No artigo anterior abordamos a questão do amor nos planos
espirituais. Na ocasião classificamos quatro tipos distintos de amor: a fonte
do amor em si, a ideia ou ciência do amor, a emoção ou sentimento do amor e a
sensação ou consumação do amor.
Considerando-se que exista amor entre duas pessoas ainda
assim pode haver problemas que impeçam a felicidade e a harmonia do casal.
Podem acontecer desencontros amorosos entre pessoas que se
amam, por incrível que isso possa parecer. Vamos entender um pouco mais este
caso.
Muitas vezes, por orgulho ou vaidade as pessoas têm vergonha
de assumirem seu amor. Talvez pensem que seja uma evidência de fraqueza e de
submissão para com o outro. Ou seja, temem que se abrirem seus corações estarão
abrindo mão de suas defesas, autonomia, independência e personalidade. É claro
que uma relação em que uma das partes só quer ver o amor do outro e não
demonstrar o seu por vergonha ou medo não pode dar certo.
Uma relação para dar certo e se sustentar por muito tempo
precisa ser equilibrada, igual, justa e harmônica. A força, seja ela física,
econômica, das necessidades sociais ou seja lá qual for estabelece e pode
manter um relacionamento a dois, mas a um alto custo emocional para ambas as
pessoas – será algo forçado e nada natural ou espontâneo, prazeroso ou
desejável. Pior ainda é se existem filhos envolvidos na relação. Eles, mais do
que as outras partes, foram produto e necessitam do amor harmônico sob risco de
crescerem como pessoas desequilibradas e com noções equivocadas sobre o amor e
suas expressões. Se assim for, certamente serão futuros pais que não aprenderam
com exemplos as melhores formas de amor e então não terão como viver e passar
isso aos filhos. Assim se formará uma geração de pessoas mal amadas. Por isso
que é certo dizer que todos nós precisamos nos dedicar um pouco à questão da
melhoria da qualidade do amor que externamos, se não for pensando em nós mesmos
que seja pensando naqueles que amamos.
Mas, voltando ao assunto dos desencontros amorosos isso
acontece quando existe amor de ambas as partes, mas pelo menos alguma destas
partes confunde a natureza ou “universo” de seu amor. Por exemplo, se no
momento do amor físico uma das pessoas vem com a consciência ou energia do amor
como consciência ou mesmo como ciência o clima será quebrado. No físico não se
pensa ou fala poesia sobre o amor, se faz o amor na prática, se desfruta desta
forma de amor. Ou, o contrário, se o momento é de poesia ou mesmo reflexões
sofre o amor, se uma das partes vem com a energia do amor físico vai dar
problema.
É interessante destacar que estes supostos desencontros
ocorrem em quase que todos os relacionamentos, de uma forma ou de outra, com maior
ou menor intensidade, com mais frequência ou menos. E, supondo que exista amor
entre o casal. Observa-se então que mesmo havendo amor pode haver o
desencontro, o desentendimento e um suposto “desamor”. Parece uma simples, mas
profunda falta de comunicação. É o que acontece quando um está “sintonizado” em
uma forma de amor e o outro em outra forma.
Na prática ocorre também um outro tipo de situação. Imagine
que um componente do casal observa a outra parte olhar com atenção e até com um
pouco de desejo para outra pessoa do sexo oposto. Qual a reação “natural” que
todos temos? De luta, defesa de seus interesses e manutenção do relacionamento.
Mas, via de regra, as pessoas escolhem o caminho contrário
ao da união para lutar por seu amor. Se for a mulher que observar seu
companheiro desejando uma outra mulher ela poderá reagir criticando ele, muitas
vezes brigando e insultando ele. Se for o contrário possivelmente não será
diferente. Mas, no fundo, se a pessoa parar para pensar será que ela acreditará
que este é o melhor caminho e expediente para atingir seu objetivo que é manter
sua relação? Certamente que não. A melhor forma seria dizer para a outra pessoa
que a observou olhando interessada a outra pessoa e assim se sentiu insegura e
temeu por perder seu amor. Esta simples frase certamente enternecerá o coração
da outra pessoa se realmente houver amor em seu coração. E, então, a relação ao
invés de sofrer um abalo certamente se fortalecerá. Mas, para que isso aconteça
é necessário que a pessoa tenha um bom conhecimento de si mesma, tenha
confiança suficiente para dizer a verdade que se passa em seu coração e não
temer o ridículo e a exposição de seu amor e fragilidade.
Então, peço que você que agora lê este artigo reflita mais e
melhor sobre as formas de expressar seu amor, a melhor “sintonia” em seu
relacionamento nos mais variados momentos de sua vida em comum e, também, na
franqueza ou não de se abrir e se entregar ao amor. Então, depois desta
reflexão, que pense se tem o direito de reclamar de sua vida, das outras
pessoas ou mesmo de Deus por sua vida quando as coisas não dão certo como
gostaria que dessem.
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