terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O início da volta para o Pai

Ano Novo, vida nova! Tudo na vida é feito de ciclos. Nada é estável, fixo, tudo é cíclico, tudo na Criação e na Natureza segue um Projeto Maior definido por Deus. Já sabemos que não existe uma fonte de trevas, uma fonte de maldade ou uma entidade igual e contrária a Deus. Assim, tudo emanou Dele e tudo para Ele retorna[1]. Se a Era de Leão foi o marco de início deste nosso universo, da conhecida Rebelião dos Anjos, então agora na Era de Aquário é a Era do Retorno, da Rerrevolução dos Anjos.
Sabe-se que o amor é a única e maior força que existe na Criação e também que não existe condenação eterna. Sabe-se também que Deus é Justo, Amoroso, Misericordioso. Tudo que existe foi emanado Dele e a Ele tudo retornará. Então, o que é conhecido como “Mal” também é motivo de criação por parte de Deus, também é motivo de Seu amor e misericórdia. Se toda a Criação faz parte da Magnus Opus Dei, o Grande Projeto de Obra de Deus, o “mal” também está inserido em seu contexto como importante exercício do livre arbítrio. É importante destacar que se não houvesse livre arbítrio não haveria mérito algum. Por outro lado, o suposto “mal” serviu como um “corretivo” para os afastamentos das leis divinas, uma verdadeira “polícia” que denunciava os desvios e afastamentos para com Deus e Suas Leis.
Mas, a Era de Aquário é marcada pelo alinhamento das forças e princípios da Criação. A partir desta grande era iremos construindo uma vida sem as antigas contradições entre bem e mal, certo e errado, luz e trevas, masculino e feminino, forte e fraco, vencedor e perdedor, positivo e negativo. Ao invés de se digladiar ente si estas forças se unirão para atingir um objetivo maior. Pela força do Amor e da Harmonia o positivo se unirá com o negativo para que a luz seja acesa, o masculino se unirá com o feminino para gerar uma nova vida, o certo e o errado se união em sabedoria e compreensão e a humanidade compreenderá que é o silêncio (entre as notas) que dá graça e sentido a uma sinfonia, assim como compreenderá que é a sombra que nos permite ver as imagens, pois sem a sombra tudo seria luz e nada poderia ser distinguido, tudo seria uma luz só misturada e complexa.



Sabemos que se Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente nada pode acontecer sem que Ele saiba, que Ele aprove e que Ele participe. Então, o conceito de uma entidade contrária a Deus é um equívoco de raciocínio, lógica e de interpretação. Pelo contrário, esta força que foi condenada por séculos é a verdadeira responsável pelas provações e consequentemente pela evolução da humanidade. Nas escolas os exercícios e as provas são necessários para o aprendizado, o mesmo ocorre nos esportes. Por mais que não gostemos dos exercícios, desafios e provas, precisamos compreender definitivamente que são justamente eles que fortalecem o nosso espírito e testam nossa determinação, coragem, valor e princípios. Observe leitor que a dor é importantíssima para nos informar de que a harmonia foi perdida por alguma razão e que precisamos tomar alguma atitude para que tudo volte “aos trilhos”.
Talvez possamos dizer que a Era de Aquário será marcada definitivamente pela harmonia e pela união entre ciência e religião, entre emoção e pensamento. É em Aquário que verdadeiramente haverá o encontro amoroso entre os princípios masculino e feminino, em encontro definitivo entre os co-regentes da Criação, entre o Rei e a Rainha alquímicos.
Está iniciado o processo de retorno, de volta, dos anjos, tanto dos chamados “bons” quanto dos chamados “maus”. Afinal, andar com as duas pernas ou trabalhar utilizando os dois braços (o direito e o esquerdo) é muito mais fácil e natural de que utilizando apenas um deles. Se abdicarmos da parte esquerda ou da direita de nosso cérebro deixaremos de ser uma pessoa saída, equilibrada e perderemos nossa condição evolucional.
Reflita então, caro leitor, sobre estas questões e decida caminhar de forma aquariana e se unir àqueles que já iniciaram seu processo de retorno a Deus e à plenitude da vida e da existência.



[1] Conhecido como a Respiração de Brahma, a Criação segue um ciclo que se inicia com algo semelhante ao científico Big Bang (ou buraco branco, ou , ainda, um quasar), de onde tudo é “expelido” e a partir daí tudo vai se conformando e se organizando de forma coerente, seguindo leis cósmicas determinadas. Isso ocorre até que o universo atinja seu “horizonte de evento”, ou ponto máximo de expansão, a partir daí ele começa um movimento contrário de contração sobre si mesmo, pela força da atração, até tudo se fundir em um grande buraco negro. Este processo astrologicamente se inicia em Leão, passa então para Câncer, depois para Gêmeos, Touro, Áries, chega a Peixes e então ao signo oposto de Leão que é Aquários. Estas são as Grandes Eras ensinadas por Platão.

Além do Bem e do Mal




Do ilimitado surgem inúmeros mundos, e estabelece-se a multiplicidade; a gênese das coisas a partir do ilimitado é explicada através da separação dos contrários em consequência do movimento eterno. Para Anaximandro o princípio das coisas - o arché - não era algo visível; era uma substância etérea, infinita. Chamou a essa substância de apeíron (indeterminado, infinito). O apeíron seria uma “massa geradora” dos seres, contendo em si todos os elementos contrários. Anaximandro tinha um argumento: o ar é frio, a água é úmida, e o fogo é quente, e essas coisas são antagônicas entre si, portanto o elemento primordial não poderia ser um dos elementos visíveis, teria que ser um elemento neutro, que está presente em tudo, mas está invisível.
... uma unidade primordial, da qual nascem todas as coisas e à qual retornam todas as coisas.

Anaximandro de Mileto[1] (611-547 a.C.) 



Da Unidade Primordial surge a multiplicidade e a Ela retorna.
Assim como de Deus surgiu toda a Criação também Nele será seu final.
A convivência com os contrários serve para a experiência da vida e principalmente para o exercício do livre-arbítrio. São nas escolhas que se diferem as pessoas, que percebemos seu caráter e mérito.
A chamada “Guerra entre o Bem e o Mal” nada mais é do que o resultado de uma interpretação equivocada, uma consciência limitada da vida e seus ensinamentos para nós.
Há pessoas que abominam a chamada “mão esquerda”. Então, porque estas pessoas não amputam seus braços e mãos esquerdos? Houve tempo em que a mulher era sinônima do mal. Será que estaríamos aqui hoje se muitas mulheres não tivessem sobrevivido a esta ideia equivocada? Aqueles que ainda pensam assim (que a mulher é um agente do mal) estão dispostos a remover total e absolutamente a mulher de suas vidas, como pregam? Estarão eles dispostos a se afastar de sua mãe, irmã, esposa, filha? Talvez para estas pessoas seja conveniente se mudar de país porque o Brasil no momento é presidido por uma mulher!
Na Física atômica sabemos que a união ou fusão entre o próton (carga positiva) e o elétron (carga negativa) resulta em um nêutron (carga neutra). Da mesma forma, o uso da eletricidade só ocorre se promovermos de alguma forma o encontro entre os polos positivo e negativo: acendendo uma lâmpada, fazendo girar um motor, etc.



Organicamente falando temos dois hemisférios cerebrais e o coração é dividido em duas partes por um septo. Exigem órgãos que são duplos: ouvidos, pulmões, rins. Será que aqueles que renegam o “lado esquerdo” estão dispostos a abrir mão do lado esquerdo destes órgãos? Afinal, não foi Deus que assim os fez? Será que estes que condenam o lado esquerdo se julgam melhores, mais inteligentes, mais espertos e mais perfeitos do que Deus?
Como seria possível se ver as estrelas se não houvesse a escuridão? Como seria possível ouvir a beleza de uma música se não houvesse o silêncio entre suas notas musicais? Como seria possível distinguir as formas, enxergar algo, se não houvesse as sombras? Como seria possível nos locomovermos se não existir o que nos parece imóvel?
Em termos de Física é impossível separarmos a eletricidade do magnetismo. São forças ortogonais sim, mas inseparáveis. Da mesma forma não se separa homem de mulher, luz de sombra, etc. Na verdade são as duas faces de uma só verdade, de uma mesma moeda.
Quem condena os efeitos do suposto “mal” não percebeu que é exatamente da alternância entre os opostos que a vida se mantém. Observe nosso andar. Se estivermos sempre em equilíbrio não existe caminhar, ficaremos fixos, parados eternamente. Mas, se nos desequilibrarmos um pouco e formos alternando nossas pernas esquerda e direita, bem aí sim haverá um caminhar.
É interessante observar que a humanidade deu grandes saltos em momentos que supostamente imperava o “mal”: as guerras.
Na saúde a malvada dor nada mais é do que um alerta nos avisando de que algo está errado, em desarmonia, no organismo e que devemos tomar alguma atitude.
Muitos gostariam de viver sem dor, sem o mal, sem as trevas, etc. Se assim Deus lhes permitisse seriam pessoas imperfeitas, sem possibilidade de evolução ou crescimento. Estas pessoas viveriam em um dia eterno, sem noite; caso se machucasse não o saberiam e poderiam morrer em consequência de coisas simples, viveriam isoladas de tudo e de todos na falsidade de uma ilusão de perfeição; estas pessoas não veriam nada porque tudo seria uma luz cegante; não se locomoveriam, não ouviriam nada ....
Eu prefiro poder ver as estrelas, ouvir uma boa música, ter a noite para dormir na companhia da mulher amada e saber que ainda posso evoluir muito, crescer e aprender.

'Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.'
(Nietzsche)

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Circumponto como resultado do Casamento Alquímico


Recebi um conhecimento e passo agora a partilhá-lo.

Talvez para aqueles que não estejam praticando o processo alquímico este texto possa parecer confuso, complexo demais e até mesmo contraditório. Mas, para aqueles que estão vivenciando a Obra este texto pode contribuir de alguma forma.



Habitualmente o circumponto é encontrado na Astrologia e na Alquimia como o símbolo do Sol. Por sua vez, o Sol é símbolo da realização, da Luz, da Justiça, da Verdade e do Amor.

É também comum encontramos a simbologia da Lua como contraparte do Sol e seu complemento. Mas, existe uma diferença hierárquica grande entre eles. Enquanto o Sol é o centro de nosso sistema planetário a luz é um satélite do pequeno planeta Terra, onde vivemos. Como pode um satélite ser a consorte de uma estrela se nem um planeta o é?

Os movimentos astronômicos em nosso sistema é realizado na forma de uma elipse (algo próximo ao oval) e não circular como se pensa. O movimento circular tem um centro, já o movimento oval tem dois centros ou focos.

Em Astrologia, o movimento circular da Lua em torno da Terra tem o nosso planeta como um dos focos e no foco vazio considera-se o ponto conhecido por Lilith, a chamada “Lua Negra”.

Mitologicamente (veja a tradição judaica de onde surgiu o cristianismo conhecido e antes dela a tradição mesopotâmica de onde veio o judaísmo) existem duas “mulheres” na criação do Paraíso: primeiro Lilith (feita do barro, assim como Adão) e Eva (feita da costela de Adão).

Toda a Criação pode ser considerada “feminina” se levarmos em conta que é a Natureza Naturada. Afinal, Ela é fecunda e recebe de bom grado as sementes para germinar e procriar. Até mesmo o pensamento mais elevado ainda pertence à Criação e portanto à Natureza.

Então, os focos vazios podem ser considerados partícipes do Imanifesto, da espiritualidade que existia antes da Criação, do “Fiat Lux”, na grande Noite Cósmica, antes de Deus criar os céus e a terra. Se a Criação é em essência dual (separou-se céus e terra, terra e água, luz e trevas) sua origem imanifesta é então a Unidade Primordial.

O movimento da Terra em torno do Sol, tem esta estrela como um de seus focos. No foco “vazio” então podemos conceber que seja o local do Sol Negro, dos antigos magos e alquimistas.

No processo alquímico conhecido por Casamento Alquímico, que ocorre entre o Rei e a Rainha (magos que atingiram o domínio ou regência de si mesmos) simbolicamente representa o encontro entre o Sol e a Lua, que por sua vez indicam as naturezas espiritual e material.

Então, se o casal de magos que realiza o Casamento Alquímico promove a fusão no processo final da Pedra Filosofal chamado “Coniunctio” realiza este processo nos planos material e espiritual, ou seja, promove a fusão entre Lilith e Eva, os sóis Negro e Iluminado, das Duas Colunas sobre as quais se apóia todo o edifício do Templo de Deus (referência dos templos erguidos pelos sacerdotes de todos os tempos).

Se estes alquimistas desconhecerem ou não considerarem o trabalho com os aspectos imanifestos jamais atingirão o ápice do processo.

Até porque, quando os dois focos, tanto lunares quanto solares, se aproximam o suficiente para que seus horizontes de evento se toquem formando o símbolo do infinito (ou da eternidade) é quando ocorre o chamado processo de despertar da consciência. É quanto o passado e o futuro se unem no eterno presente, momento este simbolizado pelo mitológico Janus Bifronte ou pela Águia Bicéfala. Neste momento os mundos manifesto e imanifesto perdem seus limites e inicia-se o processo de divinização da Criação.

Alquimicamente cria-se então o hermafrodita divino, Adan Cadmon, o “filho do homem” porque foi este que o criou com seu esforço, conhecimento, disciplina e método.

Adan Cadmon é o Homem Cósmico, Aquele que representa a Árvore da Vida, o Cristo.

Então, este processo culminará na fusão dos dois focos em um só ser, da fusão dos aspectos manifesto e imanifesto em um só ser, do concebível e do inconcebível em um só ser, do divino e do humano em um só ser.

Simbolicamente então haverá somente um só centro, um só foco, uma só origem da qual emana toda a Criação, toda a vida, seja ela manifesta ou imanifesta, material ou espiritual.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Transformação


Paradigmas de toda uma vida vem á tona. O Passado e o futuro se encontram, a roda gira mais rápido, o destino se cumpre, um novo pôr do sol para seguir. A transformação latente. O que acontece? A explicação foge ao controle, a complexidade de variações entre pensamentos e friezas com o eu. A vida... As extremidades... O porvir. O mestre que fraqueja calado, pois perde forças em um mar de espera e mutações, transmutações e alquimias do cosmo infindável. Existem todas as possibilidades do brilho, a estrela brilha, mas existe um véu obscuro. O véu do caos para obter o renascimento. O caos do corpo físico, o caos da mente, o espírito evolui sem que percebamos a fonte que sempre esteve ali. Ela está lá, forte, talvez isso seja uma espécie de casulo, um sarcófago que está sendo aberto para ser descoberto um segredo. 



O que há realmente? Não sei; vejo, sinto e prevejo, porém não sei. Minha sabedoria me faz ficar dura, quieta e inquieta ao mesmo tempo, diz para esperar ainda um pouco mais. As extremidades se confrontam e o sabor do próximo passo é tão claro na mente, tão claro e intuitivo. O cosmo tem seu tempo, a lei do ritmo, e sinceramente não sei se esse ritmo está de acordo com o meu ou o eu de acordo com ele, ao menos nesse momento de paralisia dos sentidos. Apesar de que tudo se encaixa perfeitamente no universo, posso ver isso sem nenhum obstáculo. Algo necessita desabrochar, acordar, florescer, sair internamente para o mundo. A imagem, algo ligado com a imagem, aquilo que eu menos suporto, os defeitos ultrapassados. Hora de desmascarar a si mesmo, hora de dar início àquilo que é para ser feito. Uma missão. Não achei que fosse estranho desse jeito, não difícil, nada é difícil para uma mente consciente, apesar de humana. Estranho, diferente. Sentir tudo se encaixando, tudo transmutando através da alquimia da vida. A rebeldia que resiste às mudanças, graças á cruel e indispensável frieza adquirida com o existir do passado. A necessidade do aprendizado consigo mesmo e com o universo. A renovação. Existe um céu estrelado chegando e uma das estrelas mais brilhantes faz parte de mim, só que agora, nesse exato instante existe uma neblina. Gostaria de sentir alguma coisa, mas nada sinto apenas as previsões que já estão falhando por conta da catatonia. Catatônica, eis o estado. Eu que escrevi muitas vezes sobre a catatonia mental, o paralisante das coisas que estão prestes a mudar, eu que já passei por isso e sinto como se dessa vez eu fizesse parte de algo maior. Algo destinado, a missão. Lutei tanto pra chegar até aqui e agora encontro-me sem reação, isso é que faz a rebeldia. Algo intrínseco que só eu mesma posso resolver ou esperar que o ciclo se complete. Sinto-me como um ser sem dons, paralisado, contudo, se tivesse que descrever um sentimento que está guardado é a felicidade, a alegria de tudo que foi conquistado com muita força e persistência, conquistei aquilo que necessitava para o fechamento de um círculo. Hoje, o presente é o futuro daquilo que se fechou. A cauda encosta na boca que daqui á pouco tempo será completa quando se engatarem formando o perfeito circula da vida. A neutralidade é tudo que incomoda. Essa espera diante de meu arquétipo impulsivo e perfeccionista. Coré transformando-se em Perséfone mais uma vez. O jogador perde sua rainha negra, mas sabe que a mesma será resgatada muito mais forte e em breve, só com o resgate da rainha negra que o xeque-mate poderá ser real. Apenas um estágio, uma fase onde a paralisia nos leva para longe do próprio ego. Não há dor nem emoções, apenas a certeza do que virá, a certeza do sol do sucesso de tudo que se almeja, a certeza do acontecido que nada mais é que a morte dentro da própria alma pronta para o renascimento de uma nova era psicológica, um mundo novo e brilhante. Assim se faz necessário, é assim que o simbolismo da morte se manifesta, nada mais que isso. O silêncio é apenas uma forma de força já que se tem consciência que nada nem ninguém entenderia, aliás, apenas eu tenho que entender, a jornada é minha, a vida que eu tenho que recomeçar, as palavras que fazem parte de uma missão. Quando paralisados a revolta com si mesmo é a única coisa que manifesta forte. A força permanece quieta bem ali dentro, não é fraqueza, jamais seria em uma mente poderosa, feliz e tranquila, tudo isso é apenas a manifestação alquímica da própria psicologia deixando para trás antigos padrões existentes e por mais que eu me sinta pouco à vontade em me expressar, vejo que criei dogmas ao longo da jornada antiga, logo eu antidrogas, os criei e só hoje vejo isso. Assim se manifesta a consciência para um ser melhor. A alquimia da vida, a transmutação do eu, a verdade diante dos olhos, a vida como ela é. A carta da morte seguida da carta do mundo. O hermafrodito se conhecendo através dos círculos traçados por aquilo que podemos chamar de destino. Tudo já foi previsto em forma de imagens, mas só agora eu sinto com tanta intensidade a morte do meu eu, a morte dos antigos padrões criados como arma, a morte e o renascimento. O novo! Bastam alguns dias para que tudo morra e tudo renasça, bastam alguns dias para que a roda se transforme e a estrela saia das brumas para voltar a brilhar. 



A evolução da psicologia, a minha evolução e só eu mesma posso me ajudar porque só o próprio controle pode fazer nascer aquela bela borboleta que está quase sendo jogada para o mundo e abandonando seu casulo, ela nunca mais voltará a ser a mesma, pois seu nascimento também é a sua morte. Uma mente transformada e evoluída nunca mais volta a sua forma inicial. Isso que estou esperando, por mais que me revolte sem motivo aparente, é exatamente isso que devo deixar para trás, deixar morrer. Enquanto houver a rebeldia nada mudará por inteiro. Eu desejo e necessito essa mudança, mas que as coisas têm que mudar e como minha mente já havia previsto antes, isso tudo é normal, apenas necessito ficar só, sei que não devo me ausentar tanto, não deixar a misantropia invadir a alma, mas esse é o método da reação física. Contudo, esse é meu momento de morte e nenhum ser que não tenha o dom que tenho saberia o quanto isso é necessário para a complementação e o quanto isso é necessário para a evolução nesse mundo. Cada um conhece a si mesmo (ou deveria conhecer), cada qual possui seu ritmo, esse é o meu, breve a renovação será implícita e alguém, mais bela e brilhante chegará com todas as forças e todo o poder mental. Assim é necessário, essa é a lei do meu ritmo. Esse é o toque indispensável para obter aquilo que se quer e aquilo para que veio ao mundo.

Letícia de Castro

A Máscara Social


Contribuímos ou achamos que contribuímos para a máscara social?
Primeiramente o mundo é feito de energia, desde a tomada de sua televisão ao cansaço físico que nos mostra o gasto energético do corpo, ou do estresse como uma carência de energia psíquica, até mesmo a energia dos astros que influenciam desde a maré (Lua) ou humor pessoal (planetas). Então não tenhamos dúvidas que seja qual for o tipo de energia, o mundo é composto por energia e influenciado por ela, isso é provado pela ciência e pelos sentidos humanos quer acredite ou não. Falando em energia todos os dias as pessoas gastam grande parte de sua energia para criar a chamada máscara social, um sistema errôneo em que fomos criados para sermos aceitos. Aceitos a quê? A escravidão é claro, somos escravos de nossa própria projeção, que é a máscara na qual me refiro. Ao invés de projetar realidades, construir sonhos, construímos e projetamos a falsidade e ainda desejamos que o mundo seja sincero conosco. Se formos falsos teremos falsidades, se formos amáveis teremos amor é a lei do retorno ou a lei da troca equivalente. Damos para receber. Se queres um mundo de justiça, de amor e de transparência humana, antes de tudo tem que tirar, quebrar suas máscaras, doar com justiça para obter um mundo justo. Parece fácil, mas quando se trata do ego, de antigos padrões existentes de eras remotas com dogmas errôneos com objetivo de alienação... É mais fácil para a natureza humana a acomodação, o não querer ouvir a verdade, o fingimento e a mentira para consigo mesmo, é mais fácil continuar sem mudanças e esperar a morte, o mesmo que declarar não à evolução. Se for contra a evolução de si mesmo então qual é o motivo de seu nascimento? Ficar rico? Ou habitar um mundo sustentável com outras riquezas além do dinheiro que parece ser a única resposta para os humanos acomodados (até para ganhar dinheiro não se deve ser acomodado) e não pensantes porque não se desligam da máscara cristalizada como eu sou isso e o eu verdadeiro inexiste. Se cada um arrumar sua própria mente, arrumará o mundo aos poucos, pois nossa arrumação possui influências automáticas que influenciarão outros e assim até se formar uma massa de energia pacífica. Nossos pensamentos geram parte de uma egrégora porque são energias e se esse pensamento tem poder ele se junta ao tipo energético compatível e cria uma massa aérea de energia construtora ou destruidora. Antes de tudo temos que destruir a nós mesmos. Todos os grandes sábios morreram em vida, como um iniciado que morre para o mundo mesmo que tenha que continuar habitando certos sistemas, ele tira a máscara e o mundo para ele nunca mais será o mesmo. Aquele que conhece a si mesmo muda e trás consigo a nova concepção dos valores ultrapassados, pois após enxergar a existência por um véu invisível aos humanos que não sentem, não veem, nem desejam aprender. A estrutura cerebral de um escravo (humanos fabricados para não pensar) tem em sua estrutura só o físico, o que com o tempo a interferência da base mental fraca os fez seres sem força física, sem a força psíquica ou espiritual. Em resumo, são seres alienados sem nenhum atributo tridimensional (o mínimo para um ser vivente nesse planeta). 




No fundo vestimos máscaras para fingir que somos escravos sociais, mas com o tempo nos acostumamos com ela e não discernimos mais quem somos, assim achamos que a máscara é o que nós somos de real, por isso padecemos na ignorância social, tornando-nos escravos de nós mesmos. Palhaços mascarados em um teatro deprimente e absurdo. O mundo se dividirá em alguma hora e as máscaras cairão, o choque é grande, melhor que forcemos com nossa própria vontade, pois aqueles que se acomodam a uma psique miserável irão sofrer sendo varridos fisicamente, pois a única dor que conhecem e o único mundo que conhecem é o da dor física, da violência, do medo e da fragilidade de pensamento. Nosso mundo mudou, essa é a entrada de uma nova era. Não porque a mídia investe no 2012, não porque a economia mudou, não porque temos mais ricos e mais pobres, mas porque aquele que pode sentir que sinta e aquele que pode ver que veja, muitas coisas estão mudando, mas é preferível mentir para si mesmo. Porque temos uma máscara, e nossa família, amigos, sociedade se acostumou, fazemos pelo outro que não está nem aí para nós. Deixa de evoluir por uma ilusão, pelo pior dos pecados: a ignorância, que é o motivo gerador do preconceito, e se tratando de preconceito assimilados está a sociedade que só aceita o igual e teme o inovador e os questionadores. Olhe só a grande massa ignorante, até que ponto você se assimila a eles? Evidente que dirá; eu não sou escravo, os que dizem isso são os primeiros a ultrajarem suas máscaras por temerem a si mesmos, por temerem ao eu desconhecido. A ilusão é a prisão desse mundo. Todos vestem máscaras para esconder o eu de si mesmo. Até que ponto sou feliz? Até que ponto minha máscara ancora 100% de todas as pessoas a meu redor? 




Seja sincero. Ao tirar a máscara terá menos amigos, mas estes são os confiáveis e verdadeiros, os eternos. Melhor um amigo verdadeiro que duzentos colegas falsos, mascarados que fingem gostar de sua máscara. Não levamos nenhuma máscara desse mundo, levamos a nossa evolução, nossa consciência, nosso aprendizado sincero de paz e amor. Até que ponto os seres humanos tem a coragem para implementar o arquétipo do herói, visto que cada um deles possui seus defeitos, mas todos são verdadeiros, os falsos heróis são sempre os vilões que no fim tropeçam na própria loucura, a ilusão projetada. Gosta disso ou faz apenas para agradar? Veste aquilo porque gosta ou porque está na moda e temos que agradar a sociedade? Ou será que é ao capitalismo que está agradando? Quantas vezes pensamos com coerência ou com a nossa própria consciência durante o dia? O que te leva a escutar e a não questionar? Faça perguntas a seu eu superior, silencie-se e verá que o véu escuro desse mundo possui um som assustador, é o som dos medos, das fobias humanas, é o som da violência devido à vulnerabilidade, tudo isso é devido à máscara. Até que ponto somos nós mesmos? Deixe que sua voz interior o guie de acordo com o fluxo universal, existe um criador e você tem parte desse gene de luz. O homem pode criar e realizar, mas tudo que é feito na base da mentira e sobre as ilusões da máscara nada será duradouro ou talvez nem sequer vingue, depois não culpe o universo ou as outras pessoas pelo seu fracasso. Por que as coisas dão errado? Será que sua visão é embaçada? Mas aquela voz que você nem se dá conta, ou que diz em sonhos, vozes tidas como intuição, suspeitas, deduções... quem nunca teve nada disso? Isso está dentro de cada ser humano que só usa até 6% (modestamente) da sua cabeça animal. Onde está os 94%? Por trás da máscara. Quem vive de máscaras não precisa do restante das capacidades da mente, pois este não seria um ser de justiça tendo uma máscara e nada que não seja pela paz, justiça e amor não é digno pelo universo de portar capacidades ou dons superiores. Uns ficarão no mundo baixo, a maioria. Outros atirarão suas máscaras ao chão, enxergarão a terra como um corpo vivo, sentirão novas percepções, não irão se acomodar porque terá uma vontade súbita de evolução. O que a sociedade atual nos ensina? Para ser bem sucedido em todos os níveis há a necessidade de construir uma máscara, assim aprendemos e para nós só as crianças habitam a sinceridade, depois se tornam adultos mascarados. E assim temos um ser humano mascarado em um palco social sem escrúpulos com promessas mesquinhas onde o próximo que se dane. É assim que pretende ensinar a seus filhos o convívio e o amor? Se soubessem o que seu mundo representa em outros mundos. Se soubessem que a ajuda ao próximo é algo que temos por tantos séculos e até milhares de anos por seres que não vemos. Se soubessem que tantos seres tiraram suas máscaras e que invisivelmente tentam nos ajudar e nós continuamos a proliferar esse verme mental que se alastra. De qual lado você ficará? Dos criadores ou dos escravos? Não deixe para depois, sinta o universo, ele precisa da sua resposta, colocação e sinceridade, a hora é agora, nada é por mero acaso nem mesmo a sua leitura nesta coluna. O eu, a natureza, o planeta e o universo precisam da sua resposta íntima que emanará uma vibração. Seja positivo, é hora de aprendermos sobre a verdade, e só os fortes aguentarão e só os justos permanecerão, os quais após dar e receber amor terão um mundo novo de acordo com sua evolução, não só da mente quanto aquilo que chamamos de coração. Um mascarado não tem um coração puro, digo que os falsos não tem coração porque não conhecem a si mesmos e a capacidade própria de amar. Você quer ser amado pelo mundo, aceito por ele? Aceite você mesmo e ame-se. Tire a máscara para você mesmo, sem mostrar a alguém, se olhe no espelho sem máscara e se sentirá vulnerável a principio. Pense a respeito e depois saiba que é da fraqueza que flui a força. Ninguém pode ser forte sem conseguir entender a fraqueza. A fraqueza desse mundo é a ilusão, a sombra que a máscara faz deixando esse mundo preso, deixando uma sociedade aprisionada as margens da não aceitação daquilo que somos de fato. O que somos? Quem somos nós? O que sou eu além do ego mesquinho? Esse é o caminho para a verdade e a vida, esse é o caminho para a nova terra, nova esperança onde todos nós seremos criadores. Porque temos aquilo que merecemos, não tema essa é a grande verdade que se esconde por trás das projeções mascaradas que nada são além de ilusões criadas por você mesmo, por medo, por ser fraco e acreditar ignorantemente em uma não aceitação. Então não acredite que o mundo da paz o aceitará, porque as máscaras são sempre traiçoeiras e seu poder é iludir o palhaço escravo que há por trás delas. Reflita até que ponto sua máscara social lhe deu o poder de ser uma marionete, aprisionado por cordas do não conhecimento e aceitação desse fato. Quem não aceita você, é você mesmo, então crie com base na verdade e não tema a verdadeira face de ser um ser humano consciente que recebemos do mundo aquilo que damos a ele. A nossa troca equivalente, que nenhum sistema criado por homens poderia interferir, pois é algo maior que mil máscaras criadas é simplesmente a verdade que nos criou. Pense no eu e converta a sua máscara para um belo rosto de um ser humano digno de ser o construtor da própria vida e da própria realidade. Onde está a sua máscara agora? Até que ponto vive em uma ilusão? Até que ponto se tornou uma marionete da loucura social? Até que ponto está alienado? Mentindo para si mesmo ou tentando um meio para pensar em uma forma de eliminá-la para o encontro da verdade do eu, da vida e da existência humana em forma pura e iluminada. Não minta para si mesmo, o ser mais importante do seu mundo verdadeiro. Não deixe seu eu morrer para dar espaço a uma máscara de futilidades. Eu sou, eu posso criar a verdade e receber o amor como aceitação de tudo que é maravilhoso dentro de meu eu verdadeiro. Conheça-te a ti mesmo! Vale a pena e nunca mais será uma mera marionete infeliz nesse mundo de máscaras sociais impostas por algo que nem sabemos, por que nunca nos questionamos, apenas aceitamos como única condição o que nos foi imposto rigidamente por sermos acomodados.

Letícia de Castro

O Pântano da Morte


Passeando entre as tamareiras, observava o crepúsculo imponente de sua terra, enquanto o sol se punha ao oeste, apresentava no céu a primeira estrela da noite. O céu manchado de azul com alaranjado forte que só a natureza era capaz de produzir. Lugar de beleza esplendorosa para um cenário tão árido e triste. Na relíquia do deserto: O oásis. Lá caminhava um jovem chamado Ammu. Meio homem e meio menino, Ammu continha feições morenas, cabelos e olhos castanhos escuro, cujo brilho tanto do sol como da lua era refletido nitidamente em seu olhar, aonde quer que fosse. Usava botas e calças negras, túnica branca encardida pelo vento misturada ao suor de seus movimentos corporais. Ammu andava contemplando o deserto, pensando no frio que faria em algumas horas e no calor que consumia durante o dia. Pensava em como seria viver em outro país; ele almejava abandonar sua terra, sua nação. Ammu não desejava a tradição da família, não queria andar nas terras secas a vida toda como o pai; um homem do deserto consumido pela idade, sol e cansaço. Perdido entre pensamentos e reflexões de uma mente jovem, implorava para que algum deus lhe tirasse daquele solo fervente.
Uma lágrima escorre, o jovem limpa com as costas da mão, repara novamente no caminho e percebe algo muito estranho. Ammu leva um susto, encontra um largo portão, feito inteiramente de ouro trabalhado que dividia o oásis. Achando lindo e curioso, pois conhecia bem a região, jamais havia reparado naquele lugar, muito menos em um portão brilhante de tamanha proporção. Ammu adentrou os domínios que pareciam coisas de grandes reinados de contos de livros e lendas. Era um gigantesco portal dourado com duas maçanetas escarlates na forma de chacal. Ammu não sabia bem o que era um chacal. Conhecia apenas através dos contos de seu povo. Ao tocar na estranha figura animalesca, o portão se abriu. Havia um longínquo caminho com tamareiras todas iguais, enfileiradas como se fossem duas colunas, formando uma estrada infinita. Para Ammu estava claro que ao entrar deveria seguir o curso daquele único caminho, que se perdia no horizonte. Havia um vento estranho, agradável, sem direção que induzia calmamente á vontade. Ammu desejou muito não voltar para seu povo e seguir o caminho das tamareiras, não importando que terra iria achar. Em um determinado momento ele percebeu que a estrada tinha um fim; porém a infinitude era uma ilusão. Viu um altar gigantesco, onde havia um trono dourado e uma capa solferina que encobria parte do assento. A poltrona sacerdotal continha hieroglifos antigos desenhados nas partes em que seriam para descançar os braços. Poderia ser o trono de algum sacerdote ou quem sabe um sonho interessante de sua imaginação. Percebendo que não havia ninguém ao redor, o jovem aproximou-se curiosamente. Olhou em volta, teve a certeza que o fim do caminho era o trono que ficava acima de três degraus igualmente dourados. Subiu os degraus vagarosamente, olhou para dentro do assento, quase encostando a face... Ammu desejou o poder. Foi quando olhou para “algo sem lembrança”, através do íntimo de seus olhos que reluziam no ouro do trono. No mesmo instante, Ammu foi transportado para outro local, era uma espécie de bosque. Havia entrado em uma realidade incompreensível do mundo; o fim, o término de todas as coisas vivas no universo, a escuridão. Ammu vê então um ponto de luz. Dentro do ponto luminoso havia uma estrada que brotava plantas verdes no chão, era húmido, alegre e extremo do qual ele vivia. Logo, tudo começou a desmoronar como um quebra-cabeça sendo desmontado. Ammu começou a ver a destruição, tudo estava sendo aniquilado e paralisado, um cataclisma, ele observava o fim de todas as coisas belas e puras da terra; os animais, as plantas que ali habitavam. A mata ia sendo engolida pela terra por causa do tremor, o solo não aguentava o falecimento das plantas que eram brutalmente arrancadas, enquanto o bosque desmoronava. A terra gemia em um encalço de dor lastimável e ele a tudo assistia. Como em uma catalepsia Ammu estava fisicamente inerte. Ele via um tipo de monstro metálico que arrancava e triturava as árvores soltando uma fumaça negra através de um tubo incompreensível á sua mente, trazendo o medo, horror e a devastação de um planeta indescritivelmente belo. Percebia que havia vários monstros, os quais movimentavam-se rapidamente como se não tivessem tempo a perder; tempo para causar um estado apocalíptico de profunda exaustão planetária. A terra rugia, as plantas clamavam lamentos de dor, o céu tornou-se empoeirado. Assustadoramente ele lembrou do deserto, sua mente foi dispersando com a poeira que se espalhava, tornando-se um vento incompreensível. Quando a última árvore foi extraída da terra, o céu tornou-se sujo a ponto de ter a sensação que nunca mais o sol voltaria a brilhar, nem o céu ficaria a impressão azul. Tudo foi ficando sujo em fração de segundos e já não era mais poeira, era o vazio. Era negro, não como á noite mas como um escândalo de morte. O assassinato de toda elemental humanidade. O ar tornou-se inerte e a secura tornou-se umidade. Era o frescor pesado da morte. A incapacidade humana naquele momento, havia lhe dado um distúrbio visual em que os raios luminosos partidos de um ponto não se reuniam como deveriam, em um ponto da retina, sendo percebidos difusamente. Como se fosse o último dos seres vivos daquela região inóspita que o planeta havia se transformado.
Ammu recobrou as ações e desembainhou seu corpo a correr, correu na direção de um rio que começava secar ás vezes lentamente, ás vezes em uma pressa absurda, como se não conseguisse mais discernir o que era real em seus sentidos humanos. Ammu achava que era a única criatura ainda viva naquele solo de terra infértil, sem luz e sem ar. O todo se consumia, ia embora a naturalidade do elemento harmonizador. Era escuro, porém ainda podia enxergar o princípio de explosões de rochas vulcânicas. Não querendo desfalecer como o resto da vida que se foi para sempre, tinha a sensação que algo sabia da sua existência e queria condená-lo á morte. Ele sentia medo enquanto corria na direção do rio que secava. Como um corte escuro, Ammu percebeu uma parede de pedra, onde continha uma fenda que era pouco menor que seu corpo. Com dificuldade espremeu o corpo através da fenda. Olhou para trás, tudo era incompreensivelmente apocalíptico, as pedras explodiam como álcool em fogo, era o caos. O jovem olhou para frente e viu que o lado de dentro não era o lado de dentro, mas sim o universo que se transformou em lodo, algo como um charco nauseante e perigoso. A aflição crescia e não sabia mais aonde caminhar, já que andar não era possível, teria que nadar ou arriscar ser agarrado pelas raízes mortas que formavam o lodaçal. Ammu não sabia que estava no pântano das almas, o mundo dos mortos.



O pântano cheirava morte e Ammu via espectros tomando forma de abutres que se alimentavam de almas. O corpo foi ficando pesado, os olhos lacrimejaram tanto que começaram a enxergar melhor no escuro. Percebendo a inércia de todo o corpo e sentidos, não havia mais em Ammu a sensação de ser totalmente humano, talvez pelo fato de estar em um ambiente não humano, terrestre ou material. Como se metade fosse mortal sendo caçado e a outra metade sendo o espírito fugindo da devastação de si mesmo. Tudo era real, não era um sonho ou um pesadelo de altíssimo grau nefasto e psicótico.
Ammu caiu de costas na margem do pântano e as águas turvas que ali pareciam permanecer paradas, fizeram um redemoinho e o levaram ao centro. As águas se agitaram, foi como se sua alma saísse do corpo, ainda que em formato humano, afundando a matéria, mesmo não sabendo se tinha acontecido ou não. O corpo físico havia virado alimento de algum devorador que espreitava o pântano ou viesse a fazer parte da sujeira do charco. Não tinha mais a noção do acontecido. Ele boiou sem noção do tempo. Não existia o tempo naquele lugar. Boiou até chegar em um ponto que parecia menos profundo à sensação. Ele só pensava em sair dali. Após a inércia, Ammu despertou como que vindo de um sonho e se levantou. A água podre atravessava na medida da cintura, parada, pesada e grotesca. Nos galhos espectrais a impressão de habitar coisas temíveis, assim como a ossada de cadáver se decompunha no fundo do pântano da morte. Ammu sentia-se leve, a visão clareava, apesar de ainda haver certos pontos haver névoa de coloração cinza entre o branco e o negro. Quanto mais ele passasse através névoa mais haveria o sentimento de desespero que antecede á morte. Ammu atravessava as brumas cinzentas, percebia que apesar de ter a aparência humana, entretanto acabada, era uma alma, como muito daquelas que deveriam habitar o amargo pântano ceifador.



Enquanto Ammu atravessava a bruma negra, tinha em cada passo, a certeza de que a matéria havia se extinguido no exato momento em que caiu sobre as águas turvas do rio da morte. O pântano era lúgubre, o ar úmido e ardido como a amônia e um misto de enxofre, um labirinto que emanava um vácuo no ambiente frio e fantasmagórico. Ammu sentiu o lodo borbulhando em sua direção. Algo o ameaçava, ele correu com dificuldade entre os escombros do rio, enquanto uma estranha correnteza se opunha á ele. Ammu sentia uma presença, uma forma de força devastadora, desvairada e incognoscível. Não se via o quê ou quem era, vinha das árvores, da água podre, do ar cadavérico, vinha de todos os lugares. Ammu corria com as águas acima do joelho, as botas encharcadas, a roupa suja da tinta negra constituída dos restos mortais. Ammu atravessou a bruma gélida e cortante, quando avistou uma cabana flutuante, algo parecido com palha. Aproximou-se, entrou na cabana e lá só havia ervas frescas como se tivessem sido cortadas por mãos vivamente humanas. Postas de ponta cabeça, amarradas em feixo, juntas, no teto. Com medo sentiu que a presença se aproximava e voltou á saída, havia uma jangada no canto da porta, feita de sete galhos grossos de árvore, amarradas com cipó e um pedaço de tronco para remo, quase um cajado. Ammu pulou na jangada e pôs-se á remar. A água remansa era como um mingau que dificultava as ações braçais com o remo improvisado. Ammu entendeu que para remar era preciso controlar os pensamentos e não mexer o tronco com os braços como faz quando se é mortal. Em lugares inumanos nenhum esforço humano tem efeito e assim o medo o ensinava, a pressa o paralisava, a aflição o anestesiava. Ele podia ver vultos nas margens, nas árvores e em todo o lugar. Ammu olhou para trás, avistou um ser corpulento que não parecia um cadáver como os outros. Tudo era estranho e aparentemente irreal... Assustado, desceu da balsa e se escondeu em um emaranhado de árvores atrás da cabana, afundou o corpo debaixo d'água deixando só a face para fora, viu novamente um corpo grande e forte, três vezes maior em estatura que o seu. Ammu não conseguia ver o rosto da criatura que chegava cada vez mais perto. O jovem afundou completamente no lodaçal, encontrou um buraco em baixo da casa submersa, e, vendo sua única chance de escapar naquele momento de caça e caçador, ele entrou. Era o buraco escuro e primitivo de uma alma perdida.
Ammu recobrou a consciência em um lugar onde não havia água suja, o chão de mármore branco, espelhado como um cristal. Deitado de bruços, gemeu arqueando a cabeça para trás de modo que sua face se erguesse, para poder ter a impressão de ver com os olhos, ao invés de apenas sentir. Com o projeto de corpo um pouco mais pesado que antes, ele via um local mais iluminado, menos pavoroso. Era bonito! Apesar da egrégora lembrar o pântano da morte. Contudo, não era sua terra, a qual ele tinha a certeza que não mais veria. Virando-se perscrutou ao redor e percebeu que haviam árvores e plantas, algumas eram ervas que soltavam perfumes amadeirados. Ammu levantou meio cambaleando, ele sentia uma presença que não o ameaçava. Vinha de uma escada obscura em um ponto do círculo onde ele se encontrava. Deu alguns passos em direção á energia que sentia; era semelhante a um riso. Viu uma sombra vindo em sua direção, a sombra tornou-se um jovem egípcio, um pouco mais velho que ele. A pele era bronzeada em tom moreno com impressão dourada, como algo que parecia suor ou qualquer coisa do gênero que o fazia brilhar como o óleo. Possuía uma tira de pano vermelha na testa e tatuagens indecifráveis. Ammu esperava uma resposta para tantas perguntas enigmáticas. O jovem parou em sua frente, riu e disse telepaticamente, ao menos pensou que fosse, pois os lábios não se moviam como quando pronunciamos algo com as cordas vocais humanas. - Onde pensa que vai? Ele está atrás de você não é? Ammu tentava falar, mas os lábios não mexiam, talvez pelo fato de ser um corpo astral e não uma carapaça de matéria física, humana, composta de átomos e milhões de elementos químicos. Ammu perguntou na esperança de sair dali ou ter uma resposta para suas perguntas misteriosas: - Onde estou? Prontamente o outro jovem respondeu: - Mesmo que pareça muito vago e irreal, eu posso ajudar a dissipar este sentimento de irrealidade se tentar entender que no momento que adentrou o universo pantanoso, você não é mais o mesmo. Ele quer destruí-lo, mas não por inteiro, por uma questão de vibração, de fato não é nada além de uma extensão dos poderes energéticos que emanam de você, e você nem sabe disso. Vivemos todo o tempo rodeados de um vasto oceano de ar e éter misturados, este interpenetrando aquele, como o faz a toda matéria física; e é principalmente por meio das vibrações neste vasto mar de matéria que nos chegam impressões externas. Contudo, tudo isso aqui, passa a ser irreal e insignificante porque não existe matéria e sim a vibração de seu espírito. - Eu estou morto? Perguntou Ammu. - Não está morto, caso estivesse não sairia do pântano, ficaria paralisado lá para sempre afligindo sua alma ao limbo, o pântano se tornaria o mar do inferno com o passar do tempo, você se tornaria uma árvore espectral. -Você mora aqui? O que está aconteceu? Perguntou Ammu. - Metade de mim habita o pântano e outra metade o palácio do grande faraó. Vivemos no deserto de nossas almas, natural que tenha visto o apocalipse e assimilado essa resposta tão incapaz, pelo fato de não obter o entendimento. Antes de perceber tudo, você era apenas um ser consciente de seu físico, um homem, um mortal. Ammu olhou para o seu corpo. Estava descalço com as roupas iguais ao do jovem que encontrou. O jovem disse á Ammu: - Não pode voltar. O mundo que deseja não mais existe. Eu o levarei ao mestre, ele lhe procura. Aqui é apenas o jardim do palácio. O soberano lhe aguarda. - Quem é você? Perguntou Ammu desfalecendo-se por falta de esperança. - Não importa, mas se quer saber pode me chamar de K. Desolado, Ammu o acompanhou. Os dois desceram as escadas, tudo era muito obscuro para Ammu, porém diferente do pântano, existia algo divino em tudo que sentia, sua mente ia se calcificando á medida que descia os degraus para um universo sem fim. Ammu não tinha outra escolha. K levantou a mão direita dizendo: - Sua vibração o irrita, desperta sua ira, acredito que ele deseja transformá-lo. - Não vou! Gritou Ammu tentando fugir. K estalou os dedos e novamente estavam no círculo onde Ammu despertou após chegar do pântano dos espectros. O chão havia se transformado em ouro e havia um sarcófago cravejado de pedras preciosas. A sua frente havia a imagem de um deus da morte e em seus olhos haviam dois rubis. As paredes do palácio eram feitas de mármore negro, as colunas eram de ouro com desenhos antigos e códigos indecifráveis. K se punha de joelhos saudando o sarcófago. Ammu entendeu que deveria fazer o mesmo. Trêmulo de pavor, ajoelhou-se. - Levante-se, disse K. O mestre quer que vá até ele. Ammu levantou suando frio. Aproximou-se contra a própria vontade, em passos que pareciam ser eternos. Olhou dentro da câmara funérea e lá havia um faraó egipcio coberto por um manto fino e escarlate. De repente não havia mais nada além de uma fumaça coberta por um lençol vermelho. Ele olhou para trás procurando K, o jovem havia ido embora pelas obscuras escadas que naquele momento subiam ao invés de descer.
Na frente de Ammu surgiu o sacerdote, ele tinha por volta de dois metros de altura, ombros largos, careca, moreno com rosto ovalado e austero, impondo pavor em quem o olhasse. Envolto em um manto vermelho, usava sandálias douradas, brincos dourados de argolas nas orelhas e na pele havia desenhos vermelhos de serpentes aterradoras. O corpo era rijo, grande e musculoso. O jovem ficou paralisado. Contemplava o interior dos olhos do faraó que pareciam vermelhos como brasa. Ammu viu todo o mal do mundo e dos homens. A mente havia se perdido na confusão da inocência, sendo condenado naquele instante, a viver no pântano. A medida que era atraído pelas pupilas do faraó, Ammu experimentava breves lampejos de dissociação, ou estados superficiais de realidade não comum, logo o irreal tornou-se um estado comum. Durante a iniciação de Ammu, ele ouvia as palavras do faraó através de sua consciência, até a transformação ser completada. - Para mudarmos por completo, é necessário morrer, abandonando todo o passado. Desta forma, estará pronto para o renascimento dentro de um novo caminho, um novo conceito, aquele no qual escolheu ou foi conduzido. Uma vez abandonado o caminho simples da consciência, entra-se em um pântano escuro para a renúncia do eu. Renunciar é o mesmo que morrer. Morrer é o mesmo que transformar-se. Quase sempre nos transformamos naquilo que desejamos no intrínseco do inconsciente.
Assim todas as vibrações indesejáveis da alma de Ammu se diluíram e o jovem tornou-se um iluminado, o pântano da morte é onde as almas se transformam para o renascimento de um novo rei.

Letícia de Castro

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O segredo do sucesso é a adversidade - I


Vivemos hoje uma geração hedonista[1] no conceito de Aristipo de Cirene[2], voltada a viver apenas o lado dito “bom” da vida. Isso não credencia as pessoas para um amanhã de garra, determinação, ética, respeito e responsabilidade. Nossa “cultura” atual é de viver o máximo agora mesmo o melhor da vida e rejeitar com todas as forças o que se pode considerar como problema, dificuldade, desafio, esforço, responsabilidade, etc. Isso fica evidente no comportamento dos jovens e de alguns adultos também. É como se fosse uma cultura adolescente, ao estilo Peter Pan. Há um tempo um livro intitulado “Complexo de Peter Pan[3]” foi um sucesso mundial.
Mas, minha experiência confirma em parte o que os behavioristas (psicólogos da linha comportamental[4] de Ivan P. Pavlov) afirmam: as experiências forjam o comportamento humano. Você então irá me perguntar: Mas, como assim? Não entendi!
Bem, vamos primeiro saber a proposta behaviorista:
... A proposta de Watson era abandonar, ao menos provisoriamente, o estudo dos processos mentais, como pensamento ou sentimentos, mudando o foco da Psicologia, até então mentalista, para o comportamento observável.
... No caso, comportamento seria qualquer mudança observada, em um organismo, que fossem consequência de algum estímulo ambiental anterior, especialmente alterações nos sistemas glandular e motor.
... O Behaviorismo Clássico partia do princípio de que o comportamento era modelado pelo paradigma pavloviano de estímulo e resposta conhecido como condicionamento clássico. Em outras palavras, para o Behaviorista Clássico, um comportamento é sempre uma resposta a um estímulo específico. Esta proposta viria a ser superada por comportamentalistas posteriores, porém.
Os desafios servem como verdadeiro “exercício” para nossa alma, eles nos obrigam ao esforço e ao trabalho para que, superando-os estejamos então um grau acima daqueles que não chegaram a tal ponto.
Somente a pessoa que resolveu um problema pessoalmente e por seu próprio mérito é que está habilitada a ajudar outra a chegar ao mesmo ponto. Não existem fórmulas ou mesmo mágica que possa alterar este tipo de coisa. Um exemplo bem claro disso é o recém-formado em qualquer faculdade. Este profissional poderá ter o conhecimento teórico de uma ciência, mas não a tem dentro de si. Isso somente ocorrerá depois que ele colocar em prática seus conhecimentos teóricos, transformá-los em experiência prática vivida. Então ele compreenderá, trará para seu interior com todas as cores, sons, gostos e nuances detalhes deste conhecimento.



 Da mesma forma, nós não somos imunes ao que nos ocorre durante a infância e juventude. É comum que a escolha da profissão resulte de questões que nos incomodaram durante estas fazes. Então, uma criança que viu seu pai ou mãe tão queridos sofrendo com problemas de saúde, quando adolescentes resolverem dedicar sua vida ao estudo e prática da saúde humana.
Talvez possa parecer estranho o fato de educadores dizerem aos pais para deixar que seus filhos tenham suas experiências, frustrações, dificuldades, etc. Mas, é exatamente o enfrentamento das dificuldades que fortalece a alma humana. É a têmpera[5] que dá ao ferro transformando-o em aço. O mesmo acontece com os esportistas que devem se exercitar para atingir o melhor de sua forma, aproveitar o melhor que seus corpos podem lhe dar:
Exercício físico é qualquer atividade física que mantém ou aumenta a aptidão física em geral e tem o objetivo de alcançar a saúde e também a recreação. A razão da prática de exercícios inclui: o reforço da musculatura e do sistema cardiovascular; o aperfeiçoamento das habilidades atléticas; a perda de peso e/ou a manutenção de alguma parte do corpo. Para muitos médicos e especialistas, exercícios físicos realizados de forma regular ou frequente estimulam o sistema imunológico, ajudam a prevenir doenças (como cardiopatia, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, etc.) moderam o colesterol, ajudam a prevenir a obesidade, e outras coisas. Além disso, melhoram a saúde mental e ajudam a prevenir a depressão.
Da mesma forma que o exercício físico, o exercício emocional e mental também fortalecem a pessoa.


[3] A Síndrome de Peter Pan foi aceita em psicologia desde a publicação de um livro escrito em 1983 The Peter Pan Syndrome: Men Who Have Never Grown Up ou "síndrome do homem que nunca cresce", escrito pelo Dr. Dan Kiley.
Esta síndrome caracteriza-se por determinados comportamentos imaturos em aspectos comportamentais, psicológicos, sexuais ou sociais. Segundo Kiley, o indivíduo tende a apresentar rasgos de irresponsabilidade, rebeldia, cólera, narcisismo, dependência e negação ao envelhecimento.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Ser e o Estar


Estas duas condições acabam se confundindo na cabeça da maioria das pessoas. Isto ocorre não porque os sentidos das palavras sejam muito próximos, mas sim porque geralmente julga-se as coisas, fatos e pessoas por suas aparências, por aquilo que nos é apresentado aos olhos. Poucas pessoas se dão ao trabalho (é realmente um trabalho, exige uso de energia e consciência) de procurar ir além das aparências, de buscar a origem e não se contentar apenas com o fato em si.

A visão é um dos sentidos mais usados e que mais alimenta nossa condição intelectual de raciocínio e consequentemente nossa capacidade de julgamento e decisão. Mas, o fato de que o que vimos ante nossos olhos, pelo reflexo da luz é algo óbvio convence a quase todos de que o que os olhos vêem é a verdade, nada mais que a verdade.
Os mágicos já nos provaram que não é bem assim. Os místicos sempre disseram que aquilo que normalmente nos chega aos sentidos é mera ilusão, Maya. De acordo com a biologia, a visão nada mais é do que a tradução que nosso cérebro faz do reflexo da luz. Se houver algum problema com os meios biológicos que captam a luz ou que levam os estímulos nervosos da visão até o cérebro, ou mesmo no próprio cérebro, o sentido da visão estará prejudicado. Normalmente usamos o termo visão não só para o sentido físico ou biológico mas também à capacidade que alguns têm de compreender o possível desenrolar de fatos ou o interior de coisas ou pessoas. É a esta visão que Jesus fazia referência quando disse “aqueles que têm olhos, que vejam!”.
É justamente esta capacidade de ver além do imediato, das aparências, dos reflexos, da ilusão é que pode nos descortinar definitivamente e de uma forma insofismável a diferença que existe entre o Ser e o Estar.
É a diferença entre o amador e o profissional, entre o estudante e o iniciado. Isto se aplica tanto no universo dos relacionamentos sociais e profissionais quanto no plano esotérico. O fato de uma pessoa ter passado por tal ou qual ritual, seja em que escola for, não significa que ela foi iniciada. Ela pode muito bem estar tal ou qual grau mas ser uma pessoa comum como as ditas profanas. Ou seja, esta pessoa apesar de conhecer teoricamente muita coisa de uma determinada escola iniciática não a sente, não a compreende e não a vive. O fato de se “estar” denota interesse apenas, é circunstancial, passageiro. O “ser” faz a gente “vestir a camisa”, se doar, se entregar. É certo que perfeição não existe neste plano, que todos estamos vivendo um grande processo de evolução e que isto não nos dá o direito de julgar.
A distinção entre o que “é” e o que “está” é muito simples para ser realizada. O que “está” tem as referências escritas como regra máxima e incontestável. Aquele que “é” compreende as regras escritas bem como as razões que as levaram a ser tomadas e por isto mesmo não se sente pressionado pelas mesmas e nem limitado. Aquele que “está” valoriza as manifestações físicas da hierarquia, tais como um grau, uma medalha, um título, etc.. A pessoa que “é” valoriza as manifestações de conteúdo, tanto de si quanto de outrem, é capaz de aprender com aquele que está em grau abaixo do seu e nem por isto se sentirá ofendido.
Existem pois duas realidades, duas escolas iniciáticas: a Escola de quem É; e a Escola de quem Está. A Escola de quem Está, por ser maior e fisicamente mais sólida, serve de sustentáculo à Escola de quem É. Sempre, no plano físico, em toda Escola de Mistérios ou Esotérica, haverão na verdade duas escolas convivendo paralelamente, uma “de direito” e outra “de fato”, uma “para os profanos verem e se regularem” e a outra “para o iniciado evoluir, se fraternizar e se proteger”. A Escola de quem Está é visível, a Escola de quem É é invisível, pelo menos aos olhos do vulgo.
Se nos incomodamos com os outros ao nosso lado quanto a poder, influência, domínio e conhecimento, estamos na Escola de quem Está. Caso nos ocupemos de nos melhorarmos, independentemente de estímulos, de compreender a limitação alheia e de agir dentro de um princípio que respeite o outro, aí sim somos da Escola de quem É. Se levamos ao pé da letra a cartilha escrita na letra morta do papel, estamos. Se compreendemos a transcendência, a origem e o fim das instruções grafadas na cartilha, aí somos.
Quem “está” repete frases lidas qual um papagaio que não sabe do que está falando e nem as razões das afirmações que faz. Quem é tem suas próprias idéias, opiniões, conceitos e nem por isto se distancia do que os mestres disseram. Isto ocorre porque aqueles que “são” bebem sempre da mesma fonte, da Verdade, nem sempre desejada e aceita pelos não iniciados ou por aqueles que “estão”. A Verdade é como uma Luz que pode ser prismada em várias cores mas mesmo assim, apesar das sutis diferenças, ainda é a mesma Luz só que multifacetada. Seus componentes não lutam entre si, jamais, pois irmanam-se na unidade luminosa.
O fato de “ser” nos leva a reverenciar a Luz, o fato de “estar” nos faz adorar os reflexos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Desencontros amorosos


No artigo anterior abordamos a questão do amor nos planos espirituais. Na ocasião classificamos quatro tipos distintos de amor: a fonte do amor em si, a ideia ou ciência do amor, a emoção ou sentimento do amor e a sensação ou consumação do amor.
Considerando-se que exista amor entre duas pessoas ainda assim pode haver problemas que impeçam a felicidade e a harmonia do casal.
Podem acontecer desencontros amorosos entre pessoas que se amam, por incrível que isso possa parecer. Vamos entender um pouco mais este caso.
Muitas vezes, por orgulho ou vaidade as pessoas têm vergonha de assumirem seu amor. Talvez pensem que seja uma evidência de fraqueza e de submissão para com o outro. Ou seja, temem que se abrirem seus corações estarão abrindo mão de suas defesas, autonomia, independência e personalidade. É claro que uma relação em que uma das partes só quer ver o amor do outro e não demonstrar o seu por vergonha ou medo não pode dar certo.



Uma relação para dar certo e se sustentar por muito tempo precisa ser equilibrada, igual, justa e harmônica. A força, seja ela física, econômica, das necessidades sociais ou seja lá qual for estabelece e pode manter um relacionamento a dois, mas a um alto custo emocional para ambas as pessoas – será algo forçado e nada natural ou espontâneo, prazeroso ou desejável. Pior ainda é se existem filhos envolvidos na relação. Eles, mais do que as outras partes, foram produto e necessitam do amor harmônico sob risco de crescerem como pessoas desequilibradas e com noções equivocadas sobre o amor e suas expressões. Se assim for, certamente serão futuros pais que não aprenderam com exemplos as melhores formas de amor e então não terão como viver e passar isso aos filhos. Assim se formará uma geração de pessoas mal amadas. Por isso que é certo dizer que todos nós precisamos nos dedicar um pouco à questão da melhoria da qualidade do amor que externamos, se não for pensando em nós mesmos que seja pensando naqueles que amamos.
Mas, voltando ao assunto dos desencontros amorosos isso acontece quando existe amor de ambas as partes, mas pelo menos alguma destas partes confunde a natureza ou “universo” de seu amor. Por exemplo, se no momento do amor físico uma das pessoas vem com a consciência ou energia do amor como consciência ou mesmo como ciência o clima será quebrado. No físico não se pensa ou fala poesia sobre o amor, se faz o amor na prática, se desfruta desta forma de amor. Ou, o contrário, se o momento é de poesia ou mesmo reflexões sofre o amor, se uma das partes vem com a energia do amor físico vai dar problema.
É interessante destacar que estes supostos desencontros ocorrem em quase que todos os relacionamentos, de uma forma ou de outra, com maior ou menor intensidade, com mais frequência ou menos. E, supondo que exista amor entre o casal. Observa-se então que mesmo havendo amor pode haver o desencontro, o desentendimento e um suposto “desamor”. Parece uma simples, mas profunda falta de comunicação. É o que acontece quando um está “sintonizado” em uma forma de amor e o outro em outra forma.
Na prática ocorre também um outro tipo de situação. Imagine que um componente do casal observa a outra parte olhar com atenção e até com um pouco de desejo para outra pessoa do sexo oposto. Qual a reação “natural” que todos temos? De luta, defesa de seus interesses e manutenção do relacionamento.
Mas, via de regra, as pessoas escolhem o caminho contrário ao da união para lutar por seu amor. Se for a mulher que observar seu companheiro desejando uma outra mulher ela poderá reagir criticando ele, muitas vezes brigando e insultando ele. Se for o contrário possivelmente não será diferente. Mas, no fundo, se a pessoa parar para pensar será que ela acreditará que este é o melhor caminho e expediente para atingir seu objetivo que é manter sua relação? Certamente que não. A melhor forma seria dizer para a outra pessoa que a observou olhando interessada a outra pessoa e assim se sentiu insegura e temeu por perder seu amor. Esta simples frase certamente enternecerá o coração da outra pessoa se realmente houver amor em seu coração. E, então, a relação ao invés de sofrer um abalo certamente se fortalecerá. Mas, para que isso aconteça é necessário que a pessoa tenha um bom conhecimento de si mesma, tenha confiança suficiente para dizer a verdade que se passa em seu coração e não temer o ridículo e a exposição de seu amor e fragilidade.
Então, peço que você que agora lê este artigo reflita mais e melhor sobre as formas de expressar seu amor, a melhor “sintonia” em seu relacionamento nos mais variados momentos de sua vida em comum e, também, na franqueza ou não de se abrir e se entregar ao amor. Então, depois desta reflexão, que pense se tem o direito de reclamar de sua vida, das outras pessoas ou mesmo de Deus por sua vida quando as coisas não dão certo como gostaria que dessem. 

O amor nos planos espirituais


O amor é algo ainda desconhecido e indefinível para nós. Isso acontece porque sua natureza transcende o físico, tem origem no mais elevado da espiritualidade.
Por mais profano que possa parecer suas expressões, o amor é preconizado como símbolo de Deus por todas as religiões.
Então, se justifica dedicarmos alguns instantes para tentar compreender sua natureza além daquela conhecida nas músicas, nas novelas e nos filmes.
Cabalisticamente existem quatro mundos:
1)      O Mundo da Emanação – Onde brota o amor, fonte e origem;
2)      O Mundo da Criação – Ideia ou ciência do amor (harmonia, fraternidade);
3)      O Mundo da Formação – Emoção ou sentimento do amor;
4)      O Mundo da Manifestação – Sensação ou consumação do amor divino.

O Mundo da Emanação é o universo da espiritualidade pura, da divindade incólume e da perfeição. Neste mundo o amor é o próprio Deus e vice-versa, é luz pura. É onde acontece o amor dos deuses, o encontro do primeiro casal divino, dos gêmeos espirituais que se fundem pelo amor gerando um poderoso e transcendental ser. Astrologicamente é o encontro entre Adan Cadmon (Plutão) e Lilith (a primeira mulher criada do barro, à semelhança de Adão). Aqui existe o portal para além da Criação concebida, para o Incognoscível.

O Mundo da Criação é o universo do Mental Abstrato, da Causa das coisas, do princípio das idéias. É o mundo da ciência onde predomina a lógica, a razão e o sentido da vida e da existência. Este mundo comporta o encontro de idéias afins, conceitos próximos e pensamentos harmônicos. Aqui o amor ganha tons de harmonia, equilíbrio e justiça. Mais do que isso, é o encontro de projetos comuns que transcendem a personalidade, o interesse pessoal ou fatores sociais. Astrologicamente é o encontro entre Saturno e Netuno que resulta em Urano. Aqui existe o portal para além do tempo e do espaço.

O Mundo da Formação é o universo onde impera o amor em sua mais acentuada e importante forma, o amor que pulsa no coração e nas almas. É da união dos complementares, neste universo, que a vida ganha forma e pode acontecer nos planos inferiores. Este mundo é o mundo do amor conjugal, do casamento cósmico, da união iluminada por Deus, do encontro entre o casal divino, da parelha que é equilibrada e ambos são semelhantes, existe o reconhecimento mútuo de que um não é maior nem melhor do que o outro, pelo contrário, sabe-se que um necessita do outro para ser uma inteireza, uma unidade à imagem e semelhança de Deus. Astrologicamente é o encontro entre Sol e Lua que resulta no feliz e próspero Júpiter. Aqui existe o portal para a fusão das almas e dos corações que se unem pelo amor divino e puro.



O Mundo da Manifestação é o universo da manifestação física do amor, das diversas expressões desta energia que equilibra, harmoniza, embeleza e suaviza todo. É neste universo que a vida material é concebida e perpetuada pelo poder do amor. Dizem que seres de planos superiores gostariam de estar neste plano para poder desfrutar das delícias que é o amor físico na forma de carinho, afeto, companhia, conivência e a sensualidade. A divindade do amor pode ser aqui identificada pelas expressões e suas manifestações sem medos, sem restrições, com consciência, harmonia, respeito, compreensão e parceria. O amor físico só se sente satisfeito se proporcionou satisfação à sua contraparte, não é egoísta. É neste plano, através do ato máximo e íntimo do amor conjugal que céu e terra se unem, através da união entre homem e mulher, onde Criador e criatura se unem retornando à Unidade Primordial. Astrologicamente é quando ocorre o enlace de Marte e Vênus, gerando a criança pura que é representada por Mercúrio. Aqui homem e mulher se tornam deuses e podem criar uma vida nova, ir além de suas histórias e lendas pessoais, tanto no plano físico quanto no plano espiritual. Aqui é onde existe o portal de espelhamento dos planos espirituais e a re-revolução dos anjos se inicia, onde o último se torna o primeiro e o homem comum se torna o primogênito divino.

Mas, em teoria a união nestes mundos parece simples, porém é algo muito complexo e reservado exclusivamente para aqueles que conquistam por seus próprios esforços e méritos esta condição e direito. É necessário um intenso trabalho psíquico de preparo e uma busca constante da harmonia, da empatia, da verdade, e da renúncia que o verdadeiro amor nos proporciona.

Por outro lado, o que apresento é o ideal que pode se mostrar inacessível para a grande maioria das pessoas. Para um dia chegarmos a tal ponto é importante que trabalhemos nossas uniões, mesmo que separadamente, mundo por mundo, vida a vida, relacionamento a relacionamento. Devemos ir construindo esta verdadeira catedral do amor que é a instituição do casamento cósmico e este trabalho tem por tônica central, como não poderia deixar de ser, o amor, a harmonia, a compreensão, a verdade, o respeito, a justiça, a conivência, a flexibilidade, a empatia e a abnegação. 

A espiral descendente das drogas


O conhecimento e a experiência que a Astrologia me dá indicam que o uso de drogas resulta de uma grande necessidade de vivenciar um estado de consciência mais sutil, transcendental. Isto até mesmo explica porque muitas pessoas, inclusive viciados, confundem o vício da droga com o esoterismo.
É certo que o uso de drogas se iniciou com a profanação de antigos rituais, principalmente xamãnicos, nos quais o sumo sacerdote, e somente ele, fazia uso de substâncias que o auxiliavam no seu já bem traçado e trabalhado caminho espiritual de contato com entidades dos planos paralelos. Mesmo assim, este uso de uma substância que altera a consciência era usada somente por alguém já devidamente reparado (por anos a fio) e em cerimônias raríssimas (eram em torno de 4 a 8 anuais).
Uma boa meditação (mas eu disse boa mesmo) substitui satisfatoriamente o uso da maconha, por exemplo. Existem clínicas em São Paulo que utilizam desta técnica há muito tempo. Eu mesmo já experimentei o chá chamado Aywaska (mistura do cipó chamado mariri com a folha chamada chacrona) que tanto a União do Vegetal como o Santo Daime usam quase que semanalmente. Vivi um estado de consciência que estou acostumado a experimentar quando de rituais cabalísticos e esotéricos, nos quais não se ingere substância alguma e de nenhuma forma. Também não tive as horrorosas reações que as pessoas normalmente têm quando usam este chá.
Sem dúvida, os viciados em drogas são pessoas com forte apelo espiritual, mas que se desviaram, possivelmente em vidas passadas, dos caminhos aos quais pertencem desde há muito. São pessoas que possivelmente por vidas seguidas se esforçaram por caminhar rumo à evolução e à perfeição. Depois que conseguiram atingir seus objetivos e firmaram um pacto com Deus, deixaram-se levar pelo sonho, pela fantasia ou mesmo por seu orgulho pessoal. Aí, a luz que emanava de dentro de seus corações se tornou sombras e suas almas foram “expulsas” –resultado do peso das mesmas em comparação às demais- do paraíso (sua nova casa) que era o convívio com mestres e seres elevados. O resultado é que estas almas sentem-se rejeitadas, insatisfeitas com a vida que têm, mas ainda assim com suprema presunção acham-se donas de suas vidas e que ninguém é ninguém para lhes orientar. Como foram mestres em vidas passadas não admitem sua situação de miséria espiritual e psíquica causadas por elas mesmas. Jamais assumem seu vício realmente ou lutam para sair da espiral descendente na qual ingressaram. A presunção é sua característica.
Estas almas tendem a estar fechadas em si mesmas e não permitem que um estímulo externo ingresse em seu interior, se reúnem com semelhantes para cultuar seus falsos conceitos, mentiras, misérias e sentimento de inadequação mascarado com alegria esfuziante ou uma suposta paz e harmonia. Na verdade não se dão e acabam por desconhecer o verdadeiro amor, a fraternidade e o valor de uma amizade sincera e positiva.
Certamente estas disposições cármicas redundam em uma condição atávica específica que explicaria psicologicamente as preferências e tendências da pessoa na vida atual.
Os parentes de drogados, quem já tentou ajudar um viciado e especialistas no assunto sabem muito bem do que estou falando. O pior é que só podemos chegar à uma conclusão: NA VERDADE MUITO POUCO SE PODE FAZER CONTRA O VÍCIO DA DROGA. Tentamos reiteradas vezes, mas os esforços se mostram em vão. Estas pessoas que são nossos entes queridos não titubeiam em mentir para nós, nos trair pelas costas e priorizar acima de tudo e de todos o traficante ou o dono do bar, seu melhor amigo.
O barco do viciado caminha para um desfiladeiro, catarata abaixo. Nós vemos, alertamos, mas nada podemos fazer, pois trata-se de uma condição e decisão interna da pessoa. Sofremos com isto, mas se nada fizermos ou nos descabelarmos em atos extremos, o resultado tende a ser o mesmo, com raríssimas exceções.


Recentemente o programa Fantástico veiculou matéria jornalística em que a ciência finalmente constatou a importância da fé na cura das pessoas. A fé ativa uma certa porção do cérebro, diretamente relacionada com o sistema imunológico. Há muito eu já dizia em meus cursos de Astrologia que a AIDS era o cúmulo do desvio da espiritualidade humana. Astrologicamente o sistema imunológico humano é regido por Júpiter e Netuno, exatamente os mesmos planetas que regem a espiritualidade e a tendência ou não para as epidemias, além de reger também as orgias, a promiscuidade, as drogas e tudo que se assemelhe a isto. Tudo que existe tem uma regência divina, nós é que escolhemos o caminhos a ser seguido. Aí é que reside o nosso mérito pessoal e individual.
A humanidade sofre com esta peste silenciosa que é o uso das drogas e isto é um grande divisor de águas. Raros são aqueles que não são maculados pelo vício, seja de drogas, cigarro ou álcool.
A solução é preventiva: cuidar de nosso próprio vivenciar espiritual e religioso e assim dar o exemplo quando cuidarmos da instrução espiritual de nossos filhos. Quem não quer ter um filho usando maconha, cocaína, craque, álcool ou outra droga qualquer, a primeira coisa que tem a fazer é ter uma religião segui-la de coração, ser um exemplo para seus filhos e procurar instruí-los nas questões espirituais. Não existe religião certa ou errada, melhor ou pior. Cada qual traz uma mensagem para um tipo diferente de pessoa e de formação. Pior que estar em uma religião “ruim” é não ter nenhuma religião.
Pode parecer piegas esta coisa de religião, mas sua carência propicia os vícios que por sua vez acabam com carreiras, com famílias, com felicidade e amor.
Hoje o uso das drogas está disseminado por toda parte. A grande maioria dos leitores deste artigo deve estar me rotulando de “careta”, no mínimo, ou de um louco bobão. Sabemos que as drogas estão presentes no uso cotidiano de pessoas em todas camadas da sociedade e nos poderes públicos e por isto mesmo não tem como se controlar.
Quando estive no Peru recebi a informação de que a cocaína é o “castigo” da Mãe Natureza pelos desvios de seus filhos dos caminhos do Pai. Assim como a cocaína, o ópio, a maconha e outras drogas vêm da natureza, são “naturais” –como dizem os espertos usuários de drogas- e por isto mesmo não nos podem fazer mal. A beladona, o chumbo, o cianureto e muitos outros produtos também vieram da natureza e matam. Então, como fica? É uma alegação infantil esta de que tudo que vem da natureza é bom em qualquer quantidade para o organismo humano.
É muito triste a gente ver pessoas jovens, cheias de vida e de possibilidades futuras jogarem suas vidas, carreiras, saúde, felicidade, boas amizades e família nas mãos de um traficante que só é seu amigo até que esteja lhe pagando. É triste saber que esta pessoa que tem como amigo maior o traficante, afasta-se de todos os seus por isto e que quando morrer não terá ninguém para chorar em seu túmulo ou mesmo velar no seu leito de morte. O “amigo” traficante? Ah, este já estará em outra freguesia!
Cada qual é dono de sua própria vida, mas no final terá que dar conta do que fez dela, suas decisões e atitudes.

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