidade incompreensível do mundo; o fim, o término de todas as coisas vivas no universo, a escuridão. Ammu vê então um ponto de luz. Dentro do ponto luminoso havia uma estrada que brotava plantas verdes no chão, era húmido, alegre e extremo do qual ele vivia. Logo, tudo começou a desmoronar como um quebra-cabeça sendo desmontado. Ammu começou a ver a destruição, tudo estava sendo aniquilado e paralisado, um cataclisma, ele observava o fim de todas as coisas belas e puras da terra; os animais, as plantas que ali habitavam. A mata ia sendo engolida pela terra por causa do tremor, o solo não aguentava o falecimento das plantas que eram brutalmente arrancadas, enquanto o bosque desmoronava. A terra gemia em um encalço de dor lastimável e ele a tudo assistia. Como em uma catalepsia Ammu estava fisicamente inerte. Ele via um tipo de monstro metálico que arrancava e triturava as árvores soltando uma fumaça negra através de um tubo incompreensível á sua mente, trazendo o medo, horror e a devastação de um planeta indescritivelmente belo. Percebia que havia vários monstros, os quais movimentavam-se rapidamente como se não tivessem tempo a perder; tempo para causar um estado apocalíptico de profunda exaustão planetária. A terra rugia, as plantas clamavam lamentos de dor, o céu tornou-se empoeirado. Assustadoramente ele lembrou do deserto, sua mente foi dispersando com a poeira que se espalhava, tornando-se um vento incompreensível. Quando a última árvore foi extraída da terra, o céu tornou-se sujo a ponto de ter a sensação que nunca mais o sol voltaria a brilhar, nem o céu ficaria a impressão azul. Tudo foi ficando sujo em fração de segundos e já não era mais poeira, era o vazio. Era negro, não como á noite mas como um escândalo de morte. O assassinato de toda elemental humanidade. O ar tornou-se inerte e a secura tornou-se umidade. Era o frescor pesado da morte. A incapacidade humana naquele momento, havia lhe dado um distúrbio visual em que os raios luminosos partidos de um ponto não se reuniam como deveriam, em um ponto da retina, sendo percebidos difusamente. Como se fosse o último dos seres vivos daquela região inóspita que o planeta havia se transformado.
Ammu recobrou as ações e desembainhou seu corpo a correr, correu na direção de um rio que começava secar ás vezes lentamente, ás vezes em uma pressa absurda, como se não conseguisse mais discernir o que era real em seus sentidos humanos. Ammu achava que era a única criatura ainda viva naquele solo de terra infértil, sem luz e sem ar. O todo se consumia, ia embora a naturalidade do elemento harmonizador. Era escuro, porém ainda podia enxergar o princípio de explosões de rochas vulcânicas. Não querendo desfalecer como o resto da vida que se foi para sempre, tinha a sensação que algo sabia da sua existência e queria condená-lo á morte. Ele sentia medo enquanto corria na direção do rio que secava. Como um corte escuro, Ammu percebeu uma parede de pedra, onde continha uma fenda que era pouco menor que seu corpo. Com dificuldade espremeu o corpo através da fenda. Olhou para trás, tudo era incompreensivelmente apocalíptico, as pedras explodiam como álcool em fogo, era o caos. O jovem olhou para frente e viu que o lado de dentro não era o lado de dentro, mas sim o universo que se transformou em lodo, algo como um charco nauseante e perigoso. A aflição crescia e não sabia mais aonde caminhar, já que andar não era possível, teria que nadar ou arriscar ser agarrado pelas raízes mortas que formavam o lodaçal. Ammu não sabia que estava no pântano das almas, o mundo dos mortos.



O pântano cheirava morte e Ammu via espectros tomando forma de abutres que se alimentavam de almas. O corpo foi ficando pesado, os olhos lacrimejaram tanto que começaram a enxergar melhor no escuro. Percebendo a inércia de todo o corpo e sentidos, não havia mais em Ammu a sensação de ser totalmente humano, talvez pelo fato de estar em um ambiente não humano, terrestre ou material. Como se metade fosse mortal sendo caçado e a outra metade sendo o espírito fugindo da devastação de si mesmo. Tudo era real, não era um sonho ou um pesadelo de altíssimo grau nefasto e psicótico.
Ammu caiu de costas na margem do pântano e as águas turvas que ali pareciam permanecer paradas, fizeram um redemoinho e o levaram ao centro. As águas se agitaram, foi como se sua alma saísse do corpo, ainda que em formato humano, afundando a matéria, mesmo não sabendo se tinha acontecido ou não. O corpo físico havia virado alimento de algum devorador que espreitava o pântano ou viesse a fazer parte da sujeira do charco. Não tinha mais a noção do acontecido. Ele boiou sem noção do tempo. Não existia o tempo naquele lugar. Boiou até chegar em um ponto que parecia menos profundo à sensação. Ele só pensava em sair dali. Após a inércia, Ammu despertou como que vindo de um sonho e se levantou. A água podre atravessava na medida da cintura, parada, pesada e grotesca. Nos galhos espectrais a impressão de habitar coisas temíveis, assim como a ossada de cadáver se decompunha no fundo do pântano da morte. Ammu sentia-se leve, a visão clareava, apesar de ainda haver certos pontos haver névoa de coloração cinza entre o branco e o negro. Quanto mais ele passasse através névoa mais haveria o sentimento de desespero que antecede á morte. Ammu atravessava as brumas cinzentas, percebia que apesar de ter a aparência humana, entretanto acabada, era uma alma, como muito daquelas que deveriam habitar o amargo pântano ceifador.



Enquanto Ammu atravessava a bruma negra, tinha em cada passo, a certeza de que a matéria havia se extinguido no exato momento em que caiu sobre as águas turvas do rio da morte. O pântano era lúgubre, o ar úmido e ardido como a amônia e um misto de enxofre, um labirinto que emanava um vácuo no ambiente frio e fantasmagórico. Ammu sentiu o lodo borbulhando em sua direção. Algo o ameaçava, ele correu com dificuldade entre os escombros do rio, enquanto uma estranha correnteza se opunha á ele. Ammu sentia uma presença, uma forma de força devastadora, desvairada e incognoscível. Não se via o quê ou quem era, vinha das árvores, da água podre, do ar cadavérico, vinha de todos os lugares. Ammu corria com as águas acima do joelho, as botas encharcadas, a roupa suja da tinta negra constituída dos restos mortais. Ammu atravessou a bruma gélida e cortante, quando avistou uma cabana flutuante, algo parecido com palha. Aproximou-se, entrou na cabana e lá só havia ervas frescas como se tivessem sido cortadas por mãos vivamente humanas. Postas de ponta cabeça, amarradas em feixo, juntas, no teto. Com medo sentiu que a presença se aproximava e voltou á saída, havia uma jangada no canto da porta, feita de sete galhos grossos de árvore, amarradas com cipó e um pedaço de tronco para remo, quase um cajado. Ammu pulou na jangada e pôs-se á remar. A água remansa era como um mingau que dificultava as ações braçais com o remo improvisado. Ammu entendeu que para remar era preciso controlar os pensamentos e não mexer o tronco com os braços como faz quando se é mortal. Em lugares inumanos nenhum esforço humano tem efeito e assim o medo o ensinava, a pressa o paralisava, a aflição o anestesiava. Ele podia ver vultos nas margens, nas árvores e em todo o lugar. Ammu olhou para trás, avistou um ser corpulento que não parecia um cadáver como os outros. Tudo era estranho e aparentemente irreal... Assustado, desceu da balsa e se escondeu em um emaranhado de árvores atrás da cabana, afundou o corpo debaixo d'água deixando só a face para fora, viu novamente um corpo grande e forte, três vezes maior em estatura que o seu. Ammu não conseguia ver o rosto da criatura que chegava cada vez mais perto. O jovem afundou completamente no lodaçal, encontrou um buraco em baixo da casa submersa, e, vendo sua única chance de escapar naquele momento de caça e caçador, ele entrou. Era o buraco escuro e primitivo de uma alma perdida.
Ammu recobrou a consciência em um lugar onde não havia água suja, o chão de mármore branco, espelhado como um cristal. Deitado de bruços, gemeu arqueando a cabeça para trás de modo que sua face se erguesse, para poder ter a impressão de ver com os olhos, ao invés de apenas sentir. Com o projeto de corpo um pouco mais pesado que antes, ele via um local mais iluminado, menos pavoroso. Era bonito! Apesar da egrégora lembrar o pântano da morte. Contudo, não era sua terra, a qual ele tinha a certeza que não mais veria. Virando-se perscrutou ao redor e percebeu que haviam árvores e plantas, algumas eram ervas que soltavam perfumes amadeirados. Ammu levantou meio cambaleando, ele sentia uma presença que não o ameaçava. Vinha de uma escada obscura em um ponto do círculo onde ele se encontrava. Deu alguns passos em direção á energia que sentia; era semelhante a um riso. Viu uma sombra vindo em sua direção, a sombra tornou-se um jovem egípcio, um pouco mais velho que ele. A pele era bronzeada em tom moreno com impressão dourada, como algo que parecia suor ou qualquer coisa do gênero que o fazia brilhar como o óleo. Possuía uma tira de pano vermelha na testa e tatuagens indecifráveis. Ammu esperava uma resposta para tantas perguntas enigmáticas. O jovem parou em sua frente, riu e disse telepaticamente, ao menos pensou que fosse, pois os lábios não se moviam como quando pronunciamos algo com as cordas vocais humanas. - Onde pensa que vai? Ele está atrás de você não é? Ammu tentava falar, mas os lábios não mexiam, talvez pelo fato de ser um corpo astral e não uma carapaça de matéria física, humana, composta de átomos e milhões de elementos químicos. Ammu perguntou na esperança de sair dali ou ter uma resposta para suas perguntas misteriosas: - Onde estou? Prontamente o outro jovem respondeu: - Mesmo que pareça muito vago e irreal, eu posso ajudar a dissipar este sentimento de irrealidade se tentar entender que no momento que adentrou o universo pantanoso, você não é mais o mesmo. Ele quer destruí-lo, mas não por inteiro, por uma questão de vibração, de fato não é nada além de uma extensão dos poderes energéticos que emanam de você, e você nem sabe disso. Vivemos todo o tempo rodeados de um vasto oceano de ar e éter misturados, este interpenetrando aquele, como o faz a toda matéria física; e é principalmente por meio das vibrações neste vasto mar de matéria que nos chegam impressões externas. Contudo, tudo isso aqui, passa a ser irreal e insignificante porque não existe matéria e sim a vibração de seu espírito. - Eu estou morto? Perguntou Ammu. - Não está morto, caso estivesse não sairia do pântano, ficaria paralisado lá para sempre afligindo sua alma ao limbo, o pântano se tornaria o mar do inferno com o passar do tempo, você se tornaria uma árvore espectral. -Você mora aqui? O que está aconteceu? Perguntou Ammu. - Metade de mim habita o pântano e outra metade o palácio do grande faraó. Vivemos no deserto de nossas almas, natural que tenha visto o apocalipse e assimilado essa resposta tão incapaz, pelo fato de não obter o entendimento. Antes de perceber tudo, você era apenas um ser consciente de seu físico, um homem, um mortal. Ammu olhou para o seu corpo. Estava descalço com as roupas iguais ao do jovem que encontrou. O jovem disse á Ammu: - Não pode voltar. O mundo que deseja não mais existe. Eu o levarei ao mestre, ele lhe procura. Aqui é apenas o jardim do palácio. O soberano lhe aguarda. - Quem é você? Perguntou Ammu desfalecendo-se por falta de esperança. - Não importa, mas se quer saber pode me chamar de K. Desolado, Ammu o acompanhou. Os dois desceram as escadas, tudo era muito obscuro para Ammu, porém diferente do pântano, existia algo divino em tudo que sentia, sua mente ia se calcificando á medida que descia os degraus para um universo sem fim. Ammu não tinha outra escolha. K levantou a mão direita dizendo: - Sua vibração o irrita, desperta sua ira, acredito que ele deseja transformá-lo. - Não vou! Gritou Ammu tentando fugir. K estalou os dedos e novamente estavam no círculo onde Ammu despertou após chegar do pântano dos espectros. O chão havia se transformado em ouro e havia um sarcófago cravejado de pedras preciosas. A sua frente havia a imagem de um deus da morte e em seus olhos haviam dois rubis. As paredes do palácio eram feitas de mármore negro, as colunas eram de ouro com desenhos antigos e códigos indecifráveis. K se punha de joelhos saudando o sarcófago. Ammu entendeu que deveria fazer o mesmo. Trêmulo de pavor, ajoelhou-se. - Levante-se, disse K. O mestre quer que vá até ele. Ammu levantou suando frio. Aproximou-se contra a própria vontade, em passos que pareciam ser eternos. Olhou dentro da câmara funérea e lá havia um faraó egipcio coberto por um manto fino e escarlate. De repente não havia mais nada além de uma fumaça coberta por um lençol vermelho. Ele olhou para trás procurando K, o jovem havia ido embora pelas obscuras escadas que naquele momento subiam ao invés de descer.
Na frente de Ammu surgiu o sacerdote, ele tinha por volta de dois metros de altura, ombros largos, careca, moreno com rosto ovalado e austero, impondo pavor em quem o olhasse. Envolto em um manto vermelho, usava sandálias douradas, brincos dourados de argolas nas orelhas e na pele havia desenhos vermelhos de serpentes aterradoras. O corpo era rijo, grande e musculoso. O jovem ficou paralisado. Contemplava o interior dos olhos do faraó que pareciam vermelhos como brasa. Ammu viu todo o mal do mundo e dos homens. A mente havia se perdido na confusão da inocência, sendo condenado naquele instante, a viver no pântano. A medida que era atraído pelas pupilas do faraó, Ammu experimentava breves lampejos de dissociação, ou estados superficiais de realidade não comum, logo o irreal tornou-se um estado comum. Durante a iniciação de Ammu, ele ouvia as palavras do faraó através de sua consciência, até a transformação ser completada. - Para mudarmos por completo, é necessário morrer, abandonando todo o passado. Desta forma, estará pronto para o renascimento dentro de um novo caminho, um novo conceito, aquele no qual escolheu ou foi conduzido. Uma vez abandonado o caminho simples da consciência, entra-se em um pântano escuro para a renúncia do eu. Renunciar é o mesmo que morrer. Morrer é o mesmo que transformar-se. Quase sempre nos transformamos naquilo que desejamos no intrínseco do inconsciente.
Assim todas as vibrações indesejáveis da alma de Ammu se diluíram e o jovem tornou-se um iluminado, o pântano da morte é onde as almas se transformam para o renascimento de um novo rei.

Letícia de Castro

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