quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Som do Silêncio


“Olá escuridão, minha velha amiga, eu vim aqui para conversar contigo de novo”, começa uma música antiga de Paul Simon e Garfunkel.

O silêncio é o segredo escondido no ritmo do som e da música. É ele que dá sentido a uma melodia. Sem o silêncio não existiria música.
No Zen Budismo, aprendemos que a razão das coisas está exatamente naquilo que é a não ação. Quando a grande maioria das pessoas crê que o importante é o que aparece, o que se faz, o que é tangível, na verdade o segredo está exatamente naquilo que não se faz, naquilo que não é aparente, naquilo que não é tangível e que está escondido pelas aparências. São os mestres Zen que nos ensinam isto.
A importância de um copo, por exemplo, não está em sua matéria, ou seja, no copo em si; mas sim no vazio que ele contém ou delimita. Na verdade, a utilidade de um copo não se mede por ser ele de prata, cristal, ouro ou de qualquer outro material, mas sim pelo conteúdo líquido que ele pode comportar em seu interior vazio.
Ah! O vazio! A escuridão, a ausência de manifestação. O silêncio que para uns é sepulcral e para outros é divino.
Um mestre disse que uma vez invocou teurgicamente à Minerva, a deusa mitológica da Sabedoria. Quando ela se manifestou o fez calada e assim se manteve o tempo todo. A maior lição que este mestre aprendeu, segundo ele mesmo, foi que “O silêncio é a eloquência da sabedoria”.
O silêncio é feminino, passivo, vazio, vago, indefinido e misterioso. Dizem que o verdadeiro mestre espiritual está sempre pronto a ouvir, a aprender, a deixar que outras pessoas lhe ensinem, lhe digam as coisas. Ele ouve, aprende, absorve, cresce e se cala. Ele não tem porque provar nada a ninguém, não tem porque querer converter os outros, nem discutir. Assim, ele sempre está um passo a frente das outras pessoas.
Assim, aprendemos que “a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro”.
O êxtase espiritual é silencioso, interior. Poucas pessoas conseguem administrar bem o silêncio e a solidão em suas vidas. A Grande Fraternidade Cósmica Universal das Estrelas (luzes) habita o vácuo, o infinito de silêncio. Lá executam a chamada “sinfonia das esferas” sem, contudo, emitir qualquer som. “Aquele que tem ouvidos que ouça” já disse o Mestre Yeoshua.
Na sagrada Cabala, existem quatro níveis de interpretação das coisas criadas. Estes níveis vão desde o literal e óbvio até o nível mais elevado, reservado aos mestres que é o “Sod”, ou seja, do segredo. Neste nível reina o silêncio. É o nível do esoterismo puro, profundo e transcendente de tudo que existe, é o Divino latente na Criação. É a perfeição pulsante no coração da Criatura.
Em Astrologia Saturno e Plutão são planetas de silêncio, profundidade, eternidade e elevada espiritualidade. São planetas que nos trazem referência do que pode existir de mais elevado e transcendental na vida espiritual. São os símbolos da mais alta hierarquia, da existência de seres que são verdadeiras colunas a sustentar toda a Criação e a cumprir os Desígnios de Deus. São astros do silêncio, da vontade de Deus, da grande Lei que rege o Cosmos, desta Lei que emerge do Kaos, das trevas, das origens da Criação, do Imanifesto, da Suprema Perfeição. Se o silêncio é a alma da música, a sombra, ou escuridão, é a glória da arte da fotografia e da pintura.
Quanto mais uma pessoa sabe, quanto mais uma pessoa se aprimora, quanto mais uma pessoa evolui ela vai se destacando do conjunto homogêneo da humanidade. Assim, tanto ela se eleva acima de seus antigos companheiros de caminhada pela vida, como também acaba por assumir grandes responsabilidades por causa disto. Pois ela se torna mais competente para gerir, orientar, compreender e estimular os seus, devido à sua visão mais ampla, completa e profunda das coisas da vida.
Por outro lado, esta pessoa evoluída, quanto mais caminha rumo à perfeição, mais está se destinando à solidão, pois raros serão aqueles que estarão em seu mesmo nível de compreensão e vivência.
No universo, é rara a ocorrência de estrelas duplas. O normal é termos uma estrela a iluminar, aquecer e dar vida à um grupo de planetas. Uma estrela é um Sol. Se desejamos nos tornar um dia um Sol, uma estrela, nos iluminarmos, nos aproximarmos da Verdade, é melhor nos prepararmos para o silêncio, para a solidão e para vivermos no vazio.
Somente estando vazios, ocos de nossa personalidade, em silêncio interior, é que poderemos ser realmente úteis ao Criador. Só assim poderemos conter no côncavo de nossas almas, a Luz da Verdade, da Justiça, da Beleza e do Poder do GADU.
Saturno e Plutão, em Astrologia, regem a cor negra, não como algo ruim, mas sim como ausência, como segredo, como mistério, como profundidade. Eles delimitam os horizontes da Criatura, até onde ela pode chegar em seu esforço máximo de elevação e transcendência. É sabido que a cor negra absorve totalmente a luz, não a reflete.
Normalmente tendemos a fugir da solidão, do silêncio, da responsabilidade; damos preferência aos reflexos ilusórios, ao brilho, à aprovação da multidão, ao ruído das massas e à busca de satisfações, facilidades e alegrias. Agindo assim, tomamos o caminho inverso aquele indicado pelo Criador e por seus segredos a nós revelados.

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