A dor da perda – Visão iniciática
Mensagem de
Equinócio de Outono 2014 – Academia Ciência Estelar
Se Deus nos criou para sermos felizes,
porque há infelicidade? Existe uma divindade responsável pela nossa dor? Para evoluir
precisamos necessariamente sofrer? Se Deus é amor e o amor é a força maior que
a tudo une não parece legítimo ou natural o desencontro, o afastamento, o
rompimento. Ou será o amor a fonte da dor? Existem pessoas e seres que
acreditam que o sentimento e a emoção são verdadeiras fraquezas humanas e que
se deve afastar delas para que se mantenha o equilíbrio, a razão e o poder.
As passagens dolorosas da vida são as que ficam guardadas
com maior nitidez e tempo em nossa memória. Geralmente elas estão associadas a
perdas. Existem diversos tipos de perdas, como as de algum bem material,
emprego ou estabilidade, ou, ainda, de pensamentos, ideias, conceitos e
preconceitos. Porém, as dores por perdas mais legítimas, esotericamente
falando, estão relacionadas a pessoas queridas. Os laços de relacionamentos é a
essência da vida humana neste planeta Terra. Estes laços se estabelecem por
simpatia, identificação e principalmente pelo amor.
Deus em essência é Imanifesto, está em tudo e em nada ao
mesmo tempo. Só podemos percebê-Lo em sua forma manifesta ou emanada que é a Natureza
e como Natureza Deus é reconhecido
como “a Grande Deusa”. Tudo que foi criado guarda em seu âmago ou interior uma
fagulha divina que lhe dá vida e existência, esta coerência ou organização
divina que está presente até mesmo no mais simples átomo é a manifestação
física e tangível da transcendental força do amor. Assim como Deus, obviamente,
o amor se manifesta desde as mais elevadas esferas até as mais inferiores e
interiores. O afastamento deste amor promove a desintegração, a desorganização
e a pulverização das coisas.
Pelo Zen Budismo aprendemos a olhar a Natureza como exemplo e
ensinamento divino, afinal Ela reflete em si a realidade divina de forma evidente
e tangível. Esta magnífica Deusa (ou Deus Manifesto) nos mostra claramente a
natureza divina da qual fazemos parte e podemos aprender com Ela como nos
conduzir na vida de forma harmônica e evolutiva.
Temos na natureza ciclos que se mostram evidentes por
ocasião das estações. O Outono é tempo da colheita, do resultado daquilo que
fizemos, realizamos e plantamos nas estações anteriores. A colheita é o
objetivo da semeadura e também necessária para que os campos férteis estejam
disponíveis para a nova semeadura e assim perpetuar a vida. Para que a vida se
mantenha é necessária à sucessão das estações de semeadura, de maturação, de
colheita e de preparo da terra. Por mais que gostemos de uma estação, seja ela
a primavera ou o verão, a vida não existirá se a natureza não se renovar.
A colheita em si é um processo de morte, visto que quando se
colhe o produto da terra se está decretando sua morte, pois se o deixássemos no
campo certamente sua vida seria muito mais longa. Mas, necessitamos da colheita
para nosso sustento. Aqui está evidente a nítida associação entre a vida e a
morte, o mesmo processo tanto representa a vida quanto à morte, são faces
diferentes de um mesmo mistério. Ninguém sofre pela colheita, mas porque
sofremos pela perda? O mistério vida/morte é uma porta ou portal que separa
etapas distintas. Este é o mistério do “Ano Novo” esotérico (no hemisfério sul),
do Equinócio de Outono.
De fato, aprendemos que o ciclo da Natureza preserva a vida
e que a morte não existe na Criação Divina. O que existe é sempre um reciclar,
uma renovação, uma transformação, uma sucessão de estados, realidades,
consciências e vivências que visam o aprimoramento contínuo da Criatura. Por trás
deste mistério, aprendemos que Deus ou Tudo que foi Criado (a Grande Deusa)
está em constante transformação ou processo alquímico de melhoria e elevação. O
conceito de estabilidade ou fixidez não é coerente com a Criação e sim com o
Incriado (Deus). Mas, nós não entendemos isso e é aí que reside nosso equívoco
e fonte de sofrimento e dor. A ilusão ou desejo de perpetuação de algo ou
alguém é contrária à realidade da Vida que é mantida pelos ciclos e
transformações constantes.
Se olharmos nosso sistema solar podemos perceber que os
planetas não estão todos grudados um ao outro e estáticos. Pelo contrário,
existe certa distância entre eles e todos guardam suas próprias peculiaridades
orbitais bem distintas uns dos outros. Os planetas estão livres para seguirem
suas rotas, cada qual de sua forma específica, bem diferente dos demais. A “estabilidade”
do sistema solar é dinâmica em sua natureza, caso contrário toda a vida estaria
prejudicada ou mesmo inviável.
Um mestre ensinou que é agradável admirar a beleza e a
fragrância de uma bela flor em um jardim ou no campo, mas que muitos por
desejar possuir somente para si aquela flor a cortam para levar para suas casas
e assim decretam sua morte antecipadamente. Ele refletiu que se a flor fosse
deixada lá onde nasceu viveria muito mais, seria fonte de alegria, prazer e
admiração para muitas outras pessoas e assim cumpriria melhor sua missão de
existência.
Quando a vida, de alguma forma, nos afastar de alguém
devemos pensar: E se eu forçar para manter esta pessoa ao meu lado e isso
significar seu sofrimento? Não será melhor eu ver esta pessoa longe, mas feliz
e viva do que ao meu lado triste e caminhando para a morte? Será que o que me
prende a esta pessoa é amor verdadeiro ou apenas sentimento de posse? Estarei eu
querendo dar um passo além em minha evolução ou continuar do modo como estou?
A vida é um mistério evolutivo e devemos nos abrir
constantemente às mudanças, nos desapegar e deixar que a vida exista, caso
contrário a estaremos abreviando. Este “abrevio” por razões egoístas tanto
prejudica a outra vida lesada quanto também a nós mesmos que desejamos sua
perpetuação exclusiva. Se deixarmos a flor no canteiro todo dia poderemos admirar
a flor e seu perfume, mas se a levarmos para casa isso não durará mais do que
um dia.
Precisamos aprender que nada e tudo é nosso ao mesmo tempo,
porém não exclusivamente. A Criação é de todos e para todos, indistintamente. Devemos
deixar de ver a Vida a Criação de forma egoísta e compreender que tudo e todos
fazem parte de um grande sistema evolutivo e que existe uma Razão ou Sentido
Original (que não está ao nosso alcance) que a tudo anima e impulsiona.
Nossa missão é compreender que devemos seguir esta Razão ou
Sentido Original, mesmo que não o compreendamos, e que isso é o melhor que
podemos fazer em nossas vidas e, ainda, que é por este caminho que evoluiremos
e contribuiremos com a evolução à nossa volta, que viveremos e seremos
promotores da vida. Afinal, somente quando aprendermos dar valor à vida é que
teremos direito de gerar mais vida, tanto em nós mesmo quanto à nossa volta. Talvez
se respeitarmos o mistério da flor que nasceu no campo ou no jardim tenhamos o
mérito para ganhar sementes e plantá-las na janela de nossos próprios quartos.
Em nossa “viagem” por esta vida, em algum momento
encontramos pessoas que caminham juntos conosco por algum tempo, mas assim como
os planetas, cada qual tem seu próprio mistério e caminho a seguir e é natural
que os deixemos partir. Devemos respeitar tanto o mistério de cada um como
também e principalmente o mistério da Razão ou Sentido Original da Vida nomeado
normalmente como Deus. Não querer ou permitir o desenlace da caminhada em comum
desvia a ambos de seus caminhos. No final, o “custo” pela manutenção egoísta e
inconsciente da companhia sai muito caro para ambas às partes, podendo ser o
diferencial entre a vida e a morte física (processo material de novo ciclo de
vida) para alguma ou ambas as partes.
Certamente existem pessoas e seres mais “resistentes” a “fragilidade”
do apego. Estes seres e pessoas por não se permitirem ter emoções e sentimentos
também se tornam “imunes” à dor e ao sofrimento. Mas, ao mesmo tempo decretam
também sua imunidade à alegria e à felicidade. Mais que isso, ignoram que
ignoram (não percebem que desconhecem) que se distanciaram da Razão da
Existência que é a compreensão do divino mistério do Amor e dos relacionamentos
que ocorre no palco da Criação (no seio da Grande Deusa). Este tipo de pessoa
ou ser jamais adquirirá a sabedoria ou o mistério de ser um ser humano, com
emoções e sentimentos, que adquiriu mérito por compreender o amor além da
miséria do egoísmo. Por isso mesmo os humanos que vivem e desvendam o mistério
do amor serão espiritualmente muito mais do que aqueles que não sentem ou fogem
de sentir algo.
O “poder” que estes seres e pessoas tanto almejam carece de
razão ou sentido, acaba sem graça. É como querer ter todas as bolas do mundo de
forma que mais ninguém possa jogar futebol e assim se decreta o isolamento e a
solidão. É o que acontece com o capitalismo e o culto do acúmulo de riquezas. Chegará
um momento em que pelo fato do dinheiro estar nas mãos de uma pequena minoria
da sociedade deixará de ser essencial para este sociedade que será obrigada a
renovar seus valores considerando o coletivo, o interesse da grande maioria. De
que adianta a colheita ser volumosa e ficar em grandes silos, sendo que o povo
está passando fome? É natural então que este povo tome iniciativa de realizar seu
próprio cultivo para manter sua vida e existência.
A colheita só tem sentido se for do interesse coletivo, para
suprir as necessidades do povo. A riqueza só tem sentido se for para gerar
distribuição de renda, emprego, e mais riquezas. Ela não é para ser guardada no
cofre de apenas uma pessoa ou família.
O ser humano não consegue produzir riqueza alguma sem o uso
de matérias primas que têm suas fontes na Grande Deusa Natureza. O princípio da
Natureza é coletivo e não exclusivista. O gênio humano nada é sem o concurso e
respeito à Grande Deusa.
Estamos vivendo momentos de evidente falência do
capitalismo, falência da concentração de renda e do problema que é o egoísmo e
apego humanos. Somos testemunhas de uma grande mudança de paradigmas sociais
quanto ao respeito à Natureza. De alguma forma todos sentimos que devemos mudar
nosso relacionamento com o Feminino Universal do qual como criatura material
que somos fazemos parte essencial e somos compostos.
Cabe-nos olhar a vida com outros olhos, olhar para nós
mesmos com outros olhos e abrir mão dos apegos, deixar a vida seguir seu rumo,
fazer nossas colheitas e preparar o campo para novas semeaduras. Por mais que
isso possa parecer doloroso, será muito melhor e leve do que se nos mantivermos
apegados às situações atuais. Devemos valorizar a vida como ela é: livre. Somente
assim ela, a vida, poderá nos sorrir com novas sementes e renovação contínua.
“O Espírito
renova incessantemente a vida manifesta”
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